A ENTRADA DA FENDA



Os dois dias passaram incrivelmente rápido. Quando viram  estavam no entardecer do dia em que entrariam na fenda do abismo... Harry sentia-se estranhamente calmo... era sua obrigação, não era? Ele tinha de fazer... eram seis horas quando Atlantis, Sirius e Sheeba os levaram para o cemitério, as sombras começavam a cair sobre o lugar, uma névoa esbranquiçada e brilhante cobria o chão... deslocavam-se entre os túmulos ouvindo sussurros, mas seguindo a orientação de Atlantis de não olhar para os lados. Chegaram a um mausoléu, quase do tamanho de uma casa. Sobre um portal de mármore o nome da família a que pertencia: “HEMERINOS”. Um uivo cortou o silêncio. Sirius virou-se na direção em que viera e disse:
    ‒ Atlantis, rápido, abra o portal e leve-os.
     Pouco além do último túmulo, uma fileira de lobos enormes e cinzentos se aproximava lado a lado, com certeza eram iniciativa de Voldemort. Atlantis abriu o portal rapidamente e os jovens entraram, e antes que Sheeba entrasse Sirius puxou-a e deu-lhe um beijo rápido, bruto, em silêncio, então sorriu-lhe e disse:
    ‒ Cuide deles ‒ Harry ainda viu ele dar um sorriso selvagem para ela e dizer: ‒ Não se preocupe, dementadores são muito piores.
    O portal começou a se fechar e Sirius se transformou em cão. A última imagem que viram dele foi erguendo-se sobre as patas bem a tempo de repelir um lobo que saltou na direção do portal. Harry olhou Sheeba e viu que ela tinha lágrimas nos olhos, mas ainda assim disse:
    ‒ Não se preocupe, Harry, Sirius sabe lutar muito bem.
    Harry virou-se e viu uma fileira de túmulos na parede, e um maior no centro, a sua tampa era uma escultura de um bruxo deitado, parecia incrivelmente pesado, mas Atlantis puxou-a sem dificuldade alguma e disse:
    ‒ Entrem. ‒ eles entraram e deslizaram mais ou menos dois metros para dentro de uma caverna escura, não se via um palmo adiante do nariz. Acenderam as varinhas e esperaram Sheeba e Atlantis, que selara o tampo do túmulo com um feitiço. Então ele foi à frente e deixou que Sheeba viesse atrás, fechando o grupo. Andaram por algumas horas, em silêncio, o túnel era frio. Atlantis tinha que andar abaixado à frente deles, pois sua cabeça batia no teto... Havia um sentimento de angústia em torno deles... Rony disse em um momento:
    ‒ Não está certo... isso está fácil demais...
    O túnel virava bruscamente para a direita, havia um espaço largo com uma porta lateral.
    ‒ Agora vamos passar bem embaixo de uma rua, temos que andar vinte metros dentro de um esgoto, não se preocupem, vou conjurar uma passarela para que vocês não pisem na água imunda ‒ disse Atlantis e sumiu pela porta, minutos depois apareceu, chamando-os. Harry passou pela porta e pôde ver que era uma galeria de esgoto larga e alta. Olhou para o teto e viu que havia um bueiro bem acima do ponto central da galeria. Pelo canto, havia uma passarela estreita, conjurada por Atlantis, ele selou a porta depois que todos passaram e disse:
    ‒ Corram! Esse é o ponto mais vulnerável do caminho!
