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             <center>O recomeço da saga</center>


 


            <p><br>Era manhã. O dia estava bonito e a paisagem redundamente alegre. O sol com algumas nuvens dispostas aleatoriamente pelo céu, dava uma falsa e breve sensação de que o dia era normal. Nada de ruim iria acontecer.</p>


            <p><br>Acordei num pulo e desci rapidamente. Já estava tudo preparado. Os meninos arrumados, Lily com um vestido bufante ao lado dos dois e Gina apenas colocava seus sapatos apoiada sobre o sofá. Ela nem percebeu minha presença porque estava com as costas viradas para mim. As crianças me olharam e eu pedi para que ficassem quietas. Eu voltei ao meu quarto, vesti meu terno mais elegante, limpei meus óculos com um feitiço e desci novamente. Gina agora estava arrumada e tentava dar os últimos toques nas crianças que a pediam desesperadamente para parar.


            <p><br>— Pai. — Disse Lily esperançosa.</p>


            <p><br>Gina se virou estonteante e começou a empurrar as crianças para fora. Dei alguns passos e ela disse:</p>


            <p><br>— Bom dia Harry.</p>


            <p><br>Eu a presenteei com um beijo e os segui. Gina perguntou se não haviam esquecido nada, eles responderam negativamente e continuaram. Eu fiquei alguns segundos para trás e tranquei a porta. Demos alguns passos pelos azulejos brancos postos sobre a grama do quintal que ligava a porta e a calçada pavimentada.  Gina perguntou novamente, mas depois da confiante resposta dos filhos ela parou.</p>


            <p><br>— Estão prontos?! — Eu perguntei apreensivo.</p>


            <p><br>Eu segurei suas mãos e fiz certa força mental, mas não por muito tempo. Um trouxa passava na próxima rua e isso me fez parar e tentar agir como eles. Ele acenou em nossa direção e nós acenamos de volta. Depois que ele virou a esquina fiz a tentei novamente.</p>


 <br>


<p><br>Não demorou muito para chegarmos à porta da estação de Londres. O relógio batia dez horas e nós estávamos extremamente adiantados. Andamos calmamente pela estação e vimos as paredes entre as estações. Um, dois... Cinco, seis... Oito, nove.</p>


<p><br>— Chegamos. — Disse.</p>


<p><br>— Hã? — Perguntou Alvo e Lily em uníssono.</p>


            <p><br>Só para esclarecer os fatos, eu nunca os havia trazido antes. Quando Tiago fora para Hogwarts ano passado, Lily e Alvo tiveram um passeio na escola trouxa para comemorar o início das aulas. Era a primeira vez que eles iriam passar pelo nada, com destino ao tudo.</p>


            <p><br>— Vocês vão adorar, é muito legal. Vamos! — Tiago puxou Alvo e o levou para a parede de tijolos entre as estações nove e dez. Ele deixou tudo para trás e foi junto com irmão — Olha Lily!</p>


            <p><br>Eles correram na direção da parede e fecharam os olhos, Tiago passou pela parede em câmera lenta enquanto olhava para nós. Eu peguei a mala de Alvo com cuidado.</p>


            <p><br>— Agora é nossa vez Lily. Vamos. — Eu a peguei pelo braço e a olhei nos olhos transmitindo confiança. Ela retribuiu com um sorriso e tomou a iniciativa. Ela correu me puxando, eu por vez, puxava a mala de Alvo, que estava sendo segurada por Gina.</p>


 <br>


 <center>                                                                      ***</center>


 <br>


<p><br>Depois de irem embora um tempo se passou. Nesse momento, a estação 9½ já estava vazia. Lá só haviam eu, Lílian e Gina e alguns pombos e pássaros.  Um vento de repente atravessou meu rosto trazendo com ele frieza, que foi seguida por ondulações de todo o mundo ao meu redor. Assim, simplesmente do nada. Logo após as ondulações, uma voz sussurrou em meu ouvido. Uma rouca e cortante voz. Como um agouro de algo ruim. Ela dizia simplesmente algo como... Se prepare.</p>
<br>
<p><br>Eu só lembro-me de ter dado ouvido aquela voz e ter me sentido meio tonto. Dei uma avoada e só não caí nos trilhos porque Gina me segurou forte pelo braço. Ela bateu com a mão no meu rosto me tirando do transe.</p>


