O Menino Que Sobreviveu

O Menino Que Sobreviveu




O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº. 4,


–Com tanta forma de se começar uma leitura, tem que se começar logo desse jeito - disse Harry desgostoso.


Gina lhe mandou um olhar cala-a-boca-ou-eu-te-azaro, e Harry rapidamente se calou.


 


se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado.


–Eu acho que conheço esse nome de algum lugar... é o sobrenome do noivo de Petúnia. – disse Lily


–Quem é Petúnia? – James perguntou


–Ninguém importante.


Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem.
O Sr. Dursley era Diretor de uma firma chamada Grunnings, fazia perfurações. Era um homem alto e corpulento quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes.


–Oh Merlin, que coisa linda! – disse Alice ironicamente.


A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal o que era muito útil porque ela passava grande parte do tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos.


–Parecem que os maus hábitos ficam para sempre... – disse Harry


Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, o Duda, e em sua opinião não havia garoto melhor em nenhum lugar do mundo.


–Com os pais assim, que não seria não é mesmo? – disse Remus com sarcasmo.



Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior receio era que alguém o descobrisse. Achavam que não iriam aguentar se alguém descobrisse a existência dos Potter.


– Qual é o problema com a minha família? – perguntaram James e Sirius simultaneamente.


–Sai pra lá pulguento, que a família é minha.


–Mas caso você não esteja se lembrando, eu moro com você desde o ano passado.


–Nem vem que não tem nada a ver quando o pai é meu e a mãe é minha... E além do mais, eu nunca teria um irmão assim, feio como você.


–SERÁ QUE DÁ PARA VOCÊS CALAREM A BOCA?! – Marlene gritou já estressada.


–Desculpe Lene.



A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley, mas não se viam há muitos anos, na realidade a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã,


– E eu agradeço profundamente essa decisão...


...porque esta e o marido imprestável...


–Quem é que ela está chamando de imprestável?


–Veado... eu acho que é você...


–É cervo seu cachorro... C-E-R-V-O!


–Pads... eu acho (do verbo tenho certeza), que era uma pergunta retórica...


–Ah! Vai se ferrar Moony!


eram o que havia de menos parecido possível com os Dursley. Eles estremeciam só de pensar o que os vizinhos iriam dizer se os Potter aparecessem na rua. Os Dursley sabiam que os Potter tinham um filhinho também, mas nunca o tinham visto. O garoto era mais uma razão para manter os Potter à distância, eles não queriam que Duda se misturasse com uma criança daquelas.
Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira monótona e cinzenta em que a nossa história começa não havia nada no céu nublado lá fora sugerindo as coisas estranhas e misteriosas que não tardariam a acontecer por todo o país. O Sr. Dursley cantarolava ao escolher a gravata mais sem graça do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto lutava para encaixar um Duda aos berros na cadeirinha alta.
Nenhum deles reparou em uma coruja parda que passou, batendo as asas, pela janela.
Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque na hora Duda estava tendo um acesso de raiva e atirava o cereal nas paredes.


–Que desperdício de comida... – falou Sirius, ao que todos reviraram os olhos.



— Pestinha — disse rindo contrafeito o Sr. Dursley ao sair de casa.


Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro.
Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho ocorria um gato lia um mapa.


–Tia Minnie! – exclamaram os Marotos


Por um instante o Sr. Dursley não percebeu o que vira — em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarela, sentado na esquina da Rua dos Alfeneiros, mas não havia nenhum mapa à vista. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido um efeito da luz. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.
O gato o encarou. Enquanto virava a esquina e subia a rua, espiou o gato pelo espelho retrovisor. Ele agora estava lendo a placa que dizia Rua dos Alfeneiros — não, não estava olhando a placa: gatos não podiam ler mapas nem placas. O Dr. Dursley sacudiu a cabeça e tirou o gato do pensamento. Durante o caminho para a cidade ele não pensou em mais nada exceto no grande pedido de brocas que tinha esperanças de receber naquele dia, mas ao sair da cidade, as brocas foram varridas de sua cabeça por outra coisa. Ao parar no costumeiro engarrafamento matinal, não pode deixar de notar que havia uma quantidade de gente estranhamente vestida andando pelas ruas. Gente com capas largas.


–Mas o que é que bruxos estão fazendo da Londres trouxa? – perguntou Alice para ninguém específico.


–Eu acho melhor vocês saberem disso lendo... – disse Ron e fez sinal para Gina continuar.


