OS MENINOS DO BRASIL



Obviamente era uma professora Mc Gonnagal bem mais jovem do que a que conheciam, mas a severidade de sua aparência era a mesma... porém ela estava sorrindo, muito simpática.
    ‒ Me disseram que vocês haviam sido vistos  por aqui e eu pensei, mas tão cedo? Nós só esperávamos vocês para daqui a um mês! ‒ repentinamente, parecia que Minerva estava falando grego. Esperando? Como poderiam estar esperando por eles? ‒ Eu gostaria de saber seus nomes... o ministério da magia de seu país não os forneceu para nós... Eu detesto falar mal, mas o ministério da Magia do Brasil é muito desorganizado... Aliás, vocês entendem o que estou falando?
    Uma luz acendeu-se na cabeça de Harry. Ela estava os confundindo com um grupo de estudantes que chegaria para um intercâmbio em Hogwarts! Um grupo do qual Souza fazia parte!
    ‒ Nós entendemos o que a senhora diz, não se preocupe! Nós sabemos falar inglês! ‒ Harry disse vivamente ‒ Muito prazer, meu nome é (e agora? Um nome brasileiro???) Larry Topper
    ‒ Larry Topper?
    ‒ Meus pais são ingleses! Esses são... Lernione Ranger, Tony Preasley e Ludmilla Pinscher.
    ‒ Seus nomes não parecem muito... brasileiros...
    ‒ Somos todos filhos de bruxos imigrantes... por isso temos esses nomes... diferentes, não é mesmo? ‒ Rony, Willy e Hermione olhavam-o com a pior cara da face da terra.
    ‒ Muito bem... ‒ a professora Minerva pareceu confusa ‒ eu creio que tenho que levá-los aos seus aposentos...  O programa de intercâmbio é uma  coisa nova... estamos experimentando este ano com o Brasil, por isso pedimos que vocês passassem os dois últimos meses deste semestre conosco, para adaptar-se para o ano que vem... Na verdade, como vocês chegaram um mês antes, vão ficar três meses, não é verdade?
    ‒ Sem problema!
    ‒ Então vão poder assistir à final do quadribol! Vocês vão adorar, eu sei que o Quadribol não é um esporte tradicional entre os bruxos brasileiros, que preferem o futebol bruxo...
    ‒ Claro, nós preferimos! ‒ Harry pensou  “o que diabos pode ser o futebol bruxo???” ‒ Mas adoraremos ver a final de quadribol! ‒ estavam indo para algum lugar entre o grande salão e a torre da Grifinória, subiram uma escada em caracol depois de virar à direita do retrato da Mulher Gorda, que naquela época já estava lá, deram de cara com o retrato do cavaleiro Sir Cadogan.
    ‒ Alto lá, intrusos! Quem vem?
    ‒ Gárgula sem coração!
    ‒ A senha! Podem passar bravos guerreiros!
    Havia um corredor com alguns quartos, a professora Minerva seguiu até o fim, mostrando dois quartos, um a direita e outro à esquerda.
    ‒ Meninas, meninos. ‒ disse, indicando cada quarto ‒ Onde está sua bagagem.?
    ‒ Bem,  ‒ Harry começou sem saber o que dizer
    ‒ Na verdade ‒ Willy interrompeu-o ‒ Fomos roubados em Londres!
    ‒ Foram roubados?
    ‒ Trouxas nos enganaram... ‒ Todos olharam muito feio para Willy, era muito humilhante ser enganado por trouxas ‒ quer dizer, deixamos as malas num lugar e quando voltamos, elas não estavam mais lá...
    ‒ Vamos providenciar para que elas sejam encontradas! Meu Deus, vocês perderam seu material mágico?
    ‒ Na verdade, todos estamos com nossas varinhas ‒ disse Rony ‒ Mas nossas vestes.. nossas roupas... e uma coruja, foi tudo roubado.
    ‒ Que lástima! Vou providenciar algumas roupas para vocês.
