Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomead



Os dias de sonho em Paris em breve terminariam... eles gostavam de sair durante o dia para passear pela cidade, e se permitiam até algumas brincadeiras idiotas, como saírem com o outro transformado em animago preso por uma coleira... se ele transformado em cão era assustador, ela, mesmo não virando um tigre muito grande, era suficiente para pôr em fuga qualquer trouxa quando ele a conduzia tranqüilamente pelos Champs Elisès.
    Ninguém sabia que eles estavam ali, e eles não imaginavam estar correndo perigo algum... então no dia 28 de dezembro Sirius implorou a ela que fossem assistir uma partida de quadribol...ela não ligava muito para o esporte, mas ele não queria perder a disputa da taça  européia interclubes entre o seu time, o inglês Fireball Lancers e o francês Les Dragons Bleu. Depois de muita insistência, Sheeba  passou por cima dos seus maus pressentimentos e deixou-se levar por uma floresta até um escondido estádio de quadribol em Nantes, que para os trouxas tinha o aspecto de uma fábrica abandonada.
    Sheeba ainda lutava com uma desconfiança ruim... não era de ter pressentimentos sem toques, mas aquele a acompanhava desde o primeiro momento em que ele falara no jogo, ela ao mesmo tempo que não queria ir, pensava que de alguma forma tinha que estar naquela tarde naquele estádio... era sua obrigação.
    Quando eles chegaram ao estádio, encontraram Lílian e Tiago, acompanhados dos pais dele, que perguntaram pelos pais de Sirius, que disse displicentemente que ele e Sheeba tinham ido sozinhos para a França. Sheeba corou um pouco e Lilian deu-lhe um significativo olhar. O jogo ainda não havia começado quando aconteceu.
    Cerca de vinte bruxos encapuzados vieram pelo céu em vassouras voando a toda velocidade, gargalhando, diante da platéia espantada. Repentinamente, um deles lançou um feitiço proibido e um bruxo na platéia caiu morto, o pânico se alastrou pelo estádio, algumas pessoas que estavam com crianças começaram a correr. O pai de Tiago disse à sua mulher:
-    Leve-os daqui, agora!
-    Nós dois vamos ficar, pai – disse Tiago olhando para Sirius – somos maiores de idade. – ele ao mesmo tempo sacou a varinha junto com Sirius e eles ficaram olhando para o céu, tentando como centenas de outros bruxos, derrubar um dos ágeis comensais da morte que subiam e desciam no céu.
    Sheeba e Lilian, junto com a mãe de Tiago, procuravam correr para cima, onde ficavam as saídas do estádio, evitando a multidão em pânico. Repentinamente a mãe de Tiago disse uma palavra e conjurou uma proteção sobre elas e algumas pessoas que estavam em volta. Um dos comensais da morte havia feito desabar um pedaço do reboco do teto. A mãe de Tiago sustentou o pedaço gigantesco até que Sheeba e Lílian juntas gritaram, apontando as varinhas:
    - Reparo! – o pedaço de reboco voltou ao teto, fixando-se no lugar. Sheeba olhou em volta e viu que os bruxos das trevas estavam em fuga, um deles estava caído, estuporado, no centro do estádio... havia pessoas mortas no estádio, e com certeza, centenas de feridos. Sheeba procurava Sirius, Tiago e o Sr Potter na multidão até que os viu são e salvos subindo a escada até onde estavam, e suspirou aliviada. O Sr Potter seguiu adiante e disse a eles que saíssem com calma e o esperassem, mas Sirius e Tiago, ignorando a ordem foram atrás dele.
    Demorou cerca de duas horas para que elas os encontrassem novamente. O Sr potter disse para Sheeba:
-    Você e Sirius vão ficar em nossa casa esta noite, eu sei que vocês se acham adultos, mas não é seguro deixar dois jovens imprudentes por aí enquanto Voldemort  anda solto... esta tarde do nada ele mandou matar aleatoriamente... doze pessoas... vocês perderam dois colegas de escola... um foi morto, outro foi apanhado.
-    Quem morreu? – Lílian perguntou
-    Um rapaz do sexto ano, não sei o nome... o comensal apanhado é que surpreendeu a todos, um garoto, da idade de vocês.
-    Quem?
