Perdida nas Trevas



Hogwarts, 28 de outubro de 1981
    Sheeba esperava ansiosa pelo professor Dumbledore. Seguira exatamente para onde sua intuição a levara, mas chegara tarde demais... encontrara apenas restos de uma batalha entre dois bruxos, onde um dos quais se ferira bastante.. . Severo Snape. Chegara ansiosa a Hogwarts, encontrando o lugar estranhamente calmo... Dumbledore levara Snape para a enfermaria, ela estava acompanhada de Frank Longbotton, um auror. Ela nunca ia sozinha atrás de alguém, ela não era especializada em combates... Frank estava nervoso, ele não podia perder tempo ali...

    Enquanto isso, Sirius começava o seu plano particular... há três dias ele soubera a localização exata da casa de Lílian e Tiago, e era para lá que se dirigia...  desde que Pedro aparecera para salvá-lo da criatura de Voldemort, ele mantinha contato com ele, e ele lhe dissera coisas. Há pouco mais de uma semana ele se encontrara com Remo, e este disse a ele que sabia do feitiço do segredo que ele estava preparando. Achou estranho, somando isso à desconfiança que vinha sentindo de que realmente ele era o traidor, tomara uma decisão... agora precisava convencer Lílian e Tiago que essa era a solução. Pedro estava bem escondido, como ele... se Voldemort fosse atrás de alguém, seria dele... e ele sabia se defender. O melhor seria trocar de lugar com Pedro... se Remo era o traidor, ia dar a pista falsa a Voldemort. Ele não tinha medo de morrer, queria apenas casar com Sheeba primeiro, queria que pelo menos se ele morresse, ela pudesse usar seu nome.

    O professor Dumbledore apareceu surprendentemente calmo e dispensou Frank Longbotton, que saiu apressadamente para cumprir outros compromissos. Sheeba encarou o professor:
-    Professor... o que houve?
-    Bem... Severo Snape tentou me matar.
-    Isso eu já sabia... mas ele levou a pior, certo.
-    Perfeitamente.
-    O senhor dispensou o auror... ele tinha que levar Snape preso... o Ministério...
-    Sheeba... eu me entendo com o ministério.
-    Professor, o senhor está protegendo Severo Snape?
-    Estou, estou protegendo-o dele mesmo.
-    Eu não entendo.
-    Venha comigo.
Dumbledore levou Sheeba até a ala hospitalar. Deitado numa cama, pálido e desacordado, lá estava Severo Snape. Uma das mangas da veste estava rasgada, a marca negra aparecia translúcida sob as vestes rasgadas. Dumbledore ordenou que ela tocasse Snape, havia dez anos que o tocara pela primeira e última vez e naquela ocasião ela vira arrependimento no futuro. Quando tocou a marca negra, Sheeba surpreendeu-se.
-    Não sei como o senhor fez isso. Mas ele de alguma forma mudou de lado. – Dumbledore sorriu.
-    Nos próximos dias, ele vai trabalhar para nós, fazer trabalho de contra espionagem. Ele achava que só o martelo tem valor, agora, vai aprender a importância de ser a bigorna.
-    Professor, mais uma coisa – Sheeba contou a Dumbledore sobre Irina, a mulher que aparecera procurando uma pista de Snape.
-    Irina Iacovitch – ele disse – formada em Durmstrang, o ministério estava procurando-a... ela deve ter se disfarçado para chegar até você. Seu corpo foi encontrado esta manhã, Sheeba, o Lord das Trevas mandou eliminá-la.
-    Porque ela se arrependeu e abandonou os comensais? Dumbledore abanou cabeça lentamente.
-    Meu Deus... ela estava grávida de Snape.
-    Por favor, Sheeba, não fale disso para ninguém... nunca. Promete?
-    Prometo.

Sirius sorria satisfeito. Estava feito, conjurara o feitiço Fidelius e agora, o segredo de onde  os Potter estavam era guardado com Pedro... ninguém saberia que ele não era o fiel do segredo, ele conseguira esconder isso até mesmo de Sheeba, sentia um pouco de remorso porque ela pedira mil vezes que ele não deixasse de ser o fiel do segredo, mas ela não conhecia Pedro como ele conhecia. Embora fraco, Pedro mostrara coragem ao aceitar ser o fiel do segredo. Anoitecia, era hora de levar Pedro para o esconderijo dele, depois, esconder-se até o dia seguinte e depois de verificar se tudo estava bem. Quando Sheeba voltasse, iria com ela até o Ministério e eles se casariam... quando tudo estivesse mais tranqüilo fariam uma cerimônia decente... agora o importante era garantir que nada acontecesse à família do seu melhor amigo.

