A negação



Capítulo 13 – A negação


Pela aberta porta da varanda que ninguém, em estado de entorpecia como estavam, lembrara-se de fechar entravam, discretas, réstias azuladas do sol nascente encoberto por cinzentas nuvens, promessas de uma típica garoa matinal britânica.


A brisa fria, também não uma completa estranha, acompanhava a fraca luz e foi esta, importuna, que fez agitar-se, na grande cama, a bela moça adormecida, protegida por não mais que um lençol, que, vez ou outra, era puxado pelo seu ardoroso amante, ao lado, embalado em pesado sono.


No seu desconforto, que lhe fazia os membros dolorirem, Hermione remexeu-se agoniada. Quase sufocando-a, um forte braço a agarrava a cintura por trás; a respiração quente e tranquila do seu suposto marido também batia-lhe no pescoço, causando arrepios perturbadores, que ela desgostava, enquanto, alto e odioso, o rouco dele ecoava pelo quarto, fazendo-o assemelhar-se a um grande urso.


Afastando-se de Ronald, sentindo repulsa, retirou o peso masculino, com esforço, de sobre si e, como um repentino fleche, a lembrança carregada de detalhes do que na passada noite se sucedera tomou sua mente, atormentando-a.


A rósea boca da jovem abriu-se em incredulidade, a cabeça balançou-se rapidamente, de um lado para outro, almejando esquecer e negar.


Olhando a si, percebeu-se inteiramente nua embaixo do bordado pano, machado pelo virginal sangue. O corpo feminino doía-lhe, até em locares onde Hermione nunca imaginara sentir algum incômodo. Havia por ele também marcas rubras, de beijos calorosos e mordidas insistentes, de lábios e de dentes.


Rápida, levantou-se do matrimonial e pouco afetivo leito, pondo-se de pé e agarrando com força a única coberta em sua volta.


Solitárias e sentidas lágrimas desciam pelas bochechas rosadas, deixando rastros molhados, provas da dignidade e do orgulho feridos, por ela mesma, enfim.


Apoiada a sacada, a mais recente digna do prestigiado sobrenome Weasley absorta observava com seus olhos turvos os contornos e cumes das púrpuras longínquas montanhas, para lá da fortaleza de Otter e das suas resistentes muralhas, juntamente via a os ainda verdejantes campos, ainda não oprimidos pelo duro inverno, banhados de nascer do sol.


Fitando atenta a bonita paisagem que tanto adorava, Hermione perdeu-se em seus lamentosos pensamentos, nublados de melancolia, arrependimento e pura negativa. Assim, não percebendo o desgostoso muxoxo vindo da suntuosa cama, bem como aos passos que o seguiram quase inaudíveis.


Desperto, porém não livre da sonolência, o robusto ruivo dirigia-se, a andar lentamente, em direção a sua esposa, contrariado, coçava aos olhos cobertos por pestanas longas.


Apesar da adorável noite (quão adorável noite!), que afogara-se avidamente, junto a sua bela e fogosa mulher, naquele cegante desejo, perseguidor nos últimos tempos, sua manhã, diferente do que ele tanto imaginava, não parecia haver de ser tão boa...


Acordara-se logo tateando por aquele corpo quente e macio e, na sua busca incessante, quase caíra da cama. Ele, aborrecido, sentou-se, no entanto, esvaiu-se seu mau humor ao enquadrar, com as vistas já enegrecidas, a figura pequena e ternamente sensual encostada ao varandim de madeira.


Amaldiçoou o Weasley aos longos, fartos e cheirosos cabelos dela que, pouco antes entre seus dedos, agora, espalhavam-se languidamente sobre o corpo alvo e curvilíneo, esse, deixando-o apreciar muitos pedaços de pele suave, estava coberto, de forma precária, por um lençol branco e fino, sujo pela paixão deles.


Ardendo no poderoso calor que se apossara de si, Ronald, sorrindo malicioso, foi a Hermione.


Concentrada em seus lamuriantes devaneios, não deu-se conta a moça do fim do sono de seu marido, apenas notando-o quando dois fortes braços, cobertos por pelos ruivos, a pegaram com entusiasmado vigor, guiando-a, de costas, contra um corpo caloroso, grande, rígido. A boca carnuda e sedenta daquele tão odiado por ela foi ao seu pescoço, passando vagarosa por lá, deixando um estalado selinho sobre uma marca arroxeada, sabidamente feita por ele, em ocasião anterior.


