A 1ª Destruição



Dez dias tinham-se passado desde que Harry, Dumbledore, McGonagall, Lupin e Tonks tinham ido ao Orfanato. Dez dias tínham-se passado desde que Harry levou com duas Maldições da Morte no peito.
Ele ainda estava na Ala Hospitalar, apesar de ninguém saber. 

Dumbledore tinha contado a todos o que se tinha passado. Bom, não exatamente tudo. Não tinha dito a ninguém onde, nem como e muito menos porquê.
Só os membros da Ordem da Fênix sabiam de toda a história.

Os membros da Ordem faziam breves visitas a Harry mas ele continuava inconsciente e consequêntemente em risco de vida.
Os que tinham ido com ele ao Orfanato estavam muito embaixo. Passavam noites e dias seguidos na Ala Hospitalar junto à cama do moreno.

Tonks tinha pedido licença do trabalho, com a desculpa de ajudar na proteção de Hogwarts para poder estar sempre na escola.

Às vezes Minerva e Reamus tinham que chamar alguém da Ordem para dar aulas pois queriam ficar ao pé de Harry.

Dumbledore não saía da Ala Hospitalar nem de perto de Harry tanto que era preciso chamar elfos domésticos para lhe trazer comida pois ele nem ia ao salão principal alimentar-se.

Toda a escola estava com um clima muito tenso. Até alguns Slytherins estavam preocupados com Harry. Os amigos dele, principalmente todo o ED estavam muito preocupados com ele mas pensavam que ele estava em casa de Dumbledore.

Finalmente, no décimo primeiro dia depois do almoço, Harry acordou.

Dumbledore, como sempre, estava sentado ao lado da sua cama no lado direito. Pegava na mão direita de Harry com a sua e tinha a cabeça baixa. Murmurava coisas como:


-A culpa foi minha. Não devia ter deixado isto acontecer. A culpa foi toda minha...

De repente sentiu um aperto na mão direita, a mão que segurava a de Harry. Pensou que tinha sido só impressão sua. Mas então, soou uma voz rouca que parecia não ser utilizada à dias:


-A culpa não foi sua.

Dumbledore olhou para cima ainda com lágrimas a escorrer pelo rosto perdendo-se na sua enorme barba prateada. Então viu Harry.
Estava com os olhos verdes abertos e a brilhar intensamente. Sorria para o diretor. Era um sorriso fraco e cansado. Dumbledore sorriu-lhe de volta feliz por ele estar acordado pois, segundo Poppy, quando ele acordasse ficava fora de risco.


-Desculpa Harry. A culpa foi minha. Tu podias ter morrido e eu não fiz nada para impedir. Desculpas-me? - Dumbledore disse isso como uma súplica.


-Não há nada para desculpar. Eu saltei à vossa frente por que quis, ninguém me obrigou. - disse-lhe Harry determinado - E além disso é preciso mais do que 2 Maldições da Morte para acabar comigo.


-Tu sabias que eram Maldições da Morte? - perguntou Albus espantado.


-Claro! - exclamou Harry e finalizou - Eu já as vi algumas vezes.


-Mas então porque saltaste à frente? - perguntou o feiticeiro cada vez mais espantado.
Harry suspirou. Virou a cabeça para o lado para desviar-se dos olhos penetrantes de Dumbledore e começou a falar num tom baixo mas compreensível:


-Porque quando vi as Maldições lembrei-me da carta de Voldemort. Vocês os quatro eram aqueles que segundo ele iam morrer primeiro. Eu já vi pessoas de quem gosto a morrer à minha frente e não ia deixar isso acontecer novamente. - nesse momento virou-se para Dumbledore, olhou-o diretamente nos olhos e completou - Eu não me arrependo de nada.


-Como sabias que ias sobreviver? - perguntou o diretor mesmo achando que já sabia a resposta.


-Não sabia. - respondeu Harry calmamente.


