Capítulo 12: Verdades, Mentira



Hermione ficou sob a ducha, a água escorrendo sobre seu pescoço e ombros. Apesar da boa noite de sono, se sentia muito cansada, cada músculo protestava pela falta de repouso das últimas semanas. Esse era o melhor banheiro que já vira. Tinha um box alto e azulejado separado da banheira, com uma pressão hidráulica forte, prateleiras embutidas e até um pequeno banco.


Ela passou as mãos ensaboadas pelo corpo, fechando os olhos com força e deixando a água escorrer por seu rosto. Geraldo e eu uma vez tomamos banho juntos, lembrou. Pensei que aquelas eram suas mãos me tocando e seus lábios me beijando... E de quem eram na verdade? Que pessoa má e horrível deixei que me conhecesse da maneira mais íntima? Como ele realmente é sob o rosto de Geraldo? Ele riu de mim, sabendo que tinha me enganado?


Esfregou com mais força, pegando uma bucha na cantoneira e passando por sua pele como se quisesse tirar as marcas fantasma do toque do estranho. Abriu a boca e deixou a água entrar, fungando quando entrou pelo nariz. Pegou o xampu e colocou um pouco no cabelo, esfregando os dedos brutalmente pelas mechas sujas enquanto a outra mão esfregava a bucha pelo corpo... A pele começava a ficar vermelha sob ela.


Estou ficando maluca, uma parte distante de sua mente notou. Reação tardia. Ela jogou a bucha no chão e apoiou as mãos contra parede pra que parassem de tremer. –Harry? – chamou baixo. Nenhuma resposta. –Harry! –tentou em vão evitar que o tom de desespero aparecesse em sua voz, se sentindo boba por pedir a ajuda dele durante o banho, mas boba ou não, precisava dele.


Ouviu passos do quarto e a porta do banheiro se abriu. –O que... – ele parou quando viu o rosto dela. –Certo, espere um pouco. – esticou o braço e pegou uma grande e fofa toalha, entrou no box, sem se importar com a água batendo em suas roupas. Tirou Hermione de debaixo do chuveiro e enrolou a toalha ao redor de seu corpo trêmulo. –Shh, relaxe.- Ele a guiou para fora do box até o quarto e a sentou numa poltrona que estava perto da janela. Abaixou-se na frente dela, apertando mais a toalha ao seu redor. –Quer me dizer qual foi o problema?


-Não consigo parar de pensar sobre isso – ela disse apressada.


-Sobre o que?


-Sobre Geraldo me tocando. – Harry franziu a testa, piscando. –Ah não, não é isso! – Hermione se apressou para completar, percebendo como tinha soado. –É... Horrível.


-O que? – ele perguntou, confuso.


Hermione respirou fundo e lhe contou toda a história, do bilhete sobre a "Livros Spellbound", a morte do verdadeiro Geraldo. Na hora que terminou, ele a encarava com os olhos arregalados, impressionado. –Deixei isso de lado pra me concentrar em te encontrar... Acho que só hoje de manhã comecei a pensar sobre isso.


-Não posso acreditar – ele disse, rouco. –Percebe o que isso significa?


Ela afirmou com a cabeça. –Que é muito provável que algum estranho estava nos espionando durante todo o tempo que estava saindo com ele.


Harry balançou a cabeça. –Sabia que não gostava do cara. Pensei que estava apenas com ciúmes.


Hermione sorriu, já se sentindo melhor. –Estava com ciúmes?


Ele olhou tímido pra ela. –Claro que estava com ciúmes, só que se manifestou como uma irritação contra toda personalidade dele. – Sentou-se ao lado dela. Hermione colocou as pernas no seu colo e ele a puxou pra seus braços. –Pelo jeito minhas emoções são muito mais espertas que eu, pois sabiam antes de mim. Doía te ver com ele, do mesmo jeito que doía te ver com Horácio e Rufus e aquele idiota do Dr. Kilroy. – Hermione pressionou os lábios contra o rosto dele bem embaixo de sua orelha e deixou sua cabeça repousar em seu ombro. Ninguém falou nada por um tempo. –Quando encontrar Geraldo... Ou quem quer que seja... Vou bater nele até que vire uma massa vermelha – ele disse sério.


-Shh, não fale assim – ela disse. –Isso não vai resolver nada.


-Não, mas com certeza vou me sentir melhor. – Ela não disse nada, percebendo que Geraldo a tinha magoado de um jeito muito pessoal, por suas ações com ela e também tinha magoado Harry de uma maneira completamente diferente. –Está melhor? – ele esfregou as mãos pelos braços nus dela, como pra aquecê-la.


-Sim –suspirou. –Vou ficar ainda melhor quando descobrir quem ele era realmente. – ela recuou e olhou no rosto dele. Ele focalizava um ponto sobre o ombro dela, com o olhar distante. Ela sorriu gentilmente, passando a mão pela bochecha dele, de modo que a pequena barba por fazer raspasse seus dedos. –Está tenso –disse, sentindo pela camisa a rigidez dos músculos de seu pescoço e ombros.


-Me sinto tenso. O que quer que esteja a nossa frente nos próximos dias, podemos ter certeza que não vai ser relaxante.


-Você costumava ficar tão nervoso antes de um confronto ou um torneio. Nunca acreditou que tivesse o que precisa dentro de você.


-Ainda fico nervoso, só fiquei melhor em esconder isso. Ao menos sempre tive você e Rony pra ajudar a me preparar.


-Pobre Rony. Ele sempre acabava sendo estuporado oito vezes.- os dois deram um sorriso triste. Hermione observou o rosto de Harry enquanto uma expressão preocupada o invadia. Ele de repente a soltou e se afastou um pouco dela na poltrona.


Ele hesitou. –Ele era meu melhor amigo – disse suave.


Hermione suspirou, se perguntando se algum dia ficariam livre disso. –Eu sei.


-Mais que isso. Ele era meu irmão, o irmão que nunca tive.