O Sr. Dursley não tolerava gente que andava com roupas ridículas — os trapos que se viam nos jovens! Imaginou que aquilo fosse uma nova moda idiota. Tamborilou os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupinho de excêntricos parados bem perto dele. Cochichavam excitados. O Sr. Dursley se irritou ao ver que alguns deles nem eram jovens, ora, aquele homem devia ser mais velho do que ele, e usava uma capa verde-esmeralda! Que petulância! Mas então ocorreu ao Sr. Dursley que se tratava prova de alguma promoção boba — essas pessoas estavam obviamente arrecadando alguma coisa... É, devia ser isto! O tráfego avançou e alguns minutos depois o Sr. Dursley chegou ao estacionamento da Grunnings, o pensamento de volta às brocas.
O Sr. Dursley sempre sentava de costas para a parede em seu escritório no nono andar. Se não o fizesse, talvez tivesse achado mais difícil se concentrar em brocas aquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam velozes em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem, elas apontavam e se espantavam enquanto um bando de coruja passava no alto.


–Eu sei que existem bruxos excêntricos e tal. Mas isso já é apelação. – falou Lily.


A maioria jamais vira uma mesmo à noite. O Sr. Dursley, porém, teve uma manhã normal sem corujas. Gritou com cinco pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um pouco.


–Nossa! Quem dera meu dia fosse assim! – disse Frank.


–Esse era praticamente o dia da Lils: Gritar com James, com Sirius, com James, com James, se irritar com Sirius, brigar comigo, gritar com o James... E eu acho que eu esqueci de mencionar... Gritar com o James. – falou Remus e recebeu um tapa na cabeça da amiga, e logo todos estavam rindo.


 


Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce na padaria defronte.


–Duvido que seja só um pãozinho, sendo esse daí. – falou Dorcas
Esquecera completamente as pessoas de capas até passar por um grupo delas próximo à padaria. Olhou-as com raiva ao passar. Não sabia o porquê, mas elas o deixavam nervoso. Essas cochichavam também, mas ele não viu nenhuma latinha de coleta. Foi ao passar por elas na volta, levando uma grande rosca açucarada que entreouviu algumas palavras do que diziam.
— ... Os Potter, é verdade, foi o que ouvi...
— ... É, o filho deles, Harry...


–O que aconteceu?


–Lendo...



O Sr. Dursley parou de repente. O medo invadiu-o. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor.
Atravessou a rua depressa, correu para o escritório, disse rispidamente à secretária que não o incomodasse, agarrou o telefone e quase terminara de discar o número de casa quando mudou de ideia. Pôs o fone no gancho e alisou os bigodes pensando... Não, estava agindo como um idiota. Potter não era um nome tão fora do comum assim.


–Ah! Claro. Um nome muitíssimo comum.


Tinha certeza de que havia muita gente chamada Potter com um filho chamado Harry.


–Com certeza. 90% da população tem o sobrenome Potter e um filho chamado Harry. Pensando bem nem sequer tinha certeza de que o sobrinho tivesse o nome de Harry. Jamais viu o menino. Talvez fosse Ernesto. Ou Eduardo.


–Até porque meus pais tem uma criatividade igual a sua para me colocar o nome de Ernesto ou Eduardo.
Não tinha sentido preocupar a Sra. Dursley, ela sempre ficava tão perturbada à simples menção da irmã. Não a culpava — se ele tivesse uma irmã como aquela...


–Irmã daquela o teu cu. Seu verme de bigodes asqueroso e nauseabundo! – disse Lily e todos olharam para ela com a expressão. WFT (What This Fuck, ou seja, que merda é essa).


Ela corou e disse.


–Desculpa aí. Eu acho que me empolguei um pouquinho.


–Percebemos – disse James, ao que Alice indagou:


–O que é nauseabundo?


–Aquele que causa náuseas.


–Parece vagabundo... – comentou Sirius debilmente


–Sirius, me faz um favor. CALA A TUA BOCA.


Sirius estremeceu, e Gina voltou a ler.


 


Mas mesmo assim aquelas pessoas de capas.
Achou bem mais difícil se concentrar nas brocas aquela tarde e quando deixou o edifício às cinco horas, continuava tão preocupado que deu um encontrão em alguém parado ali à porta.
— Desculpe — murmurou,


–Oh, Merlin! – disse Harry, com falso espanto.


–O que é que foi? – disse Marlene.


–Ele sabe ser educado!


Todos reviraram os olhos mesmo que surpresos pelo fato.


...quando o velhinho cambaleou e quase caiu. Levou alguns segundos até o Sr. Dursley perceber que o homem estava usando uma capa roxa. Não parecia nada aborrecido por ter sido quase jogado ao chão. Ao contrario, seu rosto se abriu em um largo sorriso e ele disse numa voz esganiçada que fez os passantes olharem:
— Não precisa pedir desculpas, caro senhor, porque nada poderia me aborrecer hoje! Alegre-se! Porque o Você-Sabe-Quem finalmente foi-se embora! Até trouxas como o senhor deviam estar comemorando um dia tão feliz!


–COMO ASSIM, VOCÊ-SABE-QUEM FOI EMBORA?


