Parada inusitada



Capitulo 02: Parada inusitada

Cerca de uma hora depois, Edmund e Thor chegavam em casa. Lucy estava muito ansiosa a espera do filho e do marido e contava os segundos para que eles chegassem, queria ouvir tudo.

– E então, como foi? – Perguntou ela mal esperando os dois entrarem.

– Oi querida. – Disse o homem lhe dando um beijo

– Conseguiu comprar todos os materiais? – Perguntava ela sem tomar fôlego.

– Sim, a maioria dos materiais é de segunda mão, mas no final das contas, conseguimos comprar tudo. – Disse ele contente.

– E você filho, esta mais empolgado? – Perguntou a mãe. O garoto nem mesmo a olhou. Ainda vislumbrava sua varinha, sentia muita vontade de usá-la.

– Um pouco disse ele. – Tentando parecer menos entusiasmado do que verdadeiramente estava.

– Posso ir para o meu quarto? Quero dar uma olhada nesses livros. – Perguntou ele.

– Pode sim. – Disse a mãe mais animada do que já estava.

– Ele vai devorar esses livros. – Disse ela se virando para Thor.

– Provavelmente sim. – Disse o pai. Ele sabia que a curiosidade de seu filho levaria o garoto a ler todos aqueles livros.

E o pai não estava errado. O garoto passou a noite inteira lendo o livro Padrão de feitiços (1° Serie) e a Historia da magia. De manha Edmund ainda lia os livros quando o pai lhe chamou.

– Pois não pai? – Perguntou Edmund.

– Filho, você ainda está lendo isso? – Perguntou o pai quando viu que o garoto ainda lia os livros.

– Desculpa, prometo que é só mais esse. – Disse o garoto. O pai fez um olhar severo e o filho logo percebeu que deveria parar.

– Ta bom. Depois eu termino. – Disse ele guardando o livro, o pai sorriu.

– Você não se esqueceu que hoje devemos pegar o Expresso de Hogwarts não?. – Disse o pai que com toda certeza sabia que o filho havia esquecido.

– Mas já? – Perguntou ele.

– Sim, por isso fomos comprar seus materiais ontem. – Respondeu Thor.

– Fazer o que. – Disse o Filho indo se arrumar.

– Se apresse, pois temos que ir para Estação de King's Cross em Londres, o expresso sai as nove horas da plataforma nove e três quartos.

– Tá bom, tá bom, já estou indo. – Disse o garoto.

Depois de alguns minutos, Edmund já estava pronto. Thor e Lucy já o esperavam na porta.

– Filho, quero que saiba que somos muito orgulhosos por sermos seus pais. – Disse Thor.

O garoto sorriu, se aproximou um pouco e abraçou os dois. Ele amava muito os pais e começava a ver a possibilidade de dar um futuro melhor para eles.

– Bem, vamos? – Perguntou Thor.

– Vamos. – Respondeu Lucy e Edmund em coro. A família saiu rumo à estação de trem, e de lá iriam para Londres. No meio do caminho o céu começou a escurecer indicando que choveria mais a tarde.

A viagem até Londres seguiu tranqüila, Edmund com certeza chegaria cedo na Estação de King's Cross e não precisaria se desesperar para chegar a tempo na plataforma nove e três quartos.

Chegando em Londres eles pegaram um bondinho e em pouco tempo estavam na estação.

– Filho está chegando à hora. – Disse Thor olhando o pequeno garoto. Lucy que antes não parava de falar, agora parecia muda, nem uma palavra saia da sua boca. A mãe estava com o coração apertado, afinal ficaria um ano inteiro sem ver o filho. O garoto combinara com os pais para ficar em Hogwarts durante as férias, assim dedicaria mais tempo estudando para que o esforço não fosse em vão.


Os três entraram pela plataforma nove e três quartos e se depararam com o majestoso Expresso de Hogwarts. Era um trem muito grande e conservado. Edmund via que foi um dos primeiros a chegar, pois a movimentação ainda era muito pequena.

– Você já quer entrar? – Perguntou Thor que observava o garoto.

– Acho que ainda está cedo, não? – Perguntou Edmund olhando para os pais.

– Você que sabe. – Disse o pai. Edmund se virou e abraçou o pai e em seguida a mãe.

