Lento, quente, úmido e salgado



– Capítulo Três –

Lento, Quente, úmido e salgado


Harry acordou muito cedo na manhã seguinte. Procurou por um relógio no quarto, mas não encontrou nenhum. Não sabia o motivo pelo qual acordara tão cedo, tendo em vista que todos tinham ido dormir muito tarde na noite anterior, inclusive ele e Rony que ficaram conversando um pouco antes de dormirem. Imaginou que tivesse sonhado com algo que não se lembrava.

Ele apanhou os óculos na mesa de cabeceira e olhou para a cama ao lado. Rony dormia profundamente, ainda. Preciso comprar um novo relógio pensou sonolento enquanto se levantava e se trocava. Sabia que, uma vez acordado, não conseguiria mais dormir. Lentamente, para não acordar o amigo, Harry saiu do quarto e se dirigiu à cozinha. Ao passar pelo hall notou que os retratos já não estavam mais nas paredes.

Ele adentrou a cozinha e encontrou os pequenos Dobby e Winky cuidando de seus afazeres rapidamente. Quando o notaram, pararam instantaneamente e o reverenciaram.

– Deixa disso. – disse ele constrangido.

– O senhor gostaria de algo, senhor Harry Potter? – perguntou Dobby com sua voz esganiçada.

– Ahm, eu gostaria de tomar café. – disse Harry embaraçado ao elfo.

Mais que depressa os dois prepararam o café para o garoto. Ele sentou-se e saboreou o que lembrava-lhe nitidamente o café da manhã de Hogwarts, mas isso, ele se lembrou, era bem possível, afinal, os dois haviam trabalhado lá.

– Dobby, que horas são, por favor? – perguntou lembrando-se que estivera curioso por saber.

– Seis e meia, senhor. Me espanta que já esteja acordado tão cedo.

– A mim também. – disse Harry sem emoção colocando um último pedaço de torrada na boca – Dobby, me arrume a comida do Bicuço, por favor? Acho que vou dar uma passada lá para visitá-lo.

O elfo lhe entregou uma saca de ratos mortos que Harry apanhou e saiu acenando para Dobby e Winky. Passando novamente pelo corredor sem retrato. Quem sabe eu coloque alguns retratos mais interessantes aqui pensou quando atravessou o hall e se dirigiu aos andares superiores.

Ele se sentia muito estranho, mas não sabia por que. Seus devaneios o engolfaram; tudo pelo que tinha passado no dia anterior, a descoberta do namoro de Rony e Hermione de maneira tão abrupta, os seus sentimentos confusos por Gina e Christine. E aquele sonho do véu. É, ele não havia se esquecido, lembrava-se, e muito bem, daquele sonho.

De repente ele se deparou com a porta de madeira do quarto onde Bicuço ficava, o antigo quarto da Sra. Black. Estivera tão absorto em seus devaneios que nem viu onde seus pés o conduziam. Silenciosamente abriu a porta. O quarto estava ligeiramente iluminado. A um canto, um enorme hipogrifo estava deitado e, de costas para a porta, uma garota ruiva acariciava-lhe a plumagem.

Harry se aproximou lentamente.

– Perdeu o sono, Gina? – perguntou sentando-se ao lado da garota.

– Ah, olá, Harry! – disse a garota alegrando-se – Vim dar um olá a Bicuço.

– Perdeu o sono? – repetiu o garoto.

– É, pois é... – disse ela desviando o olhar – Perdi sim. E você?

– Devo ter sonhado com algo que não me lembro. – disse Harry – Acordei de repente há uma meia hora. E olha que fui dormir bastante tarde ontem. Fiquei ainda algum tempo conversando com Rony antes de dormir.

– Aposto que sei sobre o que falavam. – disse ela marota – Então, o que descobriu?

– Que eles estão juntos há duas semanas. – disse ele – Eu não sabia que Hermione estava com vocês antes de virem para cá.

– É, ela foi para A Toca com a desculpa de querer estar mais próxima ao mundo bruxo. – disse ela sorridente – Aposto que não foi exatamente por isso.