As horas haviam passado e Sheeba não havia percebido, anoitecia e era hora de voltar ao Ministério, em dias teria que depor a favor de Snape, dizendo que ele podia garantir que ele mudara de lado. Ele já deixara Hogwarts, estava bem, agora iria encontrar-se com seus companheiros... ela via, apertando o anel dele que ficara com ela, que ele iria ajudar a prender vários aquela mesma noite. Então viu sua jóia de comunicação piscar e apagar-se... ela não viu o reflexo da professora Viviane na jóia e um pressentimento a assaltou... mesmo sabendo que tinha que tentar comunicar-se com Sirius para saber como ele se saíra com o feitiço Fidelius, Sheeba correu pelas escadas até a torre Norte, onde invadiu a sala de advinhação e pegou sem pensar muito, uma pena que pertencia à professora.
Não havia muito tempo agora, correu na lareira e jogou um pouco de pó de flu, chamando o ministério e pedindo um auror o mais rapidamente o possível... a professora corria perigo.

Demorou quase três dias para que eles finalmente chegassem à floresta inacessível onde Voldemort escondera a professora Viviane. Sheeba estava acompanhada de Avatar Fernandez, um auror espanhol baixo e forte, embrenhando-se na densa floresta, Sheeba sentia que estavam cada vez mais próximos, mas eles precisavam ser silenciosos, se queriam surpreender os Comensais da morte...Sheeba achava que Voldemort queria saber algo sobre alguma profecia...Viviane sabia muito sobre profecias antigas, além de ter o toque de Cassandra, era mais vulnerável que ela, que quando não estava no ministério, estava sempre com algum auror e tinha seu apartamento protegido por alguns feitiços... tinha que chegar a tempo, não podia permitir que o que vira na sua primeira aula com Viviane se cumprisse...
Mas chegaram tarde. Quando finalmente encontraram Viviane Lake, ela parecia morta, as vestes cinzentas ensangüentadas, caída no chão... havia sangue dela por toda parte, nos cabelos, nas mãos... de seus olhos saía sangue, vertendo continuamente como lágrimas vermelhas. Sheeba correu até ela ao ver que a professora estava ainda viva, a um passo da morte, mas viva.
-    Sheeba... eu sabia que você viria.
-    Professora, não fale... a senhora está fraca.
-    Não adianta me poupar agora – ela disse com uma força febril aparecendo nos olhos de onde escorriam lágrimas de sangue – Voldemort usou em mim o feitiço Blasfemus... eu vou sangrar até morrer... mas preciso te dizer uma coisa... ele me pegou porque queria saber sobre a profecia que eu fiz quando previ sua ascensão... ele vai cair, Sheeba, eu pude tocá-lo... ele vai cair esta noite, não tenha dúvida – era inacreditável, afinal Sheeba sabia que ele atingira o poder máximo.  – eu vi quando toquei-o... tire a jóia de comunicação de meu pulso, o olho de tigre, guarde-o. Zara me disse que eu daria a uma como ela... eu sei que você vai guardá-lo com você por muitos anos...adeus, Sheeba. –
 Viviane entrou em sofrimento de morte, o sangue que saía de seu corpo sem parar manchava as vestes de Sheeba, não havia mais nada a fazer por ela. Então, com um som profundo e gutural, ela morreu. Sheeba tirou a jóia do pulso inerte da professora e lentamente o pôs no seu... não adiantara de nada, vira a morte dela com dez anos de antecedência e não pudera evitá-la. Mas ela dissera que Voldemort cairia naquela noite...como acreditar?
Não sabia o que fazer, repentinamente a sua cabeça esvaziara-se e ela esqueceu por um instante Lílian, Tiago, Sirius... só existia sua falha. Ela e Avatar encantaram o corpo de Viviane para que fosse mais fácil de transportá-lo e o levaram até Hogwarts, a viagem de ida fora difícil, mas agora podiam aparatar com tranqülidade... estava amanhecendo, Sheeba não dormia há mais de 48 horas, estava exausta, com as roupas ensangüentadas... precisava dormir, precisava esquecer... Sirius estava cuidando de Lílian e Tiago... ela não precisava se preocupar. Pediu a Dumbledore que conseguisse um quarto para ela, e desabando na cama, adormeceu profundamente... quando acordou, tudo já havia acontecido.

