Capítulo II - Jogo da Verdade

Capítulo II - Jogo da Verdade



A Grifinória fez dupla com a Corvinal na aula, o que é muito chato, na opinião dos alunos. Com a Lufa-lufa, sem problemas, afinal, eles conversam a aula inteira e isso faz com que a aula seja um fracasso e eles possam conversar livremente. Com a Sonserina, sempre um grifano briga com um sonserino e todos começam com aquela gritaria de “briga, briga, briga” e aula que é bom, nada. Mas com a Corvinal, a aula consegue ser decente, o que é péssimo. Por isso tem que ter sempre um “animador de aulas” no meio. No quinto ano, eles tinham uns sete, meninos e meninas misturados. O líder de todos era Kennedy Grammond, um rapaz alto e magríssimo, com os olhos castanhos escuros, o nariz afilado, e uma expressão muito marota no rosto. Junto dele estavam Tarsilla Thomas, a namorada de Kennedy, os gêmeos Jonas Pennfield e Joe Pennfield, Becky Lee (que recebia aproximadamente quatro detenções por semana), Taylor Senne e o destemido Matthew Lerryngstone, que “pegava emprestado” sem permissão as varinhas dos alunos, e eles acabavam loucos de tanto procurar. Nas aulas, era comum gritos como “NÃO, AQUELA ERA FEITA COM MADEIRA DE MOGNO E NÚCLEO DE DRAGÃO!”. Enfim, quando a aula estava começando a ficar interessante, Jonas e Joe foram enfeitiçando as calças dos alunos da Corvinal, assim uma por uma foram caindo. Becky se encarregou de soltar uns animais parecidos com pulgas nos cabelos das garotas, o que as faziam coçar o cabelo loucamente. Kennedy e Tarsila distraíram o professor, dizendo que viram unicórnios feridos a pouca distância dali. Taylor tinha comprado alguns artefatos mágicos na Gemialidades Weasley, e aproveitou para usá-los naquele momento. E Matthew ficou com o principal. Levar todos da Grifinória embora e deixar os alunos da Corvinal perdidos na floresta. Muita gente achava maldade, mas eram os mais inteligentes, e menos de dez minutos depois eles estavam dedurando a todos. A Grifinória, no fim das contas, não era muito prejudicada, porque os bagunceiros davam um jeito de confundir a memória deles, fazendo-os achar que era tudo fruto de suas imaginações. Era muito divertido. No fim do que era pra ser uma aula, estavam todos voltando juntos, Rose, Annie, Alvo, os animadores, Isaac (àquela altura ele já tinha recebido a carta com a resposta educadíssima de Rose), e todos os outros. Mas eles apenas conseguiam rir do que tinha acontecido.


- Viu só aquela garota metida, a Lysa Roofenwood? Ela se descabelou toda com aqueles bichinhos no cabelo! – Zombava Annie. – Foi o pagamento por ela sempre corrigir o meu inglês nas aulas. Garota insuportável!


- E o Peter Manson? Ele não parava de chorar com o susto com aquela bombinha das Gemialidades Weasley, dois garotos precisaram ir lá acalmá-lo, achei que iria desmaiar... Por Merlin! – Falou Alvo, chorando de tanto rir.


- Sério, Kennedy, quem teve essa ideia? – Perguntou Rose, que fazia esforço para não rir.


- Claro que fui eu! – Ele se gabou. – Foi uma coisa bem do nada.


- Mas eu colaborei. – Disse Tarsilla. – Eu que encontrei aquelas pulguinhas podres pra colocar nos cabelos das garotas... Sério, é horrível capturar aquelas coisas!


- E eu que tive a ideia dos unicórnios! – Disse Matthew, quando conseguiu respirar. – Ele acreditou mesmo! Como se ainda deixassem unicórnios soltos por aí. Sinceramente!


- Ei, alguém aqui tem algo pra fazer essa noite? – Perguntou Joe.


Todos acenaram negativamente com a cabeça.


- Nós andamos pensando em jogar um jogo da verdade. É uma brincadeira dos trouxas. Funciona assim: Nós giramos uma garrafa e ela vai apontar quem vai perguntar e quem vai responder, aí qualquer pergunta pode ser feita e a pessoa não pode mentir. É super legal! – Falou Jonas.


