Sobre outros bastões

 Ronald Billius Weasley era um bom homem, um sujeito prestativo e leal aos amigos, um verdadeiro grifinório, íntegro e honesto. Um amigo para todas as horas, prestativo e solícito. Talvez, levando em conta todas essas qualidades enumeradas por sua mente, foi ele que Kingsley Shacklebolt mandou chamar imediatamente ao seu escritório após ler “A Carta”.

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 “TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC”

  -Mas que merd* é essa? - exclamava gentilmente o homem de cachos escalartes ao acordar como...bem, ainda há de ser procurada uma definição para a cena onde um homem, provavelmente necessitando de um rico banho, encontrava-se esparramado entre um sofá, que seria belo não fosse as belas manchas de vômito, e com as pernas apoiadas perigosamente em um abajur que poderia cair a qualquer moment...que caiu.

 -AAI FILHO DA @#$%*&$## - proferiu nosso querido ruivo ao abajur ir delicadamente de encontro a sua região lombar - MINHA BUNDA, POR**!!

 “TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC TOC”

  Enquanto o caro homem tentatava, inutilmente, se entender, uma coruja bicava insistentemente a janela em vidro, formando uma bela melodia.

  -Desgraça de barulho, já vai, já vai!!- disse o homem que tentava, em desesperadas tentativas, se levantar da incômoda posição em que se encontrava.

  -Muito bem, muito bem corujinha do capeta, me dá isso aqui.- falou o homem, elogiando a ave.

  A coruja, como se entendesse os belos elogios que a ela foram proferidos, agradeceu seu destinatário com singelas bicadinhas na testa e, então, tomou seu caminho, para longe do nefasto ruivo.

 “Avezinha lazarenta, primeiro me acorda e, no susto, me faz cair do sofá e derrubar o abajur em cima de mim e depois ainda me bica, piorando a porr* da minha dor de cabeça que já tava ruim. Devia ter testado ela pra umas maldições que eu andei aprendendo, filha de um testrálio manco!”

 Sim, senhoras e senhores leitores, Ronald Weasley estava de ressaca. Mas, como sempre, vamos entender como chegamos nessa situação, no mínimo, inusitada.

FLASHBACK

 Era sábado de manhã, um belo dia feliz cujo os pássaros cantavam em seus ninhos, o sol brilhava, os porteiros trocavam de turno, as prostitutas voltavam pra casa após uma noite de trabalho e os gnomos faziam sua festa no jardim da Toca quando, de supetão, uma chorosa Gina Weasley entrou aos prantos na casa que o irmão e a cunhada dividiam.

 Na noite anterior Harry Potter, seu marido e herói do mundo mágico, fugira após momentos embaraçosos da intimidade do casal e não mais havia sido encontrado pela ruiva. A caçula da família Weasley então, sem saber o que fazer, foi fazer a única coisa que lhe restava: Pedir ajuda dos melhores amigos do marido, no caso, seu irmão e sua cunhada.

 Entrando em condições de falar, após a ruiva ser acalmada e confortada por sua amiga, “A Conversa” começou:

  -Gina, pelo pouco que entendemos, o Harry sumiu, é isso? - perguntou a especialista do St Mungus, Hermione Weasley.

  -É Gina, se depois de 14 anos de casado ele ainda não tinha fugido, por que foi fazer isso logo agor...- o ruivo teria continuado se não fosse o gentil tapa recebido da irmã caçula.

  - Eu não sei se ele fugiu, eu acho que talvez ele queira um tempo sozinho, eu não sei, ele simplesmente aparatou depois de..de..

  -Depois do que Gina?- interrompeu a cunhada de modo incisivo.

  Na hora que a irmã mais nova dos irmãos Weasley se preparava para falar, uma coruja chegou trazendo os jornais do dia. O ruivo, pelo jeito já antigo companheiro das aves noturnas, pegou os jornais e se preparava para deixá-los de lado e continuar a conversa quando algo lhe chamou atenção.

   HARRY POTTER, HERÓI DO MUNDO MÁGICO E COLUNISTA SOME E DEIXA CARTA

   Foi com extrema surpresa, e com talvez algumas risadas importunas, que pouco mais de quatro da manhã da noite de hoje recebo uma carta a ser publicada de nosso mais famoso colunista, Harry James Potter, o homem que venceu as trevas. Devido a temas íntimos do texto e a minha amizade com o nosso herói tomaria, normalmente, medidas para que tal texto não fosse publicado, entretando, devido a força de um contrato já assinado há tantos anos, qualquer material entregue pelo Sr. Potter deve ser publicado imediatamente, sem alterações do conteúdo. É com muito pesar que divulgo a carta a seguir.