-Harry, não quero que tu te arrisques. Tu não sabes como tem sido difícil para mim ver-te aqui. Tem sido difícil para todos nós. Eu, Minerva, o Reamus e a Ninphadora passamos aqui dias e noites seguidos. Tonks pediu licença do trabalho para vir para Hogwarts dizendo que ia trabalhar na proteção quando na verdade só queria estar ao pé de ti. Reamus e Minerva chamam membros da Ordem da Fênix todos os dias para virem dar as aulas e para eles te poderem ver. Todos os dias há membros da Ordem em Hogwarts para te visitarem. Todos os dias há pessoas a correrem atrás de mim para te preguntar como estás. Tivemos que dizer aos teus amigos que tu estás ser hospitalizado na minha casa senão eles invadiam a Ala Hospitalar. Tu até agora, até acordares, tens estado em perigo de vida. Todos temos estado preocupadíssimos contigo. Ninguém aguentaria se tu moresses Harry e eu sinto-me culpado. Sei que é culpa minha tu estares assim. Devia ser eu a estar aí deitado. Eu sou o responsável por ti. Eu jurei a mim mesmo que nunca ia deixar que te acontecesse nada e até agora ainda não consegui cumpri isso. Todos os dias digo a Merlin que perferia estar no teu lugar do que ver-te a sofrer sem poder fazer nada. Todos os dias me pergunto: porque são sempre os bons a sofrer? Porque é que os hipócritas como eu estão sempre destinados a ficar a assistir à desgraça dos outros sem poder fazer nada? Eu não aguento mais ver-te assim. De todas as pessoas no mundo tu és das últimas que deva passar por isto. Tu és uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu não tenho feito nada para te auxiliar. - Dumbledore não conseguiu conter as lágrimas e baixou a cabeça.


-Que conversa é essa? - perguntou Harry emocionado mas também incrédulo - Você sempre me ajudou. E o senhor, a professora McGonagall, o Reamus e a Tonks também são das pessoas mais importantes da minha vida. Por isso eu vos salvei. O senhor não tem culpa de nada. Eu fiz aquilo porque quis. Ninguém me obrigou. Lamento todos terem passado por isso tudo, mas se eu não fizesse aquilo vocês estariam mortos, eu também não ia aguentar isso. Ficar-me-ia a culpar por toda a vida. Se eu tivesse morrido, teria morrido feliz só por saber que vocês estavam bem. E mais uma vez eu digo: não me arrependo de nada.


-Ohh!! Eu também te adoro Harry! - disse uma voz feminina às suas costas.
Era Tonks e estava acompanhada por Reamus e Minerva, todos sorriam também emocionados.
Harry tinha estado tão distraído a tentar fazer Dumbledore não se sentir culpado que nem os tinha visto a aproximar. Dumbledore também já tinha levantado a cabeça e olhava com os olhos brilhantes para Harry. Harry olhou para ele uns segundos e depois virou a cabeça para os seus outros visitantes.


-Tonks!! Estava a começar a pensar que não me vinhas ver! - disse Harry sorrindo para a amiga que para ele era uma irmã.


-Desculpa mas nós tivemos que ir almoçar. Sabes o Reamus tem uma fome de... - disse Tonks sorrindo feliz por o moreno estar bem.


-De lobisomem? - cortou Harry rindo com Tonks - É, eu sei.


-Hahaha!! - disse Reamus fingindo o riso - Já pararam de gozar comigo?


-Desculpa Reamus. - pediu Tonks fazendo cara de santa.


-Tudo bem. - disse Reamus suspirando. - E então Harry estás bem? Doi-te alguma coisa?


-Estou bem. Mas doi-me muito o peito. - respondeu Harry.


-É normal. Foi lá que as maldições te atingiram. - explicou McGonagall pronunciando-se pela primeira vez e sorrindo largamente para Harry.


-Então, quando posso sair daqui? - perguntou Harry.


-Ainda agora acordaste e já queres sair? - perguntou Madame Pomfrey entrando na Ala Hospitalar.


-Sim. Já agora, à quanto tempo estou aqui? - perguntou Harry.


-Dez dias. - respondeu-lhe Dumbledore que ainda não tinha parado de olhar para Harry e ainda estava comovido com as suas palavras.


-Eu só preciso de te fazer uns exames e daqui a uns minutos podes sair.


-Boa! Já estou farto de estar aqui. - exclamou Harry feliz.


-Nós esperamos lá fora Harry. - disse Tonks apontando para a parte pública da Ala Hospitalar pois Harry estava numa reservada para que ninguém o visse.


-Está bem. Até já. - disse Harry enquantos os outros saíam.

Cerca de 15 minutos depois Harry sai da Ala reservada acompanhado de Madame Pomfrey que enquanto andava vinha a dar indicações.


-Nada de esforços nem feitiços complicados que ainda estás fraco e esses feitiços tiram-te energia. Hoje e amanhã não vais às aulas, no outro dia se te sentires melhor já podes ir. Qualquer dor que sintas, por mais insignificante que seja vens ver-me. Percebeste?


-Sim percebi tudo. - disse Harry suspirando.


-Não se preocupe Madame Pomfrey, eu ando de olho nele. - assegurou Tonks.


-É. A Tonks cuida de mim. - disse Harry rindo e metendo o seu braço por cima dos ombros da amiga.


-É acho bem que sim. - finalizou Poppy sorrindo e saindo em seguida.

-Finalmente saímos de lá. - disse Tonks enquanto andavam pelo castelo - Eu odeio hospitais. É bom que não voltes para lá Harry.