–Eu acho melhor vocês saberem lendo.
E o velho abraçou o Sr. Dursley pela cintura e se afastou.
O Sr. Dursley ficou pregado no chão. Fora abraçado por um completo estranho. E também achava que fora chamado de trouxa, o que quer que isso quisesse dizer. Estava abalado. Correu para o carro e partiu para casa, esperando que estivesse imaginando coisas, o que nunca esperara que fizesse, porque não aprovava a imaginação.


Os marotos gemeram e James disse:


–Esse daí está perdido. Como alguém não aprova imaginação. Isso é uma calamidade!


–Normalmente as pessoas não aprovam coisas que não entendem, e eu acho que a mente dele é pequena de mais para entender alguma coisa que esteja ligada à imaginação. – disse Severo, para a surpresa de todos. E ao ver que o restante da sala estava olhando para ele, falou:


–O que é, agora eu não posso comentar nada, que vocês vão me encaram como se eu fosse como um E.T.?


Lily saiu primeiro do choque e cutucou Gina com o pé, para que a ruiva voltasse a ler.



...Quando entrou no estacionamento do numero quatro, a primeira coisa que viu — e isso não melhorou o seu estado de espírito,— foi o gato listrado que notara aquela manhã. Agora ele estava sentado no muro do jardim. Tinha certeza de que era o mesmo, as marcas em volta dos olhos eram as mesmas.


–Tia Minnie – disseram novamente os marotos, que tinham saído do seu torpor.
— Chispa! — disse o Sr. Dursley em voz alta.


–Se ela realmente é a McGonagall, é lógico que ela não vai sair daí.
–Mas ele não sabe que ela é um animago, Hermione.


–Eu só estava comentando.


–Então porque...?


–Esqueça. Pode continuar a ler, Gina.


O gato não se mexeu. Apenas lançou-lhe um olhar severo.


–Sei bem como é esse olhar – disseram os marotos e George.


Será que isto era um comportamento normal para um gato, pensou o Sr. Dursley. Continuava decidido a então não comentar nada com a esposa.
A Sra. Dursley tivera um dia normal e agradável. Contou-lhe durante o jantar os problemas da senhora do lado com a filha e ainda que Duda aprendera uma palavra nova (Nunca).


–Graandes coisas! Vai mudar o destino do mundo essa palavra...


–E pode mudar sim. – falou Sirius com uma expressão séria no rosto, mas com o olhar maroto. – Vamos supor: É uma guerra. Os dois líderes estão se encarando frente a frente,


–Não Sirius, eles estão se encarando lado a lado.


–Deixe de ser estraga prazeres, Moony. – ao que o licantropo revirou os olhos.


–Continuando... eles estão se encarando. Um fala: “Prepare-se para morrer, é agora ou nunca.” O outro disse: “Nunca”. Os dois de entreolham e o primeiro diz: “Então, quer tomar um chá?” O outro responde: “Com certeza.”. Os dois dão os braços e saem saltitando. Fazendo todos os outros homens irem para casa atônitos.


Frank pergunta:


–Sirius, você fumou pó de flu hoje?


–Hoje? Não.


–Ah! Pelo amor de Merlin, deixe de idiotice Sirius, e Gina, volte a ler.


 


O Sr. Dursley tentou agir normalmente. Depois que Duda foi se deitar, ele chegou à sala em tempo de ouvir o último noticiário noturno.

"E, por último, os observadores de pássaros em toda parte registraram que as corujas do país se comportaram de forma muito estranha hoje. Embora elas normalmente cacem a noite e raramente apareçam à luz do dia, centenas desses pássaros foram visto hoje voando em todas as direções desde o Alvorecer. Os especialistas não sabem explicar por que as corujas de repente mudaram o seu padrão de sono.”

O locutor se permitiu um sorriso.


–Esse daí com certeza é bruxo. – disse Neville.




“Muito misterioso. E agora, com Jorge Mendes, o nosso boletim meteorológico. “Vai haver mais tempestades de corujas hoje à noite, Jorge?”
"Bom, Eduardo", disse o meteorologista, não sei lhe dizer, mas não foram só as corujas que se comportaram de modo estranho hoje, ouvintes de todo o pais têm telefonado para reclamar que em vez do aguaceiro que prometi para ontem, eles tem tido chuvas de estrelas!
Talvez alguém ande festejando a noite das fogueiras uma semana mais cedo este ano! Mas posso prometer para hoje uma noite chuvosa".


–Chuva de estrelas? Por Gryffindor! Eu sei que Voldemort foi embora e tal, mas chuva de estrelas já é demais! – exclamou Hermione.



O Sr. Dursley ficou paralisado na poltrona. Estrelas cadentes em todo o país? Corujas voando durante o dia? Gente misteriosa capas por todo lado? E um cochicho, um cochicho a respeito dos Potter...


