Assuntos Imprevisíveis

Assuntos Imprevisíveis



Olá filho,
Mando esta carta para perguntar como foi a primeira semana de aulas e outro assunto importante.
Soube que está namorando uma garota. Soube porque a faxineira estava limpando seu quarto e encontrei uma foto de uma garota ruiva.
O fato é que sei quem ela é, Severo. Ela é Lilian Evans, trouxa.
Ainda não contei para seu pai, mas ele vai saber, querido, de um jeito ou de outro, eu vou contar. E fico muito envergonhada de fazer isso.
Peço que pare de conversar com essa menina, Severo. Peço que pare de falar com essa Sangue-Ruim. Sabe a má reputação de marcaria nossa família se isso acontecesse. Temos uma geração de séculos de sangues puros, e manchar nosso nome vai desonrar você dessa família, querido.
Eu sinceramente não gostei nada do que descobri.


Até mais ver.
                 Eileen Prince


 


Severo leu a carta dez vezes seguidas. A coruja já havia levantado voo quando ele parou e sentou na sua cama de dossel no dormitório da Sonserina. A raiva lhe subiu assim que leu as primeiras linhas. Sangue-Ruim? Lily? Amassou a carta com toda a força do mundo. Em seguida a enfiou depressa no bolso das vestes e meteu a mão na escrivaninha perto da porta e empurrou tudo pro lado em um gesto de ódio. Uns pergaminhos velhos e duas penas amassadas caíram no chão. Snape chutou o malão e ele escorregou no assoalho um centímetro. Agora, seu pé doía com a batida. Ele gostaria de gritar bem alto, até que todos os sentimentos fugissem de seu corpo, mas não o fez. O salão comunal estava cheio e as pessoas iam ouvir e perguntar. Pegou os papéis que havia jogado no chão e amassou. Em seguida abriu um por um e picotou em oito partes. Pegou tudo e jogou no ar. As palavras escritas na carta saltando em sua mente todo instante.
“Lilian Evans, trouxa.” “Peço que pare de falar com essa Sangue-Ruim” “manchar nosso nome vai desonrar você dessa família”
Severo xingou baixinho e se jogou na cama. Sua mãe não o afastaria de Lily, nem que ele não tivesse mais um sobrenome.


Uma estranha mudança de tempo devastou o verão nos terrenos de Hogwarts no fim de semana. A sexta acordou com um temporal de gelar os ossos, coisa que os alunos acharam incrivelmente estranha. Os quintanistas haviam passado horas cansativas na aula de Transfiguração, em quanto grossos pingos de chuva batiam na janela. O almoço não foi muito melhor, todos vestindo gorros, luvas e cachecóis. Lilian dissera para Louize que já iria para o Salão Principal, deixando a amiga ir sozinha almoçar, enquanto se dirigia à biblioteca, onde possivelmente acharia quem queria, já que sua aula de Herbologia deveria ter sido cancelada devido a chuva.  
O enorme aposento da biblioteca estava apinhado de alunos. Essa era uma das melhores horas para ler alguma coisa. O garoto estava sentado na última mesa, o cachecol verde e prata enrolado no pescoço e um livro gasto aberto na mesa em sua frente.
- Severo!
Snape levantou os olhos assustados. Lilian sentou do seu lado enquanto ele a olhava do mesmo modo.
- Então, como vai? Não nos falamos ontem e tal... – Perguntou Lily.
- B-bem, e você?
A menina o olhou suspeitosa.
- Há algo de errado em você. O que aconteceu? Esqueceu-se de estudar para algum teste surpresa da...
- Não é nada – Interrompeu.
- Ah... – Ela fez cara de entendimento, mas tédio acompanhou seu olhar. – Veja, se for aquela coisa idiota que o Tia...
- Não fale o nome daquele desgraçado! – Falou entre dentes, como um silvo. Lily se assustou um pouco.
- Severo! Olhe para mim! Eu não ligo para nada do que ele diz! Está deixando aquele ridículo destruir nossa amizade! – Disse, colocando a mão em cima da dele, apoiada na coxa.
Snape confirmou lentamente com a cabeça. Já ia começar a falar de um assunto novo quando Lily fez cara de autoridade. O menino percebeu que ela havia notado a presença do papel amassado no bolso das vestes. Se precipitou em tampar a boca do bolso, mas a garota já havia enfiado a mão e pegado o bolo de pergaminho da carta de sua mãe.
- Não Lilian, é meu! – Gritou, mas ela tinha levantado e aberto.
- O que tem aqui que não posso saber? Por acaso anda roubando páginas dos li...
Mas ela tinha parado de falar. Seus olhos se esbugalhavam a cada linha, e Severo viu seu queixo tremer um pouco no fim, mas ela continuou séria, a boca fechada, as sobrancelhas erguidas. Em seguida, soltou um bufo de indignação, amassou a carta de novo e jogou-a para Snape, saindo correndo pelo corredor da biblioteca. O menino correu atrás.
- Lily!Lily! Por favor, me deixa conversar com você!
A menina correu mais rápido e ele a seguiu. Ela então entrou numa porta a direita, as mãos cobrindo o rosto. Snape se preparou para entrar, mas leu a plaquinha. Banheiro feminino. Em baixo: Interditado. Lembrou-se do por quê. Entrou.
O lugar era mal cheiroso e mal cuidado. As pias pediam limpeza e as paredes estavam cobertas de sujeiras. Mas ninguém se importava, ninguém entrava ali. Desde que a garota havia morrido.
Lilian estava sentada no chão com a cabeça entre os joelhos e os soluços ecoando no espaço vazio. Severo se agachou em sua frente.
- Escute... Me desculpe, Lily, eu não sei porque deixei aquilo no bolso, era para eu ter queimado na lareira.
- Ah claro! – Ela tirou a mão do rosto para olhar para ele, rabugenta. Seus olhos e seu nariz sardento estavam vermelhos, as mãos molhadas. – Você quis guardar para provar quem eu sou. Uma Sangue-Ruim!
Ela soluçou alto e escondeu o rosto nas mãos novamente. Snape ficou sem reação.
- N-não, não chore. Por favor. – Ele passou sem jeito a mão por suas franjas ruivas. – Eu fiquei muito bravo com ela. Minha mãe. Você nem faz ideia! Nunca diria isso de você, Lily, nunca. Você foi a pessoa mais especial que já conheci. Você... Não faz ideia... Do quanto... Do quanto eu gosto de você.
Lilian olhou para o rosto pálido de Severo, um pouco perplexa, deu um sorrisinho e o beijou. Instantaneamente, seu rosto corou e ele não soube se devia fechar o olhos.