– Vou sentir muita falta de vocês. – Disse o garoto. Ao contrario dos outros garotos que não viam à hora de ir para Hogwarts, Edmund nunca teve esse sonho. O garoto, apesar de pequeno sempre ajudou o pai com os treinos do time e sempre que podia ajudava a mãe. Era uma família muito unida.

O garoto se virou decidido e andou rumo ao trem. Não quis olhar para trás, não queria mostrar para os pais que estava chorando e por isso acabou perdendo o aceno que os pais faziam..

Edmund andava pelos vagões, queria uma cabine mais afastada da entrada, assim teria mais sossego quando os outros alunos começassem a chegar. Depois de procurar um pouco, achou uma cabine que lhe agradava, entrou e se acomodou. De lá ficou olhando pelos vidros, já não via mais seus pais, provavelmente já tinha ido embora. Via muitos alunos chegando, todos tipos de pessoas imagináveis.

Estava tão concentrado olhando as pessoas que se assustou quando abriu a porta da cabine e ao entrar acabou levando um belo de um tombo. Era uma garota, tinha os cabelos negros e a pele branca.

– Ai, ai , ai. – Disse a garota. Edmund se levantou e foi ajuda-la.

– Tudo bem com você? – Perguntou ele.

– Tudo, só me desequilibrei um pouco ao abrir a porta da cabine, você sabe as pessoas se desequilibram, não é necessariamente algo de anormal, se é que você me entende.

– Sei. – Disse Edmund ajudando a garota a se levantar.

– Muito obrigada por me ajudar, meu nome é Carolina Muskant, mas os mais íntimos me chamam de Carol, o que significa que você não pode me chamar assim, já que eu acabei de te conhecer, mas o que também significa que não possa vir a me chamar no futuro.

– Eu sou Edmund, prazer. – Disse o garoto levantando a mão.

– Prazer. – Disse ela pela primeira vez sedo monossilábica. Edmund notou que a garota possuía lindos olhos verdes.

– Posso me sentar aqui? É que aqui é o lugar mais afastado da entrada, sendo assim o lugar em que menos pessoas passarão. – Disse ela pegando fôlego.

– Claro que pode. – Disse ele se sentando. A garota se sentou de frente ao menino. O silencio imperou a cabine até que mais uma vez Carol danou a falar novamente.

– E então, é o seu primeiro ano em Hogwarts? Antes que me pergunte, esse será meu primeiro ano em Hogwarts, eu já conheço praticamente tudo, pois minha irmã que já estudou lá me contou. Quer dizer, não tudo, mas eu sei muita coisa, sei que hoje mesmo nós participaremos da cerimônia de introdução de novos alunos e seremos selecionados para uma das quatro casas.

Edmund estava quase pirando com tantas palavras, apesar de achar que a menina era uma boa pessoa, ela obviamente conversava demais.

Enquanto Carol não parava de conversar, Edmund notou que havia um rebuliço do lado de fora do trem. Não demorou a perceber que eram os tais Bonouer que seu pai havia lhe dito no dia anterior. Carol também notou o que estava acontecendo.

– Ah Lisa Bonouer, a caçula na nobre família francesa Bonouer. Provavelmente estudará no primeiro ano junto comigo, é claro se formos para a mesma casa. Tomara que ela não seja esnobe, os ricos têm fama de serem metidos.

A garota mal conseguia andar com tantas alunas em volta. Enfim Edmund a viu desaparecer, provavelmente tinha entrado no trem.

O Expresso já buzinava indicando que sua saída estava próxima. Agora se via muitos poucos alunos de fora do trem, alunos correndo pra lá e para cá com seus malões, vários pais acenando, era uma loucura. A chuva que prometia cair a algum tempo, começava a dar o ar da graça com alguns pingos.

Não demorou e a fumaça já saia com intensidade e as rodas começavam a se mexer, enfim o Expresso começava a se mover. Era possível ouvir o barulho pelos corredores. Felizmente ou infelizmente Edmund só tinha Carol como companhia e já que queria o maximo de sossego, acabou ficando satisfeito com a cabine que escolhera.

Logo a chuva já era forte, assim como o ritmo do trem que andava a todo vapor. Lá pelo meio dia e meio uma mulher abriu a porta da cabine. Ela empurrava um carrinho com muitas guloseimas.

Assim que Carol viu a moça, se levantou rapidamente indo em direção ao carrinho. Edmund não se entusiasmou tanto, não tinha dinheiro para gastar à toa. O garoto notou que Carol conversava sem parar com a moça, que fazia cara de entediada.

