Sirius Faz uma Besteira



    Foi aquele assassinato que desencadeou a onda de pânico que se seguiu. Dumbledore como diretor de  Hogwarts conseguira preservar o segredo de Remo. Para todos os efeitos, o pai de Leda impedira o namoro porque ele era pobre. Também Dumbledore conseguiu impedir que aquilo tirasse Sheeba de seus estudos, ela precisava continuar em Hogwarts, até mesmo para ter paz... ele a cobriu também com feitiços protetores... não era para qualquer um desvendar um assassinato como aquele e continuar vivo. A professora Viviane conjurou um feitiço Fidelius, tendo Dumbledore como fiel do segredo, para proteger Sheeba e sua família.
    Mas ao contrário do que se imaginava, não aconteceu mais nenhum assassinato naquele verão... ele só quisera mostrar uma parte de seu poder... mas uma coisa intrigava Dumbledore, ele achava que só podia haver um traidor em Hogwarts, provavelmente um aluno, mas quem aderiria ao Lord das Trevas tão jovem?  Isso foi levado ao conselho diretor e descartado, ninguém acreditava que bruxos menores de idade fossem adeptos de Voldemort. Apesar de tudo, a calma aos poucos foi restabelecida.
    A única alegria de Sheeba durante aquele verão, foi o dia em que se encontrou com os marotos e Lilian no Beco Diagonal para comprar as vestes novas e o material do sexto ano em Hogwarts. Lilian era agora uma moça realmente linda e alta, de olhos verdes, chamava atenção onde passava e as duas continuavam amissíssimas... foram juntas  comprar as vestes e aproveitaram para comprar suas vestes de gala na loja de Madame Malkin... os garotos foram expulsos por elas da loja este momento, e foi quando Remo deu o primeiro sorriso desde o começo do Verão. Sheeba comprou uma veste vermelha que ela achou estupidamente cara (sete galeões!!!! Metade do que economizava num ano ia agora num mísero vestido).
    Mas ao experimentá-lo, achou que valia a pena... era lindo. Uma veste vermelho-sangue, como ela nunca usara, que assentara-lhe magicamente, revelando cada curva de seu corpo esbelto, completou com um par de botas de couro de dragão vermelhas que custaram-lhe mais seis galeões...com o broche de prata em forma de águia, lá se foi a economia de um ano. Ela olhou a pulseira de olho de tigre que recebera da Professora Viviane no dia em que desvendara o assassinato de Leda. Combinava com o resto. Não precisaria tirar sua jóia de comunicação para ir ao baile. “Esse ano você não me escapa, Sirius Black”  - ela pensou.
    Quando as aulas começaram nem parecia que houvera um assassinato no início do verão parecia mais um ano letivo normal, com a cerimônia de seleção e tudo mais... Sheeba sentia-se bem, mesmo notando que todos evitavam pronunciar o nome de Leda... ela sabia intimamente que ela não era a primeira nem seria a última a morrer pelas mãos do Lord das Trevas, mas evitava pensar nisso, ela só queria esse ano era ser feliz... sem medo e sem culpa.
    Mas havia um bando de pessoas disposta a manter viva a lembrança da morte de Leda... a gangue da Sonserina. Repentinamente, Severo Snape tornara-se alguém disposto a falar, e sempre que estava perto dos garotos da Grifnória ele insinuava que Remo era o assassino de Leda... o que deixava principalmente Tiago e Sirius furiosos... mas Tiago era muito mais ponderado e equilibrado que Sirius, que via de regra seguia seu primeiro impulso. Uma tarde de sábado, eles estavam aproveitando os últimos raios de sol sentados na grama e conversavam banalidades. Remo parecia finalmente ter saído do fundo do poço, e agora até sorria.
-    Sirius – Tiago disse balançando um anel frouxo em seu dedo – este anel idiota vive caindo do meu dedo... acho que só cabe em seu dedo, quer ele de volta?
-    Jogue-o no lago, então... eu ia fazer isso, se você não o tivesse achado tão maravilhoso...
-    Ah, eu não vou fazer isso...  essa não, olha quem vem chegando...