-Ele era meu amigo também, Harry... E mais.


-Sim, mas... Bem, tem algo a ver com a amizade masculina. Rony era meu companheiro, e com isso quero dizer um garoto de minha idade, e o primeiro a me aceitar completamente. –pensou por um momento. –Durante todo tempo que estive em Hogwarts me sentia culpado por tirar o que era dele. Tirei o reconhecimento que deveria ter por ser um Weasley. Tirei sua independência, porque as pessoas o viam como meu escudeiro. Até sentia como se estivesse tirando o amor de sua mãe, mesmo estando feliz por recebê-lo. – Hermione não falou nada... O que poderia dizer? Era verdade. –Ele nunca se ressentiu de mim... Bem, quase nunca. Ficou ao meu lado e me recebeu em sua vida, sua família. –levantou os olhos pra ela, com um olhar assombrado. –Agora estou tirando mais uma coisa que era dele. O que ele deve pensar de mim? –olhou pra suas mãos, seu queixo se contraindo tenso.


Hermione esticou a mão e pegou a dele, com medo do fato de todo futuro de sua relação com este homem depender de sua habilidade de encontrar as palavras certas neste momento. –Harry, olhe pra mim. – ele o fez. –Quero que me ouça com atenção. – Fixou os olhos nos dele, tentando reunir a maior sinceridade que podia na expressão. –Rony está morto e você e eu estamos lamentando por ele há dez anos. Está se sentindo culpado agora porque está sentindo um pouco da felicidade que ele perdeu. Não fique surpreso, também sinto isso. Mas quem pode dizer como as coisas seriam se ele estivesse vivo? – Harry olhou pro lado. Hermione segurou seu queixo e virou seu rosto na direção dela novamente. –Eu te amo –disse gentil. Harry fechou os olhos por um momento e expirou com força como se um grande peso tivesse sido tirado de seu peito. –E não posso lembrar de um tempo em que não te amei, mesmo que não eu fosse esperta o suficiente pra saber. O que é mais importante, não posso imaginar não sentir isso, sem importar quem estava ou não com a gente.


Harry piscou, franzindo a testa. –O que quer dizer?


-Quero dizer que apesar de gostar muito de Rony, mesmo que ele estivesse aqui, não acho que nossa relação romântica continuaria. Se Rony tivesse sobrevivido, eu e você ainda estaríamos aqui juntos... Só que não estaríamos tendo essa conversa, porque Rony estaria aqui também e poderia nos abraçar e dizer o quanto estaria feliz por nós. – Lágrimas se juntaram nos olhos dela, que percebeu o quanto queria que fosse assim. Harry olhava pra ela, seus olhos também marejados.


-Sabe, eu deveria estar te confortando quando te trouxe aqui – ele disse, apertando a toalha ao redor dela. Nos olhos dele, ela ainda podia ver aqueles vestígios de insegurança deixados por uma infância durante a qual foi negada qualquer forma de amor e afeto... No fundo ele ainda acreditava que não merecia. Ele estava brincando preguiçosamente com a ponta da toalha, sem encará-la. –Me ama mesmo? – ele sussurrou.


Ela sorriu. –Sim. E é melhor se acostumar com a idéia. – ele sorriu em resposta.


-Vou tentar. È um novo conceito. – ele beijou a testa dela perto dos cabelos... E depois o rosto dele se contorceu numa expressão de nojo.


Ela se afastou, alarmada, quando ele começou a limpar os lábios e a colocar a língua pra fora como se tivesse provado algo horrível. –O que? Que foi?


-Uhg... xampu! Eca! Blah! – ele pulou e correu pro banheiro enquanto Hermione ria, incapaz de se conter.




Hermione levantou com seu prato e foi até a pia, dando um beijo na cabeça de Harry enquanto passava. Quinn sorriu do outro lado da mesa. –Vocês dois são tão fofos – ela disse.


Harry revirou os olhos. –Ela é a fofa, eu só trabalho aqui.


Quinn afastou o prato. –Precisamos falar sobre o que acontece agora.


Harry cruzou os braços na beira da mesa enquanto Hermione voltava e sentava a seu lado. –Allegra agora tem os pergaminhos do cofre de Carfax. Onde ela está, essa é questão. Sorry disse que ela fez uma viagem repentina para os EUA semana passada, é provável que os materiais que precisa pra Passagem estejam lá. – ele balançou a cabeça. –Malditos colonos – ele resmungou, dando uma piscadela pra Quinn pra mostrar que estava apenas brincando.


-É um país grande – Hermione disse. –Seria bom restringir a busca.


-Examinei os pergaminhos em Carfax antes de vocês duas chegarem. Têm o feitiço-código pra abrir alguma coisa, possivelmente um tipo de cripta ou cofre onde as chaves para metamorfose estão guardadas. Mas felizmente pra nós, eles são sensíveis ao tempo. Só podem ser usados durante uma certa hora do dia e num ponto certo do ciclo lunar. A primeira chance de Allegra usá-los seria meia noite da hora do leste que é 5 da manhã no nosso fuso horário... Isso nos dá menos de 24horas pra encontrar essas chaves, o que quer que sejam, antes que ela encontre.


-Hermione lhe contou sobre minha teoria sobre seus ataques? – Quinn perguntou.


-Sim. É uma teoria interessante, mas não acho que recebi nenhuma informação durante meus ataques, e mesmo que tivesse recebido, como saberíamos a intenção por trás disso?


-Tem mais crédito do que achar que Allegra ou alguém trabalhando pra ela teria o trabalho de te contatar mentalmente e depois recuar quando percebeu que tinha te machucado.


Harry ainda parecia cético. –Querido, posso te colocar num transe. – Hermione disse. –Tentar recobrar o que foi enviado a você, se esse foi o caso. Depois podemos decidir o que fazer com isso.


Harry pensou por um momento. –Certo, vale a tentativa. – Ele levantou com seu prato, sorrindo pra ela. –Obrigado por me chamar de "querido", falando nisso.