<p><br>— Harry? O que... O que houve?!</p>


<p><br>— Nada. Só vamos pra casa.</p>


<p><br>Lílian por sorte não estava vendo aquilo. Estava alimentando os pombos marrons que voavam alegres por toda a estação de King’s Cross. E por hora pensei que nada acontecera, pensei que aquilo fora uma peça pregada por minha imaginação.</p>


<p><br>Ela me levou para casa tomando cuidado em cada movimento meu. Para que nenhum deles fosse falso e provavelmente meu último. É eu sei o que você está pensando, tudo está acontecendo muito rápido. Mas calma aí. Daqui pra frente te garanto que só vai piorar.</p>


<p><br>Nós chegamos em casa e eu fui para cama direto. Naquele dia meu drama começou, naquele dia teve início minha montanha-russa imaginária. Eu comecei a ter sonhos. Sonhos esses que me faziam acordar suado madrugada adentro. Gina às vezes nem me via acordando de noite e indo pegar um copo de água. Eu procurava esconder ao máximo essa parte. Vou contar como foi uma dessas experiências.</p>


<p><br>Eu andava numa floresta congelada. Ao meu lado estava um homem ou uma criança, não sei ao certo. Estava sem meus óculos, o que deduzi porque minha visão estava embaçada. Eu carregava uma varinha em uma mão e um punhal na outra e andava pesadamente apreciando cada centímetro da floresta como se esperasse alguém. E de fato estava. Um velho apareceu do nada e me entregou um osso. O velho logo se retirou e voltou para o ponto de onde saiu e eu continuei a andar.</p>


<p><br>Galhos se quebravam aos meus passos. E de repente me encontrei olhando para um monumento. Era uma espécie de cova, mas uma trabalhada, feita para alguém importante. Eu peguei o osso e o parti em dois. Entreguei uma parte ao meu seguidor e na outra cravei o punhal bem fundo. Segundos depois um líquido amarelo-pus saiu do osso. Eu peguei um punhado com minha mão e coloquei sobre a direção da cabeça do defunto. Meu companheiro começara a dizer palavras sem sentido enquanto eu murmurava encantamentos. E foi isso... A imagem começara a rolar e a última coisa que me lembro é ver o túmulo se partindo em dois e um par  de mãos se projetando dele.</p>


<p><br>Acordei com Gina sobre meu peito, me esmurrando, tentando me acordar.</p>


<p><br>Foi até estranho acordar dessa vez, suado e ofegante. Parecia que uma parte de mim ainda estava no pesadelo levando sustos infinitos enquanto olhava as tenebrosas mãos.</p>


<p><br>Espera aí. Algo naquela floresta me era familiar. Eu já havia estado lá, em alguma parte da minha vida; só não me lembrava quando.</p>


<p><br>— O que houve? — Gina perguntara me largando e balançando sua varinha, segundos depois um pano molhado apareceu em minha testa.</p>


<p><br>Eu olhei de relance por entre o corpo de Gina — que estava a minha frente — e uma silhueta escura se projetava defronte a porta. Era Lily.</p>


<p><br>Enquanto ela tentava olhar o que estava acontecendo no quarto, Gina começou a tagarelar coisas aleatórias e sem sentido. Só uma nota. Isso significava que ela estava nervosa e prestes a explodir, então falar algo não é uma opção.</p>


<p><br>— Vem filha. — Disse calmamente estendendo meu braço.</p>


<p><br>Gina se calou e olhou para trás. Lily demorou um pouco para sair da porta, mas no final ela veio até mim e recostou sua cabeça sobre minha suada camisa, em um intenso abraço. Foi difícil fazer Lily dormir, mas depois de uns dez minutos ela se deixou levar. Eu me reanimei e levantei. Andei um pouco até a janela e a abri. O céu estava róseo e pronto para o sol nascer. Deixei essa sensação me levar de volta para cama quando lembrei que tinha que trabalhar.</p>


