TENTANDO LEVAR UMA VIDA NORMAL



Depois da conversa com Dumbledore e Sirius, Harry procurou jogar o sonho e sua lembrança para um lugar escondido na cabeça e se concentrar em três coisas: as aulas, treinar Neville para o primeiro jogo de quadribol e descobrir o que dar para Willy de presente no seu aniversário, que estava chegando.
    Seu namoro com ela era provavelmente o mais vigiado da história de Hogwarts. Além dos fofoqueiros de plantão, ainda havia Snape, que simplesmente não se conformava porque testemunhara um beijo dos dois em pleno corredor da escola, e prometera, da forma mais ameaçadora possível, descontar 10 pontos da Grifnória por cada excesso que conseguisse flagrar... e seu conceito de "excesso" era bem, mas bem estreito mesmo. Já havia descontado dez pontos pelo simples fato de os ter flagrado de mãos dadas no corredor. Quando Willy perguntou porque descontaria pontos apenas da Grifnória, uma vez que ela era da Sonserina, ele abriu um sorriso malévolo e disse que cabia ao homem saber como se portar em relação a uma moça. A sorte dos dois fora que Dumbledore havia interferido e dito que não era proibido dar as mãos no corredor da escola.
    Para evitar mais cenas desagradáveis com Snape, Harry implorara a Hermione e Rony que andassem sempre em grupo com ele e Willy, o que os deixou bem insatisfeitos... eles ainda não haviam se resolvido em relação ao que sentiam um pelo outro e para completar, depois que se tornara monitora Hermione estava simplesmente insuportavelmente chata... Harry lembrava-se de Percy, irmão de Rony, que era igualzinho. Por isso, Rony e ela viviam às turras.
     Harry não contara a nenhum dos três sobre o sonho, nem que Sirius dissera a ele que tinha um irmão vampiro, mas os três acabaram percebendo que havia algo errado com ele. Rony e Hermione acabaram desistindo, mas Willy não se conformou, achando que ele escondia alguma coisa. Eles continuavam se encontrando à noite escondidos sob suas capas de invisibilidade na sala de transformação, o que era bem arriscado, mas para eles valia o risco, pois era o único momento em que podiam realmente namorar. Se dependesse de Harry, eles se encontrariam lá todo dia, mas Willy havia imposto algumas restrições, afinal eles precisavam estudar. Encontravam-se três noites por semana, ficavam normalmente uma a duas horas juntos, depois iam dormir.
    Quatro noites depois que Harry tivera o sonho, ele e Willy estavam juntos na janela da sala de transformação, se beijando, escondidos debaixo da capa de invisibilidade dele. Repentinamente, Harry sentiu uma vontade louca e incontrolável de beijá-la mais e mais, puxando-a muito para perto de si, agarrando-a de um jeito que ele não sabia ser capaz... então ela o afastou assustada e ele sentiu uma vergonha imensa, que o fez olhar para o lado de fora da janela... foi então que ele viu.
    Parado no limiar da floresta proibida, em pé, com as mãos no bolso do sobretudo, sorrindo, estava um homem muito parecido com Sirius... aterrorizado, Harry percebeu quem era e disse a Willy:
    ‒ Veja, olhe lá fora.
    ‒ Harry, não tem graça. Não gostei disso. Não mude de assunto. ‒ Ele pegou o rosto dela com as mãos e virou na direção da janela, ainda apavorado ‒ Harry, do que você está falando? Não tem nada lá fora.
    Harry olhou e viu que era verdade. O homem desaparecera. Devia ser imaginação dele. Ele abraçou Willy, que perguntou o que estava acontecendo. Então, não agüentando mais o peso do sonho que tivera, ele contou tudo a ela, mesmo sabendo que estava descumprindo uma promessa que fizera a Dumbledore e Sirius. Por fim, disse que quando olhara para o lado de fora vira o irmão de Sirius parado lá. Ela pegou o rosto dele entre as mãos e disse:
    ‒ Harry, deve ser sua imaginação, ele está muito longe daqui... não pode ter vindo para Hogwarts tão depressa. Vamos dormir, está bem?
    Harry olhou novamente para a floresta, imersa numa névoa branca e luminosa e concordou com Willy, sem saber que ela estava enganada.