Terminaram de lavar os pratos rapidamente e se reuniram na sala. Hermione posicionou Harry numa poltrona reclinável de couro e sentou numa cadeira ao lado dele.


-Certo, apenas relaxe – ela disse, a voz baixa e suave. Tirou a varinha e sussurrou algumas palavras; a ponta começou a brilhar com uma luz lilás. Ela a segurou na frente dos olhos de Harry. –Hypno ad dormirum – sussurrou, movendo a varinha em pequenos círculos na frente do rosto dele. –Sophias ad oculum... – os olhos de Harry estavam fixados num olhar meio distante, a luz lilás refletindo nas íris verdes. Ela baixou a varinha; os olhos dele não se moveram.


-Harry, pode me ouvir? – ela disse suave. Ele afirmou. –Certo. Quero que lembre seu primeiro ataque, e quero que você...


Ele de repente inspirou e começou a falar, muito rápido, dizendo o que parecia ser um feitiço. Hermione se inclinou mais perto, mas não conseguia entender as palavras soltas.


-Pare – ela disse. Ele parou de falar. –Isto é um feitiço? – ele fez que sim. –Onde você o ouviu?


-A dor... – ele murmurou. –Estava por trás da dor. – Hermione e Quinn trocaram um olhar. Hermione pegou um pedaço de pergaminho e uma pena.


-Pode escrever?


A mão dele alcançou a pena e o pergaminho. Ela colocou um livro sob o pergaminho no colo dele para que pudesse escrever; as palavras saíam rápido da pena enquanto sua mão se movia por si só sobre o pergaminho. Hermione leu por cima do ombro dele, realmente parecia um feitiço. Ele finalmente largou a pena. –Certo – ela disse. –Agora quero que você...


Foi até onde conseguiu ir. Ele de repente deu um grito e se sentou rígido, dando tapas com as duas mãos na testa. –Harry! – ela gritou, se esticando pra segurar os braços dele. Ele lutou pra sair do domínio dela e se levantou, gritando de dor e segurando a cabeça. Caiu de joelhos sobre o tapete e depois no chão, se retorcendo de dor, as costas arqueando e seu rosto contorcido em pura agonia. Hermione se ajoelhou ao lado dele, seus braços se esticando em sua direção, com medo de tocá-lo. Quinn puxou sua varinha.


-Faça alguma coisa! – Hermione gritou, muito abalada pra pensar em alguma coisa. Quinn levantou a varinha e abriu a boca pra falar... Mas antes que o fizesse, Harry de repente relaxou e ficou em silêncio. Hermione imediatamente se inclinou sobre ele, checando seu pulso e olhando seus olhos. Ela relaxou, aliviada. –Ele está bem – sussurrou. Sentou perto do ombro dele e gentilmente alisou sua testa.-Harry? – disse suave. –Pode me ouvir? Harry? – suas pálpebras tremeram e ele abriu os olhos, olhando pra ela.


-Por que estou no chão? – perguntou. Hermione o ajudou a sentar e ficou com um braço sobre os ombros dele. –o que aconteceu?


-Não temos certeza – Quinn disse. –Estava sob hipnose. Escreveu um feitiço e depois entrou em colapso com uma dor terrível.


Uma de suas mãos levantou para passar o dedo na cicatriz. –Não lembro. Um feitiço?


-Sim. - Hermione disse, lhe mostrando o pergaminho. –Reconhece? Eu não.


-Pensei que conhecesse todos feitiços que já foram escritos.


-Aparentemente não.


-Não o reconheço também... Mas parece um feitiço pra duas pessoas. Vê? – ele apontou para o escrito. –Está em duas partes, uma pra cada bruxo.


-Bem, não vai ser de muita serventia se não pudermos descobrir o que faz. Estamos privados de todas nossas fontes de costume.


Harry levantou. –Não todas. – Pegou outro pedaço de pergaminho e rabiscou um bilhete nele. –Vou mandar isso pra bibliotecária.


Hermione franziu a testa. –Aquela garotinha da Pesquisa?


Harry olhou sério pra ela. –Ela não é uma garotinha.


-Então o que ela é? Há quanto tempo está lá?


-Não sei o que ela é, nunca perguntei. E acho que está lá desde o início dos tempos, no mínimo. Se ela não pode nos dizer o que isso significa, então ninguém pode. Persephone! – ele chamou. Com um bater de asas, a coruja pousou em seu ombro para que ele pudesse colocar o bilhete em sua pata. –Leve isto até a bibliotecária, mas não deixe que ninguém te veja. – Persephone mordiscou sua orelha e saiu por uma janela aberta, sumindo de vista. –A bibliotecária não mantém lealdade política, não vai sentir obrigação nenhuma de contar a alguém na DI que entrei em contato com ela. Se tudo ficar igual, ela ficará em silêncio. – ele sentou no sofá, esfregando as têmporas com os dedos. Hermione se apoiou protetivamente no braço do sofá ao lado dele, Quinn sentou num banquinho em frente a eles.


-Lembrou de mais alguma coisa? – perguntou. –Ainda não sabemos onde Allegra está.


Ele franziu a testa, os olhos focalizando o vazio enquanto se concentrava.-Sim. Recebi impressões de uma cidade... – ele pressionou os dois primeiros dedos num ponto acima de sua sobrancelha esquerda, apertando os olhos fechados em concentração. –Uma cidade perto de água... Algo com irmãos? Amor de irmãos? – ele olhou pra Hermione, que respondeu com um olhar confuso. Quinn, entretanto, sorria. –Isso significa alguma coisa pra você? – perguntou a ela.


-Filadélfia. – ela disse. –A Cidade do Amor Fraternal.


Hermione balançava a cabeça que sim. –A Filadélfia foi o lar de várias colônias de sociedades bruxas. Eles tinham uma magia bem pesada por lá nesses dias.


