A Festa nas Masmorras

A Festa nas Masmorras



Outubro chegara trazendo ventos frios para os terrenos de Hogwarts. Os quintanistas estavam extremamente sobrecarregados de deveres e trabalhos com apenas um mês de aulas por causa dos N.O.M’s e a sala comunal ficava cheia até altas horas da noite, enquanto os alunos ficavam pensando em suas camas quentinhas no dormitório quando faziam as atividades. Era uma dessas noites que Sirius, Tiago e Pedro estavam. Sentados numa mesa, os livros espalhados pela superfície. As penas rabiscando os pergaminhos. Depois de horas assim, Sirius soltou a sua pena e olhou para os dedos um pouco vermelhos de tanto pressioná-lo. Jogou os cabelos para trás e se recostou.
   - Sabe, Pedro – Disse, olhando para o amigo gorducho, que havia parado para olhá-lo também. -, acho que devíamos correr parar terminar aquele plano. O aluado está acabado, coitado. Ficar sozinho naquela casa escura toda lua cheia deve ser uma porcaria.
     Ele se referia à casa que Dumbledore tinha mandado construir nas cercarias de Hogsmeade, um dos poucos povoados inteiramente bruxo da Grã-Bretanha, no início do primeiro ano para Remo se hospedar enquanto estivesse em sua forma de lobisomem. O menino ficara muito agradecido, ainda mais que o diretor tinha plantado um salgueiro lutador nos terrenos de Hogwarts que ligava a casa, dando acesso para ele.
   Sirius se referia também ao plano que os três estavam planejando para se transformarem em animagos: bruxos que viravam animais. Porém, eles estavam infringindo diversas leis do Ministério, e seriam um dos raros animagos ilegais. A ideia era pesquisar em livros sobre o assunto e procurar a magia ou a poção que deveria ser preparada para fazê-lo.
   - Concordo Rabicho, devíamos ver logo isso ai – Disse Tiago, para o outro, que nem tinha respondido nada. Já se passara um pouco menos de um mês que Sirius e Tiago continuavam sem se falar. Pedro, um pouco assustado, não deu um sinal e voltou a escrever no pergaminho. Tiago já estava cansado daquela distância entre os dois e estava pensando em um modo natural de voltarem a serem amigos. Mas não havia nenhuma ideia construtiva em mente, apenas coisas suficientementes estúpidas demais. Então, soltou o pergaminho que estava segurando e percebeu que havia formado um plano. Só que Sirius teria de estar no dormitório, e ele, fora. O que ele poderia usar para saber?

                                               ***


   Assim que Lilian entrou pelo buraco do retrato, uma garota baixinha e de cabelos ruivos veio ao seu encontro, encabulada. Parecia ter uns doze anos. Ao chegar à frente de Lilian, lhe estendeu uma carta.
   - Licença, o professor Slughorn pediu para lhe entregar isso.
   Antes que a garota lhe perguntasse seu nome, a ruiva foi embora. Sem emoção, e sabendo o que encontraria na carta, Lilian leu:


       Cara Lilian Evans,
   Convido-a educadamente para vir fazer parte de uma “reuniãozinha”
   de minha autoria, às sete da noite, nas masmorras, para a comemora-
   cão do início do ano letivo de Hogwarts. Todos os seus (e meus) ami-
   gos do Clube do Slugue estarão presentes.
     Espero a senhorita lá.
                                       Abraços, Professor Slughorn.


   Um tanto irritada, a garota enfiou as presas o bilhete dentro de seu livro e transfiguração e tratou-se a estudar. Estava farta dos clubes de Slughorn. Era tamanho favoritismo de sua parte. Depois de conseguir absorver apenas algumas palavras do papel, resolveu subir para o dormitório. Não havia o que fazer, então, achou que seria uma ideia ao menos “aprovadora” sair um pouco. Talvez uma “reuniãozinha” não fosse tão ruim. Além do mais, ela deveria se soltar um pouco mais, estava sem amigos nenhum e a reputação estava lá embaixo.
   E desde quando você liga para reputação, Lilian Evans? Gritou a vozinha chata em sua cabeça. Desde nunca.
  
Quando terminou de se arrumar, atravessou o salão comunal e desceu depressa as escadarias até as masmorras. Pelo visto, a “reuniãozinha” era um protótipo de festa de arromba.

   Havia bandejas de petiscos e cálices de hidromel voando para lá e para cá entre os convidados e a música era alta, vinda de um palco no canto, onde tocava uma banda alegre. Havia também alguns fantasmas em especial e a decoração, deslumbrante. Lilian apanhou em uma longa mesa um copo com cerveja amanteigada e passeou sem entusiasmo pelo salão. Em um momento avistou Slughorn e correu para o lado oposto para não precisar encontrá-lo, mas, infelizmente...
   - Lilian! – Gritou o homem, do outro lado, afastando os convidados com sua pança, abrindo alas. – Fico feliz que tenha vindo! Como vão as coisas? Estudando bastante, imagino!
   - Ah... Sim, sim, estudando... – Respondeu, sem graça, enfiando a boca no copo para não precisar falar mais nada. Slughorn foi detido um instante por um homem alto de terno que veio a falar com ele de repente. Aproveitando, Lilian escorregou por entre dois fantasmas e procurou um lugar mais calmo para se abrigar. Porém, sem perceber, bateu de costas com alguém e o ouviu o barulho inconfundível de líquido caindo no chão. 
   - Ei! Olha por onde... Lilian?
   - Ah, meu Merlin... Mil desculpas, eu... – Disse, se virando – Louize?
   Lilian deparou com a menina, frustrada, o rosto contorcido de raiva, o vestido azul manchado de vermelho e duas garotas assustadas atrás.
   - Qual seu problema? Acha que, derrubando bebida em mim vai me fazer ser sua amiga de volta?
   - Não! Não era minha intenção eu...
   Mas Louize se virara, como se nada tivesse acontecido e voltou a conversar com as amigas.
   - Ignorante. – Murmurou baixinho antes de tentar entrar pela multidão novamente.
   - Do que me chamou?
   Se virou de volta. Louize se virara de novo também, e estava mais enfurecida que nunca.
   - Olha aqui – Começou Lilian, o rosto ficando vermelho e ódio subindo-lhe a cabeça. – Se não esqueceu, você que me ofendeu naquele dia lá no dormitório! E ainda vem com essa de: “Acha que vou ser sua amiga com isso?” Não sou seu brinquedinho, nem sou idiota, tá certo?
   Louize alcançara a varinha mais rápido que Lilian, e o estampido fez a música parar e a menina, desprotegida, voar pelo salão e bater na parede no outro lado, levando duas pessoas consigo. Imediatamente, as luzes sumiram e ela não ouviu mais nada. Apenas o som do seu coração batendo, até parar.

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Comentários (2)

  • Ivana Paz

    OMG eu amei esta fic! Você está de parabéns!

    2012-10-23
  • Neuzimar de Faria

    Que capítulo foi esse? O que houve com a Lillian?  O Tiago também está na festa? Ansiosa para saber!!! 

    2012-10-15
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