- Ih, não me parece uma ideia muito boa. – Concluiu Taylor. – Quer dizer, eu não quero expor minha vida pessoal, sabe...


- Relaxem, é super divertido, vocês vão adorar! E aí, às oito horas está bom pra todos, logo depois do jantar?


- Pra mim está ótimo. – Falou Kennedy.


- Então combinado.


Subiram todos juntos e cada um foi para seu dormitório. Apenas Rose e Annie ficaram na sala.


- Não sei, acho que essa história de jogo da verdade não vai dar certo. – Rose opinou. – Como falou a Taylor, não é legal falar o que está acontecendo pra todo mundo, assim, tão público...


- Eu quero brincar disso! – Disse Annie. – É uma chance pra conhecer todo mundo melhor. E eu não tenho nada a esconder, então não vai ser problema pra mim.


- É assim que todos pensam antes de brincar. Será que vai ser só a turma da gente?


- Pelo jeito, sim. – Falou Annie. – Mas vai ser ótimo, não viu o que o Kennedy falou? É só esperar a noite chegar. Vou me lavar pra o almoço. Vejo você lá?


- Sim, a gente se vê lá. – Despediu-se Rose.


Rose ficou na sala sozinha, pensando se deveria brincar ou não. Por um lado, a privacidade dela. Pelo outro, todos iam jogar. Se eles fizessem perguntas indiscretas, eles estariam aceitando perguntas indiscretas, então não há muita perda. Decidiu jogar. Um tempo depois, desceu. Não tinha o hábito de Annie de tomar banho antes de almoçar. Ela apenas trocava de roupas e lavava as mãos. Mas era muito da tradição de cada família.


- Rose, você não sabe o que aconteceu! – Falou Lílian, super animada, quando já estavam todos em seus lugares na mesa do almoço.


- O quê?


- Tivemos a aula de herbologia, e o Levih realmente fez dupla comigo. Mas ele é muito tonto e não sacou as indiretas. Eu tive que pedir a ele pra que saíssemos. E sabe o que ele respondeu?


- Óbvio que não sei. Fala logo!


- Ele respondeu: “Não dá, Lílian. Marquei de sair com minha namorada hoje. Só se você for junto.” Aaaaaaaaargh! Por que aquele idiota não falou logo que tinha namorada? Eu só perdi tempo.


- Falava que não era ciumenta, Lily. – Disse Annie, caindo na risada.


- Boa ideia, vou falar isso da próxima vez. Se é que vai ter uma. – Lily estava completamente decepcionada. – Eu não me deixo abalar por meninos, mas sinceramente, ele é muito gato! Enfim, eu falei pra ele “ah, deixa pra lá, tinha esquecido que hoje eu vou sair com um garoto do quarto ano, o Liam Gomez... E aí ele ficou meio espantado, mas depois fingiu que não tinha acontecido nada.


- E se ele for perguntar ao Liam Gomez?


- Ele não vai perguntar. Eles nunca se falaram na vida. Foi uma manobra realmente boa da minha parte.


- É, você é realmente criativa, amiga! – Falou Rachel.


Annie e Rose se entreolharam e fizeram cara de nojo.


- Odeio quando a Rachel incorpora a puxa-saco. – Sussurrou Annie.


- É chato mesmo. Mas fazer o quê, né? É o jeito dela.


- Ela demonstra muito ser o que não é... Mas deixa pra lá.


- É melhor mesmo.


- Gente, já tão sabendo da fofoca do ano? – Perguntou Lílian.


- Não. O que é? – Annie ficou curiosa.


- O diretor está se separando da esposa.


- Sério? E como você sabe?


- Eu tenho minhas fontes, meu amor! Enfim, parece que ele morre de saudades da ex-namorada, a Luna Scamander.


- Mas ela é casada!


- Eu sei. Mas ele não se conforma com a perda dela, por mais que isso já tenha acontecido há muito tempo, e fica se lamentando o tempo todo perto da esposa. Ele envia cartas à sua esposa falando “estou com saudades do sorriso da Luna, dos seus olhos azuis, do cheiro de lavanda do seu cabelo”...


Rose caiu na gargalhada.


- É verdade! E a esposa se cansou e largou ele.


- E ele vai voltar para a Luna?


- Não se sabe. É meio difícil de entender esse pessoal né? Sou mais eu. Por isso eu não me enrolo com os garotos. Tenho rolinhos rápidos e continuo single.


- Cada um tem seu estilo de vida, Lílian. – Falou Annie.


- E o meu estilo de vida é d-i-v-e-r-s-ã-o.


- E o meu é e-s-t-u-d-o. – Respondeu Rose.


- É, a gente percebe, minha filha. – Disse Rachel.


As garotas riram muito, e em seguida foram para a sala juntas.


À noite, na hora marcada, todos estavam na sala comunal.


- Então, podemos começar? – Perguntou Kennedy. – Joe, conseguiu a garrafa?


- Sem problemas! – Joe mostrou uma garrafa de azeite. – É meio nojento, mas foi o melhor que consegui na cozinha.


- Você lavou ao menos? – Rose perguntou.


- Acho que sim. – Ele cheirou. – É, não tá fedendo a bunda de babuíno pelo menos.


- Eca! – Exclamou Tarsilla. – Mas ok, vamos começar!


Sentaram todos em círculo. Kennedy girou a garrafa. O gargalo apontou na direção de Jonas e o fundo na direção de Rose.


- Rose pergunta, Jonas responde. – Anunciou Kennedy.


- Ai, a nerd vai perguntar, que emoção. – Resmungou Joe.


- Eu... Eu nunca brinquei disso. Não sei como funciona! – Disse Rose.


- Faça alguma pergunta, pode ser qualquer coisa, não tenha medo de ser feliz, querida! – Disse Taylor.


- Se for assim... Hã... Conte-nos da sua maior travessura.


- Ah, nem precisa deixar ele optar por uma conseqüência com uma pergunta boba dessas. – Falou Kennedy, entediado.


- Ah, essa é fácil. Quando eu e Joe invadimos a mansão do terror com alguns sonserinos lá dentro. Os bonitinhos estavam treinando feitiços das trevas e nós decidimos... botar terror, se é que podemos usar essa expressão. – Caíram na risada. – Nós assustamos as mariquinhas. Foi fácil. Nos escondemos e começamos a derrubar tudo de vidro que tinha por lá. Ao perceberem que não era ninguém do grupo, saíram correndo chamando por suas mães. Foi hilário! Acho que o Iheb Niggazuki nunca mais se recuperou do susto! – Jonas bateu na mão de Joe.


Kennedy girou a garrafa outra vez. Dessa vez foi...


- De Taylor para Annie. – Ele anunciou, feliz.


- Annie, você precisa, primeiramente, prometer que vai falar a verdade, ou prometer pagar a conseqüência que quisermos... – Taylor falou maliciosamente.


- Por mim tudo bem. Eu fico com a verdade.


- Tem certeza? – Perguntou Tarsilla. Pelo jeito o grupo tinha combinado o que fazer com essa situação.


- Absoluta. O que você quer saber, Taylor?


- Algo simples. Quero saber de qual garoto você gosta.


Annie franziu o cenho.


- O quê? Como assim?


- Simples. Queremos apenas um nome...


- Ou dois... – Disse Joe.


- Ou três! – Disse Jonas.


- Mas... Há! Dessa vez vocês se deram mal! – Annie riu, e ficaram todos sem entender. – Sendo muito sincera com vocês, eu não gosto de ninguém.


- Como assim? – Kennedy perguntou. – Todo mundo gosta de alguém.


- Eu não sou todo mundo. Eu sou Ann Claire Bold. – Ela sorriu. – E Ann Claire Bold não está gostando de ninguém no momento.


- Vamos, Annie! Conte a verdade! – Pressionou Tarsilla. – Não é nada demais.


- Mas eu estou falando a verdade. Podem fazer qualquer feitiço. Estou completamente certa do que estou falando.


- É verdade. – Disse Rose. – Eu juro por mim e pela Annie que ela não está gostando de ninguém. Ela sempre me conta tudo.


Annie sorriu para Rose.


- Isso mesmo.


- Então, já que a pergunta foi em vão, poderíamos trocar não é... – Tentou Taylor. – Eu fiquei curiosa pra saber. Você ficaria com o Alvo?


- O QUÊ? – Alvo ficou pasmo.


- Por favor! – Annie corou. – A primeira pergunta é a que vale, e eu já respondi. Podemos continuar o jogo?


- Mas não valeu! – Protestou Tarsilla.


