PENSAMENTOS PERDIDOS NUMA MANH



Eram seis horas da manhã e Harry estava deitado em sua cama olhando para o teto, o sol entrava devagarinho em sua janela, e ao lado da sua cama suas coisas já estavam devidamente empacotadas para a viagem. Enfim, era a véspera do seu aniversário e a data marcada para Sirius vir pegá-lo para passar as férias com ele, Sheeba e os seus amigos... Sheeba e Sirius tinham sido muito legais em chamar Rony, Hermione e Willy .
    Sentiu-se inquieto, sem nada para fazer até às oito da noite, quando Sirius viria buscá-lo na moto (o que não era bom... se tio Válter xingava os motoqueiros trouxas, o que diria de um motoqueiro bruxo?). Sua mente começou a vagar para uma noite em que acordara de um sonho terrível que fizera sua cicatriz queimar, dois anos antes... engraçado como agora não parecia tão horrível, por mais que tentasse lembrar-se do que sentira naquele momento... Desde que soubera da existência de Voldemort, procurara não pensar muito nele, e quando o fazia, procurava não ter medo. Depois do quarto ano, quando Voldemort armara um plano gigantesco para pegá-lo e fracassara, não sem antes fazer uma vítima fatal, Harry começara a achar que realmente enquanto ele não o destruísse, não sossegaria, mas esse não era de forma alguma um pensamento assustador agora.
    “Se dependesse de Voldemort, eu estaria comemorando meu 15° aniversário de morte, como fazem os fantasmas de Hogwarts, mas eu sobrevivi” ele pensou, tornara a sobreviver a ele algumas vezes, e, era chato concluir isso, todas elas por sorte. Ele não fizera, na sua opinião, rigorosamente nada sozinho, apenas e tão somente dera sorte. Agora, depois do último confronto, quando Harry fora ajudado pelo Fogo Sagrado, a chama mágica do bem, achava que pelo menos por algum tempo Voldemort o deixaria em paz... ele sentira a pele de Voldemort queimando-se sob seus dedos quando o enfrentara pela última vez.... Provavelmente o bruxo demoraria algum tempo para se recuperar. Ele agora podia se dar ao luxo de pensar um pouco em si mesmo.
    Harry estava crescendo, era um pouco magro demais, é verdade: obrigado na casa dos Dursleys a seguir a mesma dieta que Duda supostamente fazia há um ano sem conseguir emagrecer uma grama, Harry estava ainda mais magro que em Hogwarts. Porém, para sua satisfação, via que finalmente começara a “espichar” e já estava quase da altura de Rony (que sempre fora mais alto que ele), maior que Hermione e bem maior que Willy. Fizera uma marca com a sua altura antes de ir para Hogwarts no ano anterior na parede do quarto (imperceptível para evitar problemas com Tia Petúnia), e quando chegou de férias teve a satisfação de ver que já estava quase um palmo mais alto. E no dia seguinte completaria 16 anos.
    Esse pensamento era muito bom. Desde que percebera sua voz engrossando no fim do semestre anterior em Hogwarts, Harry gostava mais de ouvi-la. Era bom se sentir mais velho, mais adulto... pena que durante o último mês quase não ouvira a própria voz, pois nunca conversava com os tios. Durante todo período em que ficara com os Dursleys, Harry tinha conversado com eles apenas para dizer que o padrinho viria buscá-lo para passar um mês com ele, o que fez Tio Válter quase ter um ataque, e manter-se desconfiado mesmo quando ele disse que Sirius havia sido julgado e absolvido. Como ainda tinha medo de Sirius e não queria problemas, e talvez porque a idéia de Harry ficar longe deles durante as férias o agradasse, Tio Válter acabou concordando.
    Sem ter o que fazer, Harry pegou as cartas que recebera no último mês para reler: Hermione escrevera-lhe reclamando de Rony e Rony, por sua vez, escrevera-lhe reclamando de Hermione... quando ele pensava que os dois finalmente iam se acertar, eles haviam brigado terrivelmente e terminado o namoro... talvez fosse melhor mesmo assim, pois ele admitia que era um pensamento egoísta, mas odiava a idéia de ficar andando para um lado e para o outro com um casalzinho.
    Então pegou  carta de Bianca Fall, e não pode deixar de sorrir, Bianca escrevera-lhe um mês antes das férias, quando ele estava no hospital, recuperando-se de um ferimento grave que uma bruxa fizera-lhe logo depois da batalha contra Voldemort. Naquela carta ela dizia que era melhor serem amigos. Agora ela escrevera dizendo que ficara chateada porque ele não respondera (realmente, não tivera tempo de responder, depois esquecera) e ele sentia que ela estava um pouquinho despeitada, o que fazia seu ego adolescente sentir-se muito bem.
    Então, achou a carta de Willy... e sentiu-se extremamente incomodado, como se sentia cada vez que pensava em Willy. Não podia no mundo haver duas pessoas mais diferentes que Harry Potter e Willhemina Fischer. Ele era tímido, fechado, introvertido, tinha dificuldade de expressar algumas coisas até com seus amigos... ela era extrovertida, falante, às vezes até meio maluca, falava tudo que lhe vinha à cabeça, no entanto ambos tinham mais em comum do que podia parecer.
    Willy também era uma órfã, criada por parentes detestáveis, tivera um parente inocente renegado (no caso dela, o pai) e principalmente, como ele, perdera a mãe por causa de Voldemort. Ele lembrou-se quando Voldemort escolheu lutar com Willy apenas para ferí-lo, e se o bruxo sabia tanto assim sobre ela, teria que protegê-la, evitar que alguém a machucasse... Ela tinha sido a primeira pessoa, desde que soubera como seus pais haviam morrido, que havia feito realmente o que estava preso dentro dele sair numa onda quente e forte, os dois haviam chorado juntos, e até hoje essa lembrança o incomodava mais que qualquer coisa que Voldemort fizera a ele pessoalmente, exceto, claro, matar seus pais...
    Virou-se na cama, meio chateado, jogando as cartas para o lado ao lembrar-se que na mesma noite em que haviam chorado juntos ele e Willy haviam se beijado... fora um beijo completamente diferente do que dera em Bianca, isso não havia dúvida. Quando beijara Bianca, tinha sido bom, suave, agradável... já com Willy tinha sido forte, inesperado, amedrontador... e muito melhor. Tão assustador que depois nem ela e muito menos ele, tiveram coragem de conversar sobre isso... e era isso que o chateava naquele momento.
    Pensou por um tempo como seria a vida dele e de Willy, se Voldemort não tivesse matado seus pais, e a mãe dela não tivesse morrido por causa dele. Talvez, se tudo isso tivesse sido evitado, ele e Willy fossem hoje muito mais felizes.

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