-    Henry Valmont – disse Tiago entredentes, lembrando-se que ele fôra namorado de Lílian.

    Muitas horas depois, eles estavam na sala da casa dos Potter, o pai de Tiago, Sr. Andrew Potter, explicava a eles o que vinha acontecendo há meses.
-    Eu estive conversando com um jovem auror, creio que seu nome é Frank Longbotton, ele esteve em Hogwarts creio que até o ano em que entraram.
-    Sim – disse Tiago – ele era  monitor chefe no ano que entramos.
-    Já foram notificados mais de quinze desaparecimentos este semestre... as pessoas somem, os aurors estão desconfiados que Voldemort aprisiona quem julga ter alguma utilidade, depois os mata sem piedade... ele quer poder, dizem que seu rosto mudou com tantos rituais e objetos que ele incorporou, mas há cerca de um ano que ninguém que o vê sobrevive... ele fomentou em torno de si esta história de “o que não pode ser nomeado”... sigam a orientação de Dumbledore... não o chamem “você sabe quem”... vocês viram a reação de pânico no estádio hoje? Eram vinte bruxos, se não houvesse pânico, os aurors presentes teriam prendido todos eles... o medo é uma arma para Voldemort.
-    Eu não tenho medo dele, pai. – Tiago olhou o pai que sorriu orgulhoso.
-    Nem você nem Sirius. – o homem deu um sorrisos para Sirius, as rugas em seu rosto de quarenta e poucos anos se acentuaram – Sirius... seu pai é mais velho que eu, mas o conheço bastante bem, realmente não concordo com várias coisas que ele pensa a seu respeito, você sabe a que me refiro... mas não é prudente fugir com uma moça nestes tempos atuais, não quero imaginar o que poderia ter acontecido a vocês se Voldemort soubesse como a última pitonisa andara vulnerável pelas ruas de Paris... fiquem aqui até o fim dos feriados, por favor... você devia ter avisado ao seu pai onde estava.
-    Meu pai não se importa onde eu estou, tanto faz Hogwarts, Londres, Nova Iorque ou debaixo da terra. O filho que ele preferia está morto... o senhor sabe de tudo não sabe? Da maldição e tudo mais... ele me escolheu para ser o vampiro da família, não ia ligar se Voldemort me pegasse. Com licença.
    Sirius saiu da sala, acompanhado pelos olhos diligentes de Andrew Potter. Ele sabia o quão mal o velho Caius Black havia feito aos dois filhos... percebeu pelo olhar de Sheeba que a garota sabia mais sobre a história que o próprio Sirius, e desejou ardentemente que a maldição não se cumprisse... Sirius Black seria um grande bruxo, não podia jamais se tornar um vampiro.
    No meio da noite, Sirius invadiu o quarto de Sheeba, que acordou assustada:
-    Sirius... isto não está certo, estamos na casa dos pais de Tiago.
-    Não me expulse... os pais de Tiago esperam que eu faça isso, ou eles imaginaram que eu ia realmente ficar longe de você? Não se sinta tão culpada, Tiago provavelmente também invade o quarto de Lílian durante a noite...
-    Será que nós realmente estivemos em perigo em Paris?
-    Quem sabe? Dentro de dois dias estaremos de volta a Hogwarts e a notícia sobre Valmont vai correr a escola... um comensal em Hogwarts.
-    Talvez ele não seja o único.
-    Não se preocupe com isso... nenhum deles vai agir em Hogwarts... pelo menos não enquanto Dumbledore estiver lá...
-    E é por isso...
-    Por isso o quê?
-    Lembra-se do nosso primeiro Natal em Hogwarts?
-    Quando brincamos de guerra de neve? – um sorriso apareceu nos lábios dele.
-    Sim... eu contei sobre o que vira  quando toquei Dumbledore... e nós nos questionamos porque de matar o diretor... Voldemort quer algo que está em Hogwarts.
-    Ou a própria Hogwarts... mas nunca vai conseguir com Dumbledore por lá.
-    Isso podemos ter certeza – ela disse tentando sorrir para ele.
    Os meses seguintes voaram. Surgiam notícias ruins a toda hora, era difícil concentrar-se nos estudos imaginando o que os aguardava logo assim que se formassem, Sheeba começou a notar que cada vez mais pessoas se referiam a Voldemort como “Você-Sabe-Quem” e “O que não deve ser Nomeado”, e se irritava com isso. Numa ocasião surpreendeu Sirius dando uma bronca alta em Pedro Pettigrew porque o garoto se referia desta forma ao bruxo.