–Para você ver. Até esse trouxa boboca já percebeu que aconteceu algo. Esses bruxos têm que ter mais cuidado. – Remus falou.



A Sra. Dursley entrou na sala trazendo duas xícaras de chá.
Não adiantava. Teria que lhe dizer alguma coisa. Pigarreou nervoso.
— Hum, hum, Petúnia, querida, você não tem tido notícias de sua irmã ultimamente?


­–Oh fuck! E eu que achava que Túnia ainda tinha esperança. – disse Lily desolada por descobrir que sua irmã tinha mesmo se cassada com o Dursley.


–Quem é Petúnia? – perguntou James novamente.


–Não é ninguém importante, Jay. – a ruiva respondeu conformada. – Não mais. – murmurou, mas Severus ouviu e abraçou a amiga pelos ombros.


Mesmo que não tivesse se conformado com o fato de que Lily ficara com o Potter, preferia ter sua amizade a nada. Ninguém, exceto Harry, que havia visto as memórias do Slytherin, entendeu o ato. Gina voltou a ler.


 



Conforme esperava, a Sra. Dursley pareceu chocada e aborrecida. Afinal, normalmente fingiam que ela não tinha irmã.


–E eu agradeço profundamente por isso. – sussurrou Lily, ao que Severus a apertou mais contra ele.
— Não. — respondeu ela, seca. — Por quê?
— Uma notícia engraçada — murmurou o Sr. Dursley — Corujas... Estrelas cadentes e vi uma porção de gente de aparência estranha na cidade hoje...
— E dai? — cortou a Sra. Dursley.
— Bem, pensei, talvez, tivesse alguma ligação com... Sabe... O pessoal dela.


–Ora, aquela idiota imbecil, um ser ignóbil e indebocúvel...


–Hey, psshh, Lírio, calma.


–Como calma, James, se minha própria irmã me odeia?


–Já passou, já passou...


–Teoricamente ainda não, Prongs, por que isso fala do futuro, sabe?


–Vai à merda, Moony!


–Vai você que sabe o caminho...


–Ora seu...


–James, se acalme – disse Sirius. – os marotos sabiam, e Lily também, que perto da lua cheia, Remus encarnava o espírito maroto e provocador. Os sonserinos que o digam.


A Sra. Dursley bebericou o chá com os lábios contraídos. O Sr. Dursley ficou em dúvida se teria coragem de lhe contar que ouvira o nome "Potter". Decidiu que não. Em vez disso, falou com a voz mais displicente que pode:
— O filho deles, teria mais ou menos a idade do Duda agora, não?
— Suponho que sim — respondeu a Sra. Dursley ainda seca.
— Como é mesmo o nome dele? Ernesto, não é?
— Harry. Um nome feio e vulgar se quer saber minha opinião.


–Feio e vulgar é o seu... –


–JAMES!


 



— Ah, é — disse o Sr. Dursley, sentindo um aperto horrível no coração. — E, concordo com você.
Não disse mais nenhuma palavra sobre o assunto a caminho do quarto onde foram se deitar. Enquanto a Sra. Dursley estava no banheiro, o Sr. Dursley foi devagarinho até a janela e espiou o jardim da casa. O gato continuava lá. Observava o começo da Rua dos Alfeneiros


como se esperasse alguma coisa.
Estaria imaginando coisas.


–Mas como ele estaria imaginando coisas se ele não aprova a imaginação?


–Isso a gente nunca vai saber... ou será vai? – falou Sirius.


Será que tudo isto teria ligação com os Potter? Tinha-se... Se transpirasse que eram aparentados como um casal de... Bem ele achava que não aguentaria.
Os Dursley se deitaram. A Sra. Dursley, adormeceu logo, mas o Sr. Dursley continuou acordado pensando no que acontecera. Seu último consolo antes de adormecer foi pensar que mesmo que os Potter estivessem envolvidos, não havia razão para se aproximarem dele e da Sra. Dursley. Os Potter sabiam muito bem o que pensavam deles e de gente de sua laia...


–Gente da sua laia... COMO ASSIM GENTE DA SUA LAIA?! – gritou Dorcas já irritada com aquela família.


–Posso explicar? – Snape perguntou para Lily, em seu ouvido. Viu-a acenar com a cabeça em concordância – É porque a irmã da Ly odeia os bruxos, devido ao fato da Lily ser bruxa e ela não.


–E como você sabe disso, Snivellus?


–Sabendo, Black. – respondeu revirando os olhos.


–CALEM A BOCA VOCÊS DOIS. AGORA. EU QUERO SABER O QUE ACONTECEU E SE UM DE VOCÊS DEREM UM PIO, VÃO SE VER COMIGO. – disse Marlene já estressada.


–Pio. – provocou Sirius e antes que Marlene pulasse em cima dele, Hermione falou:


–Deixe que eu te ajudo nisso – e depois, com um aceno da varinha, murmurou – Silêncio.


