A HISTÓRIA DOS ANIMAGOS



CAPÍTULO 14



 



A HISTÓRIA DOS ANIMAGOS



 



 



 



 



 



_Bem, a história começa há algum tempo, durante a nossa infância. Isso foi entre... _ Remus deixou a frase pela metade e Sirius completou.



_... O final da década de 60 e o início da de 70. Voldemort estava ficando cada vez mais poderoso, a época realmente fazia jus ao nome de “Dias Negros”.



_Eu ainda não conhecia os Marotos, estava no Japão morando com o meu avô, Ryusaku Komori, desde que Voldemort havia assassinado meus pais, Hiram e Renata, quando eu tinha cinco anos. Somente vim a conhecê-los quando vim para Hogwarts. _ disse Mason _ Aquela nossa primeira viagem no Expresso foi memorável.



_Quer dizer, quando Wormtail colocou, disfarçadamente, uma “Dungbomb” com “delay” na bolsa de Bellatrix? _ perguntou Sirius, com um sorriso.



_Isso. _ respondeu Remus _ Rudolph Lestrange, que não desgrudava dela, correu atrás de Wormtail e iria atirá-lo para fora do trem, se Tiago não o tivesse atingido com uma Azaração de Coceira. Mas os fatos começaram antes. Meus pais, Russell e Allura Lupin, sempre foram contrários às Trevas e eram amigos de Dumbledore.



_Eu me lembro. _ disse Sirius _ Aliás, também eram amigos dos avós de Harry, Norman e Igraine Potter.



_Sim. E Voldemort já tinha várias criaturas das Trevas em seu exército, principalmente uma alcateia de lobisomens liderada por um deles, especialmente cruel, chamado Fenrir Wolf Greyback. E, quando meu pai se recusou a ceder às ameaças dele, que queria alojar seus lobos em nossa fazenda, ele foi à nossa casa certa noite, transformado, com mais alguns lobisomens. Amarraram meus pais e o próprio Greyback me mordeu, na frente deles, me condenando à Maldição Lupina. Na época ainda não havia sido disponibilizada a Vacina Anti-Licantropia. E como se não bastasse, levou embora o meu irmão gêmeo, Romulus, dizendo que depois decidiria o que fazer com ele. Anos depois, recebemos notícias de que ele havia sido visto na Itália e em Botswana. Quando tínhamos uns doze anos, ele apareceu na Inglaterra, aparentemente desmemoriado. Ficou em casa por duas semanas, até que um dia, quando chegamos em casa, não o encontramos mais. Até hoje ninguém sabe o que foi feito do meu irmão.



_Então, viemos para Hogwarts e fomos todos selecionados para a Grifinória. _ disse Sirius _ Inclusive Derek, que poderia ter ido para a Corvinal ou mesmo para a Sonserina.



_Sim. _ disse Hermione _ Hiram Mason era da Sonserina e Renata era da Corvinal. Mais uma prova de que a tradição familiar não é uma obrigatoriedade.



_Se fosse assim, Sirius teria ido para a Sonserina. _ disse Mason, lembrando da Cerimônia de Seleção _ Bem, logo nas primeiras semanas, descobrimos que Remus era um lobisomem, porque seus afastamentos coincidiam com as semanas de Lua Cheia, sob a alegação de crises de uma doença rara. Quando ficamos sabendo, não nos afastamos dele, muito pelo contrário.



_E sempre ajudávamos a criar histórias para encobrir as ausências de Remus. Depois contamos com a ajuda de duas garotas incríveis. Uma delas era Lílian Evans e a outra era Lucienne Devereaux. _ disse Remus.



_Sem contar que Lucienne foi sua namorada, durante quase todo o tempo da escola. _ disse Sirius _ Ajudávamos a afastar as pessoas do caminho, enquanto Remus era levado até o Salgueiro Lutador e vinha para cá.



_Então, a fama da Casa dos Gritos era por sua causa, Prof. Lupin? Os gritos eram seus? _ perguntou Rony.



_Exatamente, Rony. _ confirmou Remus _ O Salgueiro foi plantado exatamente para que ninguém se encorajasse a utilizar a passagem.. Eu vinha para cá e então podia uivar, morder e arranhar à vontade. A Poção Mata-Cão só foi desenvolvida anos depois, quando estávamos terminando o curso. Nesse meio tempo, mapeamos toda a área de Hogwarts e criamos o Mapa do Maroto. Ao mesmo tempo, esses meus amigos fizeram algo que me marcou, profundamente. Considerando que um lobisomem só é perigoso para pessoas, eles treinaram e conseguiram fazer algo para diminuir a minha agressividade.



_Tornaram-se Animagos. _ disse Harry.



_Isso mesmo, Harry. _ Sirius confirmou _ Quando Remus se transformava, nós já estávamos transfigurados. Vocês já sabem que eu sou um cão negro.



_Mas é claro! _ exclamou Hermione _ Sirius é a principal estrela da constelação do Cão Maior.



_E o seu apelido ficou sendo “Padfoot”, “Almofadinhas”, o lendário cão-fantasma que muitos afirmam ser o Sinistro. _ disse Rony.



_E sabemos que “Wormtail”, “Rabicho”, é Peter Pettigrew, esse rato que está na gaiola. _ disse Hermione.



_Exato. E eu sou “Fourhands”, o “Quatro-Mãos”. _ disse Mason, transformando-se em um macaco-montanhês do Japão, com pelo branco e cara vermelha, logo retornando à forma humana.



_Então, logicamente, meu pai só pode ser “Prongs”, “Pontas”. Mas em que animal ele se transforma? _ perguntou Harry.



_Acho melhor que ele mesmo diga. _ disse Remus _ No momento eu creio ser mais importante fazer com que nosso murino amigo participe da conversa.



_Mas o senhor tem certeza de que ele é o seu colega e não um rato comum? Eu o herdei de Percy e ele já está na família há doze anos. _ perguntou Rony.



_Exatamente o tempo do desaparecimento ou da suposta morte de Peter Pettigrew. _ disse Sirius _ Jamais me esquecerei daquele dia. Eu o persegui e o encurralei em uma rua, disposto a capturá-lo ou mesmo a matá-lo, se fosse o caso. Então ele explodiu a tubulação de gás com um feitiço, tentando me matar. Só que ele acabou explodindo treze trouxas e, supostamente, a si mesmo.



_Sim, o “Profeta Diário” noticiou que só encontraram um dedo, que foi levado para o Ministério e que depois desapareceu. _ disse Hermione.



_Reparem na pata direita do Perebas. _ disse Mason _ Vejam que falta...



_... Um dedo. _ disse Harry _ Eu me lembro disso quando vi Perebas pela primeira vez, no primeiro ano. Mas por que o dedo sumiu?



_Creio que o próprio Wormtail o roubou para evitar que alguém, mais especificamente algum Vidente como Ayesha, por exemplo, utilizasse Psicometria no dedo guardado. _ disse Hermione _ Se isso acontecesse, seu disfarce cairia.



_Exato. _ disse Sirius _ Bem, vamos convidá-lo a juntar-se a nós. Afinal, já faz tanto tempo.



 



Sirius Black pegou o rato na gaiola, que não parava de se debater. Segurando-o pela cauda, sem muita gentileza, apontou sua varinha para ele. Remus Lupin e Derek Mason fizeram o mesmo.



 



_ “Huius rei cadant larvae et omnes revelata facie ... STATIM” (“Que todas as máscaras caiam e que a verdadeira aparência deste ser se revele... IMEDIATAMENTE”)! _ entoaram os três bruxos lançando seus feitiços, que o forçariam a retornar à forma humana.



 



Sirius largou o rato que caiu no chão, envolto por uma brilhante aura azulada e começou a mudar. O corpo cresceu e perdeu os pelos, exceto os da cabeça, que assumiram uma tonalidade loira, meio queimada, ralos no alto da cabeça e com entradas. A cauda desapareceu e as orelhas mudaram de forma. O focinho diminuiu e transformou-se em um nariz meio comprido e o rosto ficou um pouco mais cheio, com uma boca na qual os dentes incisivos centrais superiores se destacavam. Vestes surradas cobriram seu corpo e, na manga esquerda, um rasgo deixava entrever a Marca Negra. À frente de todos estava um bruxo meio roliço, mas que aparentava não ter passado bons momentos ultimamente, como bem o demonstravam as dobras de sua barriga, agora mais flácida.



 



_Seja bem-vindo, Wormtail. _ disse Mason _ Você não imagina o quanto ansiávamos por este dia.



_Derek, Sirius e Remus. OK, vocês me pegaram. Como foi que conseguiram? _ perguntou Pettigrew.



_Foi um plano muito arriscado, que durou doze anos e que quase furou, Wormtail. Digamos que quase não sobrevivi. _ disse Sirius.



_Harry Potter. Que bom poder falar com você, depois de todos esses anos. _ disse o “ex-rato”, aproximando-se do bruxinho.



_O que o faz pensar que tem o direito de dirigir a palavra a Harry, seu traidor? _ perguntou Mason, olhando para ele duramente e afastando-o de onde estavam Harry e Hermione _ Graças a você, quase que os Potter se acabaram.



_Você simplesmente os entregou de bandeja a Voldemort, seu maldito. E Lílian estava grávida de Algie, nem isso você respeitou. _ Remus estava furioso.



_E ainda tentou me incriminar. _ disse Sirius _ Nós todos pensamos que você tivesse se explodido e nos deixado em paz.



_Até que “misteriosamente” o seu dedo, a única parte do corpo que havia sobrado, desapareceu do Ministério depois de alguns dias, de dentro de uma sala bem trancada. _ comentou Hermione _ Então podemos supor que você mesmo roubou o dedo para que ninguém pudesse examiná-lo com mais cuidado, acertei?



_Menina inteligente. _ disse Pettigrew _ Pena que seja uma sang...



 



SCHLAPT!!! A bofetada de Sirius atingiu o rosto de Pettigrew em cheio, fazendo com que escorresse um filete de sangue pelo canto da boca, que ele secou com a manga das vestes.



 



_Ai! Essa doeu, cachorrão. _ gemeu o gorducho _ Precisava tudo isso?



_E ainda foi pouco, seu verme! Nunca ofenda um bruxo de origem trouxa na minha presença! _ disse Sirius, com os olhos faiscando de raiva _ Acho que você também precisa dizer alguma coisa.



_Certo, acho que devo isso a vocês. _ disse Pettigrew, massageando o lábio inchado _ Vocês se lembram que eu fui capturado por um grupo de Death Eaters e depois consegui escapar. Na verdade eu me deixei capturar.



_Mas por quê? _ perguntou Mason.



_Há algum tempo eu já estava me questionando sobre se Dumbledore estava certo, se o seu sonho de harmonia com os trouxas tinha mesmo validade. Estava chegando à conclusão de que a Bruxidade tinha que assumir seu lugar, sua supremacia. Então me coloquei a serviço do Lorde das Trevas, infiltrado na Ordem da Fênix como um levantador de informações. Sempre aparentei ser um bruxo mediano e de pouca importância, ocultando meu real nível de poder.



_E você passou um ano ou mais vazando informações para Voldemort, seu sujo. _ disse Sirius, satisfeito em ver que o traidor ainda tremia à menção do nome do bruxo das Trevas _ Mas também houve muito de covardia na sua decisão.



_Medo, Sirius. Medo e não covardia. Com ele o medo sempre existe. Não há como negar o poder do Lorde e o que ele faria com seus inimigos, caso vencesse.



_Seu poltrão. _ disse Remus _ Mas para trair os Potter você não hesitou, não é?



_Não pense que não hesitei bastante, Remus. Mas o Lorde das Trevas era muito, muito poderoso. Eu temia por mim e pelos meus familiares. E também não queria que nada acontecesse com Lílian.



_Não me diga que... _ Harry deixou a frase pela metade.



_... Exatamente o que você está pensando, Harry. É impossível alguém não gostar de Lílian. _ disse Pettigrew _ Ela é a criatura mais doce e gentil que se possa imaginar. Quando eu soube que o Lorde não a pouparia, fiquei desesperado e quis avisá-los, mas o Lorde disse que se fosse preciso, arrasaria Carlisle para acabar com minha família.



_Mas aí você já os havia traído. _ disse Harry, com ar de repulsa e com raiva na voz _ E como foi que você enganou a todos?



 



Diante dos olhares furiosos de todos os bruxos presentes (exceto Snape, ainda inconsciente), Wormtail continuou sua história.



 



_A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi sair do país. Eu tinha contatos na Slobovia e na Ruritânia, dois pequenos países que quase não chamam a atenção. Mas precisaria entrar como clandestino em algum navio que estivesse de partida para o continente e, como rato, não teria muita dificuldade.



_Até que um cachorro grande te farejou. _ disse Sirius _ Fui atrás de você e, quando cheguei ao esconderijo, ele estava vazio. Transfigurado em cão, segui você pelo olfato, até te encurralar naquela rua, onde você usou uma “Bombarda Maxima” e explodiu a tubulação de gás, matando treze trouxas.



_Eu quis dar a impressão de que meu feitiço havia dado errado e que eu também havia sucumbido, mas já tinha uma rota de fuga pelo esgoto, onde me misturaria a outros ratos até que a poeira abaixasse. Para dar mais credibilidade, amputei meu dedo com um “Diffindo”, deixando-o em um lugar onde pudesse ser achado. Só que depois ele teria que sumir, antes que algum Sensitivo ou Vidente o examinasse.



_Mas você não contava com o fato de que, extraoficialmente, o dedo já havia sido sondado. _ disse Mason _ Em sua ânsia de fugir, você deixou passar um detalhe. E foi o que nos fez concluir que você havia armado tudo.



_E qual foi? _ perguntou Pettigrew.