- Eu não estou vendo a Lily, vocês estão?
- Acho que ela não veio almoçar...
- Mas ela sempre vem almoçar! Onde ela pode estar agora?
- Puxa vida, Tiago, esquece tá? Ela não liga pra você, nunca ligou, pra que ficar pagando esse pau pra menina?
Os marotos já tinham almoçado, mas estavam conversando antes de voltarem para a aula. Sirius terminava um pudim de chocolate enquanto respondia as perguntas de Tiago sobre Lilian.
- Será que não percebe Almofadinhas? Lily é quase minha vida, acho que não respiro sem ela!
- Exagerou agora, sério... – Disse o amigo, raspando o prato para conseguir mais alguns resquícios do que teria sido um pudim muito delicioso.
- Sirius – disse Pedro, acanhado –, você não pode falar do Tiago, você nunca sentiu o amor!
- Ta aí! A verdade na cara! – Riu-se Tiago, passando a mão no cabelo e bagunçando-o ainda mais.
- E você Rabicho? – Perguntou Sirius, chateado – Já sentiu amor? Ahn? Alias, por que nunca consegue falar nossos apelidos? É difícil para sua língua acompanhar a nossa? Quantas vezes vamos falar é Almofadinhas e não Sirius?
Pedro ficou com as orelhas vermelhas e olhou para o chão.
- N-não, mas...
- Então pronto.
- Ei, pega leve, Almofadinhas. – Disse Lupin, que estava distraído lendo o Profeta Diário.
- Então, alguma coisa interessante? – Perguntou Tiago, olhando por cima do jornal.
- Ah, nada demais. O de sempre. Dois comensais roubaram uma loja e destruíram tudo. Prejuízo total para os donos. E um macaco apanhou a varinha de um bruxo e destruiu magicamente as grades, fugindo. Tiveram que apagar a memória de muita gente.
- Uau... – Sussurrou. – Os tempos estão mesmo ficando mais sombrios...
E com o soar da sineta, eles se levantaram e seguiram para a próxima aula.

Tiago abriu os olhos. A luz do sol entrava por uma fresta do cortinado. É sábado, pensou. Dia de voltar a voar. Atordoado, levantou-se e abriu o cortinado dos amigos.
- Hora de acordar! É sábado, queridinhos.
Sirius xingou.
- Isso é necessário, Pontas? Realmente?
Pedro reprimiu um bocejo e Remo levantou animado.
- Sábado! Finalmente o fim de semana! – Exclamou.
Tiago riu.
- Vamos logo tomar café!
Quando estavam saindo do salão comunal, Sirius se virou para o quadro de avisos, sorrindo.
- Olhem! Fim de semana que vem vai ser em Hogsmeade!