-Existe um sistema de catacumbas secretas sob a cidade – Harry disse. –Protegida dos olhos de trouxas e mesmo de bruxos, a maioria não sabe que elas existem. Aposto dez galeões que o quer que Allegra esteja procurando está lá embaixo. Aqueles túneis são infinitos... a maioria está inexplorada, quem sabe que segredos estão enterrados naquela cidade. –Levantou com um ar de ação em sua volta. –Vamos juntar nossas coisas e nos encontrar aqui em cinco minutos. – Harry disse. –Vamos Aparatar juntos. –Tão rapidamente como se alguém tivesse dito "já" os três se separaram. Quinn foi até o quarto de hóspedes, Harry e Hermione para suíte principal.


Hermione se apressou para o banheiro, jogando a escova de cabelos e pasta dental na sacola. –Pega! – falou pra Harry, jogando seu kit de barbear. Ele pegou fácil e enfiou em sua mochila.


-Esse casaco é seu?


Ela colocou a cabeça pela porta. –Não.


-Hum. Deve ser de Dana.


Hermione secou a pia e os próprios passos molhados do chão. –Quem é essa Dana?


-Ela é uma Auror. Amiga de Sabian... uma das ex-mulheres de Sabian, na verdade, uma de muitas. Essa casa é dela, está na China de férias.


Hermione entrou no quarto, segurando sua mochila. –Aurores não são parte da DI?


-Não. Somos empregados da Federação global, eles trabalham para o Ministério. Fazemos todo tipo de coisa relacionada com inteligência, eles apenas caçam. Às vezes trabalhamos juntos. Eles são mais pragmáticos que a gente. Tendem a atirar primeiro e perguntar depois... Nós gostamos mais de fazer perguntas.


-Moody disse que seríamos bons Aurores, se lembra?


-Ele não era Moody – Harry disse sombrio. Ele raramente discutia esses eventos, e Hermione geralmente evitava mencioná-los.


Ela fechou o zíper de sua mochila e colocou sua capa. –Ei – disse, se aproximando dele. –Ainda parece nervoso. Alguém podia pensar que nunca fez esse tipo de coisa antes.


Ele forçou um sorriso. –Ah, já fiz sim. Mas... Nunca com a mulher que amo bem na linha fogo. – ele puxou uma alça da mochila e pegou a capa das costas da cadeira.


-Olhe, não fique hesitante comigo, certo? Se começar a entrar em pânico, então eu vou começar a entrar em pânico e vai ser um grande exagero de pânico.


-Não estou entrando em pânico, só estou sendo realista. – cruzou o olhar com o dela. –Se alguma coisa acontecer com você... Bem, não sei se poderia agüentar.


Ela passou os braços em volta de sua cintura e o abraçou. –Nada vai acontecer comigo, certo? Eu não comprei minha varinha ontem. Vai ficar tudo bem. – ela se afastou e pensou se algo acontecesse com ele... O que, na verdade, era tão provável quanto acontecer algum infortúnio com ela, talvez até mais. –Vamos acabar logo com isso.


Separaram-se e desceram para encontrar Quinn esperando. Foram pra varanda da frente e ficaram em paralelo. –Prontos? – Quinn disse. –No três. 1...2...3 – Os três desapareceram e uma fração de segundo depois reapareceram no mesmo lugar.


Hermione olhou a sua volta. –Hum. Parece que Filadélfia se parece demais com Kent.


-Estamos de volta ao mesmo lugar – Quinn disse.


Harry olhou ao redor suspirando. –Estava com medo disso. Vamos tentar mais uma vez só para confirmar. – contou até três novamente e desaparataram... e outra vez reapareceram na frente da casa de Dana.


-Do que você estava com medo? – Hermione perguntou.


-Ela colocou feitiços de segurança em volta da cidade. Se tentar aparatar pra lá, é mandado de volta. Existem feitiços parecidos em volta de Hogwarts e da DI. Não vamos conseguir aparatar pra lá.


-Então tenho uma pergunta. – Hermione continuou. –Como raios vamos chegar lá? – Harry e Quinn trocaram um olhar vazio. –É muito longe pra ir voando de vassouras. Não podemos comprar passagens de avião sem dinheiro trouxa e não podemos trocar dinheiro bruxo até segunda quando Gringotes abrir e mesmo se pudéssemos trocar o dinheiro agora, não tenho o suficiente, e mesmo se tivesse não conseguiríamos vaga tão em cima da hora!


-Não podemos aparatar fora do campo do feitiço e depois pegar carona ou algo assim? – Quinn perguntou.


Harry balançou a cabeça negando. –Não, ela deve ter pensado nisso. Não vamos poder chegar perto o suficiente pra estar no lugar certo à meia noite de hoje. – ele ficou parado pensando, as duas o observando e esperando uma idéia brilhante. Quando viram um vagaroso sorriso maroto se espalhar em seu rosto, sabiam que tinha uma. –Mas acho que posso conseguir outra alternativa.




O táxi os deixou numa vizinhança bastante industrial. –Devo perguntar o que estamos fazendo aqui?


Harry olhou para Hermione. –Sabe onde estamos? – ele disse, indo até a calçada próxima.


-Claro, estamos no Little Whinging... Mas não tenho idéia do que vamos faz... ah! – ela exclamou, enquanto chegavam numa grande placa em frente de prédio branco sujo. "GRUNNINGS" dizia.


-Não há lugar como o lar – ele disse enquanto passavam da placa.


-Pensei que odiava isso aqui – Quinn disse.


-Não disse que não havia lugar melhor. Disse que não havia lugar como este.


-Não devia talvez tirar sua capa, Harry? – Hermione disse. Ela e Quinn já o tinham feito. –Estamos entre trouxas afinal.


-Acho que vou ficar com ela, obrigado. – Chegaram no portão de segurança. Um guarda levantou a mão para pará-los, olhando para os trajes incomuns de Harry.


-Tem hora marcada? – ele perguntou.


-Não – Harry disse confiante.


-Diga a que veio, por favor.


Harry fez um pequeno gesto com a mão. –Não precisa saber dos nossos assuntos.


O guarda concordou amigavelmente. –Não é de minha conta, tenho certeza.


-Vai nos deixar entrar agora.


Ele deu um passo para o lado e deixou o portão aberto. –Entrem, por favor.


-Ninguém precisa saber disso.


-Claro que não, senhor. Eu vou fica aqui perto do portão.


-Muitíssimo obrigado – O portão se fechou atrás deles.


-Bom trabalho, Obi-Wan – Hermione disse indo para o lado dele.


-Os Jedi roubaram isso da gente, sabe.


-Posso perguntar como fez aquilo?


-Vamos entrar aqui – Harry disse, virando para porta da frente e desviando do assunto com muita habilidade. Passou pela porta e direto pela recepcionista com outro gesto de mão misterioso; ela nem levantou os olhos. A curiosidade de Hermione aumentava... Não sabia como Harry estava fazendo isso. Não parecia estar usando um feitiço nem sua varinha.


Hermione e Quinn o seguiram pelos corredores; ele parecia saber aonde ia. Finalmente pararam em frente de uma magnífica porta dupla rotulada com "Diretor". Harry nem bateu, apenas a abriu e entrou.


Sentado atrás de uma mesa muito grande estava o primo de Harry, Duda Dursley. Ele levantou, seu rosto florido ficando pálido ao vê-los. Hermione segurou um sorriso ao ver como o poder caíra... Antes Duda tinha feito da vida de Harry um inferno de medo de socos sem misericórdia, agora os papéis deles pareciam invertidos. Enquanto Duda virara um homem baixo, redondo, de faces rosadas, com a testa cada vez mais aparente e expressão meio abobada, Harry estava alto, bonito e tinha uma postura com um ar de poder. Era difícil acreditar que os dois eram parentes; quase não pareciam ser da mesma espécie. –Saia! – Duda gritou com uma voz nasal, chorosa, apontando para porta. Harry e o ignorou e marchou até a mesa. Hermione entendeu o porquê dele ter ficado com a capa, realmente completava a figura, flutuando atrás dele. Quinn e eu devemos estar parecendo suas seguranças, ela pensou. Ficaram uma de cada lado dele sem dizer nada.


-Olá Duda – Harry disse. Apontou um dedo para Duda e depois o abaixou; Duda caiu sentado novamente em sua cadeira de couro, parecendo surpreso de se encontrar ali. –Sente-se.


-O que você quer?


Harry sorriu, mas não havia nenhum humor. –Preciso de um motivo para visitar meus parentes? Achei que ficaria feliz de me ver, Duda.


Duda parecia estar morrendo de medo de Harry. Hermione não entendia muito isso; com certeza Duda sabia que Harry não o machucaria de verdade. Mas também, aqueles que não hesitam em causar dor em outras pessoas são os primeiros a acreditar que os outros são capazes de lhes causar dor. –Vou chamar meu pai – Duda disse numa voz reclamanona.


Harry riu, balançando a cabeça. –Ainda se escondendo atrás de Válver, Duda? Ele provavelmente está em algum campo de golfe.


-Não está não! Ele está...


-Não tenho medo de Valter e não tenho medo de você, Duda. Sabe quantos caras grandes, seguidores do mau eu já derrotei? Você é apenas uma batatinha. – Hermione, com muito esforço conseguiu não rir. Ela nunca em sua vida vira Harry falar com tanta autoridade. Ele parecia estar tentando um papel de lindo Herói em algum seriado água com açúcar da tarde de sábado... Mas ela sabia que era tudo por causa e Duda e ele parecia estar acreditando completamente. Harry se inclinou pra frente e colocou as mãos na mesa, olhando bem nos olhos pequenos de Duda. –Isso é o que vai fazer Duda. Sei que a Grunnings possui um jato particular. Vai me emprestar por alguns dias.


Duda arregalou os olhos. –O que? Não posso...


-Ah, pode sim. Não vai usá-lo, não é mesmo? Os únicos lugares a que você vai são sua casa e a sorveteria. Vai me dar as chaves e se alguém perguntar onde ele está, vai dizer que está na loja. – Hermione o observou de perto. Ele não parecia estar forçando Duda a concordar como fizera com o guarda. Ela supôs que Duda fosse fácil demais de controlar mesmo sem usar magia.


Duda se ergueu um pouco. –E se não emprestar?


Harry se endireitou, recuou um pouco e sorriu. –Você vai – ele disse... e apenas por um momento, seus olhos brilharam vermelho. Hermione mordeu seus lábios para não rir. Era tão fácil intimidar pessoas que já esperavam o pior de você. Umas roupas bruxas e eles já estavam na palma de sua mão.


Duda procurou em suas gavetas, puxou um chaveiro e jogou para Harry. –Aqui, tome – conseguiu dizer. –Apenas vá embora.


Harry enfiou as chaves no bolso de sua capa. –Mande lembranças para Válter e Petúnia. – disse, virando. Saiu da sala, Quinn e Hermione logo atrás.


-Você gostou disso, não foi? – Hermione disse, se apressando pra acompanhar as passadas largas de modo que não tropeçasse na capa dele.


Sorriu para ela, e foi seu sorriso de costume e não o sorriso sinistro que dera a Duda. –Pode me culpar? Não jogo pesado muitas vezes, é divertido.


-Então vamos seqüestrar o jato de Duda – Quinn disse. –Mas quem vai pilotá-lo.


Hermione puxou sua varinha. –Se Artur pode enfeitiçar um carro para fazê-lo voar, enfeitiçar um avião não deve ser muito difícil.




-Isso é a coisa mais feia que já vi – Hermione disse. Os três bruxos estavam sentados num banco em frente ao hall da independência no centro da Filadélfia e olhando a tenda de vidro no estilo anos 70 que abrigava o famoso Liberty Bell. Era quase meio dia e tinham pousado na Filadélfia uma hora antes. A primeira parada foi na filial da Filadélfia da DI, onde Harry mandara uma coruja para Sorry.


