O Herdeiro de Gryffindor



Todos estavam na sala de estar, após o almoço, a conversar animadamente. Todos menos Harry. Este estava sentado no chão apoiado nas pernas de Tonks. Estava encolhido, com os braços por cima dos joelhos enquanto a cabeça pendia neles, completamente distraído do que se passava ao seu redor pois estava afogado nos seus pensamentos.


-Harry?! Está tudo bem contigo? - perguntou Tonks inclinando-se e tocando-lhe com carinho nos cabelos, despenteando-os ainda mais.
Todos olharam para o rapaz que ao sentir o toque de Tonks acordou dos seus pensamentos.


-Anh? Ah,... sim Tonks. Está tudo bem. - respondeu levantando a cabeça e sorrindo para a metamorfomaga.


-Estavas tão distraído com os teus pensamentos. Em que pensavas para não ouvires sequer uma palavra do que estava aqui a ser dito? - perguntou Albus sorrindo para o aluno.


-Voldemort, profecia, horcruxes, o plano, Godric's Hollow... - enumerou Harry - eu posso ficar aqui a tarde toda se quiser.


-Vai ficar tudo bem Harry. - assegurou Lupin sentando-se ao lado dele.


-E como é que sabes? Estás a ficar como a Trelawney? Devias-te juntar a ela prever a minha morte. - disse Harry frio - Espera, não precisas. Ela já fez isso sozinha não é?


-Aguenta ai. - pediu Lupin calmo sabendo que o amigo não tinha dito aquelas coisas por mal. - Ela fez uma profecia em que tu ou Voldemort morriam mas podes não ser tu.


-Tu acreditas mesmo nisso? - perguntou Harry sério - Olha-me nos olhos e diz-me que acreditas que eu posso vencer Tom Riddle.


-Harry! - exclamou Tonks aterrorizada assim como os outros.


-É verdade. Vocês estão a criar demasiadas esperanças quanto à batalha final. Eu tenho no máximo 10% de hipóteses de vencer Voldemort. Ele é o maior feiticeiro das trevas que já existiu. Que posso fazer contra ele?


-Harry, não te vai acontecer nada. - disse-lhe Minerva com lágrimas nos olhos e inclinado-se para ele. 


-Vocês estão a criar demasiadas ilusões. É melhor habituarem-se à ideia de que vou morrer. Eu já me habituei. - explicou Harry olhando bem nos olhos da professora e emocionando-se ao ver que possuiam lágrimas.


-Harry... - tentou McGonagall.


-Tu concordas comigo não é Ab? - perguntou Harry para Aberforth. Eles os dois tinham ficado muito amigos desde a conversa na cozinha.


-Sim. Concordo Harry. - afirmou Aberforth forçando um sorriso. A verdade é que ele também já tinha um grande carinho pelo rapaz e não gostava nada daquela história de haver a chance de ele no fim morrer. Contudo sabia que era possível.


-Aberforth! - exclamaram Minerva, Reamus e Tonks furiosos.


-Vá lá. É o destino. Não há nada a fazer. Quando já se sabe o destino há duas coisas hipóteses. 


-E quais são elas? - perguntou Albus que se tinha mantido em silêncio durante toda a conversa. Este também já tinha lágrimas nos olhos. Ele sabia que havia chances de Harry morrer às mãos de Voldemort. O que mais o magoava era que ele não poderia fazer nada para impedir. Como Harry dizia: É o destino.


-Podemos fugir como cobardes e escondermo-nos mesmo sabendo que ele virá atrás de nós ou podemos lutar e aceitar o que tiver que vir de cabeça erguida. Eu pessoalmente, perfiro a 2ª hipótese. - informou Harry sorrindo para o diretor.


-Tu estás a aceitar sto tão bem. Até melhor do que nós. - espantou-se Albus.


-É como se eu soubesse que no final teria que ser assim. Mas prometo-vos uma coisa. Se eu morrer Tom Riddle vai comigo. - finalizou Harry levantando-se e encostando-se no braço do sofá.


-Assim é que é! - aprovou Aberforth para espanto de todos. - Um verdadeiro Potter a falar.

Se a fala de Aberforth já tinha espantado as pessoas presentes na sala então a atitude de Minerva McGonagall deixou-os a todos de boca aberta. A velha feiticeira levantou-se do sofá ,onde esteve sentada durante toda a conversa ao pé do namorado, e caminhou até Harry. Ao chegar abraçou-o com carinho. Harry ao princípio surpreendeu-se mas logo em seguida retribuiu o abraço.


-Podes contar com todos nós para tudo. Acho que posso falar por todos. - disse-lhe a professora, após se separarem, e todos assentiram.


-Eu sei que sim. - respondeu Harry. Para espanto de todos aproximou-se novamente de Minerva e beijou-lhe suavemente a bochecha. Quando se separou viu que Minerva corara e deu-lhe um sorriso maroto.