_Você se esqueceu de que, em uma explosão, seu dedo restante deveria estar arrebentado ou no mínimo com aparência de arrancado. Em vez disso, havia um corte praticamente cirúrgico, como se produzido por uma faca afiada, um bisturi ou um Feitiço de Corte muito bem executado. _ disse Remus _ Graças a isso, pedimos para que Ayesha o examinasse informalmente, logo nos primeiros dias.



_Embora Psicometria não seja a mais forte de suas habilidades, a energia mágica contida naquele dedo amputado era enorme, talvez relacionada à sua ansiedade em escapar; _ disse Sirius _ Graças a isso, ela pôde afirmar que você não havia morrido. Mas, quando foram realizar uma Psicometria oficial, com supervisão do Ministério, o dedo já havia sumido.



_Eu entrei no Ministério, transformado em rato. Roubei o dedo e o destruí. Mas não podia voltar à forma humana por pelo menos uns dez dias, até que o meu óbito fosse oficializado. _ disse Pettigrew _ E mesmo depois disso, não queria me arriscar e então permaneci como rato, já que a Animagia não é detectável, a menos que o Animago seja registrado. Como éramos clandestinos, era mais seguro permanecer assim.



_E abandonou seus planos de sair do país? _ perguntou Rony.



_Abandonei, Rony. Como rato eu me sentia a salvo. Mas precisava estar informado do que acontecia. Portanto, precisava estar perto de uma família de bruxos, já que o que me havia dado abrigo e com o qual eu havia forjado as provas contra Sirius fora preso e havia morrido na prisão, preferindo se matar a revelar quaisquer informações. E de preferência que fosse alguém do Ministério. Então, há doze anos, fui parar em Ottery-St. Catchpole, na fazenda de sua família. Percy me adotou como animal de estimação e depois me passou para você; _ disse Pettigrew, aparentemente sem se importar com a expressão de repulsa no rosto do ruivo _ Assim continuei tendo conhecimento de quaisquer rumores sobre o paradeiro do Lorde, já que Arthur Weasley pertence à Ordem da Fênix. Estava tudo muito tranquilo, até que sua namorada, Hermione Granger, adquiriu aquele maldito gato e ele começou a me perseguir, não sei por quê.



_Eu sei, não se preocupe. _ disse Sirius _ Pode continuar.



_Foi no final do último ano letivo que eu soube da prisão de Sirius, ou melhor, a testemunhei, pois estava com vocês na Plataforma 9 ½, dentro da minha gaiola. Depois eu fui pescando as informações, descobrindo que haviam vazado provas de que ele e não eu era o traidor dos Potter e espião do Lorde. Isso era algo que eu havia combinado com o bruxo que havia me dado abrigo nos primeiros dias, uma espécie de “Plano B” para o caso de uma captura. Nós havíamos forjado aquelas provas e, quando vazaram, fiquei mais tranquilo.



_Mas o que você não sabia, Wormtail, é que nós já tínhamos conhecimento de tudo e começamos a armar um plano para expor você. As tais provas forjadas estavam conosco e fomos nós que vazamos as informações, quando tivemos certeza que era você mesmo disfarçado como animal de estimação de Ronald Weasley, durante todos esses anos. _ disse Mason.



_Como assim? _ perguntou Wormtail.



_Desde o início, depois que Ayesha confirmou que você estava vivo, tentamos te localizar por todo o país. _ disse Remus _ Enquanto isso Tiago e Derek faziam o mesmo em outros países, durante suas missões como Aurores.



_Há cerca de dois anos, soubemos que você não havia saído da Inglaterra e fizemos todos os esforços para tentar te localizar, mas não conseguimos.



_Eu procurava me esconder, sempre que sabia que um de vocês estava por perto. _ disse Pettigrew _ Por isso consegui me manter a salvo.



_Mas a sua sorte mudou no ano passado, quando descobrimos que uma bruxa sabia a localização aproximada de seu esconderijo. _ disse Mason, encarando Wormtail com um olhar firme e duro _ Mas é lógico que ela não iria nos dar a informação de mão-beijada, ainda mais porque ela estava em Azkaban e nós a havíamos posto lá.



_Quem era? _ perguntou Harry.



_Uma bruxa de baixo escalão, um soldado da Ordem das Trevas. Não era uma Death Eater, um membro da tropa de elite. Era Jimaine Attwood. Coincidentemente, ela tinha um caso com o bruxo que o acolheu, Philemon Dartmoor e o viu de relance, uma vez em que foi visitá-lo. _ respondeu Mason.



_Eu ia deixá-los à vontade e sair da casa transformado em rato, mas senti sede e fui à cozinha tomar um pouco de água. _ disse Wormtail _ Foi nesse momento que ela deve ter me visto.