<p><br>Coloquei minhas vestes e saí sem tomar café. Aparatei em frente ao banheiro e continuei meu caminho habitual. O dia foi o mesmo de algumas semanas atrás a não ser por um pequeno detalhe.</p>


<p><br>Eu estava no Departamento de Execução das Leis da Magia fazendo uma ronda quando Michael me chamou pelo megafone. Ele disse que era importante então andei rapidamente até sua sala. Abri a porta com entusiasmo não sabendo se o assunto era bom ou ruim.</p>


<p><br>— Sente-se, por favor. — Ele brincava com uma pequena estátua de pégaso que voava sobre sua cabeça. Ele balançou a mão e a estátua foi para seu pedestal, posicionou-se em uma heroicamente e esperou se petrificar sozinho — Como sabe, nosso grupo três foi enviado em missão. E o senhor foi posto como substituto. Enfim... Vou direto ao ponto, gostaria que fosse o líder do novo grupo três. O senhor aceita?</p>


<p><br>Eu pensei um pouco. Deixei meus pensamentos rodarem e algo me ocorreu. Porque não Otto? Afinal ele já era querido até demais. Não perguntei, mas minha língua parecia querer me trair.</p>


<p><br>— Sim. — Respondi apreensivo.</p>


<p><br>— Então é só. O senhor pode voltar a sua ronda, mas não fale sobre isso com nenhum dos aurores. Colocarei seu nome no quadro de líderes a partir de amanha. Vá!</p>


<p><br>Eu dei poucos passos sem reclamar. Abri a porta e pensei mais um pouco. Essa era a hora de perguntar.</p>


<p><br>— Mas e Otto? — Eu tentei perguntar da maneira mais indiferente que posso mas ele pareceu conseguir ver através de minha indiferença. Ele se ajeitou na cadeira.</p>


<p><br>— Eu já perguntei. Ele questionou por um momento e lhe indicou. Ele ficou tão grato pela indicação que me deu isso. — Michael levantou uma garrafa de uma mistura de hidromel com néctar de abóbora.</p>


<p><br>Eu continuei meu caminho de volta ao Departamento de Execução das Leis da Magia pensando nas exatas palavras de Michael, afinal eu nem conhecia Otto e tinha quase certeza de que ele também não me conhecia. Então porque ele me indicara e não aceitara a promoção? É confuso. Tudo está confuso pelo menos desde alguns dias atrás. E por falar nisso, Michael encarregou Ivan de ser o líder do grupo cinco na minha ausência. Com Madson lá e ele coloca o Ivan, alguma coisa está errada.</p>


<p><br>Depois do expediente fui de volta para casa e encontrei um presente na cama. Um bilhete dizendo Fui sair com Lily, tenha uma boa noite de sono.</p>


<p><br>Fiz o que me era pedido e caí na cama, tirei meus óculos, os apoiei sobre a cômoda e dormi.</p>


<p><br>Não tive pesadelos, apenas sonhos. Sonhos em que voltava aos meus tempos de escola e tinha grandes aventuras. Quem me via naquela época nunca imaginaria que terminaria como um auror qualquer; ou será que não. Será que o que me puxava diretamente para a aventura ainda existe?</p>


<p><br>Mais um dia de surpresas se passou. Ao verem meu nome como líder do grupo perdi amigos e ganhei um aliado. Não posso chamar Otto de amigo, porque não o conheço. Mas posso dizer que perdi um, ou pelo menos em potencial. Corey, ele era todo certinho e passivo, mas acho que ser seu amigo seria legal. Tivemos algumas experiências juntos, nossas mulheres tem o mesmo emprego; ambas são colunistas no Profeta Diário.</p>


<p><br>Corey, ao descobrir que eu era o líder do grupo ficou possesso. Ele dizia coisas como Você ao menos procurou saber se algum de nós queria? Ou Tinha de ser o astro Potter de novo! Ou até mesmo Eu sabia que você era assim, agora que estava começando a melhorar. Nesse momento Otto começou a se aproximar de mim. Depois do trabalho fomos até um bar qualquer e bebemos um pouco de cerveja amanteigada; ele se queixou de dor e pediu também uma garrafa de hidromel.</p>


<p><br>Após isso mais dias se passaram e apenas uma novidade aconteceu. Eu fui para uma missão, na verdade todos os líderes dos aurores foram, na Sede Internacional dos Ministérios da Magia para uma reunião sobre a possível revolta de alguns presos em Azkaban. Foi bem maçante e demorada, 12 dias afinal.</p>


<p><br>Passei mais alguns dias em casa de devido repouso, dado pelo próprio ministro.</p>


 


<p><br>Após mais uma semana os pesadelos voltaram. Eu sonhava com Voldemort ressurgindo no meu quarto e me atacando, logo depois exterminando de uma vez por todas minha família. Mas foi no último dia de Setembro que minha mente chegou a seu auge, pelo menos pela primeira vez.</p>


<p><br>Sonhei que andava numa estrada ladrilhada coberta por neve. Não me lembro o que via mas parei em frente a uma casa destruída com muros e portões delicados. Aquela cena me era familiar. Um estampido anunciou que meu companheiro chegara, ele estava encapuzado novamente. Eu não me sentia o mesmo da outra vez. Na verdade eu não parecia presente no sonho, eu estava mais como um fantasma vendo o sonho mas não participava. Além disso, esse sonho parecia mais recente, mais real. Eu olhava para os dois homens que estavam a minha frente. O que eu vi primeiramente ergueu a mão e balançou a varinha. Os portões se abriram e nós atravessamos a varanda. A casa não havia porta, mas sim um vão na forma de um arco. Eu entrei, sendo seguido pelos outros dois, e nós subimos uma escada precária. Alguns degraus soltavam enquanto pisávamos mas a maioria aguentou nosso peso.</p>


<p><br>O homem menos recente olhou para um armário, que se encontrava logo a frente da escada, num quarto tomado pelo fogo. Ele abriu a porta, posicionando-se ao meu lado, e ela despencou no chão; eu rapidamente olhei assustado, pelo barulho que ela reproduziu, para ela no chão. Nesse momento pude ver quem era o homem, ou pelo menos uma pista. Ele usava um tênis um tanto jovem, era social de cor âmbar, mas possuía um risco na área do peito do pé. O risco era quase imperceptível, se eu tirasse meus olhos por um segundo, não conseguiria encontrá-lo novamente. Frisei essa imagem em minha mente.</p>


<p><br>Dentro do armário havia uma pequena caixa de madeira, ele a pegou e abriu. E dentro dela havia um pedaço de osso e um tubo de ensaio com uma rolha na boca. Reconheci rapidamente o osso do sonho que tive a algum tempo. Já o tubo era totalmente novo para mim, ele brilhava incandescentemente e sua cor lembrava um mar poluído e velho. O homem mais recente fez um sinal. Alguém estava vindo. O barulho de passos adentrando neve foi a última coisa que ouvi antes de desaparatarmos.</p>


<p><br>Eu os segui até uma praia. Era estranho estar numa praia no meio disso tudo. Um segundo depois de ter desaparatado, o homem mais recente fez outro sinal. A cena tremeluziu e eu percebi que estava fazendo sinais de positividade com a cabeça. De repente outro alguém saiu da escuridão mais próxima. Quando ele ia dizer algo, ouvi uma voz me chamando.</p>


<p><br>— Harry! Harry!</p>


<p><br>Em sua última chamada senti como se alguma coisa me puxasse para fora daquela cena, e foi então que voltei a mim.</p>


<p><br>Encontrei-me em meu quarto e olhando para mim estavam quatro borrões não nítidos. Peguei meu óculos e o pus. Os quatro borrões tremeluziram e entraram em foco. Gina, Hermione, Rony e Lily me olhavam apreensivamente. Fiquei feliz em ver meus amigos novamente. Imaginei que Gina, desesperada, deveria ter falado com eles.</p>


