Jardim Zoológico



Há 11 anos, Dumbledore e McGonagall deixaram um rapaz à porta do número 4 de Privet Drive. Um rapaz chamado Harry Potter, famoso no mundo mágico e com uma cicatriz única em forma de relâmpago na testa. 


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Nessa manhã, Harry Potter vestia uma t-shirt azul que lhe dava pelos joelhos e umas calças de ganga cinzenta que lhe ficavam largas mesmo com o cinto apertado no máximo. A roupa que tinha era a que deixava de servir ao obeso do seu primo Dudley.


Suspirou, quando ouviu a tia bater-lhe à porta. O som seco e bruto era a sua ordem para se levantar todas as manhãs. Segundos depois, esgueirou-se do pequeno quarto que ficava debaixo das escadas e encaminhou-se para a cozinha para fazer o pequeno-almoço para o resto da família.


Nesse dia, iriam ao Zoo.


Os Dursley eram seus tios, com quem vivia desde que se lembrava. Eles não gostavam dele e ele não gostava deles, e a sua relação era tão simples quanto isto. Harry era encarregado de todas as tarefas da casa, mal alimentado e mal vestido, mas tinha de os ouvir gabarem-se da sua generosidade, por o terem acolhido após a morte dos seus pais num acidente de carro. E chamado de todo o tipo de nomes ofensivos diariamente.


Dudley estava na cozinha e, assim que Harry entrou, gritou que estava esfomeado. A Tia Petúnia lançou um olhar repreendedor a Harry, como se ele estivesse atrasado para alguma coisa. Harry agarrou na frigideira e começou a fritar bacon sem uma palavra. Era inútil discutir com os Dursley, ainda menos se fosse alguma coisa que envolvesse o seu pequeno e inocente Dudley.


Para Vernon e Petúnia, Dudley era um santo a quem só faltavam as asas, mas a verdade é que Dudley era um rufia. O seu grupo de amigos tinha o hábito de se impor pela força sob todos os miúdos que não faziam o que eles queriam, fosse discordar deles nalguma coisa ou não emprestar um brinquedo novo. Harry era a excepção, porque eles perseguiriam Harry pela diversão que era perseguir Harry.


Um sorriso esboçou-se no seu rosto, quando relembrou que aprendera Karaté às escondidas, espiando os treinos de fim de tarde do ginásio da escola. Aprendera uns quantos golpes, e socara um dos rufias mesmo na garganta, assustando todos os outros. Acabara no gabinete do Director, mas eles tinham começado a temê-lo e deixavam-no em paz. As suas notas tinham começado a subir, também. Continuava sem ter muitos amigos, porque se vestia como um sem-abrigo e estavam sempre a acontecer coisas estranhas à sua volta.


O tio Vernon entrou na cozinha, e murmurou qualquer coisa desagradável sobre Harry. Serviu o pequeno-almoço, e deixou-os a comer, aproveitando para ir à casa de banho, enquanto o seu estômago se contraía de fome. 


Olhou-se ao espelho e viu o seu rosto magro no reflexo, os cabelos caídos sobre a testa, quase em cima dos olhos verde, ocultando a cicatriz em forma de relâmpago. Eram cabelos castanhos e arruivados, e olhando para a única fotografia que tinha dos pais, diria uma exacta mistura dos cabelos de ambos. De resto, era muito mais parecido com o pai, excepto nos olhos.


Voltou para o seu quarto e deu um pontapé na tábua falsa do chão e retirou um pacote de bolachas. Durante a noite, enquanto os seus tios e primo dormiam, aprendera a roubar comida, para se ir alimentado ao longo do dia. Leu umas quantas páginas de um livro, e voltou à cozinha quando ouviu os bancos a serem arrastados para arrumar tudo.


Dursley divertia-se a abrir as prendas, e quando se fartou foram todos para o Zoo. Os Dursley caminhavam rápido e provocavam os animais deliberadamente para eles se mexerem ou darem-lhes qualquer tipo de atenção, mas Harry gostava de ir mais atrás a observar com calma e a aproveitar a beleza do local.


Mas desta vez, ele falou com uma Boa Constritor, que de todas as coisas estranhas que aconteciam consigo esta fora a mais estranha. As pessoas não falam com serpentes! Por momentos, achara que estava a alucinar. Quando desejara que ela fosse livre, o vidro da sua instalação desaparecera e Dursley caíra para o interior. A serpente partira, e o seu primo ficara no seu lugar. Harry só acreditou que aquilo estava mesmo a acontecer, quando as suas gargalhadas ecoaram pelo reptilário e foi prontamente repreendido pelo seu tio.


Uns dias depois, recebeu uma carta, e depois centenas de cópias da mesma carta, que nunca conseguiu abrir, porque os Dursley não o permitiram. Havia algo naquelas cartas que deixava o seu tio Vernon ainda mais desagradável e paranóico do que o costume. Havia algo que não lhe estavam a contar e não queriam que ele descobrisse. Chegaram a fugir com ele para uma cabana no meio de uma ilha.


Nessa noite, Hagrid, o Gigante, apareceu à sua porta. Deu ao seu primo uma cauda de porco, o que lhe provou que Magia existia. E magia explicava muita coisa na sua vida, não só as coisas estranhas que tinham tendência para acontecer, mas a atitude dos seus tios perante a sua existência. Eles haviam tentado reprimir a magia que existia em si, mantendo-o ocupado, tratando-o com um desprezo característico e ocultando-lhe a verdade que conheciam. Não hesitara em acompanhar Hagrid até à Diagon-Alley.


Depois, de uma embaraçosa entrada no caldeirão escoante, onde todos o cumprimentaram e perseguiram com o olhar. Harry conheceu o Professor Quirrell, e achou-o meio covarde para um Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Hagrid viu-se, por fim, obrigado a contar-lhe a verdade sobre os seus pais, que não haviam morrido num acidente de automóvel, como os tios sempre o haviam feito acreditar.
Eles tinham sido assassinados pelo mais temível Feiticeiro que o mundo mágico conhecera: Lord Voldemort. E Harry havia sobrevivido ao massacre, enquanto Voldemort desaparecera. Ele era o Rapaz-Que-Sobreviveu, um símbolo da sociedade contra os Feiticeiros das Trevas.


Hagrid contou-lhe que fora ele que o resgatara da sua casa em destroços na noite que os seus pais haviam morrido. Harry ficou calado por uns momentos, quando já estavam em Gringotts, conseguiu finalmente falar.


- Porque é que simplesmente me despacharam para os meus tios muggles, e me deixaram crescer na ignorância? – Harry perguntou – Não havia mais ninguém?  


- No mundo muggle, estarias mais protegido dos seguidores do Quem-Nós-Sabemos, e das expectativas que as pessoas teriam para o herói do mundo mágico. – Hagrid balbuciou – E eles eram a tua família mais próxima…


Os seus pais estavam a viver uma guerra, sabiam que podiam morrer e sabiam que os seus tios eram profundamente Anti-Magia.


- Eles não me deixaram nenhum Guardião no mundo mágico ou assim, Hagrid? – Harry franziu as sobrancelhas.


- Er…Isso é uma história complicada. Não acho que deva ser eu a contar-te, Harry. – Hagrid lançou-lhe um sorriso carinhoso.


Harry sentia-se traído de alguma maneira. A sua confiança em Hagrid evaporou-se no momento em que percebeu que o Gigante não estava disposto a contar-lhe tudo, apenas parte. Ele tinha sobrevivido a anos de mentiras suficientes com os Dursley, onde Hagrid escolhera deixá-lo.


- Hagrid, eu contínuo sozinho a partir daqui está bem?


 

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