– Que engraçado... – comentou Harry acariciando bicuço.

– O que? – perguntou Gina curiosa olhando para ele.

– Eu sempre pensei que esse momento chegaria e eles começariam a namorar. Mas acho que nunca tive idéia de como eu me sentiria com isso.

– Você está chateado? – perguntou a garota.

– Não é isso. – respondeu distraído – Eu me sinto estranho. Eu já parei pra pensar, mas nunca imaginei como realmente seria.

– Eu ainda não... – começou Gina, ainda confusa.

– Por exemplo, – interrompeu Harry explicando – Nós sempre fomos cúmplices em tudo, certo? Sempre fizemos tudo juntos, exceto quando nós brigávamos. Então agora eles vão fazer muito mais coisas juntos, que eu não vou fazer... Isso que é estranho.

– Bom, pense que se você estivesse namorando não contaria tudo para eles e faria com sua namorada muitas coisas que eles não fariam com você. – disse Gina.

– Eu sei, mas é diferente. – disse ele desamarrando a saca de ratos para dar a Bicuço – É diferente porque qualquer namorada minha não será tão próxima deles quanto eu sou.

Gina não disse nada. Continuou a acariciar o hipogrifo, que comia os ratos que Harry lhe entregava.

– Então, – disse Harry sorrindo e quebrando o silêncio – gostou de conhecer Christine?

– Muito! – disse Gina sorrindo também – Ela é muito querida. E, pelo que conversei com ela, vocês se parecem muito, é espantoso.

– Imagina o susto que tomei ao encontrar uma bruxa na Rua dos Alfeneiros! – exclamou Harry divertido.

Nesse momento a porta se abriu e por ela entrou Christine, trazendo alguns pedaços de torrada nas mãos. Bicuço ficou de pé repentinamente, encarando a garota. Harry já ia instruí-la do que fazer quando Christine se curvou em uma reverência. Bicuço continuou fitando-a por alguns segundos e se curvou também. Ela se aproximou e acariciou o animal que, distraído, deitou-se novamente e voltou a aceitar os ratos que Harry lhe oferecia.

– Você é habilidosa com hipogrifos. – disse Harry.

– Os estudamos no ano passado. – disse a garota sorridente – Parece que não fui a única a cair da cama cedo.

– Como soube que estávamos aqui? – perguntou Gina.

– Eu não sabia que você estava aqui. – respondeu Christine, ainda sorrindo, à garota; Harry notou um levíssimo tom de irritação na voz dela – Mas quando passei pela cozinha perguntei aos elfos se você tinha passado por lá. Eles me disseram que sim, e que Harry também. Então perguntei onde vocês estavam. Você eles não sabiam, mas me disseram que Harry estaria aqui.

– Bom, o que importa é que todo mundo se encontrou e não tem ninguém perdido pela casa. – disse Harry sorrindo.

Gina silenciara após o que Christine falara. Harry calculara que ela também notara um pingo de impaciência na voz da garota.

– Então, dormiu bem, Christy? – perguntou Harry carinhosamente à garota. Do seu lado viu Gina sobressaltar-se levemente.

– Ah, sim, bastante bem. – respondeu a garota sorrindo e acariciando Bicuço – Tive um pesadelo, foi só. O que lhe fez cair da cama tão cedo?

– Não faço a mínima idéia. – disse ele – E você, Gina? Ainda não me disse por que acordou tão cedo, também.

– Ah, não foi nada. – disse ela – Não dormi direito e quando acordei pela quinta vez decidi levantar.

– Alguma coisa lhe perturba? – perguntou Harry.

– Ah, não. – disse sorrindo – Acho que ando pensando demais em coisas de mais. Talvez coisas sem importância.

Christine puxou um assunto com Harry que ele nem sequer se lembraria mais tarde. Ele escutava a garota, porém seus pensamentos estavam em outra ruiva, muito quieta, que apenas acariciava Bicuço sem manifestar-se. Ele não compreendia Christine. Por que aquele tom de impaciência na voz?

– Harry, você me ouviu? – perguntou Christine olhando seriamente o garoto.