De uma hora para outra todos estavam calados, menos Gina.


Não via como ele e Petúnia poderiam se envolver com nada que estivesse acontecendo. O Sr. Dursley bocejou e se virou. Isso não poderia afetá-los...
Como estava enganado.


–Como eu queria que ele estivesse certo. – disse a ruiva Weasley transpassando o que passava na cabeça de todas as pessoas do presente.


 


O Sr. Dursley talvez estivesse mergulhando em um sono inquieto, mas o gato no muro lá fora não mostrava sinais de sono.
Continuava sentado imóvel como uma estátua, os olhos fixos na esquina mais distante da Rua dos Alfeneiros. E nem sequer estremeceu quando uma porta de carro bateu na rua seguinte, nem mesmo quando duas corujas mergulharam do alto. Na verdade, era quase meia-noite quando o gato se mexeu.
Um homem apareceu na esquina que o gato estivera vigiando.
Apareceu tão súbita e silenciosamente que se poderia pensar que tivesse saído do chão. O rabo do gato mexeu ligeiramente e seus olhos se estreitaram.
Ninguém jamais vislumbrara nada parecido com este homem na Rua dos Alfeneiros. Era alto, magro e muito velho a julgar pelo prateado dos seus cabelos e de sua barba, suficientemente longos para prender no cinto. Usava vestes longas, uma capa púrpura que arrastava pelo chão e botas com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros, luminosos e cintilantes por trás dos óculos em meia-lua e o nariz, muito comprido e torto, como se o tivesse quebrado pelo menos duas vezes.


Nesse momento Sirius e James ficaram inquietos, tentando falar (lê-se: gritar) algo, pulando no lugar e apontando para o livro. Frank ficou tão agoniado que tirou o feitiço silenciador, e assim que fez isso, eles gritaram feito maníacos:


–TIO DUMBY. É O TIo DUMBY, É O TIO DUMBYYYYY!


O nome dele era Albus Dumbledore.


–Eu disse não disse? – falaram James e Sirius.


–Ninguém discordou de vocês. – falou Neville.


Albus Dumbledore não parecia ter consciência de que acabara numa rua onde tudo desde o seu nome às suas botas era malvisto.
Estava ocupado apalpando a capa, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque ergueu a cabeça de repente para o gato, que continuava a fitá-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha e murmurou:
— Eu devia ter imaginado.
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa, parecia um isqueiro de prata. Abriu-o, ergueu-o no ar e ascendeu. O lampião de rua mais próximo apagou-se com um estalido seco. Ele fez de novo — o lampião seguinte piscou e apagou, doze vezes ele acionou o "apagueiro", até que as únicas luzes acesas na rua eram dois pontinhos minúsculos ao longe, os olhos do gato que os vigiava.


–Que coisa interessante – disse Sirius – daria para fazer várias coisas com eles – e olhou maroto para James e Remus que retribuíram o olhar.


Ron sorriu junto com Harry e Hermione e disse:


 


–Mas isso não é a única coisa que ele faz.


 


–Com certeza, ele também faz aparecer uma bolinha que atravessa o seu coração.


 


Não entenderam direito o que ele quis dizer, mas o Ron entendeu e disse:


 


–Isso Harry, ria das desgraças do seu amigo. Mas se não fosse pelo desiluminador você estaria afo... - Antes que ele terminasse de falar, Harry pulou em cima dele e tapou sua boca. Ron o empurrou e disse:


 


–Saí de cima, eu já tenho namorada.


 


Sirius riu e disse:


 


–Coitado do seu filho, ruiva... Puxou ao pai... Veado igual a ele...


 


–Quem você está chamando de veado, seu pulguento? - perguntaram James e Harry ao mesmo tempo.


 


–Vocês, oras.. Veado pai e veado jr.


 


–Concordo plenamente com você, Sirius - disse Ron, risonho.


 


Pai e filho se entreolharam e como se fosse planejado, atingiram os outros dois (Sirius e Ron), com um feitiço não verbal.


 


E os dois começaram a gritar:


–QUE MERDA, VEADO! ME TIRA DAQUI LOGO SEU IDIOTA!


–HARRY! QUE MERDA! NINGUÉM MERECE! ME TIRA LOGO DAQUI, RETARDADO!


Todos estavam rindo, e antes que a cabeça dos dois ficasse púrpura por causa do sangue, tiraram o feitiço fazendo um Sirius e um Ron emburrados sentarem no chão.


 


Se alguém espiasse pela janela agora, até a Sra. Dursley, de olhos de contas, não conseguira ver nada que estava acontecendo na calçada. Dumbledore tornou a guardar o "apagueiro" na capa e saiu caminhando pela rua em direção ao número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não para olhar para o bicho, mas, passado algum tempo, dirigiu-se a ele.