-    Que espécie de homem é você, Pedro?
-    Sirius, temos que ter respeito pelo poder dele ou acabaremos todos mortos... ele é terrível.
-    Mas não é onisciente, seu banana, ele não vai ligar se você chamá-lo de Voldemort aqui...  – subitamente Sirius gritou: - EI, VOLDEMORT, VOLDEMORT... PEDRO TEM MEDO DE VOCÊ!!!!
-    SIRIUS PARE COM ISSO! – Pedro saiu de cara feia e Sirius ficou rindo.
-    Que cara idiota.
    O fim do curso se aproximava e os exames com os Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia, mais as provas de Sheeba como animago... ela não tinha muito tempo para namoro... nem Lílian. Era irritante ver como Sirius e Tiago pareciam fazer questão de nos últimos meses parecerem realmente mais indisciplinados que nunca... Talvez porque eles sabiam que quando acabasse a escola, eles seriam convocados para a Ordem, e isso significava entrar no combate direto a Voldemort... não havia tempo para formarem-se aurors, eles teriam de sair diretamente da escola para o combate.
    Uma tarde de sábado, Sheeba ia tranqüilamente andando pelo corredor do sexto andar à procura de Sirius quando uma mão saiu de dentro de um armário de vassouras e a puxou para dentro. Ela deu um grito no exato instante que uma outra mão cobriu sua boca.
-    Lumos! – a voz risonha de Sirius a deixou furiosa.
-    Porque você fez isso, Sirius?
-    Queria privacidade, oras..
-    Dentro de um armário de vassouras?
-    É mais emocionante... Tiago me deu a dica...
-    Sirius! Eu vou gritar... tire essa mão daí.
-    Pode gritar à vontade, Pitonisa... eu isolei o armário para que não saísse som... ser um bruxo tem muito mais vantagens que desvantagens...
    Cerca de meia hora depois Sheeba conseguiu sair do armário, alisando as vestes, oscilando entre uma fúria insana e uma vontade louca de rir. Sirius deu um tempo para sair também e teve pouca sorte... no instante que saía do armário deu de cara com Filch.
-    Muito bem, senhor Black... pode me dizer o que estava fazendo aí dentro?
-    Nada de especial... guardando uma vassoura – disse com o sorriso mais inocente que sabia fazer, o que não convenceu muito Filch. Ele começou a revistar os bolsos de Sirius até que seus dedos se fecharam sobre um pergaminho... ele puxou-o do bolso da veste de Sirius e disse:
-    O que é isso?
-    Um pergaminho vazio, oras – Sirius disse, intimamente preocupado... ele não podia perder o mapa.
-    Hum... deixe-me ver... acho que vou rasgar essa coisa – “não faça isso” –Sirius apenas pensou. – O que é essa coisa? – perguntou Filch já cheirando o mapa. Letras apareceram na superfície do pergaminho:
    “Os senhores Aluado, Almofadinhas, Rabicho e Pontas avisam ao Zelador Filch que este  pergaminho se autodestruirá com uma violenta explosão em 10...9.....8...” Filch largou o mapa com medo no chão e Sirius balançou a cabeça nervoso... quando a contagem chegou em zero, letras garrafais apareceram escritas na frente do mapa: “HAHAHAHAHA! Acreditou, seu trouxa!!!!!!”
    - VOU CONFISCAR ESSA COISA! – Filch gritou furioso e levou o mapa embora. À noite no dormitório os outros marotos reclamaram com Sirius:
-    Deu muito trabalho fazer... eu disse que a idéia da mensagem de autodestruição não era boa – disse Pedro, revoltado.
-    Ah, não enche... você foi o que menos trabalhou no mapa... e além do mais já sabemos ele de cor, inteirinho. – respondeu Sirius, mas também chateado pela perda do mapa.
-    Mas ainda assim, é uma pena – disse Remo, com um suspiro – era uma relíquia de Hogwarts... vou sentir saudades daquele mapa.
    Remo não sabia, mas sentiria saudadas de muitas outras coisas nos anos seguintes.

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