A volta atrás



Capítulo 11 – A volta atrás


Fora das protetoras e grossas paredes de pedra do grandioso castelo de Otter, a noite tornava-se negra e misteriosa, repleta de amedrontadora escuridão e assustadores ruídos. Vindo junto a ela, uma rajada fria de vento adentrou pela porta acortinada da alta sacada, fazendo suavemente os tecidos que a cobriam dançarem e, como um importuno, a barra da longa camisola nupcial balançar, despindo, assim, vez ou outra e com recato, a pele alva dos meigos tornozelos femininos que prometia maciez, subindo-se mais um pouco...


Ainda parado, atônico, no canto onde se colocara ao entrar, o robusto varão, inegavelmente fascinado, observava aquele mero e simplório movimento que, no entanto, fazendo-o sentir-se inquieto e aflito como um adolescente púbere, era demasiado enlouquecedor para as ardentes labaredas presentes em seu corpo.


Fitando aquela que agora era sua esposa, de forma penetrante, murmurou Ronald baixo, na vã tentativa de ignorar o destruidor ardor que dele fortemente apossara-se e buscando, no seu intimo, autocontrole e força de vontade:


- Despreocupe-se – na voz rouca e grave, as palavras passaram-se muito bem por ironia, atormentando a donzela mesmo que a ordem fosse de tranqüilidade – Não tocarei eu num único fio de cabelo da mulher que me repudia. – desgosto transparecendo em seu semblante à lembrança do quanto àquela pequena podia ser cruel e ardilosa, Ronald findou com uma promessa de fácil quebra, e surpreendeu-se a reação dela. Ao contrário do que era esperado e, convenhamos, ansiado por ele, que nunca, nem a distância era aquilo, Hermione sorriu. Discreta, que assim fosse, e furtiva, aliviada por, ao menos na teoria, manter-se longe do fogoso homem e do poderoso enlaço.


- Deite-se! – o rugido que reunia em si toda a fúria e mágoa, anteriormente guardadas, ecoou pelas quatro paredes que limitavam o quarto silencioso. Rony, tendo a expressão transformada em carranca e o rosto em rubro pimentão, enraivara-se, de verdade, dessa vez. Afinal, que espécime de mulher era ela? Que, ao invés, de ser tomada por forte sentimento de desagrado e decepção, alegrava-se?


Trêmula, temendo-o, Hermione o obedeceu, decidida a não mais testá-lo, ao menos, não naquele momento. Aliás, por que rira debochada logo frente a ele? Não poderia domar seus músculos faciais? Havia o Weasley desistindo de sua decisão e, agora, tomá-la-ia brutamente?


Contundo, contrariando a precipitada constatação, enquanto a moça acomodava-se na cama, sob os macios lençóis, cobrindo-se até o pescoço na intenção de esconder-se dos olhares de soslaio, porém atrevidos lançados a ela e sentindo, de leve, o contato, embaixo dos fofos travesseiros, do seu punhal afiado, ali em sua proteção, Ronald permaneceu imóvel ao lado da porta onde se encontrava, não se encaminhou calmamente à donzela ou mesmo atacou-a de supetão.


Tendo o rubor subindo as faces, Hermione o estudava com apreensão e nervoso, esperando que, num mero piscar de olhos, o marido a agarrar-se como o animal feroz que era. Porém, ele, totalmente apático, ou tentando muito defeituosamente o ser, nem ao menos a fitava e, no lugar que estava, começou a despir tão lento que era quase torturante as luxuosas e caras roupas.


Os pesados tecidos, em diversas tonalidades de vermelho, eram vagarosamente retirados, caindo ao chão com leves baques e revelando, de forma discreta e calma, a firme pele branca dos musculosos braços, cobertos por alguns pelos ruivos e ondulados.


Ao passo devagar que aquilo se sucedia, tornava-se, no amplo cômodo, o único som audível a respiração cada vez mais acelerada da jovem que, inconscientemente, mirava-o com fervor e demasia atenção. Seus castanhos olhos estavam vidrados; sua pequena boca rósea, que o marido ansiava avermelhar mais ainda com calorosos beijos, fazia-se seca e seu coração palpitava veloz em seu peito. Mas, ao contrário dela, o Weasley, geralmente quem perseguia e atormentava com inconvenientes olhadelas, controlando-se, permanecia sem dá-la reparo.


