Prólogo



Pego o espelho, encoberto com um pergaminho, sobre a cabeceira de cedro negro e espio o que acontece na cena retratada. Ele dorme calmamente em sua cama com os lençóis amarrotados e os cabelos espetados se destacando, os óculos no criado-mudo refletem a luz da janela. Suspiro, tentando me acalmar.


O malão aberto em minha cama está cheio de roupas mal dobradas, livros colocados de uma forma desproporcional e minhas outras coisas não caberão mais aqui, mesmo o maior dos malões não conseguiria levar tudo. Terei de abrir mão de algumas coisas, mas é isso ou viver trancafiado aqui e ser obrigado a servir o lado das trevas. Não, isso nunca.


Olho novamente o espelho de dois lados, James parece imóvel e sem a menor chance de acordar. Irá levar um belo susto. Sei que serei bem-vindo nos Potter, sempre serei. Eles sim são minha verdadeira família.


‘Sempre puro’, puro como a minha vontade de acabar com essa idiotice. O sangue não interessa, não interessa se você é trouxa ou bruxo, você é quem você é e os outros que se fodam.


Abro o guarda-roupa e vejo minha imagem no espelho, o garoto mostrado não se parece comigo. Não é o Sirius brincalhão, maroto e bonito. É alguém que sofre, isso pode ser notado pela expressão e postura de como se tivesse levando um fardo nas costas. E de fato estou.


Ignoro e tiro algumas besteiras do meio da prateleira do móvel, procurando o tal objeto. Minha preciosidade, estou há semanas estudando-o. Cada passagem, cada pequeno canto está sendo desenhado aqui nesse pergaminho. Talvez possa terminá-lo com a ajuda de meus amigos, seria algo incrível. Explorar toda Hogwarts com esse mapa, poder ir até Hogsmeade quando quiser sem ser notado.


Mas agora tenho de me concentrar na fuga. Sim, fuga. Estou fugindo de casa, de minhas obrigações, da pureza de meu sangue. Me chame de traidor, me chame de sujo, de desonra, imploro por isso que faz meu sangue intacto ferver. Estou fugindo para meu verdadeiro lar, onde minha única obrigação é viver em paz.


Desço a escadaria não procurando fazer silêncio, desço como se nada tivesse acontecido. Abro a porta da frente e ponho o malão no cimento frio, pegando uma moto escondida dentre os altos arbustos da calçada. A admiro maravilhado, ela seria o meu símbolo. Rebelde. Quando trago a bagagem e monto em minha moto, uma sensação revoltante toma conta de mim.


Mesmo ao distante som dos berros de minha mãe, sinto, com os cabelos esvoaçando ao sabor do vento, que uma única palavra consegue descrevê-la: Liberdade.

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Comentários (3)

  • Sah Espósito

    Realmente e uma grande Vitoria!!!AdoreiiI!!

    2012-10-22
  • Lana Silva

    Nossa você escreve muito bem, não que eu não soubesse disso, só tô reforçando mesmo. O prólogo tá muito bom, o Sirius narrando dá uma sensação de estar bem mais perto dele, gostei bastante de tudo, mesmo tendo sido triste o começo da narração dele :/ bem a palavra Liberdade parecer ser o que descreve totalmente o Sirius , fugindo de casa ou não...bjoos 

    2012-10-20
  • Natti Black

    Eu adorei o prologo, gostei muuuito mesmo. Por mais que não seja deste jeito que imagino Sirius indo embora, ta perfeito, muito bom mesmo!

    2012-08-01
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