-Hum hum. - tossiu Tonks chamando a atenção de todos e fazendo uma brilhante imitação de Umbridge ao que todos riram. Harry andou até a amiga e abraçou-a, agarrando-a pela cintura e rodando-a ao mesmo tempo no ar.


-Feliz? - perguntou Harry beijando-a também na bochecha.


-Muito. - respondeu Tonks.


-Então e eu? - perguntou Lupin fingindo-se zangado.


-O quê? Também queres que eu te beije Moony? - perguntou Harry que aproveitava todas as opurtunidades para gozar com o lobisomem. 


-Contento-me com um abraço. - respondeu Lupin.

Harry deu um sorriso verdadeiro para o amigo e abraçou-o como abraçaria um pai.


-Acho que vou ali vomitar. - gozou Aberforth e todos riram. Harry separou-se de Reamus e foi até ao irmão do diretor. Para surpresa de todos, principalmente do homem, Harry abraçou-o com carinho e o mesmo fez Aberforth em seguida.

Quando se separaram Harry foi até à única pessoa que ainda não tinha abraçado. Albus, já sabendo o que viria a seguir, sorriu-lhe. Harry sentou-se ao lado dele e abraçou-o também com um grande carinho. Albus sentiu o seu coração aquecer com aquela demonstração de afeto do rapaz que ele gostava como se fosse seu filho ou neto. 
Ficou tao comovido que deixou cair uma lágrima. Ficaram abraçados por cerca de um minuto. Os que assistiam à cena sorriam. Finalmente eles se soltaram.


-Pronto, já chega de lamechices! - exclamou Harry e todos riram.


-Então, quando vamos a Godric's Hollow? - perguntou Reamus?


-Que tal na próxima semana? - perguntou Harry - Apanhamos o autocarro muggle.
Todos concordaram com a ideia de Harry. Tonks ficou muito entusiasmada pois nunca tinha viajado no autocarro muggle.


-É como o Autocarro Cavaleiro mas viaja-se sem solavancos e com muito mais calma. Por exemplo, as coisas não têm de se afastar 2 metros sempre que se dá uma curva. - explicou Harry rindo.


-Mas assim batemos em tudo! - exclamou horrorizada a auror.


-Não Tonks. As pessoas que conduzem os Autocarros muggles são pessoas profissionais e não como o condutor do Autocarro Cavaleiro que comprou a sua carta de condução numa lojinha de lembranças. - informou Harry fazendo todos rir.


-Fixe! - exclamou Ninphadora desta vez maravilhada. - Mal posso esperar!


-E quando é que começamos a 2ª parte do plano? - perguntou Aberforth que tinha sido novamente incluido na Ordem da Fênix.


-Por mim pode ser amanhã. - sugeriu Harry.


-Podes avisar agora os gêmeos Harry? - perguntou o diretor de Hogwarts.


-Claro. - disse Harry retirando em seguida o espelho de Duas Faces, já conhecido por todos.


-Fred Weasley! - disse Harry para o espelho.
Após uns segundos começou a surgir uma imagem de um rapaz ruivo.


-Olá Harry! - cumprimentou Fred. - George! Vem aqui! - chamou o rapaz virando a cara.
Em seguida apareceu outro jovem igual a Fred.


-Oi Fred. Oi George. - cumprimentou Harry.


-Digam lá. Em que podemos ser úteis? - perguntaram os gêmeos olhando para todos os rostos que apareciam no espelho pois os outros já se tinham juntado à volta do rapaz-que-sobreviveu.


-Estamos a pensar em pôr em prática a 2ª parte do plano amanhã. Tranquilo? - perguntou Harry.


-Ya! Na boa. Aquele verme não para de correr naquela gaiola. Vemo-nos amanhã de manhã ok? - perguntou George.


-Certo. Ai estaremos. - concordou o moreno. - Até amanhã.


-Até amanhã. - despediram-se os ruivos. 


-Reamus tu sabes que não o vais poder matar certo? - certificou-se Harry.


-Eu ainda não percebi o porquê de não o poder matar mas não te preocupes. Vou controlar-me. - prometeu Lupin.


-Ainda bem! - respondeu Harry sorrindo.


- Vamos lanchar? - perguntou Albus mudando de assunto.


-Vamos! - exclamaram Harry e Lupin começando a correr para chegar primeiro à cozinha.


-Crianças! - exclamou Tonks teatralmente - Que se pode fazer?

Albus, Minerva e Aberforth riram-se e da cozinha chegaram duas vozes aparentemente zangadas.


-EU OUVI ISSO!

Os quatro começaram a rir ainda mais.