– Que?! – perguntou Harry despertando de seu devaneio quinze minutos depois – Ah, não, Christy, desculpe.

– Eu estava perguntando se, já que Bicuço terminou de comer os ratos, não podíamos ir à sala de visitas. Lá é mais confortável. – disse ela.

– Ah, O.K. – disse ele levantando-se e afagando mais uma vez o hipogrifo cinzento – Vamos, Gina?

– Acho que vou ficar mais um pouco, Harry, podem ir. – respondeu a garota com um sorriso meio forçado.

– Certo! – disse Christine cheia de disposição – Então, vamos, Harry?

Ele queria insistir para que Gina fosse. De repente não se sentia tão à vontade com Christine. De alguma maneira a tarde que passou com Gina no dia anterior o fizera sentir-se muito diferente. Mas ele não insistiu. Seguiu a garota e, antes de sair pela porta, lançou um olhar de esguelha para a outra que estava de costas. O que Harry não soube foi que deixou uma Gina em prantos em companhia de Bicuço.

Ele passou mais ou menos uma hora com Christine na sala até que todos tivessem de pé. Sra. Weasley passou por lá para chamá-los para o café da manhã e, apesar de já terem comido, a acompanharam por educação. Ao chegar à cozinha deu por falta de apenas três pessoas, Rony, Hermione e Gina. Os dois amigos, Harry tinha certeza que estavam por aí combinando uma entrada triunfal para o café da manhã, mas ele se perguntava onde estaria Gina.

Mas não teve tempo de se prolongar nesses pensamentos, pois instantes depois de estarem todos sentados Rony e Mione apareceram de mãos dadas na cozinha, o que chamou a atenção da maioria dos presentes.

– Ah, mas isso explica tudo, não é mesmo? – debochou Fred.

– Não é que o nosso Roniquinho está namorando agora?! – exclamou Jorge se levantando da mesa e apertando as bochechas do irmão.

– Fred! Pare com isso! Jorge! Sentado, já! – ralhou Sra. Weasley, mas ela não conseguiu esconder o imenso sorriso.

Harry sorriu para Rony e depois se concentrou na sua xícara de chocolate quente.

– Ah, mas que grande novidade temos aqui! – exclamou Gui – Quem sabe agora o Rony toma jeito com uma namorada tão responsável.

Rony lançou um olhar mortífero para Gui e Hermione corou violentamente. Os dois se sentaram e logo foram bombardeados com perguntas. Parecia que não só Harry e os amigos da escola, como toda a família e os membros da Ordem já tinha entendido o que se passava entre os dois há muito tempo e também torciam pela união deles. Harry se sentia muito feliz pelos amigos, mas não conseguia tirar sua mente de Gina.

Quinze minutos depois estava todos comendo e conversando animadamente.

– Onde está Gina? – perguntou Sra. Weasley no meio da balbúrdia

– Ela levantou cedo hoje. – respondeu Hermione – Não a vejo desde ontem.

– Eu a encontrei esta manhã. – disse Harry – Acho que tenho uma idéia de onde ela está, Sra. Weasley. Posso chamá-la se quiser.

Hermione começou imediatamente a perguntar sobre Beauxbatons para Christine.

– Se puder, por favor, Harry. – pediu Molly ao que Harry se levantou.

– Eu vou junto. – disse Rony se levantando.

– Ah, não, Rony! – disse Hermione puxando o garoto pelo braço e fazendo-o sentar-se – Christine está contando coisas muito interessantes aqui, fica. Então, Christine, como é que fazem para sortear os alunos lá?

A garota lançou um olhar desconfiado a Harry que se dirigia às escadas, mas logo se virou e respondeu a pergunta de Hermione. Harry deixou o aposento e rumou direto para o quarto de Bicuço. Tinha quase certeza que Gina ainda estaria lá. E ele estava certo. Quando chegou no quarto encontrou Bicuço dormindo no chão, Gina, também adormecida, apoiada nele e Bichento ronronando, aninhado no colo da garota.

