PROVA CABAL



CAPÍTULO 16



 



PROVA CABAL



 



 



 



 



 



 



 



Com efeito, Fudge vinha subindo as escadas e parecia furioso. Atrás dele, vinham Mason, Tiago, Lílian e Snape, com dificuldades para alcançá-lo. Com toda aquela confusão, o toque de recolher havia sido meio que ignorado e o restante dos Inseparáveis chegou à Enfermaria juntamente com Draco e Pansy, logo em seguida. Então o Ministro chegou à porta, junto à qual estavam Dumbledore e Janine.



 



_Muito bem, Dumbledore! Abra essa porta, porque eu quero falar com Harry Potter! Ele vai ter que dizer como foi que libertou Sirius Black!



_Parou para pensar no que acabou de dizer, Cornelius? _ Dumbledore estava se segurando para não rir _ Ou será que tomou uma Poção de Incoerência? Eu acabei de deixá-los lá dentro e ia acompanhar a Srta. Sandoval até a Torre da Grifinória.



_É verdade, Ministro. _ disse Janine _ Ele havia acabado de chavear a porta, pouco antes do senhor e todos chegarem.



 



Fudge olhou para trás e então viu a verdadeira comitiva que se formava atrás dele.



 



_Bem, de qualquer maneira, preciso falar com Harry. _ disse Fudge, agora mais calmo _ Por favor, Alvo, abra a porta.



 



Dumbledore abriu a porta e todos entraram. Com o barulho, Harry, Rony e Hermione levantaram as cabeças e (diga-se de passagem, em uma atuação digna de um Oscar) olharam na direção dos recém-chegados.



 



_Prof. Dumbledore? _ perguntou Harry, fingindo surpresa _ O senhor quer nos dizer mais alguma coisa? Eu tinha acabado de pegar no sono.



_Então vocês não têm nada a ver com o que aconteceu, Harry? Não saíram daqui? _ perguntou Fudge.



_Ministro Fudge? Pensei que o senhor tivesse retornado a Londres, depois da execução de Bicuço. _ disse Harry, com a expressão mais inocente do mundo.



_Vocês não sabem? _ perguntou Tiago _ Bicuço fugiu.



_Fugiu? _ perguntou Hermione com uma cara-de-pau, merecedora do mais brilhante dos vernizes _ Mas como?



_Ninguém sabe, Srta. Granger. _ disse Fudge _ Ele estava acorrentado, mas se soltou de algum modo inexplicável. E não é tudo. Sirius Black também escapou.



_Sirius escapou? _ perguntou Rony, tampando a boca com a mão e disfarçando o riso com um bocejo _ Como é possível? Ele não estava preso na sala do Prof. Flitwick?



_Estava, Sr. Weasley _ disse Fudge _ Mas a janela que dá para o terraço da torre estava aberta e a sala vazia. Vocês não têm mesmo nada a ver com isso, Harry?



_Claro que não, Ministro. _ disse Harry, consultando seu relógio e conferindo as horas _ Agora são cinco para a meia-noite. Seria impossível que eu sozinho ou eu e Hermione, já que Rony está com a perna fraturada, saíssemos daqui, chegássemos à sala do Prof. Flitwick pelo lado de fora, abríssemos a janela, libertássemos Sirius, descêssemos e chegássemos aqui, tudo isso em dez minutos? Só se desaparatássemos, o que seria impossível por dois motivos: temos treze anos, portanto não sabemos desaparatar. E é impossível desaparatar ou aparatar dentro dos limites de Hogwarts.



 



Naquele momento, uma coruja pousou no ombro de Fudge, deixando um bilhete em sua mão. E ao levantar voo, deixou algo mais no seu ombro.



 



_Coruja desaforada! “LIMPAR!” _ exclamou Fudge, pegando a varinha e apontando-a para a mancha de excremento, enquanto todos riam. Em seguida, pegou o envelope e viu quem era o remetente _ Ora, é do Vice-Presidente do Wizengamot, a Suprema Corte dos Bruxos da Grã-Bretanha. Vejamos o que diz.



 



Fudge abriu o envelope e viu o texto, mostrando-o aos outros. Dizia: “SUSPENDAM A APLICAÇÃO DA SENTENÇA DE SIRIUS BLACK. ELE É INOCENTE”.



 



_Mas como? _ perguntou Fudge, surpreso com a súbita mudança de parecer do Wizengamot _ Bem, de qualquer forma, ele não está aqui. E se ele estivesse a sentença acabaria não sendo aplicada, pois a coruja chegaria a tempo.