À tarde, todos foram para uma sala muito grande e começaram a treinar com duelos.
Harry já tinha lutado com Tonks e já a tinha vencido. Naquele momento estava a lutar com Reamus. Era uma luta justa. Os poderes pareciam equivalentes mas depressa isso parou. Aconteceu uma coisa que ninguém esperava. Bem, talvez Harry esperasse.
Reamus desarmou Harry. Contudo, quando o ia pôr fora de luta definitivamente, Harry convoca um Escudo Protetor e lança um feitiço para o desarmar. A varinha de Lupin voa até à mão de Harry. O moreno lança mais um feitiço que faz o amigo ser projetado para trás 3 metros e para finalizar, cordas atam fortemente o corpo do lobisomem. O mais espetacular foi que ele fez isso tudo sem varinha. Ele fez magia com as mãos e isso, só os mais poderosos feiticeiros podiam fazer.
Com mais um gesto de mão de Harry, Reamus é livre das cordas e a varinha do moreno voa até à sua mão. Este guarda-a e manda a outra varia a Lupin. Vira-se para encarar os amigos e depara-se com todos de boca aberta. Todos excepto Albus que estava com uma expressão indecifrável. Com isso finalizaram o treino. Todos foram falar com Harry para o elogiar por causa dos feitiços lançados sem varinha. Albus saiu tentando que ninguém reparasse mas falhou, pois Harry percebeu e segui-o enquanto os outros continuavam a falar.
Harry viu o diretor entrar no seu quarto. Foi até à porta deste. Estava decidido. Tinha de esclarecer aquilo de uma vez por todas.
Bateu à porta.


-Entre! - disse a voz de Dumbledore.

Harry entrou. Admirou o quarto. Era muito bonito. Era parecido com a sala do diretor em Hogwarts mas este não tinha retratos feiticeiros. Só tinha umas fotos muggles.


-Harry! - exclamou Dumbledore surpreso. - Passa-se alguma coisa?


-Isso pergunto eu. Quer me contar alguma coisa? - perguntou Harry sentando-se na cama ao lado do professor e olhando-o bem nos olhos, contudo, fechando a mente.  


-Não nada. - respondeu Dumbledore nervoso.


-Até quando pensa continuar a mentir-me? - perguntou Harry calmo.


-Que queres dizer? - perguntou Dumbldore virando a cara para o lado para não ter que olhar para aqueles olhos verdes que o faziam sentir vergonha de tudo o que já tinha feito e continava a fazer ao dono deles.


-Sabe muito bem o que eu quero dizer. - respondeu Harry metendo a mão do outro lado da cara de Dumbledore e virando-a com delicadeza para que pudesse olhá-lo nos olhos.


-Harry... - murmurou Dumbledore.


-Eu já sei de tudo. Sei que sou descendente legítimo de Godric Gryffindor. Sei que tenho poderes muito especiais, assim como sei que estes estão bloqueados por si. Sei que desde os meus 2 anos me conhece pois tinha de ir à casa dos meus tios para remendar qualqer coisa que eu lhes fizesse. Sei que depois de todos os nossos encontros, o senhor apagava a minha memória. Também sei que mandou os elfos domésticos de Hogwarts colocarem poções no que eu como e bebo para diminuir os meus poderes. O que eu não sei é poquê? Porque é que me fez isto? Porquê a mim? Eu confiava em si.

Dumbledore não aguentou e começou a chorar. Lágrimas e mais lágrimas escorriam dos seus olhos e perdiam-se na sua vasta barba.
Ele virou a cara com vergonha. O tom de Harry era o que mais o magoava. Harry falava num tom de tristeza e decepção. Albus perfiria 1000 vezes que ele gritasse pois odiava que ele falasse naquele tom. Mas o que mais o magoou mesmo foi a última frase de Harry. "Eu confiava em si". Dumbledore não deixou passar o uso do verbo no Pretérito Imperfeito. Tinha perdido a confiança de uma das pessoas que ele mais prezava e odiavasse por isso.

Harry deixou que Dumbledore chorasse e se acalmasse um pouco. Colocou mão no ombro do diretor e apertou.
Lentamente Dumbledore foi virando a cara para olhar para uma pessoa que naquele momento devia estar prestes a saltar-lhe para cima para o esmurrar em qualquer lado. Surpreendeu-se ao ver que Harry estava calmo e olhava para ele preocupado.
Olhou para ele com o olhar a mostrar toda a culpa que sentia. Não aguentando mais, baixou a cabeça enquanto novamente as lágrimas lhe invadiram os seus profundos olhos azuis.
Sentiu uma mão quente no queixo a erguer a sua cabeça.  

-Vai-me explicar? - perguntou Harry, o dono daquela mão quente.

Dumbledore acalmou-se um pouco e começou a explicar muito baixo:


-Harry, a última coisa que eu queria era magoar-te e perder a tua confiança. Eu sabia que tu não ias ser daquele tipo de rapaz que gosta de atenção. Bloqueