... MAS NEM TODAS AS HISTÓRIAS



Depois que deixou Hogwarts, Harry ficou com Sheeba e Sirius por dois meses, antes de ir para a Alemanha. Bianca foi a única que passou as férias com ele, que procurava ser amável e gentil com ela, pois ela era exatamente assim com ele. Mas à medida que ia aumentando a intimidade entre eles, Harry tinha a ridícula sensação de estar sendo um canalha. Mas agora não tinha mesmo volta. Eles haviam ficado noivos, ele quisera isso. Era melhor aprender a amar Bianca como ela era.
No Deserto de Nevada, muito longe dali, Mina passava as noites sentindo que cometera ela também um grande erro ao aceitar a proposta de casamento de Troy Adams. Ela ainda nem terminara a escola, e ele com certeza ia querer que ela abandonasse tudo para ficar com ele, se o time americano ganhasse a copa, seria pior, haveria publicidade, os repórteres eles estariam em todos os lugares... aquela infernal Rita Skeeter, sempre atrás dos dois. Porque não voltava para a Inglaterra?
A copa Mundial chegou, e desta vez a final seria na França. O time da Irlanda, considerado por todos o favorito, foi derrotado pela seleção Norte Americana numa semi final emocionante. O capitão americano, Troy Adams, era a sensação desta edição da copa, como fora Victor Krum na última. Krum aliás, agora aos vinte e dois anos, era ainda o apanhador da Bulgária, que era o outro time na final. Rony conseguiu ingressos com muita facilidade, e nem precisou de seu pai para isso: as filmagens de “A Expulsão de Salmonella” eram tão badaladas, que era só pedir a algum puxa-saco. Ele lembrou-se de Harry e foi buscar o amigo na casa de Sirius.
Chegando lá, constatou que não havia ninguém, apenas Smiley, que avisou que haviam ido para a Maternidade St Morgunsen, onde Sheeba estava tendo o bebê. Rony, que passara recentemente na prova de aparatação, aparatou na mesma hora na maternidade. Procurou o quarto de Sheeba, o bebê já nascera. Ele entrou rapidamente no quarto e viu Harry com Bianca, que segurava Hope no colo, e todos os habituais visitantes de Sheeba, seus amigos esquisitos, como as bruxas Beth Fall (mãe de Bianca) Liza LionHeart, Hannah Summer (que dizia toda hora estar grávida de gêmeos) e Alexandra Wolf, que fez um escândalo ao vê-lo:
‒ Mas é Rony Weasley!!!! Eu vi todos os seus filmes – ela se aproximou como uma bala, colando nele, que disse assustado:
‒ Mas eu só fiz dois... – Harry pediu licença a Bianca e puxou Rony para longe da Bruxa.
‒ Isso não faz mal para o Bebê não? – Rony perguntou apontando a algazarra no quarto – É menino ou menina?
‒ Menino. Vai se chamar Celsus. Ninguém sabe de onde Sheeba tirou esse nome.
‒ E você?
‒ Tudo bem. Vou para a Alemanha semana que vem.
‒ E Bianca?
‒ Vai para o Japão, aprender a fazer brinquedos mágicos
‒ E... vocês?
‒ Continuamos – Harry deu de ombros – você sabe...
‒ Sei, sei... escuta, eu queria te chamar para uma coisa... da Alemanha para a França é um pulo... vamos à final do Mundial?
‒ Não. Não posso  - Harry ficou frio.
‒ Porquê? O que deu em você para passar a odiar Quadribol?
‒ Nada... Rony, eu vou começar um curso importante, de cinco anos... o ministério está investindo em mim. Eu não posso largar tudo para ver Quadribol.
‒ Harry, o que você está me escondendo?
‒ Nada.
Mas Rony acabou descobrindo o que Harry escondia no dia da final do mundial. Ele estava com Hermione e os Gêmeos, que haviam apostado uma fábula na Seleção Americana, porque entre outras coisas estavam agora morando lá e sabiam como Troy Adams era bom, quando viu no camarote de honra da seleção americana uma pessoa. Cutucou Hermione:
‒ Hermione... aquela não é Willy? – Hermione apontou os  ominoculares para ela e deu um gritinho.
‒ Imagine quando Harry souber que a encontramos!
Depois do jogo tentaram falar com ela, mas uma multidão de repórteres do Profeta Diário, Da Bruxa Semanal e do Planeta Mágico os cercaram.  Rony escreveu um bilhete rápido para Harry e mandou por uma coruja. Dias depois, a resposta chegou e ele não entendeu nada: “Eu já sabia” dizia um lacônico bilhete.  Naquele momento Rony desistiu de tentar entender Harry.

