Troll nas Masmorras



Halloween


 


O dia 31 de Outubro foi um dia cheio de acontecimentos.


Na noite anterior, Harry e Daphne tinham ido para os Terrenos da Escola, com a Nimbus 2000, e tinham voado junto à orla da floresta, onde ninguém os via. Conversaram durante horas, e fizeram grandes planos para o dia 1.


Na aula de Poções, Harry sentou-se ao lado de Daphne e não no seu canto habitual. Weasley trouxera um Lembrador para aula, mas Snape cedo reparou e aproximou-se do ruivo com um sorriso trocista, ao perceber que o ruivo estava a tentar não se esquecer de nenhum passo da Poção.


- Weasley...Menos dez pontos para os Gryffindor por tentares aldrabar na minha aula- Snape afirmou – Sabes porque é que não funciona? Porque para te esqueceres de alguma coisa, tens de sabê-la. Tu, simplesmente, não sabes fazer esta poção…


A maioria dos Slytherin riu-se, liderados por Malfoy e Zabini. Entretanto, Harry e Daphne estavam em pôr em prática o seu plano para juntar Theo e Millie: Escreveriam uma carta a cada um, e assinavam pelo outro, combinando um local para se encontrarem.


- Onde? – Harry murmurou, enquanto arrastava a pena pelo pergaminho, imitando a caligrafia de Theo (anos a copiar a assinatura dos tios tinham-lhe dado alguma experiência).


- Naquele pátio resguardado ao pé das salas de Transfiguração...- Daphne respondeu, num sussurro.


- Greengrass, Potter, o que julgam que estão a fazer? Não chega chegarem atrasados à minha aula? – Snape sibilou, subitamente atrás deles. Harry largou a pena. Por um segundo, parecia que Snape ia ler a carta, mas o professor limitou-se a examinar as poções deles. – Greengrass… era para esmagar o fígado de Salamandra, não para o cortar...a tua poção está cheia de erros, concentra-te.


- Sim, senhor. – Daphne acenou, focando o seu olhar no caldeirão, de imediato.


- Potter...- Snape disse, devagar – Sim...Levanta-te.


Harry achou que Snape o iria pessoalmente escoltar até à saída da aula, nem lhe dando hipótese de arrumar as suas coisas. Mas o Professor encaminhou-o para o lado dos Gryffindor, onde Weasley estava sentado ao pé do Incendiário e do Lacaio.


- O Weasley estava a tentar usar um Lembrador, para não se esquecer de nada, sem muito sucesso. E tu estavas distraído. Como precisam os dois de se concentrar, talvez uma mudança de lugar faça efeito. Tu ficas aqui e continuas a Poção dele, e ele vai para o teu lugar e continua a tua. Weasley, para o lugar do Potter, mexe-te. – Snape ordenou – Ah e as vossas poções finais serão para avaliação, agora.


- Sim, senhor. – Harry acenou, não se atrevendo a discutir com Snape.


Harry olhou para o conteúdo espesso e fortemente amarelo de Weasley, em comparação com o líquido vermelho que borbulhava no seu caldeirão, e a julgar pelos ingredientes que sobravam nas bancadas, eles iam mais ou menos ao mesmo ritmo. Não fazia ideia de como salvar aquela Poção. Levantou-se frustrado, e passeou-se pelos livros que estavam disponíveis no Armário. Deparou-se com um que tinha um capítulo inteiro chamado Reversão e Correcção de Poções, mas rapidamente percebeu que não conhecia metade dos termos que ali constavam e, consequentemente, três quartos das instruções.


- Péssimo, Potter. Coloca uma amostra e deixa-o em cima da minha secretária. – Snape ordenou, no final da aula.


Aparentemente, a mistura de sangue e sal era uma substância anuladora de magia muito forte. Harry anulara metade da magia que Weasley conseguira colocar naquele caldeirão e seguira as complicadas instruções o melhor que conseguira, mas a sua Poção final era verde tropa, quando deveria estar vermelha. Nunca lhe soube tão bem sair de uma aula de Poções e de perto de Snape.


- Calma, Potter. – Draco tentou, ao vê-lo ser o primeiro a sair da aula e avançar a passos largos pelo corredor.


- Ele já se anima. – Comentou Daphne – Ele está apenas chateado por ter falhado o que ninguém esperava que ele acertasse.


- O que é que o vai animar, Greengrass?


- Uma celebração de Halloween. – Sorriu Daphne, misteriosa – Uma inocente celebração de Halloween.


Flitas tinha sempre a varinha em cima da secretária. Harry foi o primeiro a entrar, e conseguiu apanhar a varinha, sem que ninguém reparasse, enquanto o Professor se mantinha junto à porta a ver todos entrarem. Nenhum feiticeiro admite que perdeu a varinha, e nunca passou pela cabeça do Professor que um aluno a pudesse ter tirado. Para deleite de Harry e Daphne, Flitas passou a aula à procura da varinha, e a ensinar-lhes o feitiço rodando apenas as mãos. Os alunos começaram a perceber o que se passava, e a soltar risinhos.