    ‒ Só sobrou este seburrêlho ‒ disse Willy, tirando do bolso Siegmund
    ‒ Bem ‒ disse a professora Minerva ‒ Eu vou descer, falta pouco mais de uma hora para o almoço, estejam à vontade, eu vou dar o horário de vocês após o almoço, tenham a tarde livre para conhecer a escola... eu vou mandar o guarda-chaves ciceroneá-los. ‒ Saiu apressada pelo corredor. Rony entrou num quarto e os outros foram atrás.
    ‒ Harry, você ficou maluco?
    ‒ Acho melhor me chamar de Larry agora.
    ‒ Tomamos o lugar de estudantes brasileiros e a única coisa que sabemos sobre o país é que lá tem sacis!
    ‒ Queria que eu dissesse a verdade?  Demos foi sorte!
    ‒ Agora estamos presos aqui! ‒ Hermione parecia desolada.
    ‒ Escute, Hermione, eu sei que parece horrível, mas eu lembrei de uma coisa, quando você me contou que Amos Taylor havia viajado no tempo, me disse que ele fez isso um mês antes de Voldemort desaparecer, certo?
    ‒ Certo.
    ‒ Que idade você acha que Sirius, Sheeba e meus pais têm agora? Pelo que eu calculo, uns dezesseis, pois a história bate com a que Sheeba nos contou.
    ‒ Aonde você quer chegar, Harry?
    ‒ Isso significa dizer, que faltam mais ou menos cinco anos para ele fazer a viagem no tempo... alguém aqui pretende esperar cinco anos para voltar?
    ‒ Não, mas...
    ‒ Temos um mês para dar um jeito nisso... e eu e Willy temos um mês para nos segurar e evitar contar aos nossos pais o que aconteceu. Podemos pesquisar na biblioteca um jeito de voltar.
    ‒ Mas Harry...
    ‒ É Larry!
    ‒ Larry, o que você pretende fazer?
    ‒ Não sei, em último caso, a gente procura Dumbledore, temos um mês.

    Desceram um pouco depois para o salão principal, e Hagrid os achou logo:
    ‒ Hehehe, bem que a professora Minerva me disse que vocês tinham cara de estrangeiros! É facílimo achá-los aqui no meio... se o ministério do país de vocês tivesse me avisado, iria buscá-los em Londres e vocês não teriam sido roubados... Como vocês vieram do Brasil?
    ‒ Navio ‒ Harry disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
    ‒ Que estranho... Bem, vou apresentá-los a um pessoal mais ou menos da sua idade, que vai deixá-los bem à vontade. ‒ Levou-os à mesa da Grifinória, onde Harry pôde ver seu pai, sentado entre Sirius e Pedro Pettigrew. Sentiu uma vontade imensa de socar a cara de Pettigrew.
    ‒ Estes são ótimos meninos: Sirius, Pedro e Tiago ‒ Sirius fez uma cara cínica, Tiago e Pedro sorriram ‒ Onde está Remo?
    ‒ Doente, Hagrid, para variar... ‒ Sirius disse, fazendo cara de tédio ‒ esses são os estrangeiros?
    ‒ São, mas eu não perguntei seus nomes...
    ‒ Larry.
    ‒ Tony.
    ‒ Lernione ‒ Hermione olhou feio para Harry.
    ‒ Ludmilla, pode me chamar de Lully.
    ‒ Sentem com a gente... ‒ Tiago disse, procurando ser muito simpático. Sua voz era extraordinariamente parecida com a de Harry ‒ Não vão querer ficar perto de caras como Malfoy e Snape.
    ‒ Com certeza não ‒ Rony deixou escapar.
    ‒ Conhece-os?
    ‒ Cruzamos com eles num corredor... eles não foram muito simpáticos.
    ‒ Bem, ‒ disse Hagrid ‒ Espero que se sintam à vontade... depois do almoço eu venho pegá-los para uma volta.
