Despedidas



Tonks libertou-se do abraço do marido para olhá-lo fixamente, como se quisesse memorizar cada linha do rosto, cada marca que comprovava sua existência no mundo. Ao se tornar mãe, descobrira que os maiores medos são os que sentimos pelas pessoas queridas e não por nós mesmos. E sentiu um medo terrível apertar-lhe o coração, pelo marido, pelo filho, pelos amigos que deviam estar se encaminhando para Hogwarts naquele exato momento.


Sabia que o marido tinha que ir; ela mesma iria se pudesse, mas agora era mãe. Entendia perfeitamente o significado de sacrifício, mesmo que fosse o de se abster de participar do que ia acontecer em Hogwarts agora que Harry voltara.


- Acho melhor você e Teddy irem para a casa de sua mãe – disse Lupin, tirando a esposa de seus devaneios – será mais seguro para vocês... você sabe.... no caso de algo dar errado...


Ela lançou-lhe um olhar duro.


- Nada vai dar errado! –rebateu prontamente, com um tom de voz que não admitia contestações. – Eu sei que você tem que ir e não esperaria outra coisa, então vá... ajude o Harry, lute, vença e, principalmente, viva, meu amor, viva e volte para nós.


Lupin pareceu impressionado. Às vezes esquecia da força da mulher à sua frente, que se apaixonara mesmo ele sendo um lobisomem, que vencera todas as suas barreiras: a pobreza, a idade, o preconceito, o medo de se apaixonar. A mulher que não ligara para quaisquer convenções até deixá-lo sem qualquer alternativa, senão a de amá-la profundamente.


Essa força o contagiava positivamente e ele meneou a cabeça em concordância. Em um pacto mudo, os dois puseram-se a arrumar o necessário para partirem, ocupados com o silêncio dos próprios pensamentos. Depois de alguns minutos, Tonks acalentou o pequeno Teddy nos braços e, agarrando com a outra mão o braço que Lupin lhe oferecia, fez a família desaparatar.


Tonks era a fiel do segredo da casa que sua mãe agora ocupava nos arrabaldes londrinos. Depois da morte de seu pai, ela não achara seguro a mãe permanecer no mesmo lugar, então a convencera a mudar-se para um subúrbio trouxa enquanto a situação não mudasse.


Era um bairro ordinário e sujo, distante dos mundos trouxa e bruxo. Casas infindáveis e quase iguais se aglomeravam ao longo da rua, com minúsculos jardins na frente.


E foi ali onde Tonks, Lupin e Teddy reapareceram, em um canto especialmente preparado para aquela finalidade, protegido de olhares curiosos por sebes altas e espessas.


A porta abriu-se, como se alguém estivesse esperando, e a mãe de Tonks apareceu com uma expressão assustada.


- Estão sabendo das notícias? – perguntou, logo suavizando a expressão ao ver o neto, adiantando-se para pegá-lo no colo.


- Ficamos sim, mãe, Arthur nos avisou que Harry está em Hogwarts.


- Em Hogwarts?! – espantou-se a mulher, conduzindo todos para uma sala apertada, mas que sua habilidade deixara acolhedora e aconchegante. – Disso não sabia, me referia aos boatos sobre Gringotes.


- É tudo verdade – disse Lupin – algo muito importante está acontecendo e é em Hogwarts que vamos descobrir o que


- Vocês estão pensando em ir? – perguntou a mulher mais velha, sentando-se em uma poltrona, o neto ainda em seu colo.


- Apenas Remo – respondeu-lhe a filha – achei melhor vir para cá com o Teddy.


Andrômeda então olhou para o genro. O cabelo grisalho caía-lhe desarrumado sobre o cenho sempre sério. O rosto lanhado de finas cicatrizes, antigas e novas, denotava sofrimento, mas também uma profunda nobreza de caráter. O fato de ser um lobisomem, ao contrário do que pensava o homem, era secundário para sua filha e ela percebia por que. Era um grande homem, aquele que havia conquistado sua Dora.


- Cuidado com Bellatriz, - disse, por fim – ela sempre foi perturbada por delírios de grandeza, mas o contato próximo com Você-sabe-quem cortou os derradeiros fios de sua sanidade. Pobres de minhas irmãs, - continuou, depois de algum tempo, - Ciça age por honra e orgulho, mas Bellatriz age por pura loucura.


- Terei cuidado Andrômeda – Lupin falou, abaixando o olhar da sogra para o filho, - cuidem-se por aqui... eu mando notícias assim que puder.

PRÉVIAZINHA PRA ANIMAR. 

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Comentários (1)

  • Neuzimar de Faria

    Estou acompanhando três fics na F&B e aqui vai um "puxão de orelhas". Você demora tanto a postar que eu nem me lembrava mais de sua história. É pena, porque o tema desperta curiosidade e você escreve tããão bem... Não demore tanto!E quanto ao capítulo, eu me senti na casa do Remo, percebendo sua angústia e, ao mesmo tempo, sua grande alegria por fazer parte daquela família e seu amor por eles. Muito bem escrito, você está de parabéns. E que venha o próximo! 

    2013-07-07
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