_E Philemon Dartmoor não teve outra alternativa a não ser contar a Jimaine Attwood que você realmente estava vivo e a sua rota de fuga para Devon, embora não revelasse nada sobre as falsas provas. _ disse Mason _ E foi no mesmo dia que Aurores chegaram ao apartamento dele. Dartmoor e Attwood foram detidos e as falsas provas foram encontradas, quando o apartamento foi vistoriado. Dartmoor se matou sem nos dar informação alguma sobre as provas encontradas e Attwood foi encarcerada em Azkaban. Sabemos disso porque os Aurores que realizaram a prisão e a vistoria do local éramos eu e Tiago, que já havia tido alta do St. Mungus.



_Vocês? _ admirou-se Pettigrew _ Quando retornei à casa de Dartmoor, vi tudo revirado e concluí que ele devia ter sido preso. Então julguei melhor colocar em prática minha fuga. Mas como vocês souberam que eu estava com os Weasley?



_Na verdade não descobrimos sobre você estar em Ottery-St. Catchpole, mas as investigações que realizei durante anos se afunilavam para o condado de Devon. Logo descobriríamos que você estava na Toca, mas então um fator novo surgiu. Certa noite, Attwood falou durante o sono e confirmou que você estava em Devon e um Auror que estava de serviço em Azkaban ficou sabendo e nos avisou. Mas uma frase de sonilóquio não serviria como prova em um tribunal. _ disse Mason.



_Então começamos a tecer os contornos de um plano bastante arriscado para expor você, Wormtail. _ disse Sirius _ Tudo foi feito exclusivamente por nós, sem envolver ninguém mais. Somente os Marotos tinham conhecimento do plano.



_Nós não dissemos nada a Shacklebolt, a Fudge ou a Dumbledore. Nem mesmo Lílian e Ayesha souberam de nada. _ disse Remus _ Consistiria em vazar as informações, fazendo com que a Bruxidade acreditasse que Sirius era o verdadeiro traidor dos Potter e espião da Ordem das Trevas. Assim ele tentaria ganhar a confiança de Jimaine Attwood e obter a informação, o que nos permitiria dar início a uma investigação oficial dos Aurores, logicamente Tiago e Derek, investigando sob sanção oficial, com ordens de Shacklebolt em nível de sigilo “Alpha-Dark-Zero”.



_Mas isso faria com que Sirius fosse preso e encarcerado em Azkaban. Vocês não pensaram que ele poderia não retornar? _ perguntou Harry.



_Pensamos, Harry. Mas o sigilo era absolutamente necessário e era o único meio de obtermos a informação. Além disso, quando foi que os Marotos resistiram a um bom desafio? _ disse Sirius, com um sorriso e uma expressão moleque no rosto, que lembravam seus tempos de aluno.



_Seria a “Marotice Suprema”. _ disse Mason, com uma expressão semelhante à do amigo _ E se não desse certo, revelaríamos que as provas eram uma fraude e Sirius seria libertado.



_Mas não contávamos com duas coisas. _ disse Remus _ Uma era a corrupção em altos escalões do Ministério, com infiltração da Ordem das Trevas.



_E a outra? _ perguntou Rony.



_Em Azkaban, encontrei Attwood e estava ganhando a confiança dela, porque como ela não sabia que as provas eram falsas e acreditou na história que espalhamos, de que eu era o verdadeiro traidor dos Potter. Mas, antes que ela me confirmasse que Wormtail estava em Devon e eu pudesse informar aos Aurores da Ordem da Fênix e abrir uma investigação, ela apareceu...



_... Morta? _ perguntou Hermione.



_Pior do que isso. _ respondeu Sirius _ Teve a alma sugada pelo beijo de um Dementador. E como se não bastasse, o Ministério determinou a retirada temporária dos Aurores, fazendo com que a guarnição de Azkaban deixasse de ser mista.



_Ou seja, só ficaram os Dementadores. _ disse Harry _ E a situação dos presos, que já não devia ser fácil, ficou ainda pior.



_Com certeza, Harry. _ concordou Sirius _ Com a guarnição mista, os Dementadores tinham menos autonomia e não sugavam tanto a energia dos encarcerados, apenas o suficiente para manter fracos os mais perigosos. Mas quando ficaram só aqueles asquerosos, todos começaram a sentir o efeito de sua presença, inclusive eu.



_Merlin! _ exclamou Rony _ Por isso é que você está com uma aparência meio desgastada.



_Eu estaria pior, se não fosse pelo fato de estar em uma cela individual, pois julgavam que eu era de alta periculosidade. Com isso eu podia me transformar em cão sem que ninguém me visse e ser menos afetado por aqueles monstros.



_E eles não percebiam que era um cão e não um ser humano que ocupava a cela? _ perguntou Harry.