<p><br>— O quê vocês fazem aqui? — Perguntei tentando disfarçar o pesado clima que estava sobre nós.</p>


<p><br>— Harry, não tente mudar de assunto. — Respondeu Hermione ousada como sempre — Nós já sabemos de tudo. Gina nos contou enquanto você suava e gritava.</p>


<p><br>— Você contou para eles? Disse que não era para contar para ninguém! Disse claramente para não contar para ninguém! Isso é um assunto pessoal!</p>


<p><br>— Eu não tive escolha! — Gina respondeu. — Eu estava preocupada com você.</p>


<p><br>— Mas enfim... Vamos mudar de assunto. O que houve aqui não é nada de mais.</p>


<p><br>Ao dizer isso, todos ficaram boquiabertos, mas pareceram seguir minha linha de pensamento. Nesse momento me lembrei de Lily, como podia ter esquecido dela.</p>


<p><br>— Lily, vai pro seu quarto, por favor.</p>


<p><br>Ela pareceu querer protestar mas Gina a olhou de uma maneira estranha e ela seguiu seu caminho.</p>


<p><br>— Como vocês estão? — Eu perguntei tentando mudar de assunto — Soube que vão se casar.</p>


<p><br>Eu sei. Se casar depois de ter filhos é diferente, mas considerando a mãe nervosinha de Rony, se casar deveria estar o mais longe possível.</p>


<p><br>— É. — Respondeu Rony.</p>


<p><br>— Que notícia impressionante! — Disse Gina — Mas está indo tudo bem?</p>


<p><br>— Se não fosse sua mãe, Gina, essa notícia seria a melhor possível para nós dois — Disse Hermione — Ela fica querendo ficar a frente de tudo. Não tivemos chance nem mesmo de escolher o lugar; ela já tomou a frente e disse que será na Toca. Eu sempre sonhei em me casar em lugares como Europa, América do Norte; sabe, onde tenha conteúdo histórico, ou até mesmo Hogwarts. Eu só queria uma viagem e um casamento, mas não, ela tem que mandar nisso também...</p>


<p><br>— É eu conheço minha mãe, Hermione! — Respondeu Gina não deixando Hermione terminar a frase, pois percebeu que isso ia se estender e virar uma grande reta infinita de insultos à sua mãe — Ela quis monopolizar nosso casamento também!</p>


<p><br>— Eu também conheço minha mãe, Mione! E eu sei que ela é isso tudo, mas... Não precisa ficar falando pra todo mundo! — Respondeu Rony com rispidez passando a mão sobre seus cabelos cor de fogo, já esperando uma resposta arrogante de Hermione.</p>


<p><br>— Ronald Billius Weasley, não se meta, não quer começar uma discussão aqui, não é? — No momento em que Hermione falou esses poucos períodos, Rony teve o que esperava. Ele apenas se calou e procurou ficar assim durante a conversa.</p>


<p><br>— Mudando de assunto... Gina você com certeza é a madrinha, e você Harry é o padrinho — Disse ela com um radiante brilho nos olhos, esquecendo totalmente o pequeno desentendimento dela e de Rony a poucos minutos atrás — Vocês tem que escolher logo suas roupas... — Hermione continuara a falar do casamento, que pela visão dela seria perfeito em todos os aspectos, sem levar em consideração as “sugestões” de Molly. Era até engraçado, vê-la sonhar.</p>


<p><br>— Está bem Hermione — Disse indisposto.</p>


<p><br>Enquanto eles conversavam sobre o casamento veio em minha mente slides da casa abandonada sem parar. De repente tudo parou e ouvi Hermione me chamando:</p>


<p><br>— E então, Harry o quê você acha? — Ela esperou um momento e então recomeçou — Harry! Harry! — Ela dizia batendo leves palmas.</p>