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    Neste dia, John estava já a caminho de Londres, depois de um longo debate com seu pai, que não fora nada fácil, porque ele era completamente contra John ir enfiar-se num lugar onde estaria totalmente incomunicável com a Irmandade, uma vez que nenhum meio de comunicação tradicional funcionava em Hogwarts.
    ‒ E se precisarmos de você?
    ‒ Pai, eu tenho doze irmãos e trinta e cinco primos só aqui em Nova Iorque... o senhor acha realmente que eu e apenas eu serei totalmente indispensável? A essa hora, o clã mais perigoso de Nova Iorque já se transferiu inteiro para Londres... quantos de nós há em Londres? Nem seis! O senhor acha realmente que eu sou necessário aqui?
    ‒ Mas não é necessário em Hogwarts! Eu conheço Dumbledore, ele jamais deixaria que um vampiro entrasse lá! Escute, John, essa sua curiosidade pelos bruxos...
    ‒ Curiosidade? Pai, eu detesto magia, você sabe disso! Eu também detesto o fato dos bruxos nos chamarem de trouxas e nos tratarem como idiotas... mas é necessário. Caius fez uma aliança perigosa com o tal do Voldemort, você sabe quem é esse cara?
    ‒ Os bruxos tendem a superestimar esses malucos que fazem magia negra.
    ‒ Pai, eu vou. Eles precisam de mim lá, precisam de alguém de sangue imune para os ajudar.
    ‒ Eu te conheço muito bem, John, embora você seja apenas um entre meus quinze filhos, eu sei que quando você quer fazer algo nada o impede, porque de todos você é o que mais se parece comigo, mas me prometa então que vai se esforçar para não por em risco a nossa delicada relação amistosa com os bruxos.
    ‒ Se é assim, eu prometo.
    Lembrando-se desta conversa e dessa promessa, John não podia deixar de olhar para Sue, sua filha mais velha, de dezessete anos , adormecida tranqüilamente ao lado dele no avião. Era a última pessoa que ele gostaria de levar para Hogwarts, mas não houve jeito. A mãe dela, Lindsay,  aparecera na véspera em seu apartamento. Era uma das seis ex-mulheres de John, e sem dúvida nenhuma a que mais problemas trazia, assim como Sue:
    ‒ John ‒ ela dissera, sempre enrolada em casacos de pele, a perua doida, como ele a chamava ‒ Eu não agüento mais Sue... ela conseguiu ser expulsa de novo da escola... assim ela não vai ser aceita em nenhuma universidade... Eu vou deixá-la contigo até o mês que vem.... Consegui um internato para ela na Itália, mas eles só querem aceitá-la daqui a um mês... e eu não agüento ficar com Sue um mês!
    ‒ Lindsay, eu vou viajar para a Inglaterra... não posso me dar ao luxo de passar um mês cuidando de Sue... eu estou em missão.
    ‒ Oba! Sue disse alegremente ‒ Vamos caçar vampiros! Vamos caçar vampiros!
    ‒ Eu vou caçar vampiros... você vai tratar de ficar bem quietinha ‒ John olhou a menina, era alta como a mãe, os mesmos cabelos louros cacheados, cortados pouco abaixo das orelhas, grandes olhos azuis e um jeito doce e irresistível que escondia uma personalidade ácida e perigosa como a dele.‒ Eu não vou levar minha filha para um lugar cheio de bruxos, Lindsay!
    ‒ Bruxos? Oba! Vamos, pai, me leva... eu sempre quis conhecer bruxos, vai???
    ‒ Lindsay, olha só o que você me arrumou!!!
    ‒ Adeusinho, John, deixe ela neste endereço, na Itália, daqui a um mês.
    E John, como sempre acontecia, acabou tendo que levar Sue junto... sabia que teria problemas assim que pisasse em Hogsmeade com ela, mas não podia deixá-la sozinha em Nova Iorque, ou quando chegasse ela teria destruído seu apartamento e posto maluca a criada mexicana que ele custara tanto a conseguir, era difícil achar alguém disposto a arrumar um apartamento cheio de facas de prata, estacas, machados.... e era mais perigoso ainda deixar Sue perto destes artefatos, porque ela sempre fora metida a caçar vampiros sozinha, desde os doze anos de idade quando matara o primeiro, depois de perseguí-lo por alguns quarteirões. O fato de ter sangue imune a fazia arrogante e cheia de si... ela achava que se vampiros não podiam sugar seu sangue, nada de mais podia acontecer-lhe.
    John suspirou... pelos seus cálculos, chegariam a Hogsmeade às dez da manhã  de domingo. Até lá, ele podia ficar tranqüilo, Sue não daria problemas, pelo menos enquanto estivesse dormindo.

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    No sábado quando treinava Neville para ser goleiro da primeira partida de quadribol da temporada, que seria na semana seguinte, Harry teve uma desagradável surpresa. Era véspera do aniversário de Willy, o presente que ele encomendara chegara um dia antes: uma pulseira de prata mágica, com uma pequena pedra onde ela podia guardar imagens de quem ela quisesse. Claro que Harry já colocara dentro da pedra a sua imagem, ele queria que ela a tivesse sempre por perto.
    Neville depois de ter voado a temporada passada com a roupa de proteção de Harry, o que lhes custara uma desclassificação vergonhosa no campeonato,  aprendera finalmente a não ter medo de ficar sobre a vassoura, e agora procurava coordenar seus movimentos, no que melhorava cada vez mais. Estavam treinando a quase duas horas quando Willy apareceu lá embaixo arrastando sua vassoura de estimação, Sieglinda, onde montou  veio voando até Harry, sorrindo.
    ‒ Oi! Eu vou voltar para o time. ‒ Harry parou
    ‒ Você o quê?
    ‒ Vou ficar na reserva do Malfoy.
    Harry ficou visivelmente contrariado, e fez um sinal para ela, levando a vassoura para longe dos outros.
    ‒ Porque você fez isso, Willy?
    ‒ Porque eu gosto de quadribol, e o professor Snape me chamou.
    ‒ Ele fez isso só para me provocar!
    ‒ Que tal você dizer que ele fez isso porque eu sou boa, Harry?
    ‒ Você é boa... mas já pensou se o Malfoy se machuca e você tem que jogar contra mim?
    ‒ Qual o problema, Harry, é só um jogo.
    ‒ Não estou gostando disso.
    ‒ Problema seu, então. Tchau! E esqueça o que eu combinei ontem contigo... não apareço hoje na sala de transformação, a não ser que você me peça desculpas decentes! ‒ disse e desceu rapidamente, correndo para dentro da escola apressada, deixando-o para trás com cara de bobo... sentiu falta de encontrá-la aquela noite na sala de transformação... mas no dia seguinte era aniversário dela, dia das bruxas e de visita a Hogsmeade... dificilmente deixariam de fazer as pazes.

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