Muito longe dali, em Nova Iorque, Sue Van Helsing passava férias de verão com seu pai. Olhava Manhattan quente e alegre pela janela, mas sentia-se ainda triste. Nunca mais ele lhe escrevera. Ela sentia falta das cartas escritas com tinta dourada em pergaminho negro, mas sentia muito mais falta de Draco... seu Draco. Nesse momento algo a assustou. Uma coisa pequena entrou voando pela janela e bateu no seu ombro. O coração dela acelerou... era uma corujinha como a que entregara cartas para ela na Itália. Ela abriu correndo um bilhete, e reconheceu a caligrafia dele: “Estou no parque. Traga a coruja, ela é muito nova, se perde à toa, D”
Ela desceu correndo para o parque, repentinamente uma  coisa lhe ocorreu... O parque era enorme. Onde ele estaria? Ela entrou no parque e foi andando. Alguém cobriu seus olhos e ela ouviu uma voz atrás dela dizer:
‒ Descobri que ainda sou maldoso, e eventualmente, propenso à inveja. Sou arrogante, e gosto de ser assim. Detesto elfos domésticos, mas tolero crianças... também não gosto de gatos, principalmente se forem peludos, mas tenho um fraco por pássaros, e já tenho uma coleção com treze corujas. Mas na maior parte do tempo, estou tentando me tornar uma pessoa melhor. - Ela sentiu que ele punha algo em seu pescoço e virava-a, olhando de frente – Uma gota de sangue, para você ficar comigo.
Sue não tinha palavras, simplesmente beijou Draco e deixou qualquer pergunta para depois.

Harry olhou seu pequeno apartamento na Alemanha, era a primeira casa que tinha sozinho. Iria ficar ali pelos próximos cinco anos. Era pequeno, mas decente. Não precisara tocar no dinheiro de seus pais para mantê-lo. O Ministério estava dando-lhe uma bolsa, era simples, mas dava para viver. Atirou-se na cama e mergulhou num sono sem sonhos, procurando não pensar no tempo à sua frente.

O tempo passa para todos, e para ele não foi diferente. Nos cinco anos em que passou na Alemanha, Harry Potter tornou-se um homem. Seus ombros se alargaram, sua voz engrossou definitivamente, ele agora precisava fazer a barba todo dia, mas as espinhas não eram mais problema. Era o último dia do curso, ele agora era um Auror, mas não convidara ninguém para a formatura, apenas Bianca.  Ela chegou pela manhã ao apartamento dele, parecia diferente.
‒ Olá Harry – ela disse, desviando o rosto quando ele quis beijá-la. Ele estranhou:
‒ O que houve? – ela levantou os olhos para ele. Sim, ela ainda era linda, mas ele sabia que ela finalmente percebera que não deviam ficar juntos.
‒ Harry. Você lembra da última vez em que estivemos juntos?
‒ Claro. Como eu ia me esquecer?
‒ Bem, eu ouvi você dizer algo enquanto dormia,  e procurei me enganar... procurei pensar que você estava apenas... fantasiando.
‒ O que eu disse?
‒ Você sonhou com aquela noite... aquela em que a fadasombra esteve em Hogwarts.
‒ Isso é bobagem, Bianca. Eu sempre sonhei com isso, você nunca se importou.
‒ O problema não foi esse... depois você sonhou com outras coisas... acho que com Dumbledore.
‒ Há anos que não sonho com ele.
‒ Mas nessa noite você sonhou. E disse algo que me magoou muito. Você disse: “É melhor ficar com Bianca, Dumbledore...com ela é tudo mais fácil.”. entenda, Harry, eu não quero me machucar mais... já bastam os cinco anos em que pensei que você era meu... adeus – ela entregou a ele o anel e ele ficou olhando-a partir. Era a segunda vez que Bianca terminava com ele e ele não sentia nada.

