Preguiça





            Não é novidade que o relacionamento da Princesa das Trevas com Draco Malfoy estava a cada dia mais sério. Decididos a terem um futuro juntos, ambos se dedicavam cada vez mais, um sempre na companhia do outro. O que não significa que seja bom para todos.


            Incrivelmente, a pessoa 'prejudicada' de quem eu falo não é contra os princípios do casal, tão pouco contra o Lorde das Trevas. Apoia a causa, apesar de não lutar. Sua luta é fazer o bem, dentre aqueles que idolatram a maldade. Cuidar de sua família, não importando o quão quebrada ela esteja.

 
 Final de abril de 1998.

 

            Draco e Melinda estavam indo a sua visita rotineira à Mansão Malfoy, afim de encontrar Pandora. A criança vivia sob os cuidados de sua tia, Narcissa, enquanto os pais cuidavam dos interesses do Lorde das Trevas.

           
            Chegando ao quarto de Pandora, encontraram apenas Nicky Tonks com a criança. Estranharam, pois Narcissa não deixava Pandora sozinha, não era de seu feitio. Passaram a questionar o paradeiro de Narcissa.

 

-Ela está na estufa. Sempre está lá. Todos os dias... - respondeu Nicky, com Pandora dormindo em seus braços -Sinceramente, eu ando preocupada com ela.


-O que tem de errado? - questionou Melinda


-A quanto tempo ela está lá? - perguntou Draco em seguida, ignorando a pergunta de Melinda-Desde que amanheceu. Ela fica lá todos os dias... Desde que Lucius... - respondeu Nicky, tristemente


-Por Merlin, o que ela tem? - Melinda irritou-se por fim.


-Ela só fica na estufa quando tá deprimida, Mel... - disse Draco -Ela não está bem.

 

            Após terminar de falar, Draco disse que iria ver sua mãe, e que preferia ir sozinho. As garotas passaram a se distrair com Pandora, enquanto Draco preparava-se para algo que ele não sabia que estava por vir.


            Chegando à estufa, Draco foi logo entrando. Encontrou sua mãe distraída com alguns belos lírios. Aproximou-se dela devagar e, quando chegou bem perto, abraçou-a por trás, fazendo-a gritar de susto e derrubar alguns instrumentos de jardinagem.

 

-Posso saber - disse Draco, rindo -O que a mulher mais linda do mundo mágico faz toda suja de terra cuidando de plantas? Ou eu vou ter que implorar de joelhos aos pés de tão bela dama? - separou-se dela, dando-lhe um beijo na bochecha, enquanto ria, divertido


-Draco, por Merlin. Quase me mata de susto. - colocou a mão sobre o peito, arfando, tamanho o susto
.

-Minhas flores estavam tão solitárias, precisando de uma amiga, então eu vim lhes fazer companhia.


Draco, sem acreditar nas palavras de sua mãe, sorriu tristemente.

 

-O que houve, mãe? - pegou sua mão, trajada por uma luva de borracha cheia de terra.


-Nada, querido. - Narcissa recuou.


-Não pode negar, Narcissa. Eu te conheço à muito tempo. - riram divertidos.


            Narcissa sorriu timidamente, e passou a olhar seus lírios. Tão belos, delicados e frágeis, tais como ela.

 

-Eles não são maravilhosos? Tão delicados, tão lindos, mas cheios de vida. Deixam o ambiente tão lindo, mas nunca são o mais importante, apesar da sua maravilhosidade.


            Draco conseguiu sussurrar a palavra mãe, e ela respirou fundo e de modo sofrido, para depois sussurrar:

 

-Eu estou sozinha.


-Mãe? - questionou confuso.


-Sozinha, Draco. Estou... sozinha. - sua voz começou a tremer.


-Eu não estou te entendendo.

 

            Quando Narcissa olhou de volta para seu filho, seus olhos estavam vermelhos, a ponto de chorar.


-Draco, tudo que eu construí se esvaiu de mim, tudo. Eu construí uma família, com todo amor e carinho que eu tinha. Mas não foi suficiente. Todos que eu amei foram embora, como se eu não fosse tão importante. Dei a todos amor, carinho, tentei ser a melhor pessoa existente. Não adiantou. - deu uma curta pausa -Primeiro perdi minha doce Hilary. O modo como ela foi embora, como o fez e, quando foi-se pra sempre... - Draco ameaçou falar, mas ela o calou -Eu sei! Ela era uma traidora. Mas eu a criei como minha filha, tal como criei você, Draco. Hilary tinha os gênes de Bellatrix, mas ainda sim, era minha filha. Eu a criei. Eu escutei suas primeiras palavras, primeiros passos, primeira experiência com magia. E ela se foi... pra sempre.