- Como ousa, Hermione, deixar minha cama antes de dar-me um daqueles seus maravilhosos beijos? – indo até a orelha da esposa, tendo suas grandes mãos espalmadas nos lados do gracioso quadril feminino, pressionando-a contra ele, Ronald sussurrou, luxúria pura correndo em suas veias, dando-o uma farta amostra de loucura, e ela também, que, envolvida, nem mesmo tentava esquivar-se.


Àquela mera frase de exímio provocador que o marido inegavelmente era, o corpo de Hermione foi tomado por seus, agora, conhecidos, calafrios; tornara-se rijos os pelos da sua nuca; sem forças, a cabeçinha inteligente, antes que traçava incessantes planos em oposição ao casamento, deitou-se frouxamente no largo peito masculino, aproveitando as espetaculares sensações, ronronando como um gatinho satisfeito com uma tigela de leite.


Nas altas nuvens, a mente da jovem vagueava, longe e irresponsável, apreciando o calor e conforto junto a ele. Seria fácil, aquilo a consumia, ela teria sucumbindo. Sim, ela teria...


- Me solte! – contorcendo-se entre o poderoso enlaço, no entanto, não por prazer, Hermione exclamou exaltada, assustando ao homem que se aproveitava da aceitação e dos contornos arredondados dela. – Largue-me! – o grito estridente da moça ecoou pelo quarto mergulhado em sossego. Para o Weasley atônico aquilo nada significou, fazendo-o resoluto em libertá-la. Assim, a esposa não obtendo a resposta esperada, chuto-o a canela com força e determinação e, enquanto Ronald rugia pela dor, ela correu apressada ao outro extremo do luxuoso aposento, livre.


- Agrh! – fitando-o irritada, Hermione enojou-se e bradou – Se vista! – cobrindo aos olhos, o jogou sua calça de dormir, esquecida e arrancada, afinal, por ela mesma.


- Qual seu maldito problema, mulher!? – menos enraivecido do que gostaria, até com um resquício de divertimento, interrogou-a, a obedecendo e pondo a vestimenta. – Viu-me desse modo ontem e não parecia ter do que reclamar. Pelo contrário, aliás... – desdenhoso e zombeteiro, disse e aproximando-se, seguro-a pelo antebraço.


- Ora, é límpido como água! – soltando-se, retrucou Hermione com seu costumeiro tom prático, tão odiado por ele. – Estava sendo persuadida, poderia eu demonstrar minha repugnância? – defendeu-se falhamente, gesticulando nervosa.


- Persuadida? – incrédulo, o homem indagou, erguendo as ruivas sobrancelhas e entendendo o joguinho de orgulho da esposa. – Com era, de fato, que você falava...? – estreitando os olhos claros, perguntou a si próprio, procurando na memória.


- Persuadida não, eu fui forçada! – ignorando categoricamente ao Weasley, a jovem gritou enfurecida, dando voltas e mais voltas pelo quarto, como advogado entusiasmado no tribunal.


- Com certeza. – Rony, tão tranquilo e paciente quanto um sábio, prestava-a um falso apoio. – Consigo me lembrar agora! – animado, exclamou e apontou para ela – Dizia: "Oh, Ronald, por favor... Não pare! Oh, mais!" – rindo debochado e de forma incontrolável, afinou ele a voz a modo de ficar estranhamente semelhante com uma feminina, essa que gemia e implorava.


- Eu não disse isso! – Hermione protestou ferina e exasperada. O rosto rubro, os cabelos desgrenhados e as mãos prendendo com esforço, em volta de si, o branco lençol, ao qual o marido rezava que caísse, mostrando, assim, a beleza daquele corpo pertence apenas dele.


- Ah, querida! – suspirou, estampando sua habitual expressão de perversão e chegou mais para perto da moça, que de costas estava. – Querendo saber minha opinião, aparentava muita boa vontade... – ao ouvido dela, murmurou sedutor, tocando-a a uma mecha cacheada de cabelo castanho.


Como um tormento, que a incitava a ceder, um arrepio perpassou pela coluna de Hermione, causando-a algo semelhante com dezenas de borboletas voando pela boca do estômago. Ela engoliu em seco e desprezou, porém não se afastou.