Depois da formatura, Harry partiria para a viagem mundial que todo Auror fazia ao se formar. Mas antes, queria fazer umas visitas. Começou pelos Weasleys.
Mesmo sendo Ministro da Magia, Arthur Weasley permanecia morando na Toca, mas a Toca agora parecia outra casa, tinha sido reformada por dentro e por fora, mas ainda parecia meio torta. Agora apenas Gina morava com eles... o romance entre ela e Neville não dera certo, ele ainda era muito infantil,  mas ela não parecia sofrer por isso. Tornara-se professora, depois de dois anos em High Hill, ia agora para Hogwarts. Seria bom para ela.
Antes de ir para Hogwarts, foi visitar Rony e Hermione, que haviam se casado e moravam em Londres, numa casa tão grande quanto bonita. Ele chegou e foi atendido por um elfo doméstico (elfo doméstico remunerado!) vestido de mordomo.
‒ A quem devo anunciar?
‒ Potter. Harry Potter.
Hermione veio vestida numa elegante veste verde até ele e o abraçou, ela havia se tornado uma mulher muito bonita, e agora trabalhava para o ministério da magia em controle e monitoramento, no cargo que um dia pertencera a Mario Murad. E descobrira formas novas de monitorar casas que antigamente eram verdadeiras “caixas pretas”, era difícil enganar Hermione.
‒ Harry. Você está tão igual... quer dizer, maior... mas parece o mesmo, talvez mais alto que em Hogwarts.
‒ Um metro e oitenta e cinco. Quase do tamanho de Rony.
‒ Bem, ele agora está um pouco maior que isso...
Harry tomou um susto. Rony entrou na sala, estava do tamanho de Hagrid
‒ O que te fizeram, cara?
‒ Vou interpretar um  meio gigante no próximo filme, gosta? É meio chato porque eu toda hora bato a cabeça... mas o filme vai ser bom foi o maior cachê que já recebi, trinta e cinco mil galeões.
‒ Rony, você está rico!
‒ Estou. Não é engraçado, depois de vários anos usando roupas herdadas e varinhas quebradas? Mas eu valho para eles cada centavo que ganho... eles lucram muito mais
‒ Pare de reclamar – Hermione o recriminou – E você Harry? Vai trabalhar conosco no Ministério?
‒ Vou trabalhar na agência internacional. Talvez eu fique cada ano em um país.
‒ Uau! Parece ótimo! – Disse Rony
‒ Eu escolhi por isso.
‒ E Bianca? – Rony perguntou, sem graça
‒ Terminamos
‒ Eu imaginei... você quer ver uma coisa gozada?
‒ Rony, você não vai mostrar aquilo para ele, vai? – Hermione disse chocada
‒ Mas claro que vou – Rony fez surgir uma TV e um dvd – bem, é estranho esse negocio de dvd, não sei mexer direito...é coisa de trouxas... mas agora é legal, lembra, a reforma que meu pai está promovendo, também ele adora coisas de trouxas... o vídeo vai começar:
A televisão se iluminou e Fred e Jorge Weasley apareceram, vestidos com roupas cintilantes e turbantes. Era um comercial de TV:
“Se você está triste, chateado, perdeu o seu amor... consulte-nos. Somos os magos Magníficos” – disse Jorge no vídeo, com a cara cínica de sempre
“Só a verdadeira magia pode ajudar você a descobrir seu caminho... Ligue já para os Magos Magníficos!”
O vídeo apresentava coisas para trouxas acreditarem, inclusive uma entrevista com David Letterman em que eles desfilavam toda sua cara de pau. Quando terminou, Hermione estava encolhida de vergonha e Harry e Rony rolavam de rir.
‒ O que é isso?
‒ Eles conseguiram um emprego no Ministério Americano como enroladores profissionais... e ainda ficam com todo dinheiro dos trouxas que eles arrecadarem... o objetivo disso é que os trouxas deixem de acreditar, mas eles não deixam nunca!
‒ E a bala de Lobisomem?
‒ Ah, aquilo não deu muito certo, agora eles estão finalmente ficando ricos... os trouxas realmente acreditam neles.
‒ Eles são a vergonha da família – Disse Hermione, mal humorada.

