REGRAS DE CONVIVÊNCIA COM TRO



Harry passou o dia estudando, terminando a última lição das férias: adiantara todo o trabalho das férias em um mês para não perder um único minuto da diversão que queria e merecia depois de quinze anos de férias terríveis...à exceção, claro, dos dias que passara com os Weasleys dois anos antes. Terminou a lição e foi se arrumar para esperar Sirius. Às seis da tarde já estava pronto e bem quieto num canto, para não incomodar ninguém.
    Quando faltavam cinco minutos para as oito, ouviu um ronco fundo e potente de motor, e soube que Sirius estava chegando em sua moto, que se comportava exatamente como um cachorro. Minutos depois, a campainha soou (engraçado, o barulho da moto não cessara) e Tio Válter foi abrir a porta não sem antes dar um olhar profundamente antipático para Harry. Ele abriu a porta e lá estava Sirius
    Mas definitivamente, não parecia Sirius. Ou pelo menos não se vestia nem se penteava como Sirius.  Tio Válter viu parado à porta um sujeito de 1,95m, ombros largos, num terno preto com gravata, muito bem alinhado. Parecia um executivo, cabelo penteado para trás com gel (o que deu em Harry uma vontade louca de rir) e sorria simpaticamente, a despeito da cara de poucos amigos que Tio Válter fazia.
    ‒ Boa noite, muito prazer, meu nome é Sirius Black e eu sou o padrinho de Harry. ‒ Sirius estendeu a mão para Tio Válter, que não a apertou , o que não pareceu aborrecer Sirius, que continuou: ‒  Vim buscá-lo para passar uns dias comigo e com a madrinha dele, minha mulher, que infelizmente não pôde comparecer, embora quisesse muito conhecê-los. Eu gostaria de entrar um minuto e trocar algumas palavras sobre Harry, antes de levá-lo.
    ‒ O que quer que você queira falar, seja rápido, não quero alguém como você em minha casa durante muito tempo. ‒ Tio Válter deu passagem a Sirius, que entrou, mantendo aquela surpreendente fleuma, deu boa noite a todos e um abraço em Harry, antes de prosseguir
    ‒ O que eu gostaria de dizer é que os senhores  ‒ tia Petúnia olhava-o sentada numa poltrona, com cara azeda. Duda estava ao lado dela, olhando para ver se Sirius não trouxera nenhum doce para Harry que ele pudesse roubar ‒ é que eu verifiquei que Harry é um ótimo aluno, e vocês não precisam se preocupar...
    ‒ Nada que diga respeito ao que ele estuda nos interessa, muito menos nos preocupa ‒ interrompeu tio Válter, áspero ‒ nem nada que diga respeito à essa escola também. Essas coisas sujas...
    ‒ Harry não estuda coisas sujas. Ele estuda magia, senhor ‒ o tom em que Sirius disse esse “senhor” preocupou Harry, ele sabia quando um ataque de fúria do padrinho estava se aproximando.
    ‒ Não diga essa palavra na minha casa
    ‒ Magia não é palavrão, senhor... ‒ Este “senhor” teve um tom  um pouquinho pior ‒ Quando seu sobrinho se formar um bruxo...
    ‒ Já disse que não quero menção a esse tipo de gente na minha casa!
    ‒ Esse tipo de gente, SENHOR, é muito mais decente que o senhor e sua família! Não cria seus filhos para se tornarem porcos obesos, nem suas mulheres têm essa cara de bacalhau seco insatisfeito ‒ aqui, Tia Petúnia fez uma cara de surpresa indignada ‒  e muito menos destrata filhos de parentes mortos ou seus padrinhos! ‒ Sirius ficou tão furioso, que se transformou em cão, avançando para frente com as enormes mandíbulas abertas, mordendo o ar. Tio Válter, Tia Petúnia e Duda subiram correndo para o segundo piso da casa apavorados, gritando, Harry segurou Sirius, que ficou rosnando para eles, que gritavam de medo trancados num quarto. Sirius então tornou-se novamente o velho Sirius e respirou fundo.
    ‒ Vamos embora, Harry. Da próxima vez, me espere na esquina, certo, nunca mais eu quero ver essas coisas na minha frente ‒ disse isso e gritou lá para cima ‒ Minha mulher tem razão! Devia ter transformado vocês numa plantação de cebolas! ‒ ele e Harry saíram e ao ver sua moto brincando de cavar alegremente, destruindo o canteiro de begônias de Tia Petúnia, Sirius ainda completou: ‒ e sem chance que eu conserte este canteiro idiota! ‒ ele deu um assobio e a motocachorro veio até ele, que amarrou as coisas de Harry atrás da moto, grande o suficiente para isso, e soltou Edwiges, dizendo ‒ Você sabe onde moramos, não é mesmo?
    Sirius subiu na moto com um salto e puxou Harry com uma mão:
    ‒ Estes panacas sequer te alimentam direito! Você não deve estar pesando nem 50 quilos! Ei Trouxas! ‒ gritou para dentro da porta ‒ Se na próxima vez que eu vier buscar meu afilhado ele estiver magro deste jeito eu juro que os transformo em nabos... não, nabos seria muito bom, transformarei vocês em cogumelos... e venenosos!
    ‒ Vamos voando, Sirius?
    ‒ Só depois de sair da cidade, ainda está muito cedo para dar bandeira.
    Harry achou melhor não dizer que achava que  berrar no meio da rua que ia transformar alguém em nabo já era uma bandeira tremendamente grande. Antes de dar partida, Sirius pareceu lembrar-se de algo:
    ‒ Não vou vestido como um panaca pra casa ‒ disse, tocando a si mesmo com a varinha e transformando as roupas no seu velho traje de motoqueiro ‒ e livre-se disso, não serve para nada! ‒ disse entregando a Harry um livro onde se lia na capa: “REGRAS DE CONVIVÊNCIA COM TROUXAS”.  Harry não pode deixar de rir. A moto deu a partida e saíram rodando incrivelmente rápido pelas ruas.
    ‒ Sirius, eu devia ter te avisado que meus tios são os trouxas mais trouxas da face da terra...
    ‒ Agora não precisa mais dizer, eu vi... Sheeba havia observado-os quando você era menor... ela me disse tanto e eu acreditei em tão pouco... Nunca mais vou na conversa de Lupin ‒ disse, imitando o amigo : ‒  “qualquer trouxa é legal se souber lidar com ele” pois sim... existem trouxas legais... os irmãos de Sheeba são legais, os pais dela também, mas esses aí não são!
    ‒ Não se preocupe, depois do que você fez, e com o medo que eles já tinham de você, provavelmente no ano que vem quando você vier me buscar eu terei comido tanto que estarei mais gordo que Duda. Sabe, Sirius, você é mais calmo que Hagrid. Quando ele foi me buscar para ir para a escola não agüentou nem a metade do que você antes de tentar transformar Duda num porco.
    ‒ Hagrid transformou seu primo num porco?
    ‒ Não ‒ disse Harry rindo ‒ ele só conseguiu fazer com que nascesse um rabo enroscado que teve que ser removido cirurgicamente!
    ‒ Só mesmo Hagrid! ‒ a gargalhada espontânea de Sirius ecoou pela rua, saíram da cidade e a moto embicou para o céu, na direção de Hogsmeade.

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