_As formalidades do Código de Processo Penal Bruxo seriam cumpridas na íntegra, então? _ perguntou Janine.



_Sim, Srta. Sandoval. _ disse Fudge _ Teríamos que ler os autos do processo e todos assinariam. Levaria de trinta a sessenta minutos, tempo suficiente para a coruja me alcançar. Mas por que o Wizengamot mandaria suspender a aplicação da sentença?



_Bem, creio que eu tenho algo a ver com isso, Ministro. E vou explicar tudo. _ disse Janine.



_Tudo o quê? _ perguntou Dumbledore, meio que já sabendo o que Janine havia feito.



_Bem, entre as horas de estudo, acabei lendo a edição mais recente do Código de Processo Penal Bruxo, vendo que foram acrescentados parágrafos a alguns artigos, no que se refere ao que pode ser aceito como prova. Com o advento da Tecnomagia, fotos e filmagens obtidas por meios trouxas tecnomagizados passaram a ser aceitos, pois não podem ser manipulados por feitiços, correto? _ perguntou Janine.



_Sim, descobriram que mesmo a magia não podia alterar as imagens de câmeras digitais e filmadoras tecnomagizadas. Mas por quê?



_Então é melhor que o senhor dê uma olhada nisto. _ disse Janine, tirando um Notebook tecnomagizado de sua bolsa e ligando-o _ Neste último Natal, minha mãe mandou o Notebook, a câmera e a filmadora para que fossem tecnomagizados pela Seção de Tecnomagia do Departamento de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas. Com isso funcionam em qualquer lugar independente da concentração de energia mágica, sem que derretam, sem depender de eletricidade e sem que as baterias descarreguem. Isso foi importante, pois ajudará a confirmar as declarações do Prof. Mason, que não foram levadas em consideração.



 



Janine abriu o explorador de arquivos e selecionou uma pasta de imagens na qual estavam salvas várias fotos-bruxas, que se pareciam com GIFs animados. Nelas era possível ver claramente todos os bruxos que haviam participado daqueles acontecimentos, em um local que Fudge logo reconheceu.



 



_O interior da Casa dos Gritos! _ exclamou o Ministro _ Era lá que vocês estavam?



_Sim, Ministro. _ respondeu Mason _ Veja bem todas as fotos e eu acho que a Srta. Sandoval ainda tem mais coisas para nos mostrar, não tem?



_Tenho sim, Prof. Mason _ respondeu a gauchinha _ Vejam isto, agora.



 



Colocando um mini-DVD no drive, todos puderam ver e ouvir os acontecimentos na íntegra, principalmente a revelação de que Peter Pettigrew permanecia vivo e sua confissão. Depois de assistirem, os bruxos que não haviam participado dos eventos ficaram boquiabertos, principalmente Fudge.



 



Mas como foi que a senhorita conseguiu fazer essa filmagem e tirar essas fotos, Srta. Sandoval? _ perguntou o Ministro, admirado.



_Bem, Ministro Fudge, na verdade foi um golpe de sorte, eu estava buscando uma coisa e acabei encontrando outra. Quando o “Sinistro” levou Rony e o Salgueiro Lutador começou a atacar Harry e Hermione nós tentamos nos aproximar, mas Harry disse que não o fizéssemos e que procurássemos por algum dos professores. Eu imaginei que se conseguisse registrar imagens do cão, poderia esclarecer muitas dúvidas que os bruxos têm sobre ele e o que ele poderia querer com meus amigos. Corri ao dormitório e peguei o equipamento necessário, retornando para lá.



_Mas e o Salgueiro Lutador? Como foi que aquele monstro vegetal não te atacou? _ perguntou Pansy.



_Não sei como, mas ele estava imóvel naquele momento, Pansy. Vi o túnel e entrei por ele, chegando à Casa dos Gritos. _ disse Janine _ Ouvi vozes no andar superior e fui até lá, vendo que Sirius estava escondido na casa e o rato de Rony estava em uma gaiola. Consegui me esconder e registrei tudo (“É claro que ter encontrado e recolhido a Capa de Invisibilidade de Harry ajudou bastante”, pensou ela). Como essa câmera filma e grava direto para a mídia, o mini-DVD, foi fácil fazer backup e mandar as cópias para o Ministério, assim como outro com as fotos. Graças a Deus e a Merlin que foi a tempo do Wizengamot mandar uma coruja com a ordem de suspensão da sentença (Janine só não disse que havia entrado na Casa dos Gritos por Hogsmeade bem mais cedo e já estava escondida na casa, oculta pela Capa de Invisibilidade).