  Luna Lovegood, Editora chefe do Pasquim.

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 Atônitos, perplexos, palavras que talvez descrevam a face dos três weasleys após ler o depoimento de Harry.

 Gina Weasley se até alguns segundos atrás se encontrava culpada e preocupada com o marido, agora se encontrava com vontade de matá-lo sufocado lentamente com o seus próprios orgãos enquanto ouvia a nova música do Ricky Martin.

 Hermione, além de curiosa com os fatos relatados, via-se bestificada com um texto de tão péssima qualidade e de baixo calão, só podia ter sido escrito por um bêbado.

Ronald Weasley só queria saber desde quando sua irmãzinha fazia aquelas baixarias! Maldito quatro-olhos! Não é só porque sua irmã caçula tinha 35 anos e era mãe de 3 filhos que ela não era mais virgem, era?

 -A SE EU PEGO AQUELE FILHO DA P****, QUEM É ELE PENSA QUE É? SE EU ACHO EU MATO!!- dizia singelamente a pequena cabeça de fogo.

 -Calma Gina, calma, a gente vai encontrar o Harry e vamos tirar essa história a limpo, achei isso que ele fez totalmente de mau gosto, ainda por cima falar que pra gente é fácil e é “só deitar” - dizia Hermione.

 -Bem, e não é?

FIM DO FLASHBACK

A partir dessas poucas palavras de Rony Weasley é que é possível dizer que aquilo desandou, foi aí que o cavaleiro caiu do testrálio. Foi nesse ponto que aquilo virou “A Conversa’’. Foi depois disso e mais algumas poucas gentis trocas de palavras que Ronald Billius Weasley começou a dormir no escritório em cima da loja de seus queridos irmãos gêmeos. Após uma briga poucas vezes vista antes na história da humanidade, o pobre Rony foi posto para fora de casa por uma revoltada esposa levemente feminista e já se encontra há 3 dias com dores nas costas.

 Voltando ao presente, Ronald lia a carta de seu querido ministro.

Caro Ronald

 Preciso que venha ao meu escritório urgentemente, já faz 4 dias que Harry desapareceu, está tudo uma bagunça, não importa o motivo dele ter sumido e nem para onde foi, ele precisa ser achado!! Estou montando um projeto de busca. Venha rápido.

PS: Soube do que aconteceu com Hermione, não se preocupe, Charlotte fez a mesma coisa comigo.

Abraço

Kingsley Shacklebolt, Ministro da Magia

 

 “Já não bastava o desgraçado do seu amigo desonrar a sua irmãzinha, fazer ele brigar com sua esposa, ele ainda precisava ir atrás do maldito Potter? PUT* QUE PARI*!!”

  Nosso bravo ruivo então se dirigiu finalmente ao banheiro, andando pelos cômodos como uma dança.

  -MERD* DE GARRAFA- proferia nosso amigo ao seu pé se deparar com uma garrafa de Whisky de fogo da noite anterior.

 Sim, bom humor é para poucos.

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HORAS DEPOIS...

 -Muito bem Ronald, você foi chamado aqui por ser não só um dos melhores aurores que temos como também um grande amigo do Harry. Ele realmente precisa ser achado, o futuro da Inglaterra depende disso!!

 -O que é tão importante assim que a porcaria do Harry não pode tirar uns dias de descanso, ministro?

 

 -Isso, infelizmente, é assunto confidencial do Ministério da Magia inglês, Sr Weasley!- disse o ministro fuzilando Rony com os olhos.

 -Certo ministro, de qualquer forma o Harry não pode sumir assim, apesar de tudo, estamos preocupados com ele.

 

 -Ótimo Ronald, você seguirá nessa busca com as poucas pistas que temos, entretanto, para sua sorte, um dos melhores rastreadores do Ministério irá te acompanhar nessa missão

 -Certo, e quem é o sortudo?

 -Creio que você o conheça Ronald, inclusive, ele deve estar para chegar.- nem mesmo o ministro terminava de falar e a porta se abria - Ah, ele chegou.

  O ruivo então expressou seus mais belos votos sobre o recém chegado:

 

 -Ah não, puta que o pariu, era só o que me faltava.

 

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