Abriu os olhos e ouviu uma voz perto dela. Era madame Pomfrey.
-    Sheeba minha querida... ainda bem que você acordou...
-    Papoula? Hã? Quanto tempo eu dormi?
-    Quatorze horas.
-    Ah, não... porque deixaram... eu preciso avisar ao ministério... eles devem estar loucos atrás de mim – Sheeba fez menção de levantar mas madame Pomfrey a deitou novamente.
-    Fique aí... eu vou avisar ao professor que você acordou – assim que ela saiu, Sheeba levantou-se e pôs a veste agora limpa, que alguém pusera ao seu lado na cama. Pela janela podia ver que já anoitecera, pôs a capa e preparava-se para sair quando Dumbledore apareceu na porta. Tinha uma expressão grave.
-    Professor, porque o senhor deixou que eu dormisse...
-    Você procurou Viviane por quase três dias, tinha que repousar. Eu achava que estaria tudo bem... – um sinal de alarme soou na cabeça de Sheeba e ela sentiu repentinamente a boca seca.
-    Aconteceu alguma coisa.
-    Sim... eu mandei Hagrid ir na frente... eu fui avisado que aconteceu algo terrível.
-    Com...quem?
-    Lílian e Tiago Potter...
-    Ah, não... como?
-    Não tenho certeza... preciso descobrir primeiro... – Sheeba lembrou-se de algo:
-    Harry? O bebê?
-    Tudo indica que ele está bem... mas os pais foram mortos. – Sheba caiu sentada sobre a cama, como se repentinamente nada mais fizesse o menor sentido... não era possível... o feitiço, o segredo.
-    Mas, Sirius não fez o feitiço?
-    Fez... Tiago me avisou pela lareira assim que acabaram...
-    Então, como? – os olhos claros do professor perscrutaram os dela, e vendo a perplexidade ele disse:
-    Sirius nos traiu.

Sheeba foi veementemente impedida de sair de Hogwarts... o professor acreditou quando ela disse que não vira Sirius como traidor em nenhum momento, mas deixou-a lá, segundo ele para seu próprio bem. Quando ele retornou, já era a manhã do dia 2 de Novembro e ela correu ao encontro dele. Ele a levou para sua sala e disse:
-    Sheeba... Sirius foi preso.
-    Não! Não é possível! Ele não pode ter feito isso. Sirius é inocente, ele não teria me enganado o tempo todo.
-    Escute.. Ele matou, Sheeba.
-    O quê?
-    Matou treze pessoas... uma deles era um dos seus melhores amigos.
-    Remo?
-    Pedro Pettigrew.
-    Mas, como?
-    Pedro o encontrou e encurralou. E ele matou. Eu estive com ele... ele está... insano. Acho que foi a queda de Voldemort... – houve um baque, Sheeba levantara-se e batera na mesa:
-    Ele não seguia Voldemort! Eu fui a pessoa mais próxima dele por três anos! Será que o senhor não entende? Eu conheço Sirius melhor que ninguém!
-    Sheeba, sente-se e escute! – ele ordenou, baixo, mas tão inflexível que foi para ela impossível não obedecer. – Sirius enlouqueceu. Ele fica repetindo apenas “matei, matei... Lílian e Tiago, matei...” e ri. Quando matou Pedro, ele riu... tudo depõe contra ele. Eu perguntei a ele se você sabia e ele disse que era lógico que você não podia saber... ele disse que escondeu tudo. Tome – ele entregou a ela a aliança dele – isso ia ser confiscado, mas ele me entregou e disse que pertencia a você – Sheeba olhou a aliança. Não queria tocá-la... não queria descobrir que Sirius, o seu Sirius, era na verdade um criminoso. Mas estendeu a mão num impulso e fechou-a sobre a aliança... havia algo ali. Um pensamento a assaltou, quando focalizou o presente de Sirius... havia gelo de confusão. Olhou para o professor e disse:
-    Eu quero ir ao esconderijo dele. Deve ter algo lá que o denuncie.

Quando chegaram ao esconderijo, Sheeba não precisou procurar muito para achar um cubo de gelo de confusão com uma mecha de cabelos negros. Encarou o professor e levando o gelo para a pia, derrubou sobre ele uma garrafa de água que trouxera, a água do grande lago mágico de Hogwarts, capaz de dissolver qualquer gelo de confusão. Em poucos minutos, na pia havia só uma mecha de cabelos negros molhada. Ela virou-se para o professor e disse:
-    Quero ir ao local onde ele foi preso... preciso ter certeza que ele fez o que fez.
A nota fria e metálica na voz dela deixava Dumbledore tristíssimo. Ele a levou ao lugar onde Sirius havia sido preso naquela madrugada, dezenas de aurors disfarçados de operários e peritos, apagavam as memórias das testemunhas, para simular uma violenta explosão de gás. Ela olhava tudo. Tocou uma pedra no chão e pôde ouvir a gargalhada alta dele.. não era possível que fosse Sirius. Então, encaminhou-se para os corpos e tocou um por um... doze..  pavor, medo, gritos, nenhuma memória elucidativa, apenas o óbvio. Onde estava o corpo de Pedro Pettigrew?  Alguém trouxe uma caixa, e de dentro, uma coisa ensangüentada... ela reconheceu um dedo. Era mesmo de Pedro Pettrigrew? Ela estendeu a mão e tocou o dedo sanguinolento... fechou os olhos... claro, havia gelo de confusão... mas ela já dissolvera o gelo de confusão... repentinamente, uma coisa clareou-se em sua mente... nenhum gelo de confusão podia esconder aquilo... o dono daquele dedo estava vivo!

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