No final acabou comprando alguns feijõezinhos de todos sabores, dois sapos de chocolate e algumas varinhas de alcaçuz.

– Não vai comprar nada? – Perguntou ela se virando para Edmund.

– Não eu não tenho dinheiro pra isso. – Disse ele , nunca teve vergonha de ser humilde, não seria agora que mudaria. A moça ouvindo isso continuou a empurrar o carrinho antes que Carol voltasse a falar.

– Toma. – Disse Carol lhe empurrando um sapo de chocolate.

– Tinha comprado pra você mesmo. – Disse a garota sorrindo.

– Obrigado. Disse Edmund pegando o chocolate quando um tremendo barulho ecoou por todo o expresso.

O que se ouviu a seguir foi muita gritaria, o trem aos poucos foi parando.

– Isso é normal? – perguntou o garoto.

– Pelo o que eu sei, não é não. – Disse ela se aproximando do garoto.

– E agora, não tem ninguém para avisar o que está acontecendo? – Perguntou Edmund.

– Geralmente o Expresso só leva os alunos até Hogsmead. – Disse ela se encolhendo perto de Edmund. De repente uma tremida foi sentida por todos, parecia que algo havia entrado no trem, algo grande e pesado. A chuva caia forte e todos estavam muito assustados.

– Espera aqui que eu vou ver o que está acontecendo. – Disse o garoto.

– Eu vou com você, assim não ficará com medo. – Disse a menina que estava amedrontada só de pensar em ficar sozinha.

Os dois saíram da cabine e viram a correria que estava no trem, gente correndo para todos os lados. De repente, um estouro foi ouvido. Parecia janelas se quebrando. Edmund supôs que algo estava em cima dos vagões. Quando nada parecia mas assustador um tremendo rugido foi escutado por todos.

O Pânico já estava instalado. Edmund e Carol seguiam pelos vagões enquanto os outros vinham no sentido contrario.

– Alguém, por favor. – Dizia uma garota desesperada.

– Alguém me ajuda. – Gritava a menina, quando Edmund e Carol passavam pelo vagão.

– Que aconteceu? – Perguntou o garoto, quando o trem voltava a andar, em ritmo lento, mas já dava sinal de vida.

– Preciso se ajuda. – Dizia a menina que mal conseguia falar.

– Pois fale horas, - Disse Carol já impaciente.

– Uma criatura, grande, quebrou os vidros na nossa cabine. – Dizia a garota aos soluços, parecia que estava com muito medo.

– Que criatura? – Perguntou o garoto.

– Não sei, era um monstro verde e grande, ele quebrou os vidros e abriu as ferragens com a mão. – Dizia ela.

– Então você fugiu. – Disse Carol.

– Sim, mas a Lisa não. – Disse a garota.

– Lisa Bonouer? – Perguntou Carol

– Sim , ela mesma. – Dizia agora chorando. Edmund não perdeu tempo e rumou para o vagão que a garota tinha indicado.

– Ei me espera. – Disse Carol o seguindo, deixando a garota de lado.

Os dois andaram mais alguns vagões que agora pareciam desertos quando enfim chegaram na cabine especificada. Estava toda ensopada pela chuva que caia diretamente nos acentos e assoalho já que as janelas e ferragens que as separavam do ambiente de fora já não existia.

O estranho é que não havia ninguém, nem um sinal da garota que procuravam. Será que a criatura já havia a capturado? Se perguntavam as crianças. A chuva caia forte , Edmund teve a sensação de escutar algo em cima dos vagões como anteriormente tinha suposto.

Grudou nas ferragens e começou a escalar. Se seu pai o visse agora, provavelmente lhe daria uma bela de uma bronca.

– Hey, aonde você está indo. – Perguntou Carol tentando segui-lo.

Quando conseguiu subir sobre o vagão, enxergou de longe uma criatura enorme e verde, Tinha o torso largo e as mãos muito grandes, usava uma roupa rústica e um capacete com chifres.

– Ai me ajuda aqui. – Disse Carol pedindo ajuda. O garoto segurou a mão dela e a ajudou a levantar.

– Não acredito, aquilo é um Orc galês . – Disse a garota assim que bateu os olhos na criatura

– São seres extremamente violentos que possuem enorme força. Mas o que um desses faz aqui?