_Bem, Cornelius, eu acho que essas imagens são mais do que suficientes para provar a inocência de Sirius. _ disse Dumbledore, olhando bem sério para Fudge.



_Sem dúvida, Alvo. _ disse Fudge de modo casual, mas quem fosse um pouco mais desconfiado, notaria uma pequena ponta de contrariedade _ Tudo isso constitui uma prova cabal da inocência de Sirius Black. Agora é esperar que ele volte, para que seja oficialmente inocentado.



_É, no lugar dele qualquer um ficaria bem escondido e só voltaria quando a poeira baixasse. _ disse Tiago _ Mas as notícias logo deverão chegar ao conhecimento dele.



_Sim, é verdade. _ disse Harry _ Bem, creio que isso põe uma pedra sobre o assunto, não é, Ministro?



_Claro que sim, Harry. _ disse Fudge, ainda com a expressão contrariada que fez o bruxinho pensar _ Vamos divulgar o máximo possível, para que ele saiba. Mas ainda estou admirado de como a Srta. Sandoval conseguiu se esconder e registrar os acontecimentos, sem ser percebida por ninguém naquela sala.



_Bem, eu não deveria ficar contando vantagem. Mas acontece que sou treinada desde pequena em certas disciplinas do corpo e da mente, que me permitiram adquirir habilidades tais que eu poderia, por exemplo, permanecer horas do lado de alguém sem que essa pessoa percebesse. E se eu conseguir me esconder por trás de algo, melhor ainda.



_Ninjutsu? _ perguntou Fudge, incrédulo e começando a ficar até mesmo meio irritado, ainda que os outros não notassem _ Ninjas são praticamente uma lenda, tanto entre os bruxos quanto entre os trouxas. Se não fosse por Derek e alguns outros, eu pensaria que era mentira.



_Nem tanto, Ministro. Já que o senhor sabe algo sobre eles, devo dizer que é verdade e que é resultado de treinamento intensivo, ajudando também no aperfeiçoamento das habilidades de magia. E eu fui treinada por um dos melhores, o Soke de Togakure, Masaaki Hatsumi-san. Fico feliz que minhas habilidades puderam contribuir para que a verdade surgisse e evitássemos que um inocente fosse condenado a um destino terrível.



 



Depois das explicações, Fudge preparou-se para voltar a Londres, comprometendo-se a assinar a declaração oficial da inocência de Sirius, assim que chegasse à Capital.



 



_Então vou retornar para Londres. Acho que McNair irá mais tarde, assim que se recuperar do Brandy de Hagrid. _ disse Fudge, com um esboço de sorriso no rosto.



_Bem que eu o avisei que não havia nenhum copo pequeno lá em casa, Ministro. _ disse Hagrid, que acabara de chegar _ Ele já acordou e logo estará aqui.



_Creio que com isso você irá mandar os Dementadores saírem de Hogwarts e voltarem para seu lugar, além de restabelecer a guarda mista de Azkaban, com o retorno dos Aurores, não é, Cornelius? _ perguntou Dumbledore.



_Com certeza, Alvo. _ disse Fudge _ Sabe, eu já estava a ponto de determinar a substituição deles por dragões.



_Pelo menos seriam menos perigosos para gente inocente, Ministro. Com eles dá para se entender. _ disse Hagrid _ E também vai tornar sem efeito a restrição de visitas de Harry a Hogsmeade, certo?



_Vou, Hagrid. Já não tem mais razão de ser. _ Fudge concordou com o enorme professor.



_Isso quer dizer então que a minha indicação para a Ordem de Merlin acabou de bailar, não é, Ministro? _ perguntou Snape com sua habitual calma, falando de forma casual, mas na verdade fazendo uma troça bem estudada com Fudge.



 



Fudge ficou vermelho, lançou um olhar quase assassino para Snape e saiu da Enfermaria sem dizer uma palavra, rumo ao saguão para pegar um coche para Hogsmeade e de lá ir para Londres.



 



_Narigudo, sei que não é muito o seu estilo, mas... é impressão minha ou você estava zoando o Fudge?. _ perguntou Tiago.



_Desculpe Sr. Tiago Potter, mas não pude resistir. Ele estava tão no jeito e eu não quis perder a oportunidade. _ respondeu Snape, um meio sorriso levantando levemente os cantos de sua boca.



 



Não houve um na Enfermaria que não caísse na risada. Os que tinham que retornar para Londres acionaram Chaves de Portal ou foram para Hogsmeade, de onde poderiam desaparatar. Os outros se despediram e deixaram os três bruxinhos para dormirem em paz.