A gangue da Sonserina vinha chegando, para desagrado geral. Snape vinha à frente, tendo ao lado Adolfo Lestrange, que sorria e Evan Rosier. Sirius nem esperou que chegassem perto para dizer:
-    Caiam fora, chegamos primeiro.
-    A grama é pública, Black.
-    Ótimo... saímos nós... afinal, somos pessoas civilizadas...
-    Será? Talvez haja alguém esperto suficiente aqui para se safar de algumas acusações, não é mesmo, Lupin?
-    Deixe Remo fora disso, Snape – até Pedro levantou-se indignado. Tiago olhou de um para outro e falou:
-    Vamos embora... nosso salão comunal é bem grande e podemos ficar à vontade lá...
Sirius foi, imaginando um jeito de pegar Snape, ele olhou o garoto conversando com Lúcio Malfoy... sabia que os dois o odiavam e a Tiago... Pedro e Remo pegavam os respingos. Malfoy era um inimigo antigo, rivalidade entre duas famílias bruxas antigas e do mesmo ramo de comércio, e Snape não perdoava ele pelo baile do ano anterior, nem a Tiago pelo soco involuntário, e por ser inteligente, talentoso e popular... ah, ele ia pegar Snape, que para ele, de todos era o pior.
Foi no primeiro dia de lua cheia de outubro que Sirius teve a grande idéia. Como sempre, anoitecia quando Remo se retirou. Snape sempre ficava de orelha em pé, mas nunca conseguia descobrir onde ele ia. Sirius já havia reparado nisso e ficou próximo à entrada do grande salão, quando Snape passou, chamou-o educadamente, ao que o rapaz desconfiou.
-    O que você quer, Black?
-    Te provar que meu amigo Remo não é um assassino...
-    É, como?
-    Você já notou que ele some às vezes...
-    Notei... a escola toda notou, Black. Ninguém pode ficar doente uma vez por mês...
-    Ele fica, realmente muito doente... ele quase morre todo mês... quer que eu te prove isso?
-    Duvido...
-    Saia para o Jardim e vá até o Salgueiro lutador... debaixo dele procure um nó e aperte-o, fica mais fácil se usar um graveto... tem uma passagem lá, você vai achar Remo no fim dela... – Sheeba passou e viu de longe os dois conversando. Ela comentou com Lilian que não achava possível que Snape estivesse tendo uma conversa natural com Sirius.
Minutos depois, Sirius entrou com a cara mais feliz do mundo no salão e sentou-se ao lado de Tiago.
-    O Natal chegou mais cedo?
-    Pode-se dizer que sim – Sirius sorriu selvagemente e Tiago teve um péssimo pressentimento.
-    Sirius... há muito tempo você não ri assim... o que você aprontou?
-    Digamos que eu dei um presente para uma pessoa.
-    Quem?
-    Snape. – Sirius contou rindo o que fizera e Tiago ficou horrorizado
-    Sirius, você endoidou? Acha que Remo vai brincar com Snape? Ele vai matá-lo
-    Perfeito – Sirius riu – menos uma besta na face da Terra.
-    Eu não acredito... – Tiago olhou pela janela e viu que a lua ainda não surgira... tinha um tempo ainda. Levantou-se de um salto.
-    Onde você vai?
-    Desfazer a besteira que só você seria capaz de fazer...
Sheeba viu Tiago saindo da mesa da Grifnória, achando que algo grave acontecia.

Tiago chegou perto do salgueiro lutador e viu um graveto caído. Olhou para o céu e viu que a lua sairia a qualquer momento. Rapidamente pegou o graveto longo e apertou o nó do salgueiro lutador, entrando como uma flecha dentro da passagem. Acendeu a varinha e pôde ver no fundo do túnel a luz de outra varinha, correu o mais depressa que pôde. Do lado de fora a lua surgiu.
Remo contorcia-se de dor, Snape de longe via...ele estava sentindo que algo podia estar errado ali... seus olhos arregalaram-se quando ele viu Remo crescer e transformar-se num horrendo lobisomem, que nem bem acabou de se transformar, farejou sua presença. Foi a última coisa que viu antes de ser estuporado por Tiago.
