Cafageste, cretino, imbecil...



Cafageste, imbec... Ai, ele passou a lingua nos lábios! 



Treino de quadribol. Porque diabos eu estava sendo arrastada para um treino de quadribol? Eu nem gosto de quadribol! Por mim, todos aqueles jogadores esnobes podiam cair da vassoura e quebrar a cara, enquanto eu riria e diria: “Otários!”. Mas não dá para fazer isso quando sua melhor amiga faz parte do time. Tudo bem. Isso eu posso aturar. MAS PORQUE ELA TEM QUE ME ARRASTAR PARA OS TREINOS?!


 Francamente, quadribol é uma coisa totalmente inútil! Não sei porque a Marlene perde o tempo dela com isso... As únicas pessoas que assistem ao treino são os jogadores reservas e aquelas malucas que ficam gritando coisas como: “JAMES, GOSTOSO!” ou “SIRIUS, EU TE AMO!”. E eu, definitivamente, não faço parte de nenhuma dessas categorias, o que faz com que não haja nenhum motivo para eu estar aqui, sentada na arquibancada, vendo um bando de cachorros brigando pela goles. E minha amiga é um desses cachorros.


 Eu disse à ela que era uma péssima idéia. Mas desde quando Marlene McKinnon escuta o que eu digo?


 - Não tem motivo algum para ficar trancada no castelo, quando está um dia tão bonito lá fora. – Lene havia dito, enquanto me arrastava porta afora.


 Acontece que o “dia bonito” ao qual ela se referia era um céu nublado, um vento forte e congelante e um bando de garotos desocupados com a axila fedendo por causa do treino sentados ao meu lado.


 Aos gritos de algumas vadias que estão sentadas no fundo da arquibancada, gritando algo bem parecido com “quer casar comigo?”, Marlene quase cai da vassoura por causa do vento e é resgatada por Sirius Black e seu abdômen-super-hiper-mega-sarado. Ótimo.  Enquanto ela se diverte, eu tenho que aguentar o papo de um gordinho, mais parecido com um biscoito, que insiste em me emprestar seu casaco de frio. Como se eu fosse mesmo usar aquela coisa horrível fedendo à futum de macho.


 O pior é que eu estou mesmo com frio.  Maldita, McKinnon!


 Para melhorar, eu ainda tenho que ficar assistindo ao Biltre Arrogante procurar o pomo-de-ouro (que parece ter se perdido na minha cara, porque ele não para de olhar para cá) e fazer acrobacias na vassoura, parecendo um jegue. Afinal, para fazer manobras em uma vassoura à mais ou menos dez metros de altura com um vento forte daqueles, tem que ser um jegue. E depois ele ainda olha para a minha pessoa e dá um daqueles sorrisinhos imbecis.


 Que foi? Perdeu o cú na minha cara?


 - Cai, cai, cai... – torci, vendo o Potter se equilibrar na vassoura sem as mãos.


 - O que disse? – perguntou o gordinho.


 - Nada. – respondi, meio rude. Nada contra o garoto, mas ele estava fedendo tanto, que quase ofereci um desodorante para ele!


 Agora, sabe quando você fala uma coisa que parece correta e se arrepende momentos depois? Não que o fato de eu ter desejado que o Potter caísse da vassoura fosse correto, mas eu acabei me arrependendo. E porque? Ora, porque o Biltre do Potter fez uma acrobacia inútil olhando para a minha feição, ao mesmo tempo em que uma rajada de vento batia, e acabou batendo em uma das traves, caindo da vassoura.


 Cara, tinha sido exatamente assim que eu imaginara o tombo dele! E claro que as líderes de torcida lá trás já estavam dando gritinhos histéricos e chorando. Os jogadores estavam mais ocupados em terminar uma jogada e os reservas pareciam mais ocupados ainda fazendo um montinho no gordinho que antes estava do meu lado. Marlene agarrava Sirius em algum lugar do campo, ainda na vassoura (provavelmente agradecendo o resgate dele).


 Ora, não me olhe assim! Eu estava no frio, vendo um treino de quadribol com jogadores metidos, ouvindo baboseiras de um gordinho fedido e de umas loiras vagabundas com titica na cabeça, enquanto minha amiga agarrava (e era agarrada por) um cara gostoso, sendo que era por causa dela que eu estava naquela situação! O que esperava que eu fizesse? Desejar a morte do Potter sempre foi meu passatempo preferido, só que nunca funcionava... Até agora.


 Com todo mundo ocupado, sobrou para a ruiva aqui fazer o resgate do Biltre Arrogante, que estava estatelado no chão e não se mexia.


 Meio desesperada, levantei do meu lugar e pulei da arquibancada diretamente para o chão, agradecendo por minha brilhante idéia em colocar uma saia naquele dia e pedindo à Merlin que ninguém visse minha calcinha. Corri pelo campo, meio afobada, pensando que, se ele morresse, eu seria massacrada pela metade da população feminina solteira da escola.