Harry concordou. –Parece o sobrevivente da era disco.


Hermione olhou para Quinn. –Esse sino não é uma relíquia histórica? Era de se esperar que usassem um lugar melhor para abrigá-lo.


Quinn deu de ombros. –Concordo que é feio, mas eles não me consultaram quando construíram essa coisa. – Ficaram em silêncio por um tempo. Quinn estava sentada abaixada com os braços cruzados no peito, parecendo impenetrável. Harry sentava no meio com as pernas cruzadas, olhando ao redor o cenário do parque e segurando a mão de Hermione. Ela estava sentada do outro lado com uma perna presa sob si, mordendo o lábio enquanto pensava.


-Estamos esperando alguma coisa? – Hermione finalmente perguntou.


-Sim – Harry respondeu. –Sorry. Com sorte, ele está na cidade com Allegra e não vai demorar muito pra que responda minha coruja.


-Não podemos começar a procurar a cripta sem ele? – Quinn perguntou, soando um pouco irritada.


-Onde sugere que comecemos? – Harry respondeu com paciência. –Essas catacumbas se alongam por centenas de quilômetros, com centenas de entradas.


-Harry – Hermione disse –Allegra te quer para a Passagem, certo?


Ele hesitou. –Provavelmente.


-Então por que não tentou te capturar? Não mandou bruxos pra te seqüestrar?


Ele suspirou. –Porque ela sabe que estou indo. Por que acha que ela me provocou atacando Jorge, Laura, Remo, Lefty... Queria que eu fosse atrás dela.


Ela largou a mão dele virou para encará-lo. –Não precisa fazer esse favor a ela.


-Preciso sim. Se não, ela vai começar a matar – olhou para ela. –Virá atrás de você. Estou basicamente aceitando as iscas dela e apostando que minhas habilidades são melhores pra sair disso inteiro... Mas as chances estão se acumulando em meu favor. Ela me subestima, sempre o fez e eu aprendi muito desde que ela se foi. E ainda tenho algumas cartas na manga... Você, e Quinn e mais importante um homem lá dentro que vai ser o elemento surpresa. – Ele deu de ombros. –Com sorte ela nunca vai botar as mãos em mim. O que quer que ela queira roubar, podemos pegar primeiro.


Hermione balançou a cabeça. –Parece um ótimo jeito de conseguir morrer.


-Não apenas morrer – veio uma voz nova. Todos viraram pra ver Sorry em pé atrás deles. –Sofrer a Passagem. É muito pior que morrer. – Ele deu a volta no banco e sentou ao lado de Hermione.


-Sorry – Harry disse. –Recebeu meu bilhete.


-Sim. Allegra me trouxe aqui para que pudesse olhar as tábulas assim que forem desenterradas.


-Tábulas? – Hermione disse.


Ele respirou fundo. –Certo, começando do princípio: a passagem é um ritual delicado que requer o equilíbrio perfeito da vitima mentalmente, habilidades de quem pratica e ambiente. Participei de passagens de trouxa-para-bruxo como outras pessoas antes de mim. Allegra supôs que o processo reverso era o mesmo ritual.


-Mas não é – Harry disse. –Por isso não funcionou com Leland.


-Certo. Acontece que a passagem de um bruxo é muito mais complicada e o ritual existente é inadequado. Pode imaginar o poder mágico necessário para reverter todos os feitiços que um único bruxo fez durante a vida. É um processo que tem o potencial de reformular eventos em escala mundial. Envolve muito mais do que alguns encantos e visualizações criativas.


Todas as peças estavam se encaixando na mente de Harry. –Então Allegra mandou suas tropas pra procurar material fonte destes rituais originais. Lúcio Malfoy encontrou alguma coisa aqui.


-Meus ancestrais foram os bruxos que originalmente escreveram os dois rituais de passagem... Um deles criativo e o outro destrutivo. Eles perceberam o poder da passagem destrutiva e juraram nunca usá-lo. As tábulas de pedra que descrevia os rituais foram passadas em segredo...


-Até que chegaram nos bruxos colonizadores que construíram estas catacumbas – Hermione disse.


Sorry concordou. –Eles esconderam aqui pra que ninguém nunca encontrasse, e depois esconderam os feitiços que abrem a cripta na Abadia de Carfax. Lúcio encontrou a cripta rastreando o último ancestral vivo desses bruxos colonos e torturando-o. – ele puxou um pedaço de pergaminho dobrado e entregou a Harry. –Desenhei este mapa das catacumbas. Allegra não achou que eu deveria saber onde está a cripta... Confiança não é a qualidade mais forte dela, acredite... Mas conheço a área no geral. Vão ter que procurar pela cripta, mas pelo menos diminui a área de busca pra vocês. Existe uma entrada paras catacumbas embaixo de uma árvore em frente ao café Magnólia na rua Locust, vão precisar começar por lá. É impossível não ver a árvore, é uma cheia de contas. – ele levantou. –Isso é tudo o que posso fazer. Espero que cheguem logo lá porque francamente, estou ficando nervoso. Sinto como se fosse dizer alguma coisa e estragar meu disfarce a qualquer momento.


Harry levantou e colocou uma mão no ombro dele. –Agüente firme. Vai terminar logo. – Sorry concordou.


-Escute – ele disse. –Em caso das coisas darem errado e precisarem achar o esconderijo de Allegra... Tenho um localizador de aparatação em meu bolso. Aqui está, parceira – Hermione pegou. –Depois que ela pegar as tabulas, vai me levar até lá. – ele hesitou; -Tem mais uma coisa que você provavelmente precisa saber.


-O que?


-A magia de manipulação de tempo dela? Ela está muito, muito melhor nisso. Pode mandar pessoas pra mais longe e com menos esforço.


Harry balançou a cabeça. –Se soubesse que ela estava fazendo isso poderia ter tentado fazer um contra-feitiço.


-Não posso dizer exatamente como funciona, mas sei que a razão de ser tão exaustivo é porque é em grande parte uma projeção mental.


-Como um glamour? – Hermione perguntou.


-Um pouco, sim. O bruxo tem que visualizar seu destino e depois reunir magia poderosa o suficiente pra transportá-lo até lá.


Harry respirou entre os dentes. –Posso ver porque este poder realmente exige de você.


Sorry deu de ombros. –Não sei como isso vai afetar o que está acontecendo aqui, mas aviso é aviso. – Sorriu para eles. –Boa sorte. – Ele virou e foi embora; Harry apenas ficou parado olhando-o ir.


Hermione suspirou. –Posso perguntar... De novo... Por que não chamou a cavalaria?


-Porque ela nunca deixaria de ver uma mobilização, ficaria alerta. Estou torcendo que ela não saiba que estou tão perto, e se ela não sabe, quero que continue assim.


Quinn levantou. –Devíamos entrar nas catacumbas o mais cedo possível.


Hermione pulou de pé também. –Qual é! Vai estar lotada de capangas de Allegra!


-Não. Acho que não.- Quinn continuou. –Se ela sabe onde fica a cripta, e que não pode abri-la até a meia noite, provavelmente está em seu esconderijo se preparando pra passagem.


-Como pode saber disso?


-Porque é o que eu faria – Quinn disse. –Ia querer todas minhas energias de uma vez só pra que na hora que tivesse minha vítima pudesse realizar o ritual imediatamente e não ter que esperar procurando algum ingrediente de poção ou algo do tipo.


-Ela está certa – Harry disse. –Se queremos pegar aquelas tábulas ates de Allegra, temos que fazer isso agora. Quanto mais cedo melhor.


-Também tem o pequeno problema de não termos o feitiço pra abrir a cripta e mesmo que tivéssemos, não poderiam ser usados até a meia-noite.


Ele balançou a cabeça, olhando para o vazio. –Eu posso entrar.


Hermione sentiu a ansiedade aumentando no peito, inexorável como a maré, e com ela o conhecimento que Harry não estava lhe dizendo alguma coisa... Alguma coisa muito importante. –Ah, você pode? Do mesmo jeito que colocou aquele feitiço no guarda da Grunnings? Como, exatamente, pode entrar? E se pegarmos as tábulas, e então depois?


Harry continuou como se não a tivesse ouvido. –Ainda há coisas que você não sabe, Hermione. Posso entrar e pegar aquelas tábulas... Depois esperar que ela venha atrás de mim. E então veremos.




Sorry estava certo... Era impossível não ver a árvore. O Café Magnólia, no fim das contas, era um restaurante de descendentes de franceses e a árvore na calçada do lado de fora do restaurante estava infestada com centenas, talvez milhares de Contas do Mardi Gras que foram dadas aos donos como lembranças e depois jogados na árvore pra dar boa sorte.


Hermione colocou um feitiço inotável ao redor deles para que pudessem procurar a entrada sem serem observados pelo fluxo constante de passantes. Harry se ajoelhou na calçada, engatinhando e inspecionando as grades em volta da árvore. Finalmente levantou uma e olhou embaixo. –Aqui – ele disse. Hermione e Quinn se curvaram e olharam... embaixo havia um canal de pedra como um escorregador que se curvava para baixo, pra longe das vistas. Sem falar nada, Quinn sentou na beira e escorregou. Hermione a seguiu e depois Harry, fechando a grade acima da cabeça.


Hermione escorregou pelo que pareceu uma eternidade, e depois o escorregador simplesmente não estava lá. Voou por uma curta distância e caiu. Os braços de Quinn a seguraram pelo meio as duas caíram no chão. Alguns segundos depois, Harry veio batendo fora do escorregador e caiu de bunda no chão, fazendo uma careta de dor. –Droga! – ele disse, levantando e esfregando as costas. Olhou tímido pra elas.


Hermione pegou o mapa de Sorry e o iluminou com sua varinha. –Por aqui – disse. Harry liderava enquanto seguiam pelo corredor. Hermione lutava contra a sensação que este lugar inspirava. Estas catacumbas não eram túneis apertados, enganchados, mal acabados que ela esperava. Eram passagens arqueadas cavernosas feitas com pedras, o chão coberto por rochas soltas, detritos da caverna e ocasionalmente esqueletos de bruxo há muito tempo mortos. A ponta luminosa da varinha de Harry, segura acima de sua cabeça, parecia muito pequena na escuridão completa que preenchia os espaços.


Continuaram por uma série confusa de passagens, Hermione seguindo o mapa bruto de Sorry o melhor que podia. Ninguém falava muito; a atmosfera pesada parecia paralisar a conversa bem como os pensamentos. Ela tentou manter o senso de direção, mas depois de meia hora estava completamente desorientada. Finalmente chegaram ao fim do mapa de Sorry. –Aqui é até onde ele sabe pra onde ir. – ela disse, dobrando o mapa e guardando na bolsa. Estavam num cruzamento em T diante de uma grande parede de pedra incrustada por musgos e umidade com linhas escuras feitas pela água.


-Devemos estar perto do rio – Quinn disse. –É tão úmido aqui embaixo.


Harry virou pra elas. –Devíamos nos separar.


Hermione balançou a cabeça que não. –Não acho que seja uma boa idéia.


-Não, ele está certo – Quinn disse. –Precisamos procurar pela cripta nas duas passagens, vai ser mais rápido se nos separarmos. Vamos explorar separadamente por uns quinze minutos, por exemplo, e depois nos encontrar aqui e decidir o que fazer.


Hermione ainda estava em dúvida. –Vou por aqui – Harry disse, apontando para esquerda. –Quinn, você e Hermione vão pro outro lado.


Hermione segurou a mão dele por um instante. –Tome cuidado – ela disse.


Ele concordou, dando um aperto na mão dela em resposta. –Você também. Fique perto de Quinn e fique alerta. – virou e foi para esquerda. Hermione o olhou ir, engolindo a sensação de desconforto, depois virou e seguiu Quinn pela outra passagem.




