Kings Cross Parte II - James

Kings Cross Parte II - James



 


            Eu abri os meus olhos com uma sensação estranha. Não havia dormido muito bem, por isso acabei cochilando a caminho da estação Kings Cross, mas, agora que estávamos em frente à estação, percebi que não deveria ter feito isso. Quando me olhei no espelho, estava com uma expressão de sono e com aquela cara que a gente fica quando acorda – a cara de sono.


            Lancei um pouco de água em meu rosto com a varinha e depois lancei um feitiço para enxugar o meu rosto. Minha mãe estava emocionada e eu sabia muito bem o motivo. Esse era o meu último ano em Hogwarts e, finalmente, eu iria me formar. Ela havia planejado uma festa para o caso de eu obter N.I.E.M’S. suficientes para ingressar no Ministério. Ela também estava preocupada, pois, com toda essa ameaça que Você Sabe Quem está oferecendo, eu posso acabar morto já que quero me tornar auror. Sim, eu quero ser um auror.


            Ainda eram 10:30 quando eu e meus pais chegamos à plataforma 9¹/2. Um sorriso já iluminava o meu rosto quando eu avistei um menino de cabelos pretos e bem alto sendo cortejado por duas garotas, Sirius Black já havia chegado à plataforma. Ainda com o mesmo sorriso, eu dei um beijo em minha mãe e entrei no trem à procura do Padfoot.


            Fui andando por entre as cabines em busca de um dos marotos, mas eles pareciam que tinham evaporado. Eu estava realmente desapontado com o sumiço de meus amigos e, sendo assim, voltei para onde estavam os meus pais com a intenção de trocar umas palavras finais e me despedir deles. Não nos veríamos no Natal, pois era meu último natal em Hogwarts e eu queria passar essa festa ao lado dos meus amigos e sob o carinho de um dos lugares que eu mais gostava no mundo.


            Mas o natal ainda estava distante e eu estava me sentindo completamente só sem saber onde os marotos estavam. O relógio anunciava que chegara o momento da despedida, sendo assim troquei umas últimas palavras com os meus pais, apertei a mão de meu pai, beijei o rosto de minha mãe e entrei no expresso de Hogwarts já ansiando reencontrar os meus amigos.


            Dessa vez eu não demorei de encontrar os marotos. Assim que saí da janela, encontrei o vagão onde eles estavam e entrei com uma expressão um tanto desapontada. Sirius sorriu para mim e Remus veio ao meu encontro, abrindo os braços e me envolvendo em um abraço fraternal. Estávamos reunidos novamente e, naquele momento, pude perceber que eles eram mais que amigos, eram os irmão que meus pais não haviam me dado.


            Me sentei em um dos lugares que ficavam ao lado da janela e disse por fim.


            - Pensei que não ia achar vocês...


            - Como não? Nós que pensávamos que você não viria. – disse Remus, olhando um tanto aturdido para mim.


            - Eu vi o Padfoot entrando, mas... Ah! Esquece... O que o Wormtail tem? – eu realmente queria contar as novidades.


            - Eu não tenho nada! – Wormtail apressou-se a dizer com aquela cara de rato que ele tinha. Não sei se era porque ele se transformava em rato, mas seu rosto já nos fazia lembrar aquele animal.


            Você deve estar se perguntando que história é essa de se transformar em animal. Bom, há alguns anos atrás, eu, o Sirius e o Peter tivemos que nos tornar animagos, ou seja, pessoas que conseguem se transfigurar em animais, por causa de um amigo nosso, o Remmie, que é um lobisomem. Enfim, não sei se era por esse motivo, mas eu olhava para o Peter e via um rato no lugar de um homem.


            - Mas o que vocês fizeram nesse verão? – perguntou o Peter se mostrando um tanto ansioso. – E porque mal me escreveram?


            - Eu só mandei duas cartas ao Sirius e algumas poucas ao Moony! – Defendi-me erguendo uma sobrancelha.


            - Sem acusações, né Wormtail? Isso é horrível e infantil da sua parte. – reclamou Sirius um tanto irritado.


            - Sem brigas, por favor! – Remus apaziguou com um sorriso incerto. – É assim que querem passar os nossos primeiros minutos? Nesse clima de brigas e confusões?


            Ele estava certo, como na maioria das vezes, mas eu estava disposto a apoiar o meu melhor amigo. De todos os marotos, o que eu menos tinha intimidade e o que eu menos considerava era o Peter, embora, apesar daquele jeito ciumento e lento, eu gostasse muito dele. Éramos grandes amigos e já havíamos passado por diversas aventuras.


            Juntos, eu, o Sirius e o Peter aprendemos a nos transfigurar em animais para o Remmie, que é lobisomem, não passar as noites de lua cheia preso e sozinho na Casa dos Gritos. Somos chamados de animagos e, é claro, não estamos registrados no Ministério da Magia. Eu me transformo em um cervo, o Sirius em um grande cão preto e o Peter em um rato.


            - ... e, por fim, passamos essa última semana na casa de minha vó. – concluía Peter animado.


            - E como foi o seu verão, Jay? – perguntou Remus olhando para mim com um daqueles sorrisos animadores que ele sempre me dava.


            - Normal. – eu falei comum sorriso maior que o dele. – fui visitar minha tia logo nos primeiros dias de férias, mas fiquei apenas uma semana lá na Alemanha, meu pai teve que voltar. – respirei e prossegui – Tive um envolvimento com uma garota trouxa e recebi as belas visitas dominicais do Padfoot. Acho que tou pegando o jeito com as garotas, posso dizer que sou um especialista em relacionamentos heterossexuais. – terminei o meu discurso com a expressão mais seria que consegui arraanjar.


            - Não entendi essa sua última frase. – disse Remus me olhando intrigado.


            - Como assim não conseguiu entender minha última frase? – eu estava mais confuso do que ele. Peter parecia não prestar atenção em nossa conversa e Sirius conversava com uma menina na porta do nosso vagão.


            - O que você quis dizer com “um especialista em relacionamentos heterossexuais”?


            - Nada... não quis insinuar nada se é isso que você quer saber. – eu estava começando a me chatear com aquele interrogatório sem fundamento. Será que ele achava que eu queria insinuar que ele é gay? – O que há Moony? Você achou que eu estava querendo insinuar algo?


            - Não... – tranquilizou-me ele abrindo um sorriso amigável.


            Cada um teve o seu tempo para contar as suas novidades. As férias do Remmie foram de longe as melhores. Ele fez uma grande turnê pela Europa, começando pela Escócia, passando pela Itália, Espanha, Alemanha e terminando na Holanda. Não é que a família Lupin fosse rica, mas os pais do Remmie estavam juntando o dinheiro daquela viagem há seis anos para dar de presente de formatura ao meu amigo.


            Ele contou cada passo daquela viagem com os mínimos detalhes. Ele não nos escondeu nada, nem mesmo as aulas de história da magia que ele teve durante suas visitas aos locais históricos daqueles países. Após ouvirmos suas histórias por quase uma hora, ele cedeu a palavra ao Sirius.


            As férias do Sirius foram tão divertidas como as do Remmie. Claro que ele não saiu viajando pela Europa, mas ele nos contou todas as aventuras e confusões que uma pessoa pode viver morando sozinho em uma casa. Eu não tinha acreditado quando ele disse que havia saído da casa de seus pais e, por isso, até o seu décimo sétimo aniversário eu havia prometido que ele poderia viver lá em casa. Com o passar dos dias eu pude perceber que ele estava falando sério e tive de ter uma conversa com os meus pais a respeito da seriedade de sua decisão.


            O Sirius não tinha uma namorada fixa, mas levava várias garotas para dormirem em sua casa - fazia medo visitá-lo sem aviso prévio. O Remmie sempre dizia que o Sirius só iria mudar quando se apaixonasse de verdade – mas eu duvidava que isso pudesse acontecer algum dia.


            Por volta das três da tarde, talvez um pouco antes, eu e o Moony saímos do vagão. O Remmie tinha que se reunir com os demais monitores. Me decepcionei ao ver que minha ruivinha não estava lá. Me despedi do Remmie e decidi voltar para o vagão, até que avistei a Lily andando pelo corredor. Pulei em sua frente e quando reparei em sua cara de assustada, eu disse rindo:


            - Hahaha! Olá minha ruivinha, anda assustada? – disse com um mega sorriso no rosto. Ela estava mais bonita que nunca.


            -Em primeiro lugar, não sou sua ruivinha. Em segundo lugar não ando assustada, você que me assustou. E em terceiro lugar, faça o favor de sair da minha frente, pois tenho uma reunião muito importante agora, Potter. – ela falava, tentando se desviar do meu bloqueio. Aquilo a tornava extremamente sexy.