Ele aproximou-se lentamente para não acordar nenhum dos três. Ao chegar bem perto viu que os olhos de Gina estavam inchados, o que indicava que a garota estivera chorando. Ele se ajoelhou ao lado dela e com ajeitou uma mecha de cabelo que lhe caía sobre o rosto. Ela acordou em um leve sobressalto o que fez Bichento pular para longe de seu colo de susto. Bicuço estremeceu e levantou o rosto, olhando vagamente para Harry; então, como se tivesse se certificado que estava tudo bem, abaixou a cabeça novamente e dormiu.

– Desculpe. – pediu Harry – Não queria assusta-la.

– Tudo bem. – disse a garota sorrindo fracamente.

– Você esteve chorando? – perguntou Harry bondosamente – O que está havendo?

– Eu... Ah, Harry... Não é nada. Não se preocupe comigo.

– Como você pode me pedir uma coisa dessas se ontem mesmo mostrou que se preocupa comigo? A sua dor, ou o que quer que esteja lhe perturbando, não é menos importante que os meus sentimentos e angústias. – disse ele olhando-a afetuosamente.

Uma lágrima escorreu pelo rosto da garota. Mais a seguiram um segundo depois. Harry a abraçou ternamente e deixou que a garota fizesse dele seu refúgio, exatamente como ela fizera no dia anterior.

– O que está acontecendo? – murmurou no ouvido da garota.

Mas Gina não respondeu. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro.

– Tudo bem, se não quiser falar agora. – disse ele acariciando os cabelos vermelhos da garota – Mas eu estou preocupado, Gina. Eu posso ajudar?

Gina balançou a cabeça mais uma vez. Harry não queria, mas teria que interromper aquele momento. Já fazia tempo que saíra da cozinha e não tardaria até que ficassem preocupados e viessem procura-los. Ele levemente levantou o rosto de Gina e a olhou nos olhos.

– Olha, vamos fazer o seguinte. – disse com ternura – Sua mãe me pediu para vir busca-la. Se não voltarmos ela virá atrás de nós, e não vejo que bem haveria de fazer se ela a visse assim. Então que tal você lavar o rosto para descermos e a gente conversa melhor sobre isso depois?

Gina concordou com a cabeça e Harry enxugou-lhe a face com os polegares. Os dois saíram do quarto e se dirigiram ao banheiro mais próximo, onde a garota lavou o rosto, e depois desceram as escadas rumo à cozinha com Bichento ao seu encalço.

– Bom dia, Gina! Onde estava, filha? – perguntou Sra. Weasley beijando a garota quando os dois adentraram a cozinha.

– Eu estava com Bicuço, e adormeci. – respondeu – Não dormi muito bem esta noite.

– Você já comeu? – perguntou Hermione parecendo preocupada.

– Sim. Comi quando me levantei. – disse Gina e, mudando de expressão – Já fiquei sabendo das boas novas! – exclamou feliz – O novo casal vinte de Hogwarts, ahm!

Mas não deu tempo de eles responderem, pois uma coruja parda entrou pela lareira apagada, fazendo muita bagunça. Ela bateu com força no chão, quando aterrissou, e levantou vôo prontamente deixando cair seis cartas nos colos de Harry, Gina, Rony, Mione, Christine e Jane.

Harry reconheceu a letra verde. Na parte de trás do envelope estava escrito:

Sr. Harry Potter

Segundo Andar, Quarto à Direita

Largo Grimmauld, 12

Londres


Ele abriu o envelope e ouviu os outros fazerem o mesmo. Lá dentro havia três pedaços de pergaminho. Um deles era a habitual carta que Profª McGonagall mandava todo ano aos alunos:

Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional dos Bruxos)



Prezado Sr. Potter

Como de praxe estamos mandando uma carta para avisar que o início do ano letivo está próximo. O senhor deverá embarcar no trem na plataforma 93/4 no dia 1º de Setembro como sempre.

Segue em anexo a lista de livros que os alunos do sexto ano deverão estar utilizando (de acordo com seus resultados nos testes dos Níveis Ordinários em Magia). E, como o senhor há pouco prestou os exames dos N.O.M.’s, está em anexo, também, o seu desempenho nos testes.