— Imaginava encontrar a senhora aqui, Professora Minerva McGonagall.


–Eu sabia que era a tia Minnie! – disseram os marotos.



E virou-se para sorrir para o gato, mas este desaparecera. Ao invés dele, viu-se sorrindo para uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas exatamente do formato das marcas que o gato tinha em volta dos olhos. Ela, também, usava uma capa esmeralda. Trazia os cabelos negros presos num coque apertado. E parecia decididamente irritada.
— Como soube que era eu? — perguntou.
— Minha cara professora nunca vi um gato se sentar tão duro.


Rimos.



— O senhor estaria duro se tivesse passado o dia todo sentado em um muro de pedra — respondeu a Professora Minerva.
— O dia todo? Quando podia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez festas e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
— Ah sim, vi que todos estão comemorando — disse impaciente. — Era de esperar que fossem um pouco mais cautelosos, mas não, até os trouxas notaram que alguma coisa estava acontecendo. Deu no telejornal. — Ela indicou com a cabeça a sala às escuras dos Dursley. — Eu ouvi... Bandos de corujas... Estrelas cadentes... Ora, eles não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa.
— Estrelas cadentes em Kent, aposto que foi coisa de Dédalo Diggle. Ele nunca teve muito juízo. — Você não pode culpá-los — ponderou Dumbledore educadamente. — Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.


–Putz! Onze anos? – perguntou Frank


–É foram onze. – resmungou Harry.



— Sei disso — retrucou a professora mal-humorada. — Mas não é razão para perdermos a cabeça. As pessoas estão sendo completamente descuidadas, saem às ruas em plena luz do dia, sem nem ao menos vestir roupa de trouxa, e espalham boatos.
De esguelha, lançou um olhar atento a Dumbledore, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado, por isso ela recomeçou:
— Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece ter finalmente ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Dumbledore?


–Concordo com McGonagall! – Hermione disse juntamente com Lily.


–Você sempre concorda com a Minerva, Mione. – comentou Ron, e recebeu um forte tapa na nuca.


— Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
— Um o quê?
— Um sorvete de limão. E uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito.


–Dumbledore/Tio Dumby e seus doces... – falaram Harry, George, James, Sirius, Remus e Ron.


Ao que Hermione e Lily disseram:


–Isso não é hora para doces!



— Não, obrigada — disse a Professora Minerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia sorvetes de limão. — Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
— Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome. Toda essa bobagem de Você-Sabe-Quem há onze anos venho tentando convencer as pessoas a chamá-lo pelo nome que recebeu: Voldemort — A professora franziu a cara, mas Dumbledore, que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não reparar — Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer "Você-Sabe-Quem". Nunca vi nenhuma razão para ter medo de dizer o nome de Voldemort.


–O medo de um nome só faz aumentar o medo da própria coisa. – murmurou Neville.



— Sei que não vê — disse a professora parecendo meio exasperada, meio admirada. Mas você é diferente.. Todo o mundo sabe é o único de quem Você-Sabe... Ah está bem, de quem Voldemort tem medo.
— Isto é um elogio — disse Dumbledore calmamente. — Voldemort tinha poderes que nunca tive.
— Só porque você é muito... Bem... Nobre para usá-los.



— É uma sorte estar escuro. Nunca mais corei assim desde que Madame Pomfrey me disse que gostava dos meus abafadores de orelhas novos.


–Eu podia dormir sem essa. – falaram todos.



A Professora Minerva lançou um olhar severo a Dumbledore e disse:
— As corujas não são nada comparadas aos boatos que correm que todos estão dizendo? Por que ele foi embora? Que foi que finalmente o deteve?
Aparentemente a Professora Minerva chegara ao ponto que estava ansiosa para discutir, a verdadeira razão pela qual estivera esperando o dia todo em cima de um muro frio e duro, porque nem como gato nem como mulher ela fixara antes um olhar tão penetrante em Dumbledore como agora. Era óbvio que seja o que fosse que "todos" estavam dizendo, ela não iria acreditar até que Dumbledore confirmasse ser verdade. Dumbledore, porém, estava escolhendo mais um sorvete de limão e não respondeu.



— O que estão dizendo — continuou ela — é que a noite passada Voldemort apareceu em Godric's Hollow. Foi procurar os Potter. O boato é que Lily e James Potter estão... Estão mortos.


Lily começou a chorar, ao que James a abraçou parecendo perdido.


–Você não pode morrer, veado! – falou Sirius desesperado.


Severus não sabia se ficava triste pela morte de Lily, ou feliz pela morte de James.


Harry tentou, mas não conseguiu impedir que algumas lágrimas caíssem, e foi abraçado por Hermione.


Alice se abraçou à Frank.


Remus parecia está compreendendo as palavras ditas.