    Eles correram, com Sheeba e Atlantis atrás. Quando passavam no centro da galeria, a tampa do bueiro foi arrancada e Harry viu cair dentro da galeria uma bola negra que ao tocar o esgoto começou a crescer. Rony gritou, e de dentro da água imunda emergiu a maior aranha gigante que Harry já vira... Sheeba parou e disse a Atlantis:
    ‒ Sele a galeria! Eu cuido disso! ‒ Eles correram e Harry ainda viu a aranha saltando sobre Sheeba, no exato instante em que a passarela conjurada desapareceu. Eles saltaram dentro de uma passagem, e deslizaram para um lugar mais baixo, houve um clarão e Atlantis fechou a passagem. Eles olharam adiante e viram que estavam em um trecho em descida, que começava suave, mas parecia que se tornava brusco mais à frente, como um largo tobogã. As paredes eram de pedra, cobertas por uma camada de musgo branco e brilhante... eles começaram a descer, e ao chegar no ponto onde deslizariam, Atlantis deu a cada um uma esteira larga, que conjurou de dentro das próprias vestes. Ele disse:
    ‒ Desçam e me esperem lá embaixo. Este lugar ainda está muito próximo da superfície e o Comensal da Morte que conjurou aquela aranha ainda deve estar por perto.   
    Eles desceram deslizando pela rampa, quando Harry ouviu um estrondo e olhou para trás. Uma avalanche de terra acabara de cobrir Atlantis, um buraco se formara acima dele, e por ele Harry viu descer uma bruxa loura como uma Veela... Sarina. Ela montou numa vassoura, e veio descendo na direção dele, ao mesmo tempo que a avalanche vinha, quase os alcançando. Harry viu a bruxa apanhar Willy, que se debatia, ela descia mais veloz que eles “vai fazer a curva lá embaixo”, pensou Harry. Ele então apontou sua varinha e gritou:
    ‒ Impedimenta!!!!! ‒ Atlantis tinha razão quando dissera que Sarina já não era uma boa bruxa, o feitiço a atingiu e Harry viu que ela caía da vassoura e rolava junto com Willy... a avalanche repentinamente parou no meio da galeria “Atlantis fez alguma coisa” pensou Harry , então ele olhou para frente e viu que quem parara a avalanche não fora Atlantis e sim Willy, que estava no fim da rampa com os olhos duros, brilhando, olhando para a tia, caída no chão. Hermione atingiu o fim da rampa primeiro, e conjurou fortes cordas em Sarina, Rony e Harry a seguiram, Harry levantou-se e abraçou Willy, que estava parada olhando com raiva para a tia, amarrada.
    ‒ Você... eu sempre achei que você não me amava, tia... agora você matou meu pai, assim como matou sua própria irmã. VOCÊ É UM MONSTRO!
    ‒ Isso, Willy, me odeie, corrompa seu coração, afaste-se do fogo sagrado... não me decepcione, eu sempre soube que você não seria patética como seu pai, nem fraca como sua mãe... eu te preservei, Willy, eu podia ter pego seu corpo para reviver o mestre, mas te poupei...
    ‒ Não dai ouvidos a ela ‒ Uma porta se abrira e por ela passou Gerárd, a gárgula ‒ ela quer afastar-vos do fogo sagrado. Não a odeie. Ela não merece o ódio de vosso bondoso coração.
    ‒ Olá, Gerárd! ‒ disse Harry ‒ não esperava te ver tão cedo.
    ‒ Jovem Harry Potter merece a esperança de Gerárd ‒ disse a gárgula ‒ agora, sigam em frente com Gerárd.
    ‒ Espere, Gerárd! ‒ uma voz gutural falou de trás da avalanche, Harry viu quando algumas pedras deslocaram-se e Atlantis saiu de trás delas. Ele deslizou suavemente até eles e abraçou Willy, que correra ao seu encontro.
    ‒ Eu volto daqui, ele disse acariciando os cabelos da filha, vou selar esta porta e fazer o caminho de volta, levando sua tia presa. Quando isso tudo acabar, nós ficaremos juntos ‒ Harry pode notar que embora estivesse firme, Atlantis tinha um braço quebrado, provavelmente ele fizera algum feitiço para que a avalanche não o machucasse, mas não rápido o suficiente. Eles passaram pela porta, e viram-na ser selada pelo outro lado. Estavam numa caverna estreita. Haviam atingido a entrada da fenda

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