Atenciosamente

Minerva McGonagall

Diretora Substituta


Ele estivera tão preocupado com o ocorrido no ano anterior e tão triste pelo padrinho que nem sequer lembrou que as notas dos N.O.M.s ainda estavam por vir. Ansiosamente Harry abriu o outro pergaminho dobrado.

Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts

Resultados nos Níveis Ordinários em Magia



Defesa Contra as Artes das Trevas ____________________ Ótimo

Feitiços _______________________________________________ Excede Expectativas

Transfiguração _________________________________________ Excede Expectativas

Trato das Criaturas Mágicas ______________________________ Aceitável

Herbologia ____________________________________________ Excede Expectativas

História da Magia ______________________________________ Aceitável

Adivinhação __________________________________________ Passável

Astronomia ___________________________________________ Passável

Poções _______________________________________________ Ótimo



Observações e considerações:

Tendo em vista que o senhor aspira tornar-se Auror, é indispensável que curse as seguintes disciplinas: Defesa Contra as Artes das Trevas, Feitiços, Transfiguração e Poções. Porém é aconselhável que curse também Herbologia, uma vez que muitas ervas são utilizadas nas aulas de Poções e ter um conhecimento básico sobre elas trará benefícios. A disciplina, porém, é opcional, e não obrigatória.

Há, também, duas novas matérias obrigatórias para ingressar na Academia de Aurores que são: História das Artes das Trevas e Desenvolvimento da Astúcia e Raciocínio Lógico que prepararão os alunos para os testes dos N.I.E.M.s.

O garoto soltou uma exclamação e ouviu duas ao seu lado.

– Rony! Mione! – disse eufórico – Tirei ótimo em Poções! Sete N.O.M.’s! Eu não acredito!

– Eu tirei ótimo também? Como é possível?! – exclamou Rony numa mistura de alegria e desconfiança – Olha só! Seis N.O.M.s! Mãe, eu tirei seis N.O.M.s!

– Dez, Mione! – exclamou Tonks – Você tirou dez N.O.M.s!

Foi uma balbúrdia total. Harry não imaginara que tivesse ido tão bem, nem Rony. Já o resultado de Hermione era previsível, porém também era motivo de comemoração. Harry foi abraçado muitas vezes. Ele pôde notar que os resquícios de tristeza haviam sumido dos olhos de Gina.

Sra. Weasley preparou um almoço especial pelos resultados dos garotos. À uma hora Harry, Rony, Hermione, Gina, Christine, Jane, Sra. Weasley, Sra. Wentland, Fred e Jorge estavam em frente à lareira para irem ao Beco Diagonal comprar o material escolar de todos. Chegando lá Fred disse que iria encontrar-se com Angelina na sua loja e Jorge e Jane (que andavam muito próximos desde a chegada dela ao Largo Grimmauld) foram para outro canto comprar o material da garota.

– Eu e Guinevere estaremos aqui. – disse Sra. Weasley – Rony, você e Gina podem comprar seus materiais sozinhos, não podem? Vão ao banco e peguem o dinheiro que precisarem. E compre algo para você, querido! Você merece pelas suas notas!

Rony se aproximou da mãe e abaixou-se para beijar-lhe a bochecha.

– Obrigado, mamãe! – disse ele ao passo que Harry, Gina, Christine e Mione já iam saindo da loja rumo ao banco.

– Mamãe está generosa, não? – perguntou Rony feliz enquanto caminhavam pela rua apinhada de gente.

– É. – concordou Gina – Mas o fato de papai estar ganhando mais e sermos só nós dois a dar despesas escolares ajudou bastante nessa generosidade.

Depois de passarem no cofre de Harry e Rony (Mione e Christine já haviam pegado o dinheiro antes) eles foram direto para a Floreios e Borrões comprar seus livros. Harry estava alegríssimo com as novas matérias que iria cursar. Os livros referente às matérias não poderiam ser mais interessantes.

No final saíram todos carregando as sacas com os livros dentro, mas Harry notou que Rony tinha um livro a menos que ele.

– Onde está seu livro de Herbologia, Rony? – perguntou – Acho que você esqueceu lá dentro.