Harry andou decidido pelo caminho, examinando as paredes enquanto passava, pensando se reconheceria a cripta quando a encontrasse. Poderia estar escondida, pensou, ou enfeitiçada para parecer parte da parede.


Seu estômago estava ocupado dando nós em si mesmo. Não importava quantas vezes se envolvesse com atividades perigosas ligadas a espionagem, nunca se acostumava. Seu nervosismo aumentava pela presença de Hermione... Devia ter feito ela vim comigo, pensou. Então saberia que ela está a salvo. Ela está a salvo com Quinn, disse pra si mesmo. Ela era uma Executora muito boa e pelo que sabia uma professora de DCAT ainda melhor.


Virou uma esquina e parou abruptamente quando todas suas perguntas sobre a cripta foram respondidas.


Recortada na parede estava uma imensa porta retangular cravadas com runas que pareciam vagamente familiares. Ficou lá de pé, anestesiado e olhou pra cima... e pra cima... e pra cima até o teto arqueado metros acima. Seu queixo caiu ao vê-lo. O que quer que estivesse esperando, não era isso. Era uma cripta mal escondida, muito mais parecida com uma cripta óbvia e ostentosa.


Aproximou-se e examinou as runas cravadas na porta. Não reconheceu a língua. Desejou novamente, por um motivo completamente diferente, que Hermione estivesse com ele.


Não sabia quanto tempo ficou ali olhando a porta e pensando sobre as runas sobre ela... Alguns minutos, talvez... Mas depois lembrou do que tinha que fazer e percebeu que já passara da hora de voltar ao local de encontro e contar a Hermione e Quinn de sua descoberta. Virou e depois recuou e se encostou contra a porta da cripta.


Do outro lado da cripta não estava uma parede do corredor vazio, mas sim uma câmara de tamanho médio que nem tinha visto, de tão concentrado que estava na cripta. Na câmara estavam no mínimo vinte dos bruxos das trevas de Allegra que provavelmente estavam escondidos por ali esperando que ele viesse... Como um idiota, ele tinha ido até lá. estava tão preocupado com Hermione e concentrado em achar as malditas tábulas. Fique alerta, tinha avisado a ela. Era melhor que tivesse seguido o próprio conselho. Allegra, de pé no centro do grupo, avançou com as mãos em seus quadris, sorrindo pra ele.


-Ah, Harry. Lefty não te ensinou nada? Sempre mantenha uma parede nas costas – levantou uma mão, ao vê-lo ficar tenso. –Tsc, tsc – reclamou. –Nem tente. Tem muitos de nós aqui, Harry. Nem mesmo você pode com todos nós... Vinte de meus bruxos contra você talvez finalmente seja uma luta justa. – Ele cedeu, deixando a varinha pender. Ela avançou e a tirou das mãos dele. –E aqui estava eu, achando que seria difícil te capturar, Harry. Sabia que Drª Granger era seu calcanhar de Aquiles, mas nunca pensei que a mera presença dela iria te agitar tanto que você viria direto pra minhas mãos.


Ele apenas olhou duro pra ela. –Você me pegou. É o que queria, não? Quero sua palavra que não vai fazer nenhum mal a ela.


O sorriso dela aumentou. –O que te importa? Você não lhe disse o que realmente é, disse? Eu a avisei que não te conhecia. – ela balançou a cabeça. –Mas elas nunca acreditam na ex, não é mesmo? – andou de um lado pra o outro na frente dele, rodando a varinha dele com uma das mãos. –O que ela é pra você? Sério agora, a verdade. Lembre com quem está falando; não tem nenhum segredo comigo.


Harry suspirando, sem vontade de entrar no jogo dela. –Eu a amo.


-Claro que não. Aquela ratinha?


-Ela vale cem de você, Allegra.


Ela se inclinou pra frente, seu perfume se espalhando ao redor do rosto dele. –Não pensava assim quando gozava como um cachorro na minha cama.


Ele deu um pequeno sorriso, nem um pouco intimidado.-Bem, não precisamos baixar o nível agora, não é?


O sorriso presunçoso de Allegra se desfez. –Você não é o homem que conheci, Harry. Você cresceu. Está mais forte. – O sorriso se espalhou novamente em seus traços frios. –O que torna isso tudo ainda mais prazeroso.




Hermione e Quinn estavam no cruzamento em T, sem dizer nada. Hermione batia o é ansiosamente e olhava o relógio. –Ele está cinco minutos atrasado. – disse preocupada.


Quinn concordou. –Vamos dar mais alguns minutos.


-Não – Hermione disse, consertando a postura e apertando a varinha mais forte. –Vou atrás dele. Você vem?


Quinn avançou. –Bem atrás de você, Sra. Peel – Hermione marchou pelo corredor da esquerda, segurando a varinha à sua frente sem idéia do que faria se alguém a atacasse. Todos feitiços de defesa que conhecia de cor e salteado tinham espertamente saído de seu cérebro agora que ela mais precisava.


-Me pergunto se ele encontrou a cripta – Quinn disse.


-Talvez esteja escondida... é bem improvável que tenham feito óbv... – ela parou de vez no corredor, tão de repente que Quinn se esbarrou com ela.


-Nossa – Quinn sussurrou, olhando pra enorme porta da cripta. –Isso é uma ótima afirmação... – parou de falar ao ver o rosto de Hermione. Ela estava olhando, não para porta mas para o chão da passagem. Quinn seguiu seu olhar. No meio do caminho estava a mochila de Harry.


-Ah não – Hermione murmurou, avançando. Caiu de joelhos ao lado da mochila e a pegou. –tem um bilhete – disse num tom direto.


Quinn a observou enquanto lia e seus ombros encolhiam; apertou a mochila contra o peito e sua cabeça pendeu. Sem falar nada, esticou o bilhete. Quinn o pegou e segurou a varinha de modo que pudesse ler.


"Ei, Hermione – perdeu alguma coisa? – A ex.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.