            - É, eu sei! – sorri novamente para ela. Era quase impossível não sorrir ao lado dela. – o Remus acabou de sair, e disse que estava indo para a reunião da monitoria. – nesse momento ela me empurrou, eu bati as costas na janela e a carta que eu havia recebido a pouco, caiu do meu bolso. Ela se abaixou e pegou a carta antes que eu conseguisse fazê-lo.


            - O que é isso?- ela perguntou segurando a carta.


            - Nada de mais. Me devolva por favor! – eu estendi a minha mão. Era algo muito pessoal para que até ela lesse.


            - Humm, foi alguma vítima sua quem mandou, Potter? Por acaso é alguma carta de amor?


            - Não é nada disso Lily, me dê que isso não é seu. – tentei colocar urgência e irritação em minha voz, mas estava mesmo era chateado.


            - Não! Vou ler, vou saber quem foi a pobre alma que escreveu e alerta-la sobre você. – e saiu correndo parecendo uma maluca.


            Eu não podia deixar de estar chateado com a Lily. Por mais que eu gostasse dela, ela havia transgredido uma barreira. Eu nunca roubaria nada dela...


            Foi com esse pensamento que eu esbarrei numa garota em tanto baixa, com bonitos cabelos loiros e lisos. Os longos cabelos e os olhos castanhos já eram muito conhecidos por mim. O nome dela era Justine e ela era da mesma casa que eu em Hogwarts. Ela piscou para mim meio ingênua e disse:


            - Oi James. -me avaliou melhor e acrescentou. – O que houve? Por que essa cara?


            - Nada de mais... é que me levaram algo importante e era realmente sério. – eu respondi, tentando não pensar no assunto.


            - É realmente muito chato quando levam algo nosso, principalmente quando é algo importante...


            Eu ouvi as palavras dela, mas agora eu sorria. Se a Evans ia ficar com algo importante meu, eu ficaria com algo importante para ela. Eu puxei Justine para uma cabine próxima e fechei a porta enquanto falava:


            - Mas é muito bom ganhar algo, principalmente quando acabamos de perder algo.


            Antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer outra coisa, Justine colocou seus braços em volta do meu pescoço e me jogou em direção a parede. Eu sorri, enquanto com uma de minhas mãos segurava sua coxa presa a minha cintura e com a outra tentava explorar as belezas por baixo de sua blusa.


            Ela sorria para mim como se aquele fosse um prêmio para outra hora e eu - entendendo o recado - colei meus lábios nos dela, iniciando um beijo ardente e provocante. Minhas mãos foram deslizando por suas costas, enquanto nossas línguas se encontravam, aumentando a intensidade de nosso beijo.


            - Estou interrompendo?


            Eu e Justine nos separamos na mesma hora, enquanto Lana Parks nos encarava com os olhos cheios de lágrimas. Eu e Lana tínhamos nos envolvido de alguma forma no passado e, ano passado, quando ela se declarou para mim, eu lhe disse que não sentia por ela, nem mesmo uma pequena amizade. Nesse mesmo dia ela me jurou que jamais desistiria de mim.


            Senti uma vontade imensa de rir quando vi que lágrimas escorriam pelo rosto de Lana. Eu estava ao mesmo tempo chateado e frustrado. Não é todo dia que uma garota como Justine deixa que você a beije. Não que eu estivesse ansioso para ficar com ela, mas não gostava de desperdiçar oportunidades quando elas apareciam de tão bom grado.


            Justine estava obviamente desconcertada com aquela situação. Nós trocamos uma rápida olhada e ela acenou para mim, saindo da cabine logo em seguida. Ficamos apenas eu e Lana na cabine. Ela veio em minha direção como quem espera por um carinho, seu rosto mais alegre nesse momento. Eu passei por ela sem dizer nem ao menos uma palavra e saí da cabine, deixando-a frustrada novamente.


            Assim que saí da cabine me deparei com Frank Longbotton aos cochichos com Alice Welch. Os dois me olharam meio se graça e Alice saiu logo em seguida.


            - Aê James! – me cumprimentou Frank.


            - Frank Longbotton. – eu sorri.


            - Você e a Justine estavam...? – eles eram ex-namorados.


            - Somos apenas amigos Frank! Achei que você não se importasse mais com isso.


            - Curiosidade apenas... – defendeu-se ele. – tenho que ir Jay, tenho que me trocar ainda. - e saiu em direção a sua cabine.


            Eu respirava fundo e voltei para onde estavam os meus amigos. Estava faminto e não ia aguentar esperar até a cerimônia de seleção para comer alguma coisa. Quando entrei na cabine, Peter estava cochilando e Sirius lia alguma coisa. Ao que perecia, a reunião da monitoria ainda não havia terminado.