-Sabes que isso comigo é um pouco impossível. - disse Harry rindo e levando um estalo de Tonks na cabeça o que fez todos os outros rirem.
Ainda enquanto coçava a cabeça Peeves apareceu sorrindo largamente ao ver Harry, o que fez os que acompanhavam o moreno sorrirem também.


-Harry, é bom ver-te fora de perigo amigo. Já estava a ficar preocupado. Mas quero que saibas que eu e os fantasmas estivemos sempre a torcer por ti Harry. E qualquer um dos alunos que eu ouvisse a dizer que secalhar morrerias mudaram rapidamente de opinião. - disse-lhe o homem.


-Obrigado Peeves. - agradeceu Harry.


-De nada. Bem tenho de ir. Vou preparar umas coisas para enfernizar os primeiranistas. Vejo-te ao jantar.


-Certo. Até logo.

Continuaram a caminhar até que Harry se lembrou do Horcrux que tinham encontrado.


-Conseguímos a taça de Hufflepuff? - perguntou Harry olhando para todos.


-Sim. Conseguímos. - respondeu Dumbledore sorrindo.


-Já a destruíram? - perguntou novamente.


-Não. Ainda não descobrímos como fazer. - respondeu Lupin.


-Ainda não? Bolas é tão óbvio. Até eu que estive inconsciente 10 dias sei como fazer. - gozou Harry.


-Ai sim? Então diz lá geniozinho. - provocou Lupin obviamente a pensar que ele estava a gozar.


-A espada de Godric Gryffindor. Não me digam que não chegaram a esta conclusão. Que desilusão.


-A espada de Gryffindor? Porquê? - perguntou Tonks.


-Porque foi com ela que matei o Basilisco. Sendo assim, a espada agora tem veneno de Basilisco. - disse Harry como se dissesse que 1+1=2.


-E veneno de Basilisco acaba com os Horcruxes? - perguntou Minerva.


-Claro! Eu destruí o diário com uma presa de Basilisco. - exclamou Harry relembrando os acontecimentos do 2º ano.


-Como é que não nos ocorreu? - perguntou Dumbledore.


-Estávamos ocupados e demasiado preocupados com o Harry. - disse Tonks.


-Então a culpa é minha? - indignou-se Harry.


-Deixa-te de teatros Harry. - gozou Reamus. - Então onde fazemos isto?


-Que tal na Sala das Necessidades? - disse uma voz atrás deles.

Eram Fred e George que tinham ouvido a conversa enquanto se aproximavam.


-É falta de educação ouvir as conversas das outras pessoas. - disse Reamus.


 -Bem, vocês não estão propriamente num bom sítio. Qualquer pessoa vos pode ouvir no meio de um corredor, geniozinho. - disse Fred com entoação na última palavra, o que fez Harry começar a rir de Reamus.


-Harry! - exclamaram os dois ruivos - Tu estás vivo!!


-Uau! Só vocês para notar isso. - disse ironicamente.

Para surpresa de Harry os gêmeos aproximaram-se e abraçaram-no.


-É bom ter-te de volta puto! - disseram os dois.


-É bom estar de volta. - respondeu sorrindo. - Então vamos tratar da Taça?


-Sim. Mas temos de ir antes à minha sala para irmos buscar a espada. - lembrou Albus.


-Certo. Então vamos. Quanto mais depressa acabar-mos com isto melhor. - disse Harry e em seguida virou-se para os gêmeos - Vocês vêm connosco?


-Pode ser. Deixámos a loja com o Lee. Ele dá conta daquilo. - respondeu George indiferente.


-Felizmente temos tido mais clientes. Ultimamente ninguém tem sido atacado. - disse Fred.


-Isso não é nada bom - informou Harry - quer dizer que Voldemort e os seus Devoradores estão a preparar qualquer coisa em grande. Como vai aquele plano?


-Maravilhosamente. Neste momento estão lá o Bill, o Charlie e o Kigsley. Eles dizem que já têm visto Wormtail a andar por lá. Se tudo correr bem em poucos dias eles apanham-no e depois podemos passar para a 2ª parte do plano. - responderam os irmãos à vez.


-Excelente! - exclamou Harry baixo.

