Primeiro Contato



Os sapatos tiquetoqueavam sobre o piso de madeira da casa velha.
Era aquela, a saudosa mansão dos Black.
O quarto do progenitor estava revirado, saqueado.
Nada vivo havia além do élfo doméstico mau humorado e do quadro da avó recalcada.
Desceu as escadas, tic-tac-toc.
A silhueta alta e magra do auror alourado estava esperando-a na sala de visitas.
_Vamos indo minha querida? Dumbledore conseguiu transferí-la para Hogwarts.
Ela assentira.
Acompanhara-o, ainda em silêncio, cabeça erguida, olhos baixos.
Era imponente, sem dúvida, a expressão tipica dos Black em altivez e egocentrismo.
Mas havia também a doçura em seus olhos, e cor da vivacidade e da meiguice em seus lábios.
A capa negra esvoaçava naquela manhã cinza.
_ Seja forte Anna. Vamos encontrar um meio de tirá-la de lá, são poucos meses. - dissera o bruxo de longas barbas grisalhas.
_Por que eu tenho de ir? - a perguntara fora quase retórica, a voz fina e juvenil de Anna era baixa.
Dois anos haviam se passados desde a morte de seu pai.
Vivera na Russia, na Haus Luft por 20 meses, e 4 com sua avó materna, uma conhecida bruxa nórdica, Samantha.
Falecera. A avó falecera, e como sua última parenta viva naquele país, fora obrigada, pela lei, a voltar a Inglaterra.
_Fora feita uma análise. Narcissa e Bellatrix são as últimas Black vivas, e como Bellatrix não tem filhos, o ministério decidiu que Narcissa seria a melhor tutura, como já tem um ambiente familiar estável e seguro. - respondera sob os óculos de meia lua, Albus Dumbledore. - Não perca a fé. Se há algo que seu pai tinha, e que vejo em você, é a coragem dos grifinórios.
_Obrigada...- o tom fora mais confiante.
As malas foram carregadas pelo cocheiro.
Lupin e Dumbledore ficaram no Largo Grimwald, nº 12.
Ela, em sua insegurança juvenil, abraça a ambos, seus conselheiros e amigos, cujo coração nomeara como pais, e seguira para a carruagem.
Fora levada, aproximadamente 2 horas de viagem.
Os jardins eram imensos, grandes labirintos laterais, e uma imponente construção á frente, alta, portões com o M de Malfoy bem forjado.
O som do ferro contra o solo, ao passar da diligencia, incomodara os ouvidos sensíveis da animaga.
Pararam. Ele surgiu ás portas altas de madeira pesada.
O mesmo olhar gélido, feições fortes, inexpressivo.
Arrepiara-na dos pés a cabeça.
Aqueles olhos a deixavam assustada, sempre fora assim...
Mas desde aquela noite, uma incomoda impressão de que havia algo mais que crueldade neles a perseguia.
Os passos seguros e pesados do Lord inglês ecoaram no saguão, silenciados pelo exterior.
Parara ao lado da diligencia, obervando-a sem dizer uma palavra.
O cocheiro abrira a porta, estendendo-lhe a mão.
Havia neblina, deixando-a ainda mais pálida.
Sua pele era porcelana, e seus cabelos muito escuros tinham brilho raro. Os olhos castanhos eram vívidos, embora hesitantes de fita-lo.
Os lábios muito vermelhos, rosados, assim como suas maçãs do rosto.
Descera, amoada, com seu vestido bordeaux com rendas brancas  e seus sapatos brancos. 
Havia também um pequeno pingente de pérola em seu pescoço.
O lord Malfoy apoiara-se em sua bengala, sem desviar o foco de interesse.
Sua esposa e seu filho se aproximavam, o rapazote com a expressão do pai, a mulher olhava-a com superioridade.
_Draco, mostre as acomodações a sua prima. -dissera em tom firme o patriarca.
Anna sentira um leve tremor balancar-lhe a coluna, um arrepio frio, misto de medo e alguma sensação desconhecida ao ouvir a voz daquele homem de belos cabelos dourados.
O garoto assentira, oferecendo a mão a ela, que com suas luvas de renda , tocara-o, caminhando cuidadosamente, sob os olhares curiosos.
_Black, seja bem vinda...-disse Narcissa, fuzilando-a com um olhar emparelhado a um sorriso educado e polido que gelara-a.
Lucius permanecia sem se mover, apenas seguindo-a com os olhos muito azuis.
Caminharam, os dois mais jovens, até a sala de entrada, seguidos a uma boa distancia pelos mais velhos.
Draco levara-a até o quarto em tons cinzentos e verdes onde ela ficaria. Aquela cor incomodava, verdadeiramente, lembrava e muito a casa dos Black, especificamente o quarto do pai, de quem sentia tanta falta.
Era quase a tardinha quando chegara. Instalara-se, silenciosamente, sem dirigir uma palavra ao primo, a prima, ou ao marido da mesma.
A copeira fora avisar a certa altura que deveria descer para o jantar.
Descera, percorrendo o longo corredor com vasos de dinastia e peças de ouro, mal iluminado, em direção a escadaria de madeira e pedra.
"Fora de grande incompetência deixa-la viva. Lucius você não é de errar alvos, como pode errar a tão pouca distancia??? Agora temos de cuidar dessa insuportavelzinha. Ela tem tudo do maldito pai traidor do sangue. "
Era a voz da sra Malfoy.
Seus passos macios pararam, estacados, como se uma especie de campo magnético a prendesse ali.
"Eu sei bem o que faço! Não interessa a ti por que ou se errei! Quem pensas que é para julgar a mim? Chega, está encerrado!!! O que fiz ou deixei de fazer só cabe a mim saber!!! Desça para o jantar, não teremos empregados comentando."
Então seguira-se a voz do sr Malfoy, seguido de um estalo na porta, e a maçaneta se girou, revelando-o tão mais alto a frente dela.
A jovem Black estremerecera, engolindo em seco, olhando-o, prendendo o ar, assustada.
Ele apertara o punho da bengala na mão, sem desviar o olhar frio.
Aquele olhar inquiria-se havia ouvido algo.
Os lábios finos masculinos estavam crispados.
_ Desça para o jantar Black. - dissera, autoritário, sorrindo de escanteio perante sua obediência muda e imediata, aquele aveludado rosto delicado, tão empinado, enquanto caminhava com leveza natural.
Ele a seguira com seus passos aristocraticos, descendo ao seu lado na escada, deleitando-se das reações que podia notar na oscilação do dorso magro e fino sob as rendas do vestido, com sua respiração oscilante.
Notara que não havia ninguém mais ali.
Segurara-a pelo braço.
_ Sente medo, srta Black? - perguntara, aproximando-se para que sentisse seu hálito ameaçador.
Anna negara, muda, sustentando o olhar.
_Não tenho medo de nada sir. Sou uma Black. - respondera, com o que de voz lhe restara, tentando soltar o braço.
Lucius rira de canto, satisfeito pelo medo nos olhos conjuntos do tom segura da moçoila.
_Draco a espera na Sala de Jantar, espere por mim e Narcisa lá. -ordenara, vendo-a desaparecer através do seguinte corredor, e subira, escada acima, buscando a esposa, a fim de manter sua fina imagem de requinte aristocrata.

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