Dorcas e Marlene se abraçaram e começaram a chorar.


Gina achou melhor voltar à ler.



Dumbledore fez que sim com a cabeça. A Professora Minerva perdeu o fôlego.
— Lily e James... Não posso acreditar... Não quero acreditar... Ah, Albus.


–É bom saber que tia Minnie ao menos gosta de mim. – disse James tentando descontrair o clima.


–Gostar? Ela te ama, Prongs. – falou Remus.



Dumbledore estendeu a mão e deu-lhe um tapinha no ombro.
— Eu sei... Eu sei... — disse deprimido.
A voz da Professora Minerva tremeu ao prosseguir:
— E não é só isso estão dizendo que ele tentou matar o filho dos Potter, Harry. Mas... Não conseguiu. Não conseguiu matar o garotinho. Ninguém sabe o porquê nem como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Harry Potter, por alguma razão, o poder de Voldemort desapareceu e é por isso que ele foi embora.


–Mas como... por quê..? – Lily deixou a pergunta no ar.


–Acho que o livro ira explicar melhor que eu.
Dumbledore concordou com a cabeça, sério.
— É verdade? — gaguejou a professora. — Depois de tudo o que ele fez... Todas as pessoas que matou... Não conseguiu matar um garotinho? É simplesmente espantoso... De tudo que poderia detê-lo... Mas, por Deus, como foi que Harry sobreviveu?
— Só podemos imaginar — disse Dumbledore. — Talvez nunca cheguemos à saber.


­Ele sabia. Ele sempre sabe. – murmurou Frank.



A Professora Minerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos. Dumbledore deu uma grande fungada ao mesmo tempo em que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho.
Tinha doze ponteiros, mas nenhum número, em vez deles pequenos planetas giravam à volta. Mas, devia fazer sentido para Dumbledore, porque ele o repôs no bolso e disse:
— Hagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
— Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não em outro lugar.
— Vim trazer Harry para tio e a tia. Eles são a única família que lhe resta.


­–Merlin! Com tanta gente? Por que ele não o deixou comigo e/ou com o Moony, Harry? Ou com a Lene, ou até mesmo com a Lice e o Fran?


Harry não respondeu e fez um sinal para Gna continuar.
— Você não quer dizer, você não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui? — exclamou a Professora Minerva, pulando de pé e apontando para o número quatro — Dumbledore você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas menos parecidas conosco. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Harry Potter não pode vir morar aqui!
— É o melhor lugar para ele — disse Dumbledore com firmeza. — os tios poderão lhe explicar tudo quando ele for mais velho, escrevi-lhes uma carta.


­–Uma carta? – indagou Lily – ele deixou uma carta. UMA CARTA NÃO RESOLVE NADA!


–Lírio, calma... calma... – falou James e voltou a abraçar a namorada.



— Uma carta? — repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. — Francamente Dumbledore, você acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
— Exatamente — disse Dumbledore, olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua. — Isto seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menino. Famoso antes mesmo de saber andar. Famoso por alguma coisa que ele nem vai se lembrar! Veja que ele estará muito melhor se crescer longe de tudo isso e tenha capacidade de compreender?
A professora abriu a boca, mudou de ideia, engoliu em seco e então disse:
— É, é, você está certo é claro. Mas como é que o garoto vai chegar aqui, Dumbledore? — Ela olhou para a capa dele de repente como se lhe ocorresse que talvez escondesse Harry ali.
— Hagrid vai trazê-lo.
— Você acha que é sensato confiar a Hagrid uma tarefa importante como essa?


–Eu cofiaria a minha vida a Hagrid – todos, menos Snape, murmuraram.



— Eu confiaria a Hagrid minha vida — respondeu Dumbledore.
— Não estou dizendo que ele não tenha o coração no lugar — concedeu a professora de má vontade — mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que tem uma tendência a... Que foi isso?
Um ronco discreto quebrara o silêncio da rua. Foi aumentando cada vez mais enquanto eles olhavam para cima e para baixo da rua à procura de um sinal de farol de carro, o ronco se transformou num trovão quando os dois olharam para o céu — e uma enorme motocicleta caiu do ar e parou na rua diante deles.


–UUUUUUUHHHHHH! – gritou Sirius quebrando a tensão – eu quero, eu quero uma moto dessas.


Todos reviraram os olhos.


–Pads, calma – Remus interferiu na loucura do namorado.



Se a motocicleta era enorme, não era nada comparada ao homem que a montava de lado. Ele era quase duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos cinco vezes mais largo. Parecia simplesmente grande demais para existir e tão selvagem — emaranhados de barba e cabelos negros longos e grossos escondiam a maior parte do seu rosto, as mãos tinham o tamanho de uma lata de lixo e os pés calçados com botas de couro pareciam filhotes de golfinhos. Em seus braços imensos e musculosos ele segurava um embrulho de cobertores.
— Hagrid — exclamou Dumbledore, parecendo aliviado — Finalmente. E onde foi que arranjou a moto?
— Pedi emprestada, Professor Dumbledore — respondeu o gigante, desmontando cuidadosamente da moto ao falar — O jovem Sirius me emprestou.