    ‒ Quer dizer que a gangue da Sonserina já se apresentou, hein? ‒ Sirius deu um sorriso debochado e espetou uma batata com o garfo ‒ Não há turma no mundo pior que aquela...
    ‒ Atlantis escapa ‒ disse Tiago
    ‒ Atlantis não anda com eles... acho que o pior é o Malfoy!
-    Até pouco tempo atrás você dizia que o pior era o Snape ‒ disse Pedro Pettigrew
-    coçando a orelha, e Harry pôde notar que tudo que ele fazia o irritava.
    ‒ Pedro ‒ Tiago ria ‒ tudo depende de quem está mais perto de Sheeba.
    ‒ Não me fale nessa antipática ‒ Sirius olhou-o com raiva ‒ Não sei como uma garota legal como Lílian pode ser tão amiga dela...
    ‒ Ela quem? ‒ Uma voz feminina esnobe soou bem atrás de Sirius, ele virou-se e Harry pôde ver Artêmis Moore aos dezessete anos, de braços cruzados atrás dele  ‒ Esqueceu que tinha marcado de almoçar comigo, Sirius?
    ‒ Esqueci, Artêmis, por quê? Vai me bater? É minha dona agora?
    ‒ Eu não quero namorar mais você! Você me trata muito mal.
    ‒ Ótimo! Vá catar besouros.
    ‒ Oh! Sirius! Estou rompendo com você, será que você não percebe? ‒ Sirius se levantou e a olhou de frente.
    ‒ ME ESQUECE, acabou, tchau. ‒ saiu pisando duro e Artêmis, depois de um minuto sem graça, foi para a mesa da Sonserina, sentar-se ao lado de Sarina e de uma garota que Harry achou que era a mãe de Draco.
    ‒ Não liguem para o Sirius ‒ Tiago disse, sem graça ‒ Ele está chateado porque anda tomando uns foras de uma garota e tem feito trabalhos noturnos há alguns meses por causa de uma besteira que fez...
    Harry notou de repente que alguém o olhava, como se o  reconhecesse, e deu com os grandes olhos verdes de sua mãe o perscrutando. Ela estava em frente a ele, à esquerda.
    ‒ Você me lembra alguém! ‒ ela disse ‒ Mas eu não tenho conhecidos no Brasil.
    Harry sentiu um bolo na garganta e reparou que ao contrário de Rony e Hermione, que procuravam conversar, Willy estava quieta, olhando para a mesa da Lufa Lufa, Harry viu então que ela olhava uma garota, mais jovem que ela até, de cabelos castanhos. Era sua mãe. Harry disse-lhe baixinho:
    ‒ Calma, você vai poder vê-la de perto. ‒ Ela sorriu para ele, Tiago cutucou-o.
    ‒ Ei, você sabe jogar futebol bruxo? Dizem que lá no Brasil é o melhor esporte, será que você podia nos ensinar?
    ‒ Bem, eu não sou muito bom nisso...
    ‒ Eu te ensino Quadribol, sou o capitão da nossa equipe!
    ‒ Bem, Tony é melhor nisso que eu... acho que a gente pode tentar...
    Nesse momento um rapaz muito alto aproximou-se de Tiago. Harry reconheceu-o: era Atlantis. Percebeu então que Willy tinha a estatura e a compleição física da mãe, mas o rosto era muito parecido com o de Atlantis.
    ‒ Potter! ‒ Tiago levantou-se ‒ Eu queria devolver isso a você, acho que você perdeu treinando ontem, eu achei  ‒ entregou a Tiago um anel, que Harry reconheceu como sendo o anel que Sirius e Sheeba haviam lhe dado.
    ‒ Obrigado, Atlantis! Estou muito magro, ele vive caindo do meu dedo.
    De vez em quando, ao ouvir a voz do rapaz que seria seu pai, Harry sentia no coração um aperto triste e doloroso, como se lhe tivessem cravado no peito uma faca. Olhou para Willy contemplando o rosto perfeito, e ouvindo a voz intocada de Atlantis e soube que ela sentia a mesma coisa.

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