 Aquele vento desgraçado bagunçou todo o meu cabelo. Imagine a cena: uma ruiva desesperada, com a calcinha aparecendo, o cabelo cheio de ninhos de rato correndo pelo campo de quadribol (que era grande). Imaginou? Ótimo, agora me dá um tiro.


 - JAMES! – berrei, caindo sobre ele, ofegante por causa da corrida. Sim, você ouviu direito. Eu falei o primeiro nome dele. Não me olhe assim, eu estava em desespero!


 Estado de James Potter: deitado de barriga para cima, com os braços e pernas esparramados de qualquer jeito, a boca meio aberta (é, eu reparei na boca, sim) e os olhos meio arregalados.


 - James, você ‘tá legal? – eu sei que é uma pergunta idiota, não me julgue. Como ele não me respondeu, agarrei os ombros dele com as duas mãos e dei uma sacudidela básica. Mentira. Correção: comecei a sacudir ele feito louca, enquanto berrava “JAMES!”.  


 - Hum... – ele resmungou. – Ai... – disse, gemendo de dor e fechando os olhos. Isso tudo porque Lily Evans é um gênio. Ela não sabe se James quebrou alguma coisa, mas ainda assim sacode o coitado sem um mínimo de cuidado.


 - Graças a Merlin! – exclamei, me debruçando sobre ele. – Você ‘tá legal? – perguntei, sabendo que era imbecil. Tirei as luvas e passei as mãos pelo rosto dele, tirando seus cabelos dos olhos.


 James abriu os olhos e me olhou. Um sorrisinho maroto surgiu nos lábios dele.


 - Agora eu ‘tô. – disse.


 Esse garoto deve ter algum tipo de problema, porque nem quando está morrendo consegue se conter. Eu sei que sou bonita (não me chame de convencida), mas naquele momento eu estava um bagaço! Como ele conseguia me jogar uma cantada logo agora?


 Eu tive que rir.


 - ‘Tá brincando, né? – perguntei, porque ele só podia estar de brincadeira. – Eu achei que você tinha morrido e você me vem com essa cantada tosca? – ralhei, ultrajada.


 - Bem, você mereceu depois de quebrar o que sobrou dos meus ossos quando me sacudiu. – retrucou James, fazendo uma careta de dor.


 Alguém me mata.


 - Desculpa! – disse, culpada. – ‘Tá doendo muito?


 - É claro que ‘tá doendo muito! – James respondeu, rindo de mim. Rindo de mim! Na próxima, deixo ele morrer. – Acho que quebrei alguma coisa... Não consigo me mexer.


 Nota Mental: nunca mais desejar que alguém caia da vassoura.


 - Ai, minha nossa! – agonizei, me afastando um pouco, com medo de encostar nele e machuca-lo mais ainda.


 Mas, antes que eu pudesse me arrastar mais um pouquinho, James agarrou meu pulso e disse:


 - Não vai, não. A única coisa boa desse acidente é que nunca tive você assim tão perto.


 Nota Mental 2: desejar que ele caia de novo, para ver se morre de uma vez.


 - Achei que não estava conseguindo se mexer. – falei, olhando sugestivamente para a mão que segurava meu pulso.


 - Bem, alguma coisa tinha que escapar impune. – comentou o Biltre Arrogante, rindo.


 Ignorei aquele imbecil, que nem machucado conseguia falar sério, e me levantei, sacudindo a poeira da saia e berrando, para quem quiser ouvir:


 - EI, ALGUÉM CHAME DUMBLEDORE! O POTTER CAIU DA VASSOURA! – não foi lá uma mensagem proferida para parecer importante, mas eu já estava me irritando com o Potter de novo. Se, no caso, ele estivesse desacordado, a mensagem teria saído assim: “SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! O JAMES CAIU DA VASSOURA! CHAMEM A AMBULANCIA, MERLIN, A MCGONNAGAL, DUMBLEDORE, O PRESIDENTE! ALGUÉM!” e em seguida eu cairia chorando.


 Mas, como esse não foi o caso...


 - Fico impressionado com o modo como se preocupa comigo. – comentou Potter, me fazendo virar para olhá-lo.


 - Bem – comecei. – Já que joguei uma macumba das fortes para você cair da vassoura, não tenho motivos para me preocupar...


 - Você parecia bem preocupada alguns minutos atrás... – provocou o Biltre.


 Dei um sorrisinho.


 - Por incrível que pareça, não te odeio tanto ao ponto de desejar sua morte, Potter.


 - Gosta de mim o suficiente para sair comigo?


 Fiz uma careta.


 - Não consegue falar sério?


 - Eu estou falando sério.


 Eu ri, sarcástica.


 - Você já disse isso para a toda a população feminina da escola.


 - Mas você é a única que escuta isso diariamente.


 - Você fala como se fosse a melhor coisa do mundo.


 - E você não acredita.