_Não. Os Dementadores são cegos, guiando-se por uma espécie de radar interno e somente detectam presenças vivas, sem distinguir muito bem se são humanas ou animais, inclusive com certa dificuldade em detectar as animais. Assim eu aguardava pelas providências para minha exfiltração, mesmo pensando que já estava demorando.



_Acontece que os trevosos infiltrados no Ministério armaram tudo para que Sirius fosse isolado. Ou vocês acham que a retirada da guarnição dos Aurores foi um fato aleatório? _ perguntou Mason, ele mesmo respondendo _ Claro que não. Alguém sabia que Sirius estava em Azkaban por um motivo e estava tomando providências para seu “desaparecimento”, em função de uma outra missão que ele estava levando a cabo.



_Vou dizer o que é, Derek. Mas eu também consegui completá-la. Um prisioneiro que estava lá desde o desaparecimento de Voldemort e que tinha conhecimento da infiltração da Ordem das Trevas no Ministério da Magia, inclusive nos altos escalões, sabia que eu não estava ali por minha culpa e me fez uma proposta de revelar tudo, em troca de redução da pena ou mesmo de perdão total. Bernard Hendricks era o seu nome e estávamos prestes a entrar em acordo, quando houve a retirada dos Aurores.



_Tudo meio que se encaixa. _ disse Hermione.



_Sem dúvida, Hermione. _ concordou Sirius _ Naquela ocasião, Hendricks me avisou que estavam querendo se livrar de mim e que eu precisaria me prevenir. Naquela mesma noite, ele foi picado por uma aranha e morreu pela manhã, mas conseguiu me dizer o local onde havia uma chave que dava acesso às informações que queríamos. Dali por diante, era questão de tentar o impossível, fugir de Azkaban.



_Ninguém havia conseguido antes, Sirius. Você foi o primeiro a fugir de lá em centenas de anos. _ disse Harry _ Como conseguiu?



_No mesmo dia em que Hendricks morreu, Fudge esteve em Azkaban e conversou comigo. Ele estava com um exemplar do “Profeta Diário” e eu pedi a ele para ver as notícias mais atualizadas. Foi então que vi a foto dos Weasley no Egito, nas colunas sociais. Quando olhei para o ombro de Rony e vi o Perebas pela primeira vez, achei que já conhecia aquele rato. Forçando a vista, notei a falta do dedo, o que me deu certeza de que após todos aqueles anos, Pettigrew realmente estava em Devon, mais especificamente na Toca.



_Por isso é que ele sumia, sempre que você ou outro dos Marotos aparecia por lá, para alguma visita ou por outro motivo. _ disse Rony _ Era para não ser reconhecido, como ele mesmo disse.



_E quanto à sua fuga? _ perguntou Harry novamente, curioso com amaneira pela qual o padrinho teria fugido.



_Não teve nada de dramático, embora não tenha sido isenta de riscos. Eu sabia que teria de sair o mais breve possível, para não ter o mesmo destino de Hendricks. Semanalmente, um barco aportava em Azkaban para levar suprimentos, fazer o rodízio da guarnição de Aurores e trasladar os corpos dos detentos falecidos que eram reclamados por suas famílias. Os que não eram reclamados eram sepultados em um pequeno cemitério, na própria ilha. Saía da Inglaterra pela manhã, chegava a Azkaban por volta de meio-dia e saía de lá pontualmente às 20 horas. Naquela noite voltaria um pouco mais tarde, pois traria o corpo de Hendricks. Ele estava sendo embalsamado e aquilo teria de ser feito sem mágica, respeitando o tempo certo.



_E você deu um jeito de pegar uma carona no barco? _ perguntou Hermione.



_Sim. Quando um Dementador passou pela minha cela à noite, para sugar minha energia, eu saí atrás dele transformado em cachorro e com o Ki baixo. Esgueirei-me pelas sombras até chegar ao ancoradouro e lá me escondi no porão de carga do barco. Ele zarpou e, quando chegou à Inglaterra, eu saí e fui procurar por Remus, que lecionaria Defesa Contra as Artes das Trevas neste ano, temporariamente substituindo Derek, o que vinha a encaixar-se perfeitamente com nossas intenções. Contei a ele o que havia descoberto e demos os retoques finais no plano.



_Notei que Bichento parece gostar bastante de você, Sirius. É pela Animagia ou por alguma outra razão? _ perguntou Harry.



_Por todas essas razões, Harry. _ disse Sirius _ Algo que mesmo Hermione não percebeu. Bichento não é um gato comum, na verdade ele é híbrido.



_Híbrido? _ perguntou Hermione, com ele no colo _ Realmente, eu nunca notei nada de diferente, além da inteligência dele.



_Bichento sempre soube disfarçar, Mione. Mas ele mesmo me disse ser metade gato e metade Kneazle.



_Kneazle? _ admirou-se Hermione _ Mas ele tem mais características de gato.