- Weasley, se digo que não queria aquilo, é porque o fazia. – falou a jovem calma, como alguém que explica algo difícil a uma criança ou a um demente. – Entende isso, seu tolinho? – apenas virando a cabeça, questionou com olhos doces de infanta e voz suave e pausada.


Ronald assentiu, resmungando em desgostosa concordância. E, contrariando visível vontade da jovem, agarrou-a, por trás, a cintura, recebendo um gritinho de surpresa, opondo-se as velhas expectativas, ao invés de um rápido esquivo.


- Ou talvez esteja desejando esconder o óbvio... Não, Hermione? – o ruivo interrogou-a, esperando provavelmente uma adorada afirmativa, que não veio, sendo resposta apenas a falta dura e constrangedora de qualquer som. – Por que não logo admite que gosta de estar em meus braços? - baixinho, sussurrou a orelha dela, abraçando-a ávido, pressionando-a contra si e podendo ouvir não mais que um murmúrio de satisfação. – Com minhas correndo pelo seu corpo? – ajudadas pela coberta já muito caída, tocando insistentes onde mais poderia causá-la aprazer, as grandes, calejadas e ágeis mãos foram das roliças coxas expostas aos virtuosos quadris e destes, passando pela barriga lisa, para os jovens e alvos seios despidos.


Faz-se desnecessário acrescentar que o tempo tornou-se abafado, a temperatura alguns graus mais alta, a calmaria do cômodo sendo entrecortada por gemidos apaixonados.


- Poderá dizer que não adora minha boca passeando por seu pescoço? – com os alinhados dentes, partindo dos ternos ombros, mordiscou-a firme a pele macia do pescoço. Os lábios carnudos, com contínua sofreguidão, beijavam-na também, deixando marcas ao sugar vigorosamente. Mordia e brincava, na nuca e no colo, enlouquecendo a indefesa esposa.


Desejo tomando-a vorazmente, inconsequente e enredada, Hermione agia sem pensar, afoita, guiada apenas pelos primitivos instintos. De encontro ao marido, chocava rápida e sedenta, os quadris e, procurando maior contato, puxava Ronald, apertando-o forte e colando-o a ela. Mais um pouco e chegaria ao ápice... Mais um pouco e estaria nos céus...


O Weasley, em estado de bobo fascínio masculino, tendo suas mais sórdidas e bem guardadas fantasias realizando-se, nada fazia além de acompanhá-la na trabalhosa e deliciosa tarefa. Meio as suas expressões de contentamento, soltou um risinho de escárnio e o que se seguiu foi o fim dos seus momentos de intensa paixão por longos dias...


- E era porque não queria, hein, Mione? – como apenas um calhorda poderia fazer, o robusto ruivo murmurou trocista, sorrindo com sua usual libertinagem.


O ar tornou-se repentinamente pesado, porém, dessa vez, não por causa do calor que emanava dos corpos dos jovens; o silêncio foi quebrado por um grito, agudo e angustioso, porém, dessa vez, não seria seguido por um pedido de mais, fundo e forte.


- Seu animal nojento e repugnante! – um vaso de cara porcelana, juntamente as suas vermelhas flores, voou pelo quarto, passando tão perto da cabeça de Rony que ele pode ouvir um zunido.


Alguns passos poucos distantes e dados com demasiada pressa, Hermione estava. Trêmula pela súbita mudança de emoções e estados; os cabelos armados acompanhando a sua respiração ofegante e raivosa; o vento gelado que pela varanda entrava, deixando-a com a pele corada, essa que se mantinha totalmente despida a mercê daqueles olhos atrevidos. Ferina e indignada, soltou mais um urro irritado.


- Odeio-o, Ronald Weasley! – a procurar algo, preferencialmente pontiagudo, que pudesse lançar em direção a ele, a jovem rugiu. – Com todas minhas forças, o detesto!


- Realmente? – perguntou Ronald, arqueando a sobrancelha direita, na sua face, uma falhamente disfarçada risada. – Bem, não era o que parecia noite passada... E os poucos instantes atrás, me fazem afirmar com veemência que, contrariando a si mesma, você me ama. – terminando, ele cruzou os braços contra o peito, a observando-a desafiador.