– Ah, não, Harry. – respondeu o garoto – Eu não vou fazer Herbologia.

– Por que não? – perguntou Hermione com uma expressão severa no rosto.

– Eu não gosto muito da matéria. – disse Rony dando de ombros – E, como ela é opcional, eu opto por não fazê-la.

– Você não gosta nem um pouco de Poções, mas vai fazer. – retrucou ela.

– Vou fazer porque é obrigado. – disse Rony de cara fechada – Adoraria poder me livrar do Seboso do Snape.

– Olha, está na nossa lista que temos que trocar nossas vestes a rigor, se estiverem curtas. – disse Harry para dar um fim no que viria a ser uma briga – Preciso comprar vestes novas. Quem vem?

– Eu não. – disse Rony – Fred e Jorge me deram uma ainda no início do ano passado e elas ainda me servem. Vou ao boticário completar os ingredientes e comprar o que mais estiver na lista. Quer que eu compre os seus, Harry?

O garoto entregou a Rony alguns galeões e ele e Hermione se dirigiram à loja da Madame Malkin. Gina e Christine disseram que suas vestes ainda serviam e foram com Rony. Vinte minutos depois as compras já estavam feitas e Rony já comprara o seu presente: um equipamento completo de goleiro.

Os cinco estavam em frente à Florean Florescute tomando sundaes (presenteados pelo Sr. Florean pelos resultados deles nos N.O.M.s) quando passaram Dino e Lilá conversando alegremente de mãos dadas. Quando o casal notou os colegas sentados à mesa deram tchauzinhos distantes. Harry notou o olhar rancoroso de Dino, como se o que houvera entre ele e Gina o magoara profundamente. Lilá abraçou o namorado e assim eles entraram na loja de logros dos gêmeos, que ficava ao lado do Sr. Olivaras.

Harry lançou um olhar de esguelha para Gina e viu que a garota pouco se importara com a demonstração de Dino. Continuava a tomar calmamente o seu sundae e conversava alegremente com Hermione.

– Ah! – exclamou Christine de súbito, o que fez os quatro pularem de susto – Eu vi um livro lá na Floreios e Borrões e esqueci de comprar.

– Que livro? – perguntou Harry.

– Ah, é um livro de História da Magia. – respondeu a garota se levantando – Não é usado em Hogwarts, mas ele está na biblioteca de Beauxbatons. Só um minuto, já volto.

Mal a garota tinha saído, Hermione envolveu Rony em um longo e caloroso beijo. Harry olhou para Gina, constrangido, que respondeu com um sorrisinho maroto. Ele não sabia o porquê de Mione fazer aquilo. Ele suspeitava que a garota intuía algo sobre os seus sentimentos, ou sabia algo de Gina.

Christine voltou vinte minutos parecendo um pouco aborrecida, mas se recusou a dizer o que tinha quando questionada pelos amigos. Harry a achava muito estranha desde que haviam chegado ao Largo Grimmauld, mais precisamente, desde que viu o abraço de boas-vindas que Gina dera nele.

Meia hora depois da chegada de Christine, todos se reuniram novamente n’O Caldeirão Furado e voltaram para o Largo Grimmauld. Em comemoração aos resultados de Harry, Rony e Hermione, Sra. Weasley preparou uma pequena festa com muita comida boa e cerveja amanteigada.

Harry notou que Christine, porém, estava tão aborrecida quanto estivera há algumas horas atrás. Ela passou o jantar sentada em uma cadeira afastada de Harry, Rony, Mione e Gina. Harry lançava alguns olhares preocupados para os lados dela e vez ou outra a via lançando olhares fulminantes em Gina. Enfim, quando todos se deliciavam com a sobremesa, Harry olhou mais uma vez para a garota e a pegou fuzilando Gina com os olhos. Dessa vez, porém, ela notou que estava sendo observada; lançou a ele um olhar irritado, se levantou bruscamente e saiu da cozinha.

Na balbúrdia, aparentemente ninguém havia notado a súbita ausência de Christine.

– Vá atrás dela... – sussurrou uma voz ao ouvido de Harry, ele se virou e deu de cara com Hermione.