_Exato. Veja que sua cauda não é como a dos leões e o pelo não é malhado. Mas ele possui as habilidades de Kneazle, tais como conhecer a índole das pessoas e ser um bom guia para sua dona e para as pessoas que são dignas de sua confiança. Quando em forma canina, consigo me comunicar com ele e quando nos encontramos ele me confirmou que o rato não era um rato e que me ajudaria a pegá-lo.



_Passei a maior parte do ano tentando escapar desse bicho insistente e chato. _ disse Wormtail, olhando feio para Bichento.



_Veja o lado bom da coisa, Wormtail. Você passou o ano fazendo exercícios e ainda poderia ter feito mais, para entrar em forma. _ disse Harry, com um jeito igual ao de Tiago.



 



Ninguém resistiu e todos riram.



 



_Bichento me passou muitas informações importantes, ele era meus olhos e ouvidos em Hogwarts, sempre me mantendo ciente dos passos de Wormtail, até que o rato forjou seu desaparecimento, deixando um pouco de sangue misturado a pelos do gato. E funcionou, até que ele foi encontrado por Hagrid e ficou sob a guarda dele, que o devolveu a Rony.



_E foi quando você o farejou, hoje. _ disse Rony _ Na verdade, ele também sentiu o seu cheiro e fugiu de mim, não sem antes morder meu dedo.



_Me desculpe. _ disse Wormtail, fazendo-se de arrependido, mas sem convencer ninguém _ Eu estava desesperado, sabia que Sirius não seria nada gentil se me pegasse.



_Só Deus e Merlin sabem o que esse imundo andou aprontando, sempre mantendo os trevosos informados _ disse Mason.



_E eu já faço uma ideia de alguma coisa que ele deve ter feito, Prof. Mason. _ disse Harry _ Lembra-se daquela vez, no primeiro ano, quando tive um corte no rosto e meu Ki despertou? Daquela vez não dei importância, mas pesquisando sobre o feitiço que Voldemort usou para se mesclar com Quirrell, vi que seria preciso uma pequena quantidade de sangue de um inimigo, mesmo já seco.



_E eu limpei o seu rosto com um lenço, jogando-o em um cesto de roupa usada que iria descer para a lavanderia. Então você...



_... Entrei em sua sala, transformado em rato, roubei o lenço antes que os elfos viessem buscar o cesto para levá-lo à lavanderia e entreguei a Quirrell. Ele foi à procura do Mestre e deu o lenço a ele. _ disse Wormtail _ O resto vocês já sabem.



_Seu sujo. _ disse Sirius _ Eu deveria te matar. Como você está oficialmente morto, ninguém iria ligar.



_Eu mesmo estranhei quando você apareceu no Mapa do Maroto, Wormtail. Inclusive, pensei que o mapa estivesse com algum defeito.



_O mapa não mente, Harry. _ disse Remus _ Quando eu o confisquei e você me disse que havia visto “Peter Pettigrew”, tive total certeza de que nosso plano daria certo. Agora é decidir o que faremos. Como Sirius disse, podemos matá-lo. Não seria proibido, pois seria a execução de um dos criminosos dos Dias Negros.



 



Tremendo e suando, Wormtail não teve a menor vergonha de implorar por clemência.



 



_Srta. Granger, a senhorita é uma das mentes mais privilegiadas entre os alunos de Hogwarts. Não seria nada lógico me matarem, diga a eles, pelo amor de Deus e Merlin. _ o “ex-rato” balbuciava, segurando os tornozelos da garota que tentava desvencilhar-se dele, enojada tanto com o contato das mãos daquele bandido quanto pela sua atitude covarde e abjeta _ Rony Weasley, passei doze anos com sua família, muitos deles como seu animal de estimação. Não fui um bom companheiro?



_Você dormia na minha cama, seu desgraçado. Passei todos esses anos sem saber que abrigávamos um traidor e cúmplice de um atentado e vários assassinatos. _ disse Rony, com expressão de asco _ Se eu soubesse, deixaria que você fosse o almoço de Hermes, a coruja de Percy.



_Harry Potter, eu sei que não mereço, mas não deixe que me matem! Por favor, peça a seu padrinho para me poupar! _ Pettigrew chorava como um bezerro desmamado, sentindo a ameaça à sua vida se aproximando _ Posso ter feito tudo o que fiz, sou um traidor e um covarde, porém apelo à sua generosidade e seu bom coração.



_Não seja tolo, Wormtail! _ exclamou Mason _ De todos aqui presentes, Harry é o que mais razões tem para não te perdoar.



_Não percamos mais tempo, Derek. _ disse Sirius _ Vamos decidir logo se vamos matá-lo e levar o corpo ou se vamos levá-lo vivo.