<p><br>Voltei a si por um segundo e afirmei a tal frase que tinha como assunto a colocação de pajens, noivos, noivas e floristas; não prestei muita atenção, uma vez que os slides voltaram. Enquanto conversavam, meu pensamento estava muito além do que a cabeça de qualquer ser humano poderia alcançar. Pensava nos objetos que vira em minhas visões. Por um momento perdi a linha de raciocínio e prestei atenção na conversa. Ouviu um assunto que não me agradou muito.</p>


<p><br>O quê era a poção que ele carregara? E para que finalidade? De quem era o osso? Para que finalidade ele o pegara e o guardara? Eram as principais perguntas que vinham em minha cabeça durante a noite toda. Nem uma delas eu havia encontrado a resposta, mas pelo menos, nas questões que envolviam o osso eu tinha um relance de pista. E uma coisa não poderia ser deixada de lado. O fato do sapato. Eu ainda tinha aquela imagem ainda frisada na cabeça.</p>


<p><br>Viajei durante a conversa toda sem saber o que estava ocorrendo, ficando meu corpo em modo automático concordando com tudo, mas, minha mente em outro lugar pensando nas trevas do mundo.</p>


<p><br>Quando chegou a hora de Hermione e Rony irem embora já era de manhã e todos nós tínhamos que trabalhar.</p>


<p><br>— Tchau Harry! – Eu ouvi e respondi a mesma coisa mesmo sem saber pra quem.</p>


<p><br>Mesmo achando que meu dia seria conturbado, me arrumei com muito vigor.</p>


<p><br>— Tchau Gina!</p>    


<p><br>Gina respondeu mesmo achando que não era uma boa ideia eu ir para o trabalho hoje. Quando ela acenava, em minhas entranhas eu sentia seu intenso desejo de me ter por perto, também sentia sua grande insegurança em relação a aquela casa, já que ultimamente ali aconteceram coisas estranhas e incomuns comigo.</p>


<p><br>— Gina. — Disse com uma enorme necessidade de terminar com aquela sensação de insegurança de Gina — Só por segurança irei lançar alguns feitiços protetores, está bem?</p>


<p><br>— Ok!</p>


<p><br>Não sei o porquê, mas, quando estava saindo da minha casa para desaparatar, Gina pareceu dizer sublinamente Por favor, Harry, não vá! Não me deixe sozinha! Tentei ignorar ao máximo e desaparatei.</p>


 <br>


<p><br>Aparatei na rua em frente a entrada para os banheiros, dei os passos necessários até chegar ao átrio do ministério. Hoje ele estava cheio, bastante cheio e eu sei a razão. A razão de todos “parecerem” trabalhar é pela inspeção bimestral. Os chefes de cada seção dos Ministérios de todo o mundo saem para outra unidade e verificam coisas como, por exemplo, a organização de cada departamento, a autenticação da realização dos trabalhos que lhe foram carregados ou até o que era mais impressionante, o desing do ministério — se estava ou não nas ordens pré-limitadas pela União. No meio do caminho encontrei com Hermione, nós pegamos o elevador em direção ao segundo andar; juntamente com ela entrou Dallan Reder, o chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.</p>


<p><br>— Dia Hermione.</p>


<p><br>— Dia Harry.</p>


<p><br>O elevador, por alguma razão, resolveu ir ao sétimo andar primeiramente. Dallan se despediu e isso, infelizmente, nos deu tempo para conversar.</p>


<p><br>— Então... — Já sabia onde daria aquela conversa. Hermione tinha uma mania, de antes de mandar uma “bomba”, começar a frase com Então... Isso pelo menos servia para preparar quem ouvisse a bomba — O que faremos agora?</p>


<p><br>— Fazer o que Hermione? Não tem nada para se fazer.</p>


<p><br>— Tem sim Harry.</p>


<p><br>— Não, não tem. Eu já disse que aquilo não foi nada.</p>


<p><br>A situação estava ficando extremamente desconfortável e Hermione não dava trégua. Ela batia na mesma tecla várias e várias vezes, tentando extrair alguma informação de mim. Mas isso não iria funcionar.</p>