Esse mesmo que, mandando às favas suas iniciais intenções de faze-lá suplicar, determinado finalmente a atiçar e provocar, pela primeira vez naqueles poucos segundos, pôs seus azuis olhos na esposa.


Como com uma corrente elétrica, enegrecidas pelo voraz desejo, as íris antes muito claras cravaram-se, com o costumeiro traço intimidador, nas dela que, atentas, o observavam. Arrepios e, mutuamente, calafrios percorreram o corpo feminino excitado; intenso, um calor apoderou-se de Hermione também, perturbando-a; abaixo do ventre, sentia uma consumidora necessidade, quase uma falta, de algo que, afinal, nunca possuíra; para fins, mesmo que fosse sua maior e dominante vontade, não pode, tão logo, afastar seu olhar do dele, que a instigava e prendia...


Rapidamente, de forma semelhante a quando encosta-se em algo particularmente pontiagudo ou leva-se um choque, despertando-se de sua sonhadora fantasia que não correspondia, em mínimo, a sua dura realidade, Hermione balançou confusa a cabeça, procurando distanciar indignos e indecentes devaneios, feridas para seu imensurável orgulho. E, constrangida, dando fim ao apaixonado flerte que mal começara, retirou seus olhos envergonhados do marido e de quaisquer partes provocadoras do mesmo.


Àquele gesto que apresentava a negação e o desinteresse que o varão sabia que a moça não possuía nas entranhas do seu ser, Ronald sorriu frouxa e maliciosamente. Por quanto tempo aquela resoluta megera, com suas defesas tão debilitadas, resistiria? Muito pouco, na reles opinião do vivido homem.


Deixando-se somente com uma simples calça de algodão, e sentindo o gelado vento bater em seu peito nu e trabalho pelos eventuais esforços que fazia, Rony dirigiu-se ao leito matrimonial à passos curtos e vagarosos, como um predador sedento que caminha paciente até a presa, enfim, domada e vencida. Porém, presa essa que, no infeliz caso do pobre homem, permanecia inflexível e fria, arrebitando seu narizinho e franzindo seu belo rosto aristocrático, ainda pronta para ignorar e lutar, se se fizesse necessário.


O homem, chegando a seu destino tanto adoravelmente imaginado, tendo o entusiasmo tomando-o por inteiro, deitou-se a fofura de penas que era a imensa cama de dossel e, ao tempo que o fazia, pode sentir o afastamento da Granger, apressado e repulsivo.


"Repudio, indiferença, nojo, talvez?". Presunçoso e machista, o Weasley devaneava, rindo em seus pensamentos. "Logo aquilo tudo seria substituído por algo bem melhor e prazeroso!".


Todavia, minutos depois, os desejos e loucos caprichos de Ronald findaram-se sendo apenas prepotente e exagerada ilusão masculina...




A jovem esposa, um pouco ainda temerosa e o mais distante possível do marido, agraciou aos céus quando o ruivo, ao seu lado, finalmente aquietou-se e, ligeira, apagou com um sopro a fraca chama da vela que queimava em sua mesinha de cabeceira. Fechou os olhos, algum medo e inquietação presentes nela, mas também preparo e agilidade para em qualquer momento talhá-lo a pele com a lâmina que debaixo de sua cabeça descansava escondida.


Ao passo lento que a lua cheia tornava-se alta no escurecido céu, sendo encoberta, às vezes, por cinzentas nuvens, para o Rony cada vez mais frustrado com sua solitária lua-de-mel, a noite fazia-se quente, aborrecida, desesperada, enfim.


Para dá piora a miserável situação, a única realmente culpada pela tormenta que afligia ao homem, agora virava-se tão perto dele, atentando-o. Dormindo, deitava as costas no macio colchão, ficando com a lisa barriga para cima e, inconsciente, roçava a roliça coxa, descoberta por razão do movimento, na peluda perna do Weasley, levando-o a querer agir sem ciência.


Através da chama bruxuleante, falhada até pela agitação do vento, da vela que na cabeceira o varão não apagara, podia, de forma detalhada, vê-la. Lentamente, seguindo a respiração compassada, pressionando-se suavemente contra o tecido fino da camisola, o jovem colo da mulher sua, pois sim, a vontade dominante de fazê-la apenas dele estava demasiada, descia e subia, o endoidecia, enquanto também o excitava.