            - Comprei uns doces quando você saiu... ainda restaram uns se você quiser. – ele disse sem tirar os olhos do livro.


            Eu abri um sapo de chocolate e o coloquei de vez na boca. Sentei ao seu lado e perguntei:


            - O que você está lendo?


            Ele parecia muito interessado naquele livro. Era um tanto incomum já que não era do perfil do Sirius ficar lendo livros, ainda mais com aquele interesse. Ele sorriu com um ar maroto e me mostrou a capa: “O diário secreto de Mary”.


            - Você roubou o diário da Mary?


            - Roubar é uma palavra muito forte... Digamos que eu peguei emprestado.


            Juntos, ficamos lendo os segredos de Mary e, por vezes, os nomes da Lily, Justine ou de um de nós apareciam em uma das páginas do diário.


            - O que vocês estão fazendo?- Remus acabava de voltar da reunião. Ele parecia bastante mal-humorado


            - O diário da Mary. – eu e o Sirius respondemos em uníssono.


            - Vocês roubaram o diário dela?


            - Eu não fiz nada, quem fez todo o trabalho sujo foi o Sirius.


            - Como você é corajoso, Prongs! – Respondeu Sirius mal escondendo o riso. Ele era acostumado a enfrentar o Moony naquele tipo de situação.


            - Ele vai devolver Remmie, relaxe! – tranquilizei- o


            - Será que vocês não podem me dar sossego nem ao menos no primeiro dia de aula? – ele estava enfurecido. – O que vocês acham que o professor Dumbledore iria dizer se soubesse que um de seus monitores encoberta todos os erros de seus amigos?


            - Ele iria afirmar que você é um excelente amigo. – eu disse em tom de zombaria.


            - Relaxa Moony. – Sirius veio em meu apoio. – Não faço ideia de como você conseguiu fazer parte do nosso grupo sendo tão certinho como você é.


            - Nem o Wormtail age dessa forma. – Remus com sua bronca.


            - Não ouse nos comparar como Wormtail.- reclamou Sirius, fingindo-se de ofendido.


            - Podia ser pior Sirius, ele podia estar nos comparando ao Snivellus, pense nisso.


            Nesse momento nem mesmo o Remmie conseguiu manter a cara séria. Nós três começamos a rir um tanto descontrolados. O Wormtail acordou meio atordoado, reclamando de fome e perguntando porque não o acordamos antes. Sem esperar respostas, ele saiu para fazer um lanchinho.


            O resto da viagem passou de forma rápida e bastante divertida – a pequena interrupção do Wormtail pareceu ter feito o Remmie esquecer a história do diário da Mary.


            - Estamos quase chegando... - Remmie finalmente disse.


            - Estou ansioso por esse ano, sabiam? – confessou Sirius se espreguiçando. – É bom pensar que finalmente vou poder ingressar no Ministério da Magia e recomeçar nossas aventuras como aurores.


            - Mas ficarei triste de deixar Hogwarts para trás. Esses últimos 6 anos foram os melhores da minha vida. – desabafei, enquanto olhava pela janela e via as torres do castelo se aproximarem.


            Remus saiu da cabine para se juntar aos outros monitores. Eles precisavam auxiliar os primeiranistas a chegarem ao castelo. Era tradição, na primeira noite no colégio, os alunos atravessarem o lago negro num barco e entrarem no Salão Principal quando todos os alunos já estivessem presentes para a seleção de qual casa elas iriam pertencer.


            - É tão estranho ver tantos alunos novos e pensar que nós estamos nos despedindo de Hogwarts.


            - Verdade. - Concordou Sirius – durante muito tempo, esse foi o meu único lar. Vou sentir muita falta daqui.


            - Deixemos as despedidas para o final do ano letivo. – eu disse, enquanto saíamos da cabine.


            Passamos por um corredor cheio de alunos, uns com cara de sono, como se tivesse passado a tarde toda dormindo, outros estavam reclamando de fome e eu vi uns alunos meio assustados e acho que deveriam ser do primeiro ano. Eu ainda me lembrava da sensação de chegar a Hogwarts pela primeira vez.


            Quando saí do trem, vi Lily e Remmie guaindo os novatos até os barcos nos quais eles atravessariam o lago negro. Assim, eu, Sirius e Peter caminhamos em direção as carruagens que nos levariam até o castelo. Eu estava morto de fome e igualmente ansioso para o meu ultimo ano em Hogwarts. 

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