Flitas acabou por os dispensar meia hora mais cedo, quando começou a ficar realmente preocupado com a ausência da sua varinha. Mas não antes, de eles terem observado Weasley a abanar a varinha loucamente, apontando à sua pena, e a gritar loucamente “Wigardium Leviosa” com uma pronúncia incompreensível. Granger parecia querer corrigi-lo, mas ele não lhe dava ouvidos. Malfoy pôs-se a imitá-lo, e, uma vez mais, o Weasley ficou vermelho de raiva, sem poder fazer nada.


Antes de sair, Daphne tirou uma “dúvida” ao Professor, o que deu tempo a Harry de colocar a varinha de Flitas do lado dos Gryffindor, discretamente. O Professor foi muito severo e crítico em relação aos leões durante semanas, sem que ninguém – excepto alguns Slytherin – percebesse porquê.


- Venham daí, ver se o vosso plano amoroso, também, resultou. - Draco puxou-os para o pátio ao pé das salas de Transfiguração – Não acredito que não me contaram dos vossos planos para Encantamentos.


- Não fosses tão dorminhoco, Draco. – Harry retorquiu, nada preocupado com os ciúmes do loiro, e dizendo a Zabini para se lhes juntar.


Theo e Millie encontraram-se no pátio e conversaram baixinho, sem reparar que eram observados por três rapazes. Daphne recusara-se a juntar-se-lhes, e afirmara que gostava de respeitar a privacidade dos outros. Cada um com a sua carta, deram risinhos nervosos e um primeiro embaraçado beijo. Ao jantar já namoravam.


- Foi muito fixe da tua parte, Harry. Sei que foste tu que escreveste as cartas. – Pansy sorriu-lhe ao jantar, enquanto cochichava com a sua melhor amiga.


- A ideia foi da Daphne. – Harry encolheu os ombros.


Quirrell entrou a gritar no salão: “Troll. Nas. Masmorras”. Dumbledore mandou os alunos para os Dormitórios.


- A Granger está na Casa De Banho do Segundo Andar. – Ouviram Neville dizer a Ron, misturados na multidão de Primeiros Anos que abandonava o Salão – Porque passas os dias a gozar com ela.


- O que é que queres que eu faça? – Ron encolheu nos ombros – Não estás a pensar ir salvar a Granger, pois não?


Neville tentou recuar um passo, mas Finnigan e Thomas agarraram-no. “A Sabe-Tudo Granger sabe desenrascar-se e tu não consegues enfrentar um Troll, Longbottom” Finnigan sorriu “Anda para o dormitório”.


- Temos que avisar a Granger que há um Troll. – Harry murmurou para Draco e Daphne


- Potter, deves estar a brincar. – Draco suspirou – Mandaram-nos para o dormitório e Slytherin pode perder pontos se formos apanhados a desobedecer deliberadamente ao Director, mesmo que esse Director seja o patético do Dumbledore. E vamos arriscá-los por causa da Sabe-Tudo Granger? Ela não é exactamente nossa amiga…


- Eu vou. – Harry franziu as sobrancelhas – O Troll está nas Masmorras, mais facilmente o encontramos a caminho do Dormitório, do que na Casa de Banho das Raparigas.

Não conseguia abanomear Granger. Ele era capaz de gozar com Weasley e enfurecer os Gryffindor, sabendo que isso os levaria a cometer acções estúpidas e a perder pontos, mas não conseguia ignorar alguém em perigo. Ele não precisava de derrotar um troll, ele precisava de manter um troll afastado de Granger até que ajuda aparecesse. 


Daphne e Draco foram a correr atrás de si. Quando chegaram à Casa de Banho, viram Hermione encurralada contra a parede, enquanto um enorme Troll da Montanha bramia uma maça contra ela.


- Mantenham as mãos afastadas de mim. – Harry gritou para Daphne e Draco.


Aproveitou o balanço da maça para subir para os ombros do Troll. Mandou-lhe umas quantas bolas de fogo para os olhos que o fizeram rugir de dor, e bramir ainda mais loucamente a maça. “Pára quieto, Harry, estás só a irritá-lo” Daphne disse, quando se atirou ao chão para não ser decapitada.


Harry conseguiu arranjar equilíbrio e ficou mais ou menos de pé em cima do ombro esquerdo do Troll, agarrado a uma das orelhas, enquanto o seu pé direito ponteava o encaixe entre o ombro e o pescoço.


- O que é que tu estás a fazer? – Draco perguntou, ao mandar uma pedra contra a mão do Troll para o impedir de agarrar Harry.