- Hermione... – com voz embargada Ronald sussurrou, fazendo sua frase ecoar pelo vazio silêncio da torre, chamando a esposa que parecia tão serena já embalada nos seus sonhos ainda puros e inocentes. – Está adormecida? – baixo indagou simplesmente, como se quisesse somente iniciar uma conversa para entretê-lo em sua insônia.


- Não. – a jovem, remexendo-se, resmungou mal-humorada, contendo uma feia resposta pouca educada. – Por q...? – abrindo os olhinhos negros que nada conseguiam fitar no breu, começou ela, porém, sua questão foi esquecida, dando-se mais a atenção ao ato burro e repentino do enlouquecido homem.


Reclamando o que era seu igualmente a um ávido por justiça, tomou Rony com sua avermelhada boca urgente, como da primeira vez, os lábios delicados, deliciosamente surpresos de Hermione, que pega despreparada, nada mais pode fazer além de correspondê-lo com comparável ardor.


Em poucos e apressados instantes, os corpos dos dois já estavam embalados naquela sintonia tão perfeita deles, relevando-se as iniciais tentativas de agressivo distanciamento vindas da moça que, apenas com as mãos, não se lembrando da arma um tanto próxima, procurava afastar-se.


Ágil, antes mesmo que Hermione pudesse ou quisesse esquivar-se, o mais novo dos herdeiros Weasley pôs-se, não dando alternativa que não fosse à aceitação, sobre a frágil moça, sufocando-a. Não de uma maneira ruim, longe disso, pela primeira vez, sentia ela a força provocante e bruta de um desejoso amante.


As mãos de ambos, seguindo um ritmo frenético, passeavam sem pudor pela pele um do outro, arrancando vestes,acariciando, aranhando e apertando, causando inegáveis, e muitos, arrepios e gemidos. Os beijos, causadores de delírios, transcorriam-se com conhecimento, vontade e, principalmente, freqüência, que mau os deixava respirar que dirá à moça exclamar seus xingamentos e desgostos.


O ruivo caloroso, pelos seus toques e boca levava Hermione a proceder sem sensatez enquanto carregava seus lábios e mordidas aos alvos, como leite, seios da esposa, descobertos com pressa por ele. Fazendo-o, também murmurava-lhe rasas promessas e elogios.


- Oh... - sussurrou Hermione ofegante como já vinha fazendo – Oh, Ronald... Por favor... – aquelas primeiras palavras coerentes e entendíveis chamaram atenção masculina receosa, tornando-o temeroso e rígido ao olhar para o rosto contraído dela. Aliás, podia muito bem não querê-lo e ele não era do tipo de forçava pobres moças donzelas. – Mais. – abrindo seus olhos que refletia o fervor e o desejo presentes em si, a Granger disse direta, atiçando-o mais ainda ao puxá-lo pela nuca, em direção ao seu colo, para que lá continuasse o interessante trabalho que fazia.


Ronald sorriu, antes de atendê-la. Para quem o odiava, estava se saindo muito bem!


Em instantes, as poucas e finas roupas foram despidas, perdendo-se no chão quando arremessadas em direção a este. O casal, cheio de vigor, era animado por injeções constantes de energia e ardores, derivadas de todo aquele ódio inexplicável de tantos anos e de vontades loucas ultimamente reprimidas. As carícias eram profundas e atrevidas. O silêncio, anteriormente constrangedor, era quebrado por sussurros satisfeitos e atiçadores. Por fim, tornaram-se os dois malucos.


Tomado por essa insanidade e despreocupação, que o fazia achar ser tão benquisto e aceito, imerso num ímpeto de calor e puro desejo, Ronald, finalmente, não se antes beijá-la longamente na tenção de a preparar, invadiu-a naquele recanto imaculado e úmido, rompendo assim a fina película que provava como a jovem era tão pura quanto uma flor e fazendo irromper da pequena e rosada boca um grito estridente e choroso, acompanhado de duas grossas lágrimas escorridas pelos cantos dos lindos olhos.


Como nunca tão preocupado com uma alma feminina, murmurando-a consolos e a acarinhando entre seus movimentos lentos e rítmicos, Rony pode retirar Hermione do desconfortável mundo que lhe nublava as vistas e transformar seus gritos de dor em gritos de amor.