– Não sei mas temos que ajudar a garota- Disse Edmund indo em direção ao Orc.

– Você é louco? Nós nem ao menos entramos em Hogwarts ainda. – Disse Carol acompanhando Edmund.

–Eu, sei, mas não podemos ficar aqui parados olhando. – Disse ele puxando sua varinha e agora correndo. O garoto estava tomando uma atitude muito arriscada. Primeiro que o Orc não era algo fácil de ser combatido e segundo, a chuva que caia deixava muito escorregadia a passagem.

Mesmo assim Edmund corria. Quando se aproximava, viu que o Orc estava andando em direção a uma garota de cabelos loiros. Era ela, Lisa Bonouer, a garota também corria pelos vagões, de alguma forma deve ter se safado na cabine e agora fugia do monstro.

Edmund tentava raciocinar depressa. A chuva caia forte e o trem já estava a todo vapor. O que poderia fazer para salvar a garota? Só conseguia escutar seus pensamentos. O Orc não percebeu a presença de Edmund que corria para o rumo dele.

Carol ouvia lá de cima a gritaria dos alunos nos vagões a cada vez que o Orc pisava. A garota tinha ficado para trás já que não conseguia acompanhar Edmund.

O garoto notou que os vagões estavam acabando e que logo Lisa não teria para onde correr. Edmund acelerou o maximo que pode enquanto pensava. O garoto empunhou sua varinha para a direção do monstro.

– Incarcerous. – Disse ele quando cordas foram conjuradas amarrando as pernas da grande criatura.

Lisa olhou para trás e viu que o Orc tinha parado por um pouco. Edmund agora não sabia o que fazer. O grande monstro agora estava parado olhando para as pernas presas pela corda.

A criatura soltou um rugido forte e com as mãos tentava tirar as cordas. Edmund não poderia perder tempo. O garoto correu o maximo que pode para chegar mais perto.

– Flipendo. – Disse o garoto quando uma forte rajada de vento saiu de sua varinha fazendo com que a criatura balançasse. Na cabeça do garoto aquilo derrubaria a criatura do trem fazendo com que todo aquele pesadelo acabasse. O erro foi que a Criatura era muito pesada e a rajada de vento só o fez bambear. Resolveu tentar de novo, só que dessa vez.

– Flipendo. – Disse o garoto juntamente com uma voz que vinha do outro lado do monstro. Dessa vez a Rajada foi muito mais forte, fazendo com que o Orc se atrapalhasse com as cordas e caísse do trem. A chuva caia forte e o trem andava a todo vapor.

Edmund depois de tudo aquilo, sentiu sua barriga esfriar.Só depois de tudo o que passou que sentiu o nervosismo. A garota se aproximou dele ao mesmo tempo em que Carol chegava.

– Você ta bem Edmund? – Perguntou Carol.

– Estou sim. – Disse ele ainda olhando Lisa. Estava esperando pelo menos um “muito obrigado” afinal, tinha salvado a garota.

Lisa olhou os dois e sem dizer uma palavra se retirou. Edmund notou os incríveis olhos azuis que a menina possuía. Com cuidado a garota desceu por uma das escadas laterais e voltou para os vagões.

– Graças, ainda bem que tudo deu certo, você é meio louco não, quer dizer, louco e meio. Aonde já se viu, só Harry Potter poderia ser tão doido. – Disse Carol

– E você acredita nisso. – Disse enquanto descia pela mesma escada que Lisa descera minutos antes, nesse momento ele pensou ver um vulto negro perto da cabine do maquinista. Esfregou os olhos com uma das mãos e o vulto desaparecera.

– Más é claro que sim, Existem registros em Hogwarts alem do mais, a família Potter existe até hoje. – Completou ela quando descia.

Edmund ajudou a garota a entrar no vagão e depois de tudo o que havia acontecido, agora voltavam para a cabine.

– Ainda bem que daqui a pouco já era a hora de nos trocarmos, não quero pegar um resfriado por ficar com a roupa molhada. Edmund sorriu, o garoto só queria descansar, provavelmente não conseguiria.

– Por que aquele bicho atacou Lisa? – Pensava ele, não tinha sido uma simples coincidência o monstro perseguir a garota.

O melhor a fazer era descansar. Certamente que teria que dizer tudo o que aconteceu para os professores em Hogwarts.

Os dois voltaram para cabine e logo Carol voltou a conversar feito metralhadora.

[Continua]

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