– O que? – sussurrou ele em resposta.

– Eu sei que você está preocupado com ela. E ela tem lançado uns olhares em Gina de dar medo.

– Você também me ajudou com Gina esta manhã. – murmurou Harry.

– Você, por acaso está seguro do que sente? – perguntou a garota em um tom de desafio.

– Como... Como você sabe? – perguntou ele pasmado.

– Não é difícil adivinhar. – disse a garota sorrindo bondosamente – Eu só quero ajudar.

Harry sorriu em resposta e levantou-se. Pediu licença aos amigos dizendo que estava cansado e que iria se deitar. Mas não foi para o quarto. Ele não fazia idéia de onde Christine poderia estar, mas arriscou um palpite: o quarto de Bicuço.

Dito e feito. Era exatamente lá que ela estava. Harry abriu a porta de mansinho. Bicuço estava em seu canto comendo alguma coisa e Christine o acariciava, tristemente. Ele se aproximou sem pressa e se sentou ao lado dela.

– Christine, eu... – começou Harry.

– Ah, Harry, desculpa! – interrompeu a garota se virando para ele, havia lágrimas escorrendo por seu rosto – Eu tenho sido uma idiota desde que chegamos aqui.

– Não, olha... – ele tentou dizer.

– Mas é inevitável. – respondeu a garota sem querer ouvir o que ele tinha a falar – Eu... Eu acho que é mais forte que eu.

Harry se espantou levemente com o que estava ouvindo, mas não deixou transparecer.

– Eu ando meio confuso, sabe... – disse ele tranqüilamente – Mas não quero magoar ninguém. Eu não sabia que a minha amizade com Gina lhe perturbava tanto.

– Você sabe que ela quer mais do que amizade, não sabe? – perguntou Christine.

Harry não sabia o que responder. Ele suspeitava que Gina queria mais que amizade, claro. Por anos ela sustentava um xodó por ele e, apesar de não ser mais tão fanática, ele achava que nem todo aquele sentimento havia morrido.

– E eu também quero... – disse Christine antes de Harry dizer qualquer coisa.

Harry arregalou os olhos.

– Quer? – gaguejou – Quer o que?

– Mais que amizade. – disse Christine baixando a cabeça timidamente. – Acho que é por isso que estou agindo dessa maneira quando vejo vocês dois juntos.

Harry não disse nada. Estava paralisado com o choque. Nunca imaginaria Christine falando disso tão abertamente com ele.

– Eu sei que a gente se conheceu semana passada. – disse ela meio aflita – Mas... Mas eu em sinto como se já o conhecesse há anos.

– É... Eu também sinto como se nos conhecêssemos há anos. E eu também sinto algo diferente por você. – disse ele serenamente. De repente não estava mais nervoso, nem encabulado.

Christine não levantou o rosto com o que ouvira, mas as palavras de Harry fizeram a garota corar violentamente. Tranqüilamente ele sentou-se mais perto dela, levantou seu queixo com a mão, aproximou seu rosto do dela, e, antes que pudesse se refrear, estavam trocando um beijo lento, quente, úmido e salgado, devido às lágrimas de Christine.

Harry riu-se por dentro com a lembrança que o momento lhe trouxe, mas, de alguma maneira, esse beijo era muito melhor e mais significativo do que o último que dera em Cho, ou melhor, que recebera dela. Ao contrário da última vez, Harry se sentiu indo até as nuvens e voltando. Fora a melhor sensação da sua vida.

(N.A. – Bom está terminado o terceiro capítulo... Espero que vocês gostem... Não agüentei e escrevi mesmo com dedo quebrado... Mesmo porque o capítulo já estava quase no fim... Acho que dá pra perceber que Harry anda mais confiante, apesar de meio confuso. Mas, também, ninguém esperava que ele ficasse dentro da casca pro resto da vida, não é? Bom, vou começar agora mesmo a escrever o quarto capítulo... Muitas idéias em mente... Nem tudo são flores na vida de Harry – sabemos bem disso, não é? Continuem comentando... Obrigadinha...)

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