- Pior que sim. – Falou Jonas, triste. – Eu e Joe estudamos minuciosamente as regras. Elas dizem que, independentemente da resposta, a primeira pergunta é a que vale.


 - Merda, Taylor! – Tarsilla ficou brava. – Você devia ter imaginado isso!


- Eu não adivinho, tá? – Chateou-se Taylor. – Ah, quer saber? Não quero mais jogar essa porcaria de jogo!


- Diz nas regras que quem começa no jogo é obrigado a permanecer até o fim. – Disse Joe.


- Danem-se as regras! – Taylor levantou, e já ia saindo quando ouviu alguém falar.


- Se você desobedecer, você está fora. – Kennedy falou calmamente, e todos entenderam. Se Taylor saísse do jogo, ela estaria automaticamente excluída do grupinho.


Taylor parou de andar. Relaxou os ombros e se virou.


- Eu já falei. Danem-se as regras. E danem-se vocês também. Vocês não podem me tirar do grupo. Se eu sair, eu deduro todos, um por um. – Ela deu um sorriso malicioso.


Todos se espantaram com a atitude dela. Taylor era uma das mais obedientes.


- Taylor, esqueça que o Kennedy falou isso. Você pode sair do jogo. Ele estava apenas brincando. – Disse Tarsilla. Todos, inclusive Taylor, perceberam que não era verdade, mas era melhor que ficasse tudo do jeito que estava.


Taylor saiu da sala.


- Uau.– Falou Matthew. – Você não tinha que xingá-la, Tarsilla. Taylor é muito difícil de se lidar.


- Essa foi por pouco. – Respondeu Tarsilla. – Mas a culpa é sua também, Kennedy. Todos que entram no grupo passam pela cerimônia de entrada. Na cerimônia, é falado claramente que quem entra no grupo não pode ser expulso.


- É verdade. Isso é considerado traição. – Disse Joe.


- Vamos continuar o jogo ou já podemos ir dormir? – Perguntou Alvo. Ele estava inquieto desde que o nome dele tinha sido envolvido em uma das perguntas.


- Vocês acham melhor o quê? – Perguntou Kennedy.


- Acho que já deu por hoje. – Disse Tarsilla. – Outro dia continuamos.


- É. – Todos concordaram.


- Então tá. Vemos isso depois. Boa noite. – As meninas foram para seus dormitórios, e os meninos para os deles.


- Será que eu podia trocar uma palavra com você, Annie? – Alvo perguntou, quando todos saíram.


Annie olhou para Rose, com um olhar que falava com todas as letras “socorro!”.


- Vai lá, Annie. – Disse Rose, saindo.


Rose sabia muito bem que Annie não a perdoaria tão cedo, mas era o melhor a se fazer. Foi para o quarto.


- Annie, sobre aquela pergunta...


- Olha, Alvo, isso não foi combinado, ok? – Ela esclareceu. – Eu nunca parei pra pensar nisso, e eu nunca pediria pra perguntarem isso. Se eu não visse problemas na pergunta, eu responderia na hora. Mas não era minha obrigação responder, e muito menos eu queria responder. Isso continua valendo.


- Mas agora não estamos mais jogando. Eu fiquei curioso pra saber.


- Vai continuar curioso pra saber. – Ela saiu rapidamente e foi para o quarto. – ROSE!


Quando chegou lá, Rose estava sentada na cama, já usando os pijamas.


- ROSE, EU VOU TE MATAR! VOCÊ NÃO TINHA NADA QUE ME DEIXAR SOZINHA!


- Desculpa Annie, mas uma hora ou outra ele ia falar com você. Eu conheço o Alvo. Ele não deixa nenhum assunto passar. Mas enfim, ele queria saber o quê?


- Ele queria saber se eu realmente ficaria com ele! – Annie estava em desespero.


- Sério? E o que você respondeu?


- Que não ia falar.


- Annie!


- Rose!


- Você tinha que ter respondido. Agora ele vai provavelmente achar que é o que você faria...


Annie sentou na cama, que ficava do lado da de Rose, e ficou extremamente quieta.


- Annie... O que você faria?


- Ah, que droga! Vai ficar todo mundo me pressionando agora? EU NÃO SEI! – Ela fechou a cortina e desmaiou na cama. Só acordou no dia seguinte porque Rose a chamou.

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