Deste modo, tendo a jovem tranquila e totalmente entregue, as investidas masculinas tornaram-se fortes, sôfregas, levando-os ao suor e ao limite.


- Diga que não quer isso! – o ruivo suarento e cansado rugia, levando-a junto consigo na sua rápida agitação e desafiando-a a negar todo aquele prazer e contato. – Diga que não quer isso! – e repetia, na sua insistência, para a mulher que nada respondia, afundada demais na sua satisfação, mas que, podendo dar-lhe uma resposta, provavelmente por ele imploraria.


Meio a tudo aquilo, beijos e provocações, abraços e súplicas, aos poucos, se aumentado a intensidade e a conexão, puderam eles, resfolegando, chegarem ao ápice, embarcando no simples prazer, vívido, assolador, inimaginável, dono, por segundos, dos sentidos e dos corpos.


Sonolenta, com a breve impressão de que qualquer movimento um pouco mais brusco causaria incomodo, Hermione não ofereceu qualquer resistência quando puxada, para o peito do marido, pelos fortes braços do mesmo.


- Agora, descanse. – murmurou rouco Ronald, relaxado por sua conquista e por seu desejo saciado, enquanto a envolvia a delgada cintura, acariciando-a aos cabelos cheios e desgrenhados.


Aninhados, contra o frio e pela recente paixão, como nunca antes pensavam que estariam, caíram sem demora em um sono solto. Livres de aversão, ódio e repulsa. Libertos de brigas, reclamações e xingamentos.


Por enquanto.




N/A: Olá, gente! :D


Para começo, não, eu não abandonei a fic; estou viva e continuo a escrever.


Eu sei que todos vocês devem está querendo me matar, sumi por dias e ainda parei em uma parte mega curiosa da história. Mil desculpas. Explicações, na próxima página.


Bem, já que estamos aqui, vamos falar do que aconteceu nesse capítulo, do qual eu particularmente não gostei muito, mas também não podia enrolar mais com ele. Não é que, finalmente, aconteceu? Kkkk


Espero que tenham gostado! Um pouquinho mais quente, com Hermione esquecida de punhal e todo resto (e como não poderia?) e Rony... Bem, Rony é Rony (próximo capítulo, ele está demais! Acho que me apaixonei pelo meu próprio personagem!)


Como prometi, o aviso tão esperado! Na página seguinte.


Agradeço muito quem está lendo e curtindo! Emoções à vista! Continuem acompanhando!


Muito em breve, "A negação", aparentemente, a lua de mel não vai durar tanto...



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Comentários (5)

  • Lana Silva

    Ahhhhhhhhhh eu acho que logo virão mais brigas...Mas vamos curtir esse momento dos dois. Algo que tinha que ser mágico e foi e que felizmente nenhum dos dois fez questão de estragar. Eu amei o capitulo, você escreveu divinamente e arrasou.Beijoos! 

    2013-06-12
  • Louisy

    LIANA! Td bem com vc? A deixei sem palavras? É sério, todos vocês (leitores), deveriam parar com isso! Acabarei iludida! kkkk Muito obrigada! :D Com Rony tão desejoso, Hermione teve msm que acabar sucumbindo, mas a continuação dessa hisória n será tão boa! Agora, eles estão realmente mais próximos e o Weasley parecer querer esquecer de todo o ódio e pensar em outra coisa... Mais uma vez obrigada! Ficou agradecida por continuar lendo, gostando e comentando! Próximo capítulo, n tão tarde! Beijos!

    2013-01-26
  • Annabeth Lia

    UAU! não há mais palavras pra descrever kkkk, este capitulo sem duvidas foi incrivel! Mione finalmente se entregou ao amor, mas nós duas sabemos que isto não sera tão facil assim como imaginado, Ron não perde por esperar, adoreio capitulo, voc~e sem duvidas tem um grande talendo na escrita!Beijos e vou esperar ansiosa a continuação da história! 

    2013-01-25
  • Louisy

    Oi, Lumos! Ahh, que bom que gostou! Eu realmente, realmente não o fiz! Mas estou demasiadamente agradecida por vc continuar lendo, elogiando, comentando... Muito orbrigada! Beijos e até o próximo capítulo!

    2013-01-25
  • lumos weasley

    Amei o Capítulo você escreve D+ é muito boa com as palavras e consegue manter a atenção do leitor, poucos autores conseguem isso parabéns!Bjs! 

    2013-01-24
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