Depois Harry foi para Hogwarts, que estava em férias. Lá haviam também algumas surpresas. Neville era professor de Herbologia desde que Madame Sprout decidira se aposentar. Mas agora, assumiria a vaga de... poções. Era incrível, mas ele se tornara um exímio fazedor de poções.
‒ Na verdade, saber Herbologia ajuda muito... e depois que eu vim dar aula aqui, o professor Snape me ensinou mais que quando fui aluno.
‒ O que aconteceu com ele?
‒ Foi embora.
‒ Para onde?
‒ Ninguém sabe dizer. Ele disse que o que o mantivera aqui fora Dumbledore... assim que ele saiu, ele procurou um discípulo para preparar e deixar em seu lugar.
‒ Você? – Neville concordou com a cabeça, e falou ainda que esperava aque agora que Gina vinha para Hogwarts dar aulas, que reconsiderasse sua última decisão em relação a ele.

No Jardim de Hogwarts três crianças brincavam com Hagrid. Eram Hope, Celsus e Claudius, filhos de Sheeba e Sirius. O menor, que estava com três anos, era Claudius, que Harry nunca vira. Hope estava com seis anos e meio e veio correndo na direção dele. Usava luvinhas protetoras.
- Tio Harry! – Ela pulou no colo dele e os outros o seguiram. Ele fez festa nas crianças, Hope era um retrato perfeito e acabado de Sheeba. Claudius parecia com Sirius, mas Celsus lembrava um pouco dos dois. Quando já estava há muito tempo com as crianças, Sirius e Sheeba apareceram. Os cabelos dele estavam começando a ficar grisalhos, mas de resto ele parecia o mesmo. Sheeba era a mesma que vira entrar pela porta do três vassouras há sete anos, talvez apenas com umas poucas rugas em volta dos olhos
Eles falaram de tudo sobre Hogwarts, Sirius era agora o diretor da Grifnória. Havia um novo professor, oriundo da Sonserina, que ficara no lugar de Flitchwick, que também se aposentara. No resto, Hogwarts era sempre Hogwarts. Sheeba também comentou que Silvia Spring e Lupin haviam tido um filho, Neil, que já estava talvez com dois ou três anos... dependia de quanto tempo eles estariam no mundo das fadas.
Antes de ir embora, ele teve que olhar a paisagem da sala de transformação. Pensou em tudo que passara e sorriu. Pelo menos tinha boas recordações. Quando saiu da sala, Encontrou Sirius. Ele o levou até a garagem de sua casa e deu a ele um imenso molho de chaves.
‒ É sua. Presente de formatura
‒ Mas, é sua moto!
‒ Harry, com três filhos fica ligeiramente difícil ter tempo para andar de moto... é melhor dá-la a alguém que vá curtir estar com ela.