As garotas já estavam sentadas na mesa da Grifinória, a ruiva um pouco enjoada.
- O que foi, Lily? – Perguntou Louize, enquanto se servia de empanados.
- Nada... Por que?
- Ora, já se viu no espelho essa manhã? Está vidrada e sem cor. Aconteceu alguma coisa?
Lilian tratou de melhorar o visual e balançou negativamente a cabeça. Nesse momento, os quatro chegaram, e Tiago, assim que viu Lily, correu para ela.
- Ei, Lily!
A garota se virou, fulminante.
- Meu nome é Lilian, Potter!
Ele ficou desconcentrado.
- Ah... Ah, sim, desculpa. Lilian, sabe, próximo fim de semana vai ser hogsmeade! Quer ir comigo? – Disse, sorrindo.
- Quê?
- Ora, você sabe! Hogsmeade, eu e você! Topa?
Ela levantou uma sobrancelha.
- Não, é claro que não!
Louize segurou uma risadinha com a mão. Tiago deu um passo para trás.
- Tem certeza? É que... É que sabe... Eu pensei que... Que esse ano você...
- Que esse ano eu ia dar bola pra você? Ah, é claro...
Tiago, parecia ter sido atingido por um feitiço desconhecido.
- Então, n-n-não?
- Não – Respondeu, firme.
- Ah, ok então. Até mais.
Ele saiu e foi se sentar do outro lado da mesa.
- Tiago, você é tão ridículo! Pra que foi falar com a Lilian? Você já sabia que ia levar um fora! – Falou Sirius, alto.
Ele abaixou a cabeça.
- Eu sabia... Mas ela estava tão firme... O que aconteceu? Antes ela ficava gaguejando ou coisa assim.
Sirius soltou o ar como uma risada.
- Arranjou outro.

- Lily! Por que falou nesse tom? Eu podia ver as lagrima caindo pelo rosto do Tiago!
- Fala sério, Lou! Esse cafajeste ainda vem achando que eu quero algo com ele, depois de cinco anos sem convivência! – Defendeu-se.
- Fiquei até com dó agora, acho que vou lá falar com ele.
- O que? Como assim, Louize? Não pode!
- Claro que posso! – Disse, se levantando. – Sabe, pra mim não dói sair um fim de semana um menino fofo. Com licença.

- Ela está inacreditável hoje! Fiquei até assustada! – Exclamou Louize, quando chegou perto dos meninos.
- Eu também notei isso, está fria não é? Mais do que já era... Sabe se aconteceu algo com ela, Lou? – Perguntou Tiago, e baixando a voz – Sabe se ela está com outro?
- Relaxa querido, vamos saber de tudo hoje a noite.
- Ah é! Já ia quase esquecendo! – Falou Sirius. – Pontas, você tem treino, ande logo.
- Ah, claro.
Sirius e Tiago se levantaram e foram para o campo molhado, os dois carregando as vassouras nos ombros. Não demorou muito até Tiago colocá-la no chão e dar um impulso. O vento fez seu cabelo esvoaçar atrás dele, o sentimento de liberdade se espalhou. Sirius logo o imitou, e lá estavam os dois amigos, voando em volta dos aros. Tiago mergulhou para o chão, deu uma virada e subiu de novo, deu um girou completo, voou sem as mãos na vassoura e desceu até pisar no chão.
- Atenção, Potter! – Anunciou uma voz. Mary Tabishon saia do vestiário, os jogadores atrás. – Temos pouco tempo! Certo, Edy, vá para os aros, Carmem, pegue a goles para mim, vamos começar com umas passadas, em seguida, soltaremos o pomo e os balaços, ao ar!
Sete vassouras se levantaram do chão e se espalharam pelo campo. O treino estava correndo bem até uma chuva forte cair e Mary mandar pararem por hoje. Sirius e Tiago voltaram ao castelo, já na hora no almoço, rindo enquanto suas roupas ensopadas grudavam no corpo, um pomo voando em volta dos dois.

Lilian já havia terminado de fazer a ronda, e o relógio da escola batia oito horas da noite. Ela tentava inventar uma desculpa. Mas todos sabiam que Lily era horrível em desculpas.
“Quem sabe eu não digo que esqueci?” Pensou “Ou então podia dizer que fui chamada de última hora para rondar o sétimo andar.” “Até já sei o tipo de perguntas que vai cair para mim.”
Quando deram oito e vinte, ela cansou de pensar, se dirigiu para o salão comunal e esperou no último degrau na escada. Mas não, era melhor acabar logo com isso. Então entrou no corredor e se virou para a porta do dormitório. Podia ouvir as risadas. Respirou fundo, segurou a maçaneta e a girou.

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Então gente... Vou avisar a vocês que eu SEI que o Snape tem pai trouxa, mas eu precisava dele com sangue puro, por isso, desculpem algumas mudanças que eu fiz aí na história real, como Sirius participar do time de quadribol. Mas eu não consegui achar fontes que dizem sobre o time de Tiago Potter, então... 
Espero que esse capítulo tenha compensado os outros menores, estou escrevendo maiores!
Comentem aí, por favor, digam no que falta melhorar, e se não falta nada, diga também! Aberta para conselhos! 

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Comentários (2)

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