Hermione Granger, Rony Weasley e Harry Potter tiveram alta da Enfermaria na manhã seguinte, o ruivo com sua fratura totalmente consolidada graças à Poção “Solda-Ossos”. Sentados no seu local preferido do pórtico, um canto onde dois bancos formavam um “V” e uma pedra achatada cumpria a função de mesa de centro, sobre a qual se encontrava a garrafa térmica de Janine, acompanhada de um fogareiro, com uma cuia de chimarrão rodando entre eles, trocavam informações sobre os acontecimentos do dia anterior.



 



_Mas como foi que você conseguiu filmar e fotografar na Casa dos Gritos, sem que nenhum de nós te visse, Jan? _ perguntou Harry.



_Na verdade, mesmo com treinamento Ninja avançado seria bastante difícil permanecer ali sem ser percebida. Mas tive a sorte de encontrar sua Capa de Invisibilidade.



_Ah, sim. Eu a havia perdido, quando o Salgueiro Lutador começou a tentar nos esmurrar.



_Como você a pegou sem que Draco notasse? _ perguntou Soraya.



_Quando Harry e Hermione pediram que buscássemos algum professor, senti que meu sapato havia se enroscado em alguma coisa. Olhando para baixo, não vi meu pé e logo concluí que havia tropeçado na capa. Por causa do crepúsculo, Draco não percebeu e eu pude guardá-la dentro da minha bolsa, que tem um Feitiço de Ampliação Interna.



_E então você começou a pensar no plano? _ perguntou Neville.



_Ainda não era bem um plano, Neville. Primeiramente eu quis voltar assim que pudesse para ajudá-los, mas teria de dar um jeito de me separar dos outros. Então, acabamos encontrando o Prof. Lupin e depois o Prof. Snape. Depois de algum tempo, Harry, Hermione e Rony foram levados para a Enfermaria e tomamos conhecimento de toda a história. _ disse Janine _ Então, acabamos voltando no tempo e ajudamos Sirius. No meu caso, por exemplo, reuni meu equipamento e fui para Hogsmeade pela passagem da estátua de Gunhilda de Gorsemoor, saindo na Dedosdemel e indo para a Casa dos Gritos, oculta pela Capa de Invisibilidade de Harry. Depois de providenciar as filmagens e as fotos, voltei e fiz os backups, enviando uma cópia via coruja para Londres, antes de ir encontrar o Prof. Dumbledore na Enfermaria. Assim o Wizengamot pôde atestar a inocência de Sirius e enviar a mensagem com a ordem de suspensão da execução para Fudge.



_E só haveria um jeito de convencer Fudge da inocência de Sirius, que seria confrontá-lo com uma prova impossível de ser adulterada. Uma prova cabal, como disse o próprio Ministro. _ disse Algie, entendendo os fundamentos e desdobramentos do plano de Janine _ Imagens obtidas com aparelhos tecnomagizados. Fotos e vídeos.



_Isso mesmo, Algie. _ concordou Janine _ Quando vocês saíram e o Prof. Dumbledore ficou para falar com Harry, Rony e Hermione, dei um jeito de me esconder atrás de um biombo e fiquei lá até que Dumbledore me chamou.



_Mencionaram o meu nome? _ Dumbledore se aproximou, acompanhado de Mason. Logo em seguida, chegaram Luna e Nereida _ A coragem de vocês é algo digno de nota.



_Sem dúvida, Diretor. _ concordou Mason _ Bem, jovens, agora vocês já sabem qual foi a investigação que me consumiu vários anos e que me manteve afastado para dar os retoques finais na nossa maior “marotice”. Passamos doze anos rastreando Pettigrew, até que descobrimos que estava com sua família. Sirius correu o maior risco, porque ainda teve que puxar uma etapa em Azkaban.



_Mas vocês ainda estavam investigando mais coisas não é, Prof. Mason? Ao menos foi o que disseram. _ comentou Harry, fazendo a cuia roncar e passando-a para Janine, que estava cevando.



_Sim, mas é outra história e que poderá ficar para uma próxima ocasião, Harry. _ disse Mason _ Só posso dizer que está avançando.



_E agora, Prof. Mason? O senhor vai reassumir o cargo de Auror ou de professor em Hogwarts? _ perguntou Luna, de mãos dadas com Neville.



_Vou reassumir como professor, Luna. _ disse Mason _ Embora Remus tenha competência mais do que suficiente para lecionar, como vocês todos viram durante este ano, sua vinda teve a finalidade principal de me dar cobertura.



_Então o senhor esteve por perto o tempo todo em Hogwarts e Hogsmeade, Prof. Mason? _ perguntou Hermione.



_Estive, Hermione _ confirmou Mason _ Sob Transfiguração ou Feitiço de Desilusão, evitando os Dementadores e tentando não deixar que Dumbledore me percebesse, procurei ficar de olho no seu rato, digo, em Pettigrew, até que ele sumiu. Recuperamos sua pista depois que ele apareceu na cabana de Hagrid e Sirius o pegou, infelizmente fraturando a perna de Rony no processo.



_Você foi excepcionalmente bom nisso, Derek. _ disse Dumbledore, elogiando a capacidade do ex-aluno _ Agora, com tudo resolvido, basta aguardar o retorno de Sirius. Ah, Harry, Remus está fazendo as malas e queria falar com você, antes de ir embora. Ele está nos aposentos anexos à sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.



_Obrigado, Prof. Dumbledore. Com licença, amigos._ e Harry foi ao encontro do amigo de sua família.



 



No apartamento anexo à sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, Remus Lupin organizava com feitiços suas roupas e objetos pessoais nas malas e baús aguardando a chegada de Harry, que não se fez esperar.



 



_Olá, Harry. _ disse Lupin, assim que o bruxinho entrou _ Eu vi no Mapa do Maroto que você estava se aproximando. Queria falar com você, antes do meu coche chegar.



_Indo embora assim de repente, Remus? Mas por quê? _ Harry não entendia as razões do bruxo _ Aliás, me desculpe pelos ferimentos que Bicuço lhe causou.



_Sem problemas, Harry. Pode acreditar, já passei por muitas coisas bem piores e mais dolorosas do que isso. _ disse Lupin, abrindo a camisa e mostrando os cortes já cicatrizados, sem sangramento _ Acontece que os acontecimentos da noite passada já tiveram repercussão na Bruxidade, graças aos rumores terem chegado ao conhecimento daquela gralha albina da Rita Skeeter e eu não quero comprometer Dumbledore ainda mais. O coitado já vai receber um monte de críticas por ter aceitado que um Lobisomem passasse o ano lecionando em Hogwarts, muitas delas obviamente fomentadas por Lucius Malfoy.



_Como já era de se esperar. _ disse Harry _ É praticamente certo que ele não abandonou os velhos hábitos.



_Arthur me contou o que você viu na Borgin & Burke’s, no ano passado. Estamos de olho nele desde a história do diário de Voldemort, não se preocupe. Bem, o meu coche já vai chegar.



_Eu te acompanho até a saída, Remus. De qualquer forma, tudo acabou dando certo, mesmo com a fuga de Pettigrew.



_Sim, graças a vocês e a Janine, com o registro das imagens. E quanto a Pettigrew, não se preocupe. _ disse Lupin _ O fato de você ter poupado a vida dele, mesmo que ele não merecesse, fez toda a diferença e criou um vínculo entre vocês.



_A coisa que eu menos queria na vida, ter um vínculo com aquele traste. Mas eu entendo o que você quis dizer, Dumbledore já me disse algo sobre isso. Criou-se uma espécie de Giri, uma dívida de honra. _ disse Harry.



_Um dia isso poderá ter uma grande relevância, Harry. Bem, como não sou mais seu professor, não vejo porque não lhe devolver o mapa. Nós não temos mais necessidade dele e você é o digno herdeiro dos Marotos. _ disse Lupin, com um sorriso que traduzia as recordações dos seus tempos de aluno _ Portanto, só posso dizer... “MALFEITO FEITO!



 



Ao toque da varinha de Remus Lupin, o pergaminho novamente ficou em branco e ele o entregou a Harry, que o guardou no bolso das vestes. No pátio à frente do pórtico, não só Dumbledore e os Inseparáveis, mas todos os alunos, professores e funcionários de Hogwarts aguardavam para se despedir do professor. Depois dos abraços e votos de boa sorte, Lupin embarcou no coche, rumo a Hogsmeade de onde embarcaria no Expresso de Hogwarts, rumo a Londres.



 



Dumbledore e Janine conversavam sobre algo importante, as implicações de seu namoro com Draco Malfoy.



 



_Vocês vão enfrentar muitas situações difíceis, Janine. Dará muito trabalho manter seu relacionamento oculto dos sonserinos. Inclusive, fiquei espantado com o fato da Srta. Parkinson ter aceito sem maiores dificuldades.



_Muito disso se deve a Draco ter falado com ela, Prof. Dumbledore. E eu sei que não será fácil. Mas agradeço aos amigos que fiz neste ano, inclusive dentro da própria Sonserina: Nereida e, por mais incrível que pareça, Pansy. Eu notei o quanto ela gosta de Draco e o quanto ela quer vê-lo feliz.



_Sem dúvida. _ disse Dumbledore _ E a maior prova do amor dela foi aceitar o fato de que ele ama outra garota.



_Eu percebi a sinceridade das palavras dela e também outra coisa, que também vi em outros sonserinos, inclusive Draco. Que o comportamento “trevoso” deles é somente fachada, por respeito ou medo de seus pais. Bem, veremos o que o futuro nos reserva. Aliás, falando em tempo, Mione e eu já devolvemos os nossos Vira-Tempos. Já passamos pelas aulas, só faltam agora os exames e esses instrumentos já não têm mais utilidade para nós. Por favor, transmita nossos agradecimentos ao Departamento de Mistérios.



_Você é admirável, Janine. _ disse Dumbledore _ Não posso deixar de pensar que o fato de você ter manifestado magia tardiamente, Leonardo ter me pedido para tomar a frente do seu caso e você ter vindo para cá não poderia jamais ter sido obra do acaso.



_O acaso não existe, Prof. Dumbledore. Na verdade, tudo são situações cuja convergência escapa à nossa compreensão. _ disse Janine _ E eu estou muito contente por ter vindo para cá. Essa mudança radical na minha vida, a magia, tudo novo, me faz descobrir cada vez mais o meu papel no mundo. E ainda bem que está sendo aqui.



_Nossa vida na Bruxidade já foi bastante difícil no passado. Hoje, os trouxas e bruxos estão começando a aceitar mais as diferenças, embora o contato e conhecimento entre os dois mundos ainda esteja restrito a algumas pessoas selecionadas, no governo e em setores da sociedade civil. _ disse Dumbledore, olhando para o poente _ Além disso, ainda há a ameaça de Lord Voldemort e a Ordem das Trevas, que não sabemos até onde está infiltrada. E se descobrirem o seu caso, uma inédita manifestação de magia após a puberdade, você estará em grande perigo.



_Começo a fazer ideia do que está ocorrendo, Prof. Dumbledore. E mais do que nunca eu quero dar a minha contribuição para que esses bruxos do mal não vençam.



_Estou certo de que o nosso lado ganhou uma jovem bruxa de grande valor. E sei que, mesmo com os perigos que possam rondá-la, você se sairá muito bem.



_Sem dúvida, Prof. Dumbledore. _ disse Janine _ E existe uma importante razão para isso: Porque eu tenho amigos.



 



 



Depois de todos terem se dado bem nos exames e do encerramento do ano letivo, uma vez mais a Grifinória tendo conquistado a Taça das Casas, os amigos estavam reunidos no Nº 12 do Largo Grimmauld, na “Mui Nobre e Antiga Casa dos Black”, como Sirius se referia em tom irônico imitando sua mãe, a orgulhosa Walburga Black. A mansão repleta de feitiços de Ocultamento, Proteção e Segurança era o lugar de uma animada confraternização para comemorar a oficialização da inocência de Sirius.



 



_Convido todos os presentes a erguerem suas taças em homenagem a esse valoroso grupo de jovens bruxos. _ disse Sirius _ Graças a eles o nosso plano deu certo, mesmo que tudo quase tenha se perdido.



 



Todos os presentes brindaram e Sirius continuou.



 



_A Bruxidade agora sabe que Peter Pettigrew está vivo e a infiltração da Ordem das Trevas no Ministério começou a ser investigada. Devo tudo a vocês, sem sua grande ajuda eu estaria morto ou dementado. Harry e sua coragem frente aos Dementadores. Janine e a gravação dos eventos. Hermione e seu raciocínio lógico. Rony e sua compreensão da verdade, pois outro poderia não acreditar que seu animal de estimação fosse um Animago. E todos os que, de um modo ou de outro, deram sua contribuição para que os acontecimentos assim se desenrolassem.



_Então começaram a investigar até que ponto os bruxos das Trevas estão corrompendo o Ministério? Excelente iniciativa. _ disse Harry.



_Mas não será fácil, filho. _ disse Tiago _ E eu estou bastante preocupado.



_Com certeza. _ disse Remus _ Me arrepio só de pensar no lamaçal que vai aparecer, para não dizer outra coisa. E quanto mais vocês mexerem, mais vai feder.



_Isso é certo. _ disse Janine _ E conforme forem descobrindo as podridões e sujeiras nos escalões mais altos, maior será o perigo. Os poderosos farão de tudo para tentarem barrar as investigações.