-Mas, mãe, eu... - não o deixou terminar


-Lucius! Lucius foi um pervertido, trasgo... Sinto nojo do que ele se tornou, ou sempre foi, não sei. Mas mesmo assim. Foram acontecimentos em curtos períodos de tempo, acontecimentos que quebraram meu coração em pedaços. Por todos os anos do nosso casamento ele mentiu pra mim, Draco!


-Eu sei, mas...


-Acontece que eu sinto falta da mentira! Eu sinto falta de quando aquele nojento desgraçado dizia que eu era a mulher mais linda que ele já viu, quando ele dizia que era a mim que ele amava, quando dizia todas as noites que nada era mais bonito do que o sol refletido em mim enquanto eu dormia. Sinto falta, Draco, de quando nós eramos uma família, carinhosa, unida e feliz. Quando eu, você, Hilary e Lucius ficávamos em volta da lareira, enquanto aquele trasgo contava histórias para vocês até que caissem no sono. Mas ele também se foi. Ele se tornou abominável e me deixou sozinha! - a esse ponto, ela já chorava, e chegaria a gritar, se sua voz não estivesse rouca

 

            Parou para respirar um tempo, encarando os lírios como se eles pudessem lhe dar alguma explicação. Chegou a passar a mão sobre um deles, docemente, como um perdão por acreditar que logo elas teriam respostas para tais dúvidas que tomavam sua mente.

 

-Mãe? - a chamou, quando sentiu que ela estava mais tranquila, colocando suas mãos sobre os ombros da mãe -Eu estou aqui! Eu nunca vou te deixar.

 

Narcissa sorriu, quase sarcástica.

 

-Você? Eu nunca vejo você, filho. Está sempre trabalhando ou com sua namorada. Quando vem para cá, é apenas para ficar com Pandora. Você foi embora, Draco. Assim como todos os outros.


-Eu nunca faria isso, mãe. - negava a si mesmo fatos que ele não podia discordar


-Não se preocupe, não é sua culpa. Eu estou conformada disso. Só preciso me acostumar.


-Mãe, não...

 

Subitamente, Melinda aparece na porta da estufa.

 

-Draco? Vamos? Marcamos um almoço com minha mãe, lembra? - Draco pode ouvir um pequeno riso sarcástico de Narcissa -Não quero me atrasar. Queria ficar um tempo com ela.

 

            Draco olhou para sua mãe. Entendeu o que de fato estava acontecendo. Ele passava seus dias com Melinda, ou batalhando. E nos dias livres ficava com Bellatrix. Tudo parecia ~e era, de fato~ muito injusto com ela.

 

-Mel, se importa se eu ficar? - disse Draco


-O quê? Por quê? Nós marcamos com minha mãe e...


-Eu sei. - o interrompeu -Fique com sua mãe, Mel. Eu gostaria de passar a tarde com a minha. Se importa?


-Claro que não, querido. Eu vou indo, então. - mandou um beijo ao ar -Tchau, tia Cissa.

 

Narcissa apenas assentiu.

 

-Pode ir com ela, se quiser.


-Eu não quero. Quero passar o dia com a senhora, mãe. - disse aproximando-se, estendendo-lhe os braços.


-Não vou te abraçar. Estou toda suja!


-Nossa, eu morro de medo disso. - riu e abraçou sua mãe

 

            Os dois se entregaram ao abraço, rindo. Narcissa convenceu Draco de que precisava de um banho, e foi para seu quarto banhar-se. Em poucos minutos, Narcissa apareceu com um vestido de verão, relativamente curto para seus padrões.

 

-Quem é você e o que fez com minha mãe? - disse rindo.


-Draco!

-O que pretende fazer hoje? - Narcissa deu com os ombros -Alguma sugestão?


-Eu queria não poder fazer nada. Simplesmente não pensar em nada. Esquecer de tudo. Entregar-me à tão desejada preguiça.


-O quê? - riu.


-Não quero fazer nada, filho. Não quero cuidar de ninguém, nem de nada.

 

            Draco riu, andou até a mãe e pegou a mão dela, conduzindo-a até a sala de estar.

 

-Então vamos fazer nada.