Nesse momento chegaram à gárgula que guardava a passagem para a sala do diretor. Disseram a senha e passaram. Depois chegaram às portas de carvalho do gabinete do diretor.
Assim que entraram os quadros dos diretores começaram a bater palmas a Harry. Afinal, não era toda a gente que sobrevivia a Maldições da Morte.
Em poucos minutos já estavam em frente à parede onde ficava a Sala das Necessidades com a espada de Gryffindor e com a Taça de Hufflepuff.
Harry passou pela parede três vezes e em seguida uma enorme porta preta apareceu. Eles entraram.
A sala era simples e o único móvel que tinha era uma mesa de mármore branco com um buraco em forma de círculo no meio.
Harry pôs a taça nesse buraco e, logicamente, ela encaixou na perfeição.
Dumbledore passou-lhe a espada e todos se afastaram fazendo um pequeno semi-círculo à volta da mesa e de Harry.
Harry em vez de ir em direção à mesa, foi em direção a Lupin e esticou a mão que tinha a espada, sorrindo-lhe.


-Eu? Tens a certeza? - perguntou espantado.


-Claro! - Lupin segurou na espada e Harry piscou-lhe o olho. Reamus foi andando até à mesa e Harry juntou-se ao semi-círculo.


-Harry, estás chateado comigo? - perguntou Dumbledore baixinho para que só Harry ouvisse.


-Claro que não. Só não quero que se fique a culpar pelo que aconteceu. - respondeu Harry no mesmo tom e com um sorriso
sincero - Estamos todos bem. Isso é o que interessa.


-Está bem. Mas promete-me que nunca mais fazes aquilo. - implorou Dumbledore.


-Não posso. Vou fazer aquilo as vezes que forem necessárias. - respondeu Harry olhando bem nos olhos do diretor.


-Quero que saibas que vou estar sempre ao teu lado. Aconteça o que aconteçer.


-Obrigado. Eu também vou estar sempre ao seu lado.


-É muito bom saber isso. - disse Dumbledore com os olhos marejados.


-Vá meu. Acaba com isso Moony. À dez dias que não como. - gritou Harry para Reamus que estava ainda a olhar para a taça.


-Não há outra maneira de acabarmos com o pedaço de alma que há aqui sem ser cortá-la ao meio? - perguntou Lupin.


-Com certeza que há. - respondeu Harry - Mas vai demorar até descobrírmos.


-É só que... Não é todos os dias que se vê um objeto de um dundador de Hogwarts. Temos mesmo que destruí-lo?


-Ou é a taça ou sou eu Reamus. Podes escolher o que é mas precioso para ti. - disse Harry olhando para Reamus com um olhar de fúria.


-Não era isso que eu queria dizer Harry. - apressou-se Reamus a corrigir ao ver o olhar do amigo.


-Destrói isso Reamus. De uma vez por todas. - pediu Tonks.


-Certo.

Dito isso empunhou a espada com as duas mãos acima da cabeça e desceu com toda a força.
A taça foi ultrapassada exatamente ao meio.


-Muito bem. Menos um. Segundo os meus cálculos faltam 4. - disse Dumbledore encorajador - Nas férias de Natal encontramo-nos e vamos à Mansão dos Black. Dá tempo para tu te recuperares das duas maldições, Harry.


-Bom. Eu acho que vou andando para o Ministério. - disse Tonks.


-Ok. Eu vou andando para a minha sala para preparar as aulas. - declarou Lupin.


-Eu vou fazer o mesmo. - concordou Minerva.


-Eu vou para os dormitórios descansar um pouco antes do almoço. - informou Harry.


-Eu acompanho-te e depois também vou para a minha sala descansar. - disse Dumbledore. 


-Nós também vamos andando para a loja não Fred? - perguntou George.


-Sim George vamos. - respondeu o irmão.

Todos se despediram e partiram cada um para o seu lugar. Os gêmeos e Tonks para os portões de Hogwarts, Reamus e Minerva para as respetivas salas e Harry e Albus para a Torre dos Gryffindors.


-Harry queria-te fazer uma proposta.


-Uma proposta? E qual seria? - perguntou Harry curioso.


-Queria-te propôr vires passar as férias de Natal à minha casa.


-A sério?? - perguntou Harry tão espantado que ficou de boca aberta.


-Sim, a sério. - afirmou Dumbledore rindo da expressão de surpresa do aluno - Não te preocupes pois não ficaremos isolados. Até porque antes de tu te unires à Ordem da Fênix nós tomamos uma decisão de que a minha casa seria a nova Sede pois agora Bellatrix pode já ter informado Voldemort da Mansão dos Black e ele pode já ter inspecionado tudo. Contudo, não terás os teus amigos. Só mesmo os membros da Ordem poderão lá entrar. Então aceitas?


-Sim claro! Seria uma honra. - disse curvando-se numa vénia no que Dumbledore riu.
Nesse momento chegaram ao retrato da Dama Gorda. Ela estava a dormir profundamente e viam-se garrafas de vinho perto de si.


-Bom, então vai lá descansar. - disse Dumbledore sorrindo.


-Está bem. Até já. - respondeu Harry sorrindo de volta.

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