_Sinto que vai ser feio. E nem preciso dos meus poderes de Vidente para chegar a essa conclusão. _ disse Ayesha _ Mas vamos falar de coisas mais agradáveis. Estão sabendo que a final da Copa Mundial de Quadribol neste ano vai se realizar na Grã-Bretanha?



_Sério? _ perguntou Algie _ Fazia tempo que isso não acontecia. Nós ficamos meio por fora dos jogos deste ano, com todas as confusões que ocorreram em Hogwarts. Quem será o representante?



_Irlanda. _ disse Arthur Weasley _ Aidan Lynch está voando sem vassoura, de tanta felicidade. Vão disputar o título com a Bulgária.



_Um duelo de dois magníficos Apanhadores. _ disse Rony, imaginando a disputa _ Aidan Lynch e Viktor Krum. Fico imaginando os dois caçando o pomo de ouro.



_Vamos ver ao vivo, ora. _ disse Arthur _ Sabem que eu tenho facilidade para conseguir ingressos, ainda mais porque a família de Lynch é de Kilbarrack, de onde vieram os Weasley. E as famílias sempre foram amigas, os Weasley, os Lynch e os Prewett.



_Se bem que os Prewett só voltaram às boas com os Weasley depois que Gui nasceu. _ disse Molly _ Até então eles não perdoavam o fato de que eu e Arthur fugimos para nos casar. Arthur tem razão, poderá conseguir ingressos para aqueles que se interessarem.



_Podem contar conosco. _ disse Tiago Potter.



_Conosco também. _ disse Sirius Black.



_E quanto a você, Janine? _ perguntou Soraya.



_Acho que poderei vir, Soraya. Preciso voltar ao Brasil, para passar algumas semanas com minha mãe e meus avós. Eles adquiriram um rebanho novo e vai ter marcação, sem contar que também teremos alguns potros xucros para domar. Faz algum tempo que não participo dessas atividades e já estou com um pouco de saudades da lida de campo.



_Sem contar que parece que um certo loiro poderá fazer uma visita ao Brasil, a pretexto de conhecer as filiais brasileiras das empresas do pai, sendo que uma delas, pelo que eu sei, fica em Porto Alegre. _ disse Hermione, com um olhar travesso.



_Você e Draco? _ perguntou Sirius, admirado _ Essa é uma novidade e tanto.



_Mas terá que permanecer em segredo por enquanto, Sirius. Principalmente pela segurança de Draco. _ disse Janine.



_Entendo o que você quer dizer. _ disse Ayesha _ Tanto você quanto ele poderão estar em perigo se descobrirem que o filho de Lucius Malfoy, o segundo em comando de Lord Voldemort, namora uma bruxa de origem trouxa.



_Uma “Sangue-Ruim”, pelos padrões deles. _ disse Janine _ Mas nós vamos nos sair bem.



_E que tal a Firebolt, Harry? _ perguntou Sirius.



_Uma excelente vassoura, ajudou bastante a vencermos a Copa das Casas deste ano.



_Eu não enviaria nada menos para alguém com sua habilidade.



_Então foi você mesmo, Sirius? _ perguntou Harry _ Mas como foi que conseguiu?



_Eu conheço o dono da fábrica e consegui a vassoura a preço de custo, principalmente quando ele soube que seria para você. Ela já estava encomendada desde o final do ano passado e depois que sua Nimbus 2000 virou palitos de dente como cortesia do Salgueiro Lutador, Derek a enviou, anonimamente.



_Os testes do Ministério foram rápidos, principalmente porque não havia nenhuma armadilha ou feitiço maligno na vassoura. _ disse Mason.



_E muito obrigado pela coruja, Sirius. _ disse Rony _ Ela é pequena, mas bem forte e resistente.



_Era o mínimo que eu podia fazer, Rony. Afinal de contas, tenho parte da responsabilidade por você não ter mais um animal de estimação.



_Se eu soubesse quem era ele, o entregaria aos Aurores embrulhado para presente, com todo o prazer. _ disse Rony, enquanto todos caíram na risada.



_Fico imaginando para onde aquele sujeito poderia ter ido. Não há muitos lugares nos quais ele possa se esconder. _ disse Gina, abraçada a Harry.



_Mais ou menos. _ disse Ayesha _ Transformado em rato, ele já deve estar fora do país. Já outros não precisariam nem se transformar, se pudessem. Osama simplesmente se evaporou, depois do atentado ao WTC. Me dá arrepios pensar que eu cheguei a estar prometida em casamento àquele demônio.



_Será que conseguirão pegá-lo? _ perguntou Lílian.