            Chegando na sala de estar, deitaram-se no tapete, de frente à janela que tinha uma visão maravilhosa do jardim. Draco deitou-se com a cabeça sobre a barrida de Narcissa, como uma criança, enquanto Narcissa apoiava-se numa almofada.


            Conversaram, riram, choraram de rir. Foram mãe e filho que não eram a tempos. Quando o sol já havia se posto, depois de passarem horas a fio conversando, o sono começou a preenchê-los.

 

-Mãe? - disse, acompanhado de um bocejo


-Sim, filho.


-Se importa se eu subir pro meu quarto? Estou morrendo de sono. Ontem teve uma missão e eu não descansei o suficiente.


-Com uma condição.


-Qual?


-Eu te levo, bebê.

 

            Riram juntos, mais um das centenas de risadas que acompanharam o dia dos dois. Draco ajudou sua mãe a levantar-se, e subiram juntos até o quarto de Draco. Ao chegar lá, Narcissa conduziu seu filho até a cama. Este se deitou e Narcissa o cobriu, dando-lhe um beijo na testa. Começou a entregar-se ao sono com sua mãe sentada ao seu lado, a cariciando seus cabelos loiros.

 

-Vamos fazer isso mais vezes, não é? - disse Draco, com os olhos semi-serrados.


-Fazer o quê, filho? - riu baixinho -Não fizemos absolutamente nada o dia inteiro.


-Exatamente. Vamos ficar juntos, sem fazer absolutamente nada. Apenas o filho com sua mãe, curtindo um momento de quietude, paz, diversão...


-Preguiçoso. - brincou ela, ainda acariciando o cabelo do filho, que já estava quase entregue ao sono


-Não temos tempo para essas coisas. Somos pessoas ocupadas demais.


-Talvez eu seja. Talvez nós sejamos. Mas um pouco de pecado... de preguiça vai fazer bom pra nós dois.

 

            Draco fechou os olhos, e por fim, dormiu calmamente, enquanto Narcissa continuava alí, acariciando-lhe a cabeça, até que o sono começou a levá-la. Deitou-se ao lado de seu filho na cama, olhando para o rosto tranquilo de seu filho.

 

-Tão crescido... - pensava -Mas talvez esteja certo. Que mal há nos entregar a preguiça vez ou outra... Se isso significar momentos tão bons com meu filho, que a preguiça nos leve para sempre.

 

E dormiu. Caindo profundamente num sono. Entregando-se a preguiça de modo calmo e gradativo, e com a certeza de que a preguiça seria sua melhor amiga.

 
__________________◊ Challenge Sete pecados: Prϵgμα ◊ __________________

 

 N/A: Oi, senhoras e senhores. Sou Hellie Lestrange e, como todas nesse Challenge, sou apaixonada por HdM. Bom, Draco e Narcissa me fazem pensar muito em preguiça. Porque são filho e mãe, e isso de passar o dia inteiro na preguiça com alguém que você ama é magnífico. E eu fiquei tão triste pela Cissa, devido aos acontecimentos da família dela, que senti que ela merecia um pecado só pra ela, haha. Espero que gostem. xoxo

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Comentários (3)

  • Juliana Lestranger

    Ameii, muito linda! sou suspeita para falar, eu simplesmente amo o Draco.. nesse capitulo ele foi TUDO. Loiro, carinhoso, amoroso, filho... ai ai. Adoorei você dar esse ar mais meigo para a challenge, a Cissa merece sim um pecado só para ela. Já que ela sempre tentou agradar os outros e muitas vezes abaixou a cabeça. Adooorei *--* //

    2013-08-07
  • Laris Black

    Tenho certeza que a sua vai ser a única fofa e meiga que vai deixar todos vomitando arco iris de tão lindinha dando vontade de morder. super cut, eu realmente acho que a cissa merecia isso, tipo tadinha realmente ela ta tao sozinha precisava de um companheiro, EU DISSE UM COMPANHEIRO Ok? Acho que deveria ter mais cenas fofas assim >.<

    2013-08-07
  • MaryLestrange

    Que gracinha!!! Essa fic foi um pontinho brilhante de fofura no meio da perversão desse challenge! E logo de você, Hellie! hahahaha Achei muito digno a Narcissa ter um pecado só pra ela (se for contar os fakes, ela tem vários, mas não vem ao caso, hehehe)... Adorei a fic, uma gracinha!!! *-*

    2013-08-04
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