Daphne mandava-lhe pedras contra a cabeça, o que o parecia deixar tonto e mais lento.


- A expor a carótida. A pele parece mais sensível aqui. – Harry gritou de volta.


- És um feiticeiro ou não, Potter? – Daphne gritou, mandando uma bola de fogo que queimou o pé de Harry.


Ele gritou de dor e pontapeou o Troll em pânico, mas o fogo amoleceu a pele mais eficientemente. “Não era bem essa a minha ideia, mas ainda bem que resultou na mesma” Daphne suspirou. Harry agarrou na sua varinha e mandou umas quantas bolas de fogo. Quando o Troll começou a sangrar, Harry aplicou feitiços de corte e começou a pontapeá-lo ainda mais. Finalmente, o Troll tombou.


Os Professores Quirrell, McGonagall e Snape chegaram logo a seguir. E viram o enorme Troll caído no chão, com sangue a sair do seu pescoço e os olhos pareciam inflamados. Harry Potter estava atrás dele, coberto de sangue e pó, segurando a sua varinha. Draco Malfoy e Daphne Greengrass estavam à frente do Troll, cobertos de pó e alguns salpicos de sangue. Hermione Granger respirava devagar contra a parede do outro lado.


Quirrell sentou-se na sanita, agarrado ao coração, o que fez Draco fazer um esforço para não se rir. McGonagall fintou-os com uma expressão severa. Snape olhou brevemente para cada um deles, e inclinou-se sobre o gigante, inspeccionando o pescoço.


- O que vos passou pela cabeça? – McGonagall perguntou, os olhos dela saltavam da Gryffindor para os Slytherin. A voz revelava uma raiva gélida. – Vocês podiam ter morrido. Porque não estão nos vossos dormitórios?


Hermione lançou um olhar agradecido aos Slytherin e tomou a iniciativa de falar primeiro.


- Eu não fui ao banquete e não sabia que havia um Troll até ele entrar na Casa De Banho.- Hermione explicou, honestamente – E me encurralar contra aquela parede. Se eles não tivessem aparecido, acho que não teria sobrevivido.


- E porque não estava no banquete, Mrs. Granger? – McGonagall perguntou, no mesmo tom gelado.


Vergonha transparecia nos olhos da Gryffindor, admitir para o teu Chefe de Equipa que estavas a refugiar-te dos colegas da tua própria Casa não era fácil.


- Eu não estava a sentir-me muito bem. – Hermione optou por dizer.


- E como é que vocês os três sabiam onde é que a Granger estava? – Snape fintou os seus três Slytherin.


- Nós... Pois…-Daphne falou devagar, olhando para Harry e Draco à procura de ideias – Nós…Demos pela falta dela ao jantar.


- Ouvimos o Longbottom dizer ao Weasley, que ela estava nesta Casa de Banho. – Draco confessou, ao mesmo tempo.


McGonagall empalideceu por pelo menos dois dos seus Gryffindor saberem que uma colega estava em perigo, mas não terem feito nada.


- Avisar um Professor teria sido o mais adequado a fazer nesta situação. – Snape sibilou – Não desobedecer deliberadamente ao Director.


Aqueles três tinham arriscado as vidas deles e pontos de Equipa por uma Gryffindor. E Snape conseguia apostar que a ideia fora de Potter. Fazer de herói parecia ser um gene de família.


- E, contudo, salvaram a vida de uma colega de outra equipa. E não são muitos alunos de primeiro ano que consigam enfrentar um Troll Adulto e sobreviver para contar a história. Trinta para os Slytherin por cada um de vocês, pela vossa coragem e pela vossa sorte. – McGonagall finalizou.


Granger sorriu-lhes, e parecia genuinamente feliz pelos pontos que eles tinham ganho.


- Miss Granger, não lhe vou retirar pontos, porque não sabia da presença do Troll, mas aconselho-a a ter mais cuidado da próxima vez. – McGonagall suspirou – Os Gryffindor continuaram o banquete na Torre, sugiro que se junte aos seus colegas.


Hermione moveu os lábios num claro obrigado para os três Slytherin, e saiu de cabeça baixa e num passo rápido.


- Podem ir. – Snape dispensou-os com um movimento de mão.


Concordaram que precisavam de tomar banho antes de se deitarem. Draco não resistiu a suspirar antes de adormecer “Não acredito que salvámos a vida da impura da Granger. Logo a Granger, Potter”. Harry rolou os olhos e limitou-se a dizer “Preconceituoso de merda”, o que pareceu calar o loiro.


Granger aproximou-se de Neville, porque ele parecia genuinamente arrependido por não ter ido ter com ela, principalmente, quando soube que ela havia sido resgatada por três Slytherin. Mas ela sorria discretamente, quando Draco provocava Weasley e a sua opinião dos Slytherin pareceu mudar ligeiramente.

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