Quando começou a sua viagem, escolheu Nova Iorque como ponto de partida. Queria visitar Sue e Draco. Ele chegou e encontrou Draco sozinho, em casa, era o começo da noite e ele estava cuidando do primeiro filho do casal, que obviamente se chamava Draco Van Helsing Malfoy.
‒ Porque você está sozinho com o bebê?
‒ Sue saiu, apareceu um vampiro terrível em Hells Kitchen e John chamou-a .Eu iria junto se não tivesse trabalhado o dia inteiro no ministério, desde seis da manhã. Na verdade, não estou sozinho... Señorita Suenna!
Uma mexicana gorda veio se balançando de dentro da cozinha, sorrindo muito. Ele disse algumas coisas em espanhol para ela e ela levou o bebê adormecido. A casa de Sue e Draco era um misto divertido de coisas bruxas e coisas trouxas. Draco chamou Harry e ligou o computador.
‒ Veja só uma coisa -  ele conectou o computador na internet e mostrou a Harry um sem número de páginas sobre bruxos – você é citado numa delas. Mas ninguém acredita que sejamos reais – Draco riu. Então tomou coragem para entrar no assunto que procurara evitar:
‒ Harry, você quer saber o que aconteceu realmente a Willy?
‒ Não. Provavelmente ela se casou.
‒ Não. Ela não se casou. Troy Adams é muito meu amigo. Foi por causa dele que eu nunca disse a você que sabia onde ela estava e que tudo fora feitiço de memória – Harry olhou-o aborrecido. Achava que haviam se tornado amigos. – Eu sei o que está pensando, Harry. Mas veja se concorda comigo: Se no sétimo ano eu e Rony estivéssemos interessados pela mesma garota... a quem você iria ajudar?
Harry compreendeu Draco e apertou sua mão. Ele disse então:
‒ Vá ao Deserto de Nevada, siga a estrada até o KM 66. A avó dela mora lá... e ela também. Nunca quis se casar com Troy. Deu o fora nele logo depois da copa Mundial.