_De certa forma todos vocês, inclusive Pettigrew, têm razão. Creio que a última palavra pertence a Harry. _ disse Remus _ O que você me diz, Harry?



 



Um silêncio solene seguiu-se às palavras de Remus John Lupin. O suspense e a ansiedade dominavam a todos. Harry Potter concordaria em levarem Pettigrew vivo ou ultrapassaria a linha e permitiria que o matassem e lavassem apenas o seu corpo? O bruxinho olhou de um para outro e então falou.



 



_É melhor que o levemos vivo, Sirius. Sim, será melhor para todos.



_Tem certeza, Harry? _ perguntou Sirius Black _ Graças a esse verme, muita gente boa morreu e você quase perdeu sua família.



_Tenho, Sirius. Como eu disse, será melhor para todos.



_Obrigado, Harry. É bom poder contar com sua generosidade, ainda que eu não seja digno dela. _ balbuciou Pettigrew, ajoelhado diante de Harry Potter, segurando as mãos do bruxinho.



_Tire essas patas fétidas de cima de mim, maldito rato imundo! Não estou fazendo isso por piedade ou porque te perdoei! _ exclamou Harry, com seus olhos verdes faiscando de fúria _ Estou optando por te poupar porque é a coisa mais decente a ser feita e porque tenho certeza de que meus pais não iriam querer que seus melhores amigos se tornassem assassinos, mesmo que fosse para fazer justiça. Esse ser abjeto é um remanescente dos Dias Negros, um maldito espião da Ordem das Trevas, um criminoso de guerra. Mas a guerra acabou e matá-lo não seria a execução de um traidor, mas tão somente assassinato a sangue-frio. E vocês são bons demais para se sujarem com esse traste.



_Mas o que vamos fazer com ele, então? _ perguntou Sirius.



_De qualquer forma ele não escapará da justiça, Sirius, quer da dos homens, quer da de Deus. O destino desse daí já está traçado, é certo que ele irá para Azkaban, ficar sob a custódia dos Dementadores. Será um destino bem merecido.



 



Pettigrew ficou transparente de susto. Com tudo o que já havia feito, os horrores que praticara e presenciara no passado, seria um verdadeiro banquete para os Dementadores.



 



_Certo, então vamos levá-lo para o castelo. _ disse Mason, tirando do bolso das vestes um par de algemas inibidoras de magia e manietando o traidor.



 



O grupo dirigiu-se ao castelo, através do túnel que levava ao Salgueiro Lutador. Bichento ia à frente, para apertar o nó da árvore e imobilizá-la. Os outros iam atrás dele, com Sirius conduzindo Snape, ainda inconsciente, com um feitiço Mobilicorpus, não se importando muito com o conforto do outro bruxo.



 



_O Prof. Snape vai ter uma bela de uma dor de cabeça quando acordar, Sirius. Não dá para pegar mais leve? _ perguntou Harry.



_Severo é mais forte do que parece, Harry. Você não precisa se preocupar muito com ele. _ disse Sirius.



_E como é ser Animago? Ouvi dizer que o bruxo assimila as características do animal.



_É verdade, Harry. Eu tenho um olfato e uma audição bastante apurados. O único inconveniente quando estou em forma canina é quando começam a a aparecer pulgas. Mas não é nada que um bom banho não resolva. _ disse Sirius, de um jeito divertido que fez todos rirem.



 



Saíram pela abertura do túnel e afastaram-se do Salgueiro Lutador, enquanto ele estava imobilizado. O grupo parou junto a algumas pedras para descansar e Sirius depositou um Snape inconsciente em um local que Harry jurou ser sobre um pé de urtiga. Os dois se afastaram um pouco dos amigos e admiraram as luzes do castelo de Hogwarts, a uma certa distância.



 



_Ele é lindo, não é? Acho que nenhum de nós se esquece da primeira vez que cruzou seus portões. _ disse Harry.



_Sem dúvida. Assim como estou certo de que Hogwarts jamais se esquecerá de alguns de nós. _ concordou Sirius, sorrindo _ Sua atitude foi muito nobre e honrada. Aquele sujo não merecia clemência alguma, depois de todos os crimes que ele cometeu contra a Bruxidade.



_Como eu disse, meus pais não iriam querer que vocês se tornassem assassinos. O importante é que Wormtail não deixará de receber sua punição.



_Mal posso esperar para ver esse mistério solucionado. Vamos subir e encontrar Dumbledore. _ disse Sirius, enquanto a lua surgia por trás das montanhas.



 



Naquele momento, Hermione deu o alerta.



 



_MERLIN!! Lua cheia! E hoje o Prof. Lupin não tomou a Poção Mata-Cão!



 



Um grande problema estava se aproximando.


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