 Fechei a cara. Porque tinha vindo até aqui mesmo? Ah, é. Deveria ter deixado ele morrer. Me teria poupado algumas cantadas e uma corrida constrangedora pelo campo de quadribol.


 - E é para acreditar?


 A resposta do Biltre foi um gemido de dor, bem parecido com um grito abafado. Caí de joelhos ao lado dele um segundo depois.


 - James! – exclamei. – Ai, nossa! Deve estar doendo muito... – disse, quando vi que o braço esquerdo dele estava quebrado em um ângulo estranho. – Espere... – com cuidado, ajeitei o braço ferido de modo mais confortável, rezando para não o estar machucando mais. – Melhorou?


 - Sim, obrigado. – James respondeu. Coloquei a mão na testa dele e retirei mais alguns fios de cabelo, e então encostei os lábios para ver se estava quente. Não me olhe assim, só queria ver se ele estava com febre, ‘tá?


 - Temperatura normal – conjecturei. Mas, como era de praxe, quando fui me afastar, James segurou minha nuca, para que mantivesse o rosto perto do dele.


 Tentei sair, mas o filho-da-mãe soltou um gemido de dor com meu movimento brusco. Ah, mas que ótimo! E onde estava Dumbledore, que não chegava com o socorro?


 Assim, tão perto, era fácil admitir que James era bonito (porque ele era mesmo). Os olhos acinzentados eram brilhantes e escuros. Seus lábios pareciam tão molhados. Os cabelos bagunçados e charmosos. Aquele sorrisinho maroto brincando, pronto para sair. Tão bonito. E galinha. Arrogante. Mas tudo isso era charme. O nariz era reto, simples, nem grande nem pequeno. E os óculos ficavam tão bem nele.


 Fiquei boba (hei, não me olhe assim, você também ficaria) com o fato de ele não feder como todos os garotos em treino. James tinha um cheiro... bom.


 Ora, o que eu estava pensando? Potter não era bonito nem cheiroso. Ele era um cafajeste, cretino, imbec... Ai, ele passou a língua nos lábios! Cara, James pegou pesado agora...


 Provavelmente (sem sombra de dúvida) ele deve ter percebido que eu fiquei encarando os lábios dele, porque, sabe, não sou lá uma pessoa discreta.


 - Lily, eu não posso me mexer! – James disse, parecendo agoniado. Bem, ele tinha razão. Nada ia acontecer se eu não o fizesse, afinal, o garoto estava impossibilitado de fazer qualquer movimento.


 Assim, como quem não quer nada, apoiei as mãos dos dois lados da cabeça de James e encaixei meus lábios nos dele. Suguei de leve o lábio inferior, só para sentir o gosto e o garoto embaixo de mim suspirou. James Potter suspirou? Por um beijo meu?


 Movi minha boca em sincronia com a dele, mas sem aprofundar o beijo. Eu só queria sentir o gosto, por curiosidade... Não é? E o gosto por sinal era ótimo. Não que eu ligasse muito.


 Foi quando todo mundo chegou. Alguém me tirou de cima de James (provavelmente uma das fãs vadias dele) e me empurrou para trás, afim de me tirar do caminho. Ouvi o Potter soltar um gemido de frustração (ou dor, ou os dois) antes de sair de perto, para dar espaço à maca que vinha flutuando atrás de Dumbledore.


 Bem, levando em conta que eu estava sentada no chão, com a saia meio levantada e os cabelos piores do que estavam antes... Ah, quem liga? Ninguém está olhando mesmo, as atenções estão em Potter, que já estava acomodado na maca.


 Dando de ombros (e tentando dar uma jeito na bagunça louca que estava o meu cabelo), eu me levantei e limpei a poeira da saia. Isso deveria servir para acabar com os treinos de quadribol por uns dois dias. Comecei a me afastar, quando, inocentemente, reparei que tinha esquecido minhas luvas perto do Potter, que por sinal já estava se afastando do campo de quadribol.


 Voltei ao local aonde ele tinha caído e procurei minhas luvas (que deveriam estar pisoteadas), mas não encontrei nada.


 Ótimo. Era tudo culpa daquele Biltre Arrogante.


 


N/A: fanfic nova! Eu sei que deveria estar escrevendo um capítulo para A.R.W, mas a idéia veio na cabeça e a fanart que eu achei também não ajudou... Culpem a fanart.


 Enfim, comentem, eu acho...

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Comentários (3)

  • Sah Espósito

    Adoroo Lily e James por voce!Será que cada dic sua vai ganhar comentario meusacanagem!rsrs   

    2012-12-05
  • MadGryffindor

    Amei a sua fic,sou simplesmente doida por James e Lily,é meu segundo shipper-meu primeiro é Hargin-amei meeeesmo ^^

    2012-11-03
  • Juuubs Evaans

    Liiindaa  !!!!! Muuiitoo boooa mesmo!

    2012-11-03
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