<p><br>— Tem sim. Olha só, quando quiser conversar realmente sobre o que está acontecendo, é só ir à minha sala.</p>


<p><br>O tempo pareceu ser cronometrado porque no momento que Hermione disse a última palavra da frase, a porta do elevador se abriu e ela saiu; deixando-me sozinho. Demorou um pouco para perceber que tinha que sair também. Por pouco não fico preso no elevador e volto para não sei aonde.</p> 


<p><br>Eu segui Hermione até uma bifurcação. Uma levava a Seção de Serviços Administrativos da Suprema Corte dos Bruxos e outra levava ao Quartel General dos Aurores; que era meu destino. No caminho encontrei com Ivan e Joe e comecei a conversar. Ao chegar à porta do QG abri a porta para eles e tive uma grande surpresa. Era como se uma flecha estivesse apontada para minha cabeça a alguns minutos e eu só a visse agora que já estava morto. Ivan passou ao meu lado e olhei para baixo. Os sapatos de Ivan eram sociais, cor âmbar e adivinhem... Com um risco quase que imperceptível no peito do pé, exatamente onde estava o outro risco.</p>


<p><br>Eu tive um calafrio e meu coração quase palpitou. Meu inimigo estava tão perto que nem pude acreditar. Agora que vi isso as peças se encaixavam. Muitas imagens vieram em minha mente mas foram interrompidas pelo som da bengala do chefe.</p>


<p><br>— Queria dar parabéns ao grupo três que voltou de sua missão com êxito e com muitos bons relatórios. Queria frisar no fato de que eles voltaram ontem de madrugada e já estão preparados para trabalhar novamente. Uma salva de palma para elas, por favor!</p>


<p><br>É, pode se dizer que houve uma salva de palmas. A imagem de Michael arremessando um pergaminho em Ivan me deu certo motivo. Tá bom era bobo, mas para a maioria de nós, um simples não apertar de mãos já era o suficiente para uma briga acontecer.</p>


<p><br>— Uma salva de palmas também para o grupo substituto do grupo três, que fizeram seu trabalho excepcionalmente bem. — Continuou Michael — Agora podem voltar para seus respectivos grupos e assumir seus lugares.</p>


<p><br>Ou seja, eu voltei para o grupo cinco, e ainda sou líder desse grupo.</p>


<p><br>Outro motivo, Ivan pode estar com raiva pelo fato de eu ter tomado seu lugar. As salvas diminuíram quando chegou a nossa vez.</p>


<p><br>— E tenho uma informação para lhes dar. Estarei fazendo mudanças frequentes em tudo. Quero que a avaliação seja positiva sobre os aurores da Divisão Londres. A primeira ronda começa daqui a dez minutos. Grupo Cinco é de vocês. Vão! E façam um bom trabalho, não se esqueçam de que estão sendo observados.</p>


<p><br>Todos saíram entusiasmados, não pelo fato do grupo três ter voltado, mas sim por causa da avaliação. Se alguém se destacasse demais sobre os outros seria promovido, ganhando assim, medalhas de honras e prêmios em galeões. Eu coloquei tudo o que precisava — ou seja, minha varinha — no bolso e fui para a ronda.</p>


 <br>


<p><br>Apesar de tudo o dia foi tedioso, sem emoção. Como se uma legião de dementadores estivesse patrulhando o local dia e noite. Como meu expediente acabou fui para casa. Tentei falar com Ivan mas ele pareceu se esconder, de alguma forma, de mim. Então desisti e fui embora.</p>


<p><br>Saí do banheiro da entrada do Ministério sozinho. Não era noite ainda, mas estava escuro. Estava me preparando para desaparatar quando senti um breve sopro. Um vento diferente em meus ouvidos. Seguido por um agouro dizendo novamente Se prepare.  Eu olhei para os lados na direção da voz. Segui meu instinto e com dificuldade, numa sombra mais densa, vi o escuro se mexer; apenas um pouco mais tarde vi que era algo, ou melhor alguém.</p>


<p><br>Dalí em diante, nada mais seria como antes.</p>

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