_Não sou Vidente, mas acredito que vai demorar bastante para isso, Ayesha. _ disse Janine _ Com a organização e a rede de contatos da Al-Qaeda, talvez leve uns dez anos, mais ou menos.



_Acham que Pettigrew foi à procura de Voldemort? _ perguntou Molly.



_Pettigrew teme Voldemort, assim como todos os outros bruxos das Trevas. Mas ele também é leal e Voldemort valoriza isso. _ disse Tiago _ Logo teremos notícias dele e talvez até mesmo do velho Cara-de-Cobra.



_Mas por enquanto vamos aproveitar os instantes de calmaria. Sabe-se lá até quando irão durar. _ disse Hermione.



 



Todos concordaram. Sabiam que a Ordem das Trevas não ficaria parada.



 



E seus planos malignos não tardariam a ameaçar a Bruxidade.



 



EPÍLOGO



 



 



 



 



 



 



 



Duas semanas depois dos fatos que culminaram na reafirmação da inocência de Sirius Black, ele estava no continente, seguindo as pistas que obtivera. Não se atrevia a desaparatar pois, com a revelação do fato de que estava vivo, aquilo permitiria que os Aurores o rastreassem. Ele limitava-se a utilizar feitiços não muito poderosos tipo conjurar e multiplicar alimentos e água com uma varinha que havia roubado em Graz, na Áustria, pois a outra, aquela que guardava praticamente com sua vida, ele não se atrevia a usar.



Sair do país em forma de rato havia sido fácil, pois a Animagia não era detectável. Encontrou algumas dificuldades na Hungria, onde quase foi reconhecido por um Auror em Budapeste, tendo sido obrigado a matar outro em Restelicë, Kosovo, apunhalando-o, pois não queria arriscar-se a chamar a atenção de Monitoradores de Magia, usando Feitiços de Combate.



Sua jornada o levou, assim como anteriormente havia levado Quirinus Quirrell, a uma estreita passagem no sopé do Monte Korab, na fronteira entre a Albânia e a Macedônia na qual ele voltou à forma humana, após certificar-se de que não havia ninguém por perto. Expondo o antebraço esquerdo, deixou que o olho mágico o examinasse, confirmando a autenticidade da Marca Negra.



Chegando à caverna, entrou e chamou em voz baixa.



 



_Mestre? O senhor está aí?



_Quem é? _ ouviu-se uma voz fraca e sibilante.



_Wormtail, Mestre. _ disse Pettigrew, avançando cada vez mais para o fundo da caverna.



_Então você está vivo, meu servo. Aproxime-se, deixe que eu o veja.



 



Pettigrew chegou ao fundo da caverna e viu a debilitada figura semi-etérea de Lord Voldemort.



 



_Mestre! O senhor está vivo!



_Estou, Pettigrew. Mas veja só no que foi que eu me transformei.



_O senhor ainda poderá retornar, Mestre. Possua minha mente e ocupe o meu corpo.



_Não, Wormtail. Usei todo o sangue seco daquele lenço que você entregou a Quirrell. Se eu o possuísse sem aquilo, você não resistiria muito tempo e ambos morreríamos. Será necessário colocar em prática outro plano que desenvolvi e que agora será possível, pois você está aqui e poderá obter o que preciso sem despertar suspeitas, graças à sua Animagia, coisa que Quirrell não poderia fazer. Está com minha varinha?



_Sim, Mestre. Cuidei de mantê-la segura por esses doze anos.



_Ótimo. Mal posso esperar para tê-la novamente nas mãos. Preciso que me consiga certos ingredientes fundamentais para o que tenho em mente. Nagini ajudará você, no que for necessário.



_Conte comigo, Mestre. _ disse Pettigrew, com um sorriso maligno que acentuava seus incisivos superiores _ Farei o que o senhor determinar e em breve estaremos de volta à Inglaterra, reuniremos seus exércitos e o senhor retomará o poder.



_Excelente, Wormtail. _ disse Voldemort, acompanhando seu servo no sorriso malévolo _ vamos até a beira do lago. Nagini deve ter trazido outro unicórnio e eu preciso me alimentar. Espero que logo tenhamos resultados, pois já estou ficando enjoado de sangue de unicórnio.



 



Amparado por Wormtail, Voldemort foi sugar o sangue de mais um unicórnio, ansiando para que fosse uma das últimas vezes que o faria.



 



Se seus planos se concretizassem, logo estaria de volta à Inglaterra e Harry Potter não lhe escaparia.



 



 



 



 



 



FIM DESTA HISTÓRIA.



 



CONTINUA NA QUARTA AVENTURA


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