- Seu bastardo de uma figa! – mesmo que não transparecesse, aquelas palavras, rasas e fáceis demais de se falar, mexeram com ela e, do único modo que conhecia, apenas pode respondê-lo sendo ácida e má, continuando a xingá-lo. – Mentiroso! Oportunista infame!


Desistindo finalmente de conter-se, O Weasley agora ria alto, espalhando o som por toda torre, como se estivesse na presença do mais engraçado palhaço de circo, como se esse também contasse as piadas mais sujas. Isso levava, aos pouquinhos, Hermione ao limite da irritação e do ridículo; ela já tinha gabas de socá-lo ao belo rosto sorridente.


- Agrh! – resmungou – Não tem noção do quanto o repudio! – aproximando-se da cama onde, para, confortavelmente, bolar de rir Ronald deitara-se, pronta para tirar-lhe a vida, ela berrou. – E, enquanto eu viver, dos seus dias farei um inferno! – bradou aos quatros ventos sua perigosa promessa.


- E das minhas noites, um paraíso? – o ruivo homem perguntou, gargalhando animado, na expectativa da resposta, no entanto, o que recebeu foram apenas fortes e enraivadas travesseiradas.




N/A: Olá, queridas leitoras e amados leitores! Cá estou eu de novo! Não disse que voltava?


Então, com mais um novo capítulo (que eu particularmente gostei muito), um pouco mais quente (notaram?) e bem mais engraçado!


O dia seguinte foi um meio conturbado. Hermione, pelo visto, arrependeu-se, chorou e, no fim, cedeu de novo! Essa mocinha está bem bipolar e abalada! Rony, pelo contrário, machista, ficou super felizinho! E zombeteiro também! Aparentemente, lamúrias e orgulho ferido não atingiram a ele.


Enfim, casaram, consumaram e agora? O que vem depois disso? Será que eles vão ficar assim mesmo? Paz à noite e guerra ao dia?


É o que vocês descobrem nos próximos capítulos (que espero logo escrever)! :D

Continuem lendo, acompanhando e principalmente comentando!


Muitas coisas ainda estão por vir no casamento que, realmente, começou agora!


Obrigada pelos que sempre estão aqui! Eu adoro vocês, pessoal!

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Comentários (12)

  • alline

    Continuo esperando a continuação,entro todo dia quase para ver se vc postou algo.......por favor continua!!eu vou continuar entrando e esperando por um continuação..=)

    2013-12-19
  • Karina G

    Adoreiii, mega ansiosa pelo próximo capítulo!

    2013-09-30
  • Karina G

    Adoreiii, mega ansiosa pelo próximo capítulo!

    2013-09-30
  • Lana Silva

    Eu amei. E estou louca por mais...Espero que a senhorita atualize, porque eu quero poder botar nessa fanfic "Ja li" um dia...Bem, o Ron foi ótimo nesse capitulo, ri horrores com ele e acho que todos riram porque foi maravilhoso. Você está de parabéns a fanfic está maravilhosa. Beijoos! 

    2013-06-12
  • lumos weasley

    Muito legal! Amei os dois como sempre trocando farpas! Espero que poste logo!Bjs! 

    2013-02-20
  • Louisy

    Alline, no momento eu to meio atarefada e sem cabeça para escrever! Como eu disse, as postagens vão ficar bem espaçadas, mas esse fim de semana começo a trabalhar no capítulo! :*

    2013-02-19
  • alline

    Continua,não pare na melhor parte,continua por favor...=)

    2013-02-17
  • alline

    Olá louisy,tudo bem??imagina,vc nunca me decepciona....a fic esta divina e eu estou louca pra saber quando sai o cap,como sempre entro todo o dia para ver se vc postou cap novo.

    2013-02-06
  • Louisy

    Olá, Alline! Muito obrigada! Já disse q adoro seus comentários, né? Eles sempre me animam muito! Desculpe decepciona-la, mas Mione n se conta do punhal n e msm se desse, acho q n teria coragem de machucar seu amado Roniquinho.  Mais uma vez, OBRIGADA! Espero n demorar mt com a continução :*

    2013-02-02
  • alline

    Amei o cap,muito engraçado e fofo.....não sei não,mas acho que ela vai encontrar o punhal ja que ela tirou o travesseiro......kkkkkkkkkkparabéns e aguardo a continuação....=)

    2013-02-02
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