Tiago transformou-se rapidamente em Cervo e investiu contra Remo com toda força que lhe era possível, saltando sobre Snape que estava caído à sua frente, conteve o lobisomem, que o reconheceu e ficou mais calmo. Com os chifres, ele foi empurrando Remo até o andar de cima da casa e assim que o fez entrar numa porta, transformou-se de novo e bateu-a com toda força, segurando-a com o corpo tempo suficiente para conjurar um cadeado. Desceu correndo e pegou Snape estuporado, escutando que Remo investia contra a porta. Jogou Snape nas costas e transformou-se novamente em cervo, galopando até a saída com muita velocidade. Jogou Snape para fora e saiu, novamente transformado em gente. Desviou dos galhos do Salgueiro e rapidamente retirou Snape dali.
-    Enervate – ele disse e Snape acordou – O que você viu? – ele perguntou assim que o rapaz retornou à consciência. Mas uma voz forte bem atrás dele disse:
-    Posso saber o que está acontecendo? – O professor Dumbledore os observava, com uma expressão terrível no rosto.

O que houve depois foi apenas um desenrolar normal de acontecimentos... Dumbledore chamou os pais de Sirius e a avó de Snape para a escola... depois de conversar com todos decidiu não expulsar os dois. Snape receberia punições até o fim do semestre, e a garantia que seria expulso se revelasse a alguém o segredo de Remo, e Sirius, que cometera o erro mais grave, até o fim do ano cumpriria detenções noturnas três vezes por semana. E podia esquecer o teste para batedor de quadribol... mesmo com uma vaga no time, ele não seria admitido em hipótese alguma.
-    Você é uma vergonha – o pai dizia a ele, era a manhã seguinte e Sirius tinha o rosto sério e os olhos baixos – seu irmão nunca me deu este tipo de desgosto... – a mãe de Sirius contemplava o marido, mas não tinha coragem de desafiá-lo – eu não vou me surpreender se você não servir para nada quando se formar... eu me envergonho de você.
O pai de Sirius arrastou a mulher e ele ficou sozinho observando-os afastar-se. Era punição demais para o mesmo erro... mas não havia acabado. Ele foi procurar Sheeba para desabafar. Sheeba ouviu tudo e disse finalmente:
-    Bem... não posso dizer que seu pai estava certo... mas você fez uma grande burrice.
-    Sheeba, até você?
-    Eu não posso mudar os fatos, Sirius... você fez uma grande burrada.
-    Ora, eu só queria...
-    Matar Snape?
-    Não, mas...
-    Se ele tivesse chegado ao fim do corredor... se não fosse Tiago... não quero nem pensar... vem cá, você pensou em Remo? Já pensou no que o ministério faria?
-    AH, SHEEBA, NÃO ENCHA MEU SACO!
-    VOCÊ QUE VEIO PERGUNTAR MINHA OPINIÃO E EU DEI!
-    ÓTIMO, EU JÁ A OUVI... MAIS ALGUMA COISA? – os gritos deles eram audíveis até do corredor... Lúcio Malfoy, ao ouvi-los veio ver o que acontecia na sala vazia.
-    SIRIUS, SE VOCÊ NÃO ME PEDIR DESCULPAS EU NÃO VOU AO BAILE COM VOCÊ
-    ÓTIMO, QUEM DISSE QUE EU QUERIA IR CONTIGO, PITONISA?
-    AH, É? O PRIMEIRO QUE ME PEDIR PARA IR, EU ACEITO... IRIA AO BAILE COM UM TRASGO MAS NÃO IRIA CONTIGO, SEU PANACA ARROGANTE
-    POIS VÁ, EU NÃO ME IMPORTO – a porta da sala onde estavam se abriu e a cara magra de Lúcio Malfoy surgiu, ele sorria.
-    Não pude deixar de ouvir a conversa... e vou aproveitar a oportunidade... Sheeba, gostaria de ir ao baile comigo? – Sheeba olhou-o surpresa e olhou de volta para Sirius... ele virou-lhe as costas e ela disse, decidida:
-    Sim, Lúcio... eu vou ao baile com você.

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