Harry saiu de Nova Iorque e quando deu por si, estava dirigindo a moto furiosamente por uma auto estrada no deserto, nem precisara levantar vôo... fizera a moto aparatar no deserto. Em poucos minutos, viu a placa KM66,   e rodou até que viu um café, onde parou. Estava uma noite escura no deserto, mas lá de dentro vinha luz, havia um ou dois carros parados à porta. Ele empurrou a porta e entrou .
Parecia um café de beira de estrada comum, com gente sentada nas mesas. Uma garçonete ruiva andava entre as mesas. Ele percorreu com os olhos o ambiente. Havia dois casais numa mesa, um senhor lendo jornal, um velho olhando pela janela, sozinho em um canto... Olhou o balcão e viu que a mulher atrás dele o reconhecia. Era a avó de Willy. Ela ficou parada, contemplando-o muda. Só então ele viu uma moça sentada de costas para ele no balcão, fazendo desenhos imaginários na superfície do balcão com os dedos.
‒ Willy? – Ele perguntou, mas a moça não se voltou. Ele tomou coragem e tocou o ombro dela. Ela virou-se e se espantou.
‒ O que você está fazendo aqui?
‒ Você lembra de mim?
‒ Quem não sabe quem você é, Harry Potter? Meu nome é Mina, me deixe em paz. – Ela virou-se e ele subitamente entendeu que ela não o reconhecia... fora mesmo feitiço de memória. Ele olhou magoado para a avó dela, atrás do balcão e perguntou: - Por quê?
‒ Isso importa? – A velha tinha um olhar cansado – Estou há seis anos achando que a qualquer  momento você ia entrar e levá-la... se você quer saber, eu a tirei de você porque tive medo de vê-la sofrer. O fato de minha melhor amiga ter Toque de Cassandra e ter dito o que ia ser solto em Hogwarts ajudou um pouco. Primeiro eu fiz que ela esquecesse, acreditando no que estava fazendo. Depois, menti, para que ela nunca lembrasse. Até que vi que estava errada. E comecei a esperar você vir... demorou mais que eu imaginei. Eu queria salvá-la mas estava com medo de ter  estragado sua felicidade.
Willy assistiu esse diálogo sem entender nada. Ela olhava para a avó e para Harry, respirando como um bichinho, rapidamente. Ele olhou para ela e disse:
‒ Willy, você não lembra mais de mim?
‒ Leve-a lá fora, rapaz – a avó disse – lá fora ela vai te ouvir melhor.
Ele olhou para ela, que prosseguia sem entender nada e a chamou. Ela foi, sem saber porque estava indo. Os dois se olharam por alguns minutos, e ele repetiu a pergunta:
‒ Willy, você não lembra mais de mim? Não lembra da noite em que você me beijou, e eu fiquei surpreso, estávamos na sala de transformação... depois nós libertamos o fogo sagrado, e você lutou com Voldemort com bravura, mesmo sendo tão pequena... e nós vimos nossos pais, vivos e bem no passado. Você lembra do beijo que demos? Lembra da emissão mágica involuntária? Lembra, das noites em que namoramos olhando a lua refletida no lago de Hogwarts? – ele deu um passo em direção a ela , e a pegou pelos ombros – Lembra da noite em que sua avó te levou de mim?
Willy olhou-o com um olhar vazio, tudo que ele dissera parecera confuso e sem sentido. Ela balançou a cabeça... ele estivera em seus sonhos, mas não era possível, não era possível que fosse verdade.
‒ Não brinque com meus sentimentos, Harry Potter – ela afastou-se dele e deu-lhe as costas. Ele achou que agora estava tudo perdido  e foi andando, era melhor ir embora. Chegou perto da moto e pegou o capacete.
Subitamente, ela lembrou-se o que faltava em seus sonhos, e era aquilo que ela desenhava com os dedos no balcão, era o que ela nunca reparara nas fotos em que vira Harry Potter... era o que acabara de ver de relance... Uma cicatriz em forma de raio...Harry Potter? Não. Agora ela lembrava-se, para ela ele era apenas...
‒ Harry! – Ela correu em direção a ele, que já subira na moto, ele desceu como uma bala e a abraçou. Os dois se beijaram por muito tempo, e talvez todo o tempo do mundo não fosse suficiente para aplacar aquela saudade, uma saudade de mais de seis anos,  viva, forte e ardente. E eles riram e choraram ao mesmo tempo, e abraçaram-se com força, indescritivelmente felizes por estarem finalmente juntos.
‒ Eu me lembro, Harry, eu me lembro. O que te aconteceu? Porque minha avó fez isso?
‒ Não importa mais, Willy. Vamos embora.
‒ Para onde?
‒ Para onde você quiser, contanto que seja comigo. Eu te amo e não vou te perder de novo.
A avó dela apareceu na porta. Tinha uma expressão triste.
‒ Perdoe-me, Mina...
‒ Meu nome é Willy, vovó. Não sei porque fez isso... mas eu te perdôo. Eu não sei porque, mas sei que você sofreu muito.
‒ Pegue suas coisas e vá... Escreva sempre, eu sentirei saudades.
Em poucos minutos, Willy arrumava suas coisas, sendo ajudada por Harry. Subitamente ela parou e olhou para ele:
‒ Meu pai... ele morreu, não morreu?
Harry balançou a cabeça tristemente em assentimento. Lágrimas surgiram nos olhos dela e ele aproximou-se:
‒ Mas ele morreu como um herói, e pensando em você, Willy.
Ela enxugou as lágrimas e continuou arrumando as coisas com ele. Quando tudo estava arrumado, eles subiram na moto e deram adeus a avó dela. Harry mandou a moto seguir e eles dispararam pela estrada do deserto.
‒ Essa moto é a moto de Sirius? Ela ainda voa?
‒ Sim e sim, segure-se – ele embicou a moto para o céu e ela subiu, disparando em direção às montanhas além do deserto. Igraine ouviu o “kakaka” da risada da neta se distanciando e entrou no café.
Foi andando na direção do velho, que continuava sentado na mesa olhando pela janela, uma expressão vazia no olhar. Ela pôs a mão direita sobre o ombro dele e disse:
‒ Agora somos só nós dois, Tom.
Os olhos vazios do velho voltaram-se para ela, e ele sorriu. No fundo de seu olhar, ainda havia um brilho avermelhado em algum lugar.

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FIM
Antes que alguém me pergunte como acaba a história, eu respondo: nunca acaba no fim.

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