Prólogo





Ele selou meus lábios em despedida. Eu sorri. Era tudo tão bom quando ele estava por perto. Nada de mal me acontecia. Tudo sempre estava absolutamente bem, apesar de achar estranho não poder sair do quarto. Só havia duas portas, uma que dava para o banheiro e outra que dava para algo além do quarto. Ele dizia que era perigoso e desde que eu havia perdido minha varinha, eu concordava com ele.




Ele levantou da cama e foi para a porta, então saiu. E a voz na minha cabeça que me atormentava toda vez que ele ia, voltou a falar, a gritar, a exigir atenção. Mas não havia sentido no que dizia. Me mandava sair, fugir dele, mas não havia razão para fugir de quem me amava e me cuidava. Não havia sentido, mas ainda sim a voz falava. E no fundo eu podia sentir uma pontada de dúvida, que me corroia todos os dias. E junto com a dúvida vinham as perguntas que ninguém nunca respondia, nem eu, nem ele. Porque ele é a única pessoa que vejo, a única que pode responder as minhas perguntas, a única que existe entre essas paredes em que vivo, e ainda sim não sinto falta de mais ninguém.




E é isso que gera mais dúvidas e mais perguntas. Como cheguei aqui? De onde vim? Onde está minha família? Como eu vivia? O que há além dessa porta? Pelo menos, uma questão primordial eu sabia, isso ele havia me contado. Lembro claramente do dia em que lhe perguntei quem era e com os olhos desconfiados ele me respondeu com voz incerta: você é Hermione Granger.


 



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