–Aha, uhu! Essa moto é minha! Aha, uhu! Essa moto é minha!


Ron perguntou:


–Alguém deu o remédio dele hoje?


Ninguém respondeu e Gina voltou a ler.


 


Trouxe ele, professor.
— Não teve nenhum problema?
— Não, senhor. A casa ficou quase destruída, mas consegui tirá-lo inteiro antes que os trouxas invadissem o lugar. Ele dormiu quando estivemos sobrevoando Bristol.
Dumbledore e a Professora Minerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia um menino, que dormia a sono solto. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um raio.


–OWNT! – exclamaram Dorcas, Alice e Lene. Harry corou e os meninos riram dele.



— Foi aí que? — sussurrou a professora.
— Foi — confirmou Dumbledore. — Ficará com a cicatriz para sempre.
— Será que você não poderia dar um jeito, Dumbledore?
— Mesmo que pudesse, eu não o faria. As cicatrizes podem vir a ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do metrô de Londres. Bem, me dê ele aqui, Hagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Dumbledore recebeu Harry nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
— Será que eu podia... Podia me despedir dele, professor? — perguntou Hagrid.
Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Harry e lhe deu o que deve ter sido um beijo muito áspero e peludo.


–Ainda bem que eu não me lembro disso. – falou Harry e estremeceu.


Depois, sem aviso, Hagrid soltou um uivo como o de um cachorro ferido.


–Qual é o problema com cachorros. – exclamou Sirius indignado.


Todos que sabiam da condição animaga dele, riram.
— Psiu! — sibilou a Professora Minerva — Você vai acordar os trouxas!
— Desculpe — soluçou Hagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. — Mas na... Nã... Não consigo suportar, Lily e James mortos, e o coitadinho do Harry ter de viver com os trouxas...


–Eu também não me conformo. – falou Lene.


–Somos dois. – concordou Remus.



— É, é muito triste, mas controle-se, Hagrid, ou vão nos descobrir — sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeita no braço de Hagrid enquanto Dumbledore saltava a mureta de pedra e se dirigia à porta da frente. Depositou Harry devagarinho no batente, tirou uma carta da capa, meteu-a entre os cobertores do menino e em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulhinho, os ombros de Hagrid sacudiram, os olhos da Professora Minerva piscaram loucamente e a luz cintilante que sempre brilhava nos olhos de Dumbledore parecia ter-se extinguido.
— Bem — disse Dumbledore finalmente — acabou-se. Não temos mais nada a fazer aqui já podemos nos reunir aos outros para comemorar.
— É — disse Hagrid com a voz muito abafada. — Vou devolver a moto de Sirius. Boa noite, Professora Minerva, Professor Dumbledore...
Enxugando os olhos na manga da jaqueta, Hagrid montou na moto e acionou o motor com um pontapé, com um rugido ela levantou voo e desapareceu na noite.
— Nos veremos em breve, espero, Professora Minerva — falou Dumbledore, com um aceno da cabeça. A Professora Minerva assou o nariz em resposta.
Dumbledore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o "apagueiro". Deu um clique e doze esferas de luz voltaram aos lampiões de modo que a Rua dos Alfeneiros de repente iluminou-se com uma claridade laranja e ele divisou o gato listrado se esquivando pela outra ponta da rua. Mal dava para enxergar o embrulhinho de cobertores no batente do número quatro.
— Boa sorte, Harry — murmurou ele. Girou nos calcanhares e, com um movimento da capa, desapareceu.


­É, eu precisei de sorte, mas não deu certo. – Harry.



Uma brisa arrepiou as cercas bem cuidadas da Rua dos Alfeneiros, silenciosas e quietas sob o negror do céu, o último lugar do mundo em que alguém esperaria que acontecessem coisas espantosas. Harry Potter virou-se dentro dos cobertores sem acordar. Sua mãozinha agarrou a carta ao lado, mas ele continuou a dormir, sem saber que era especial, sem saber que era famoso, sem saber que iria acordar dentro de poucas horas com o grito da Sra. Dursley ao abrir a porta da frente para pôr as garrafas de leite do lado de fora, nem que passaria as próximas semanas levando cutucadas e beliscões do primo Duda.


–Ora pois, pois... quem ele acha que é para bater e beliscar o meu sobrinho/filho/afilhado? – disse Sirius, James e Remus.


Ele não podia saber que neste mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam com vozes abafadas.
— À Harry Potter, o menino que sobreviveu.


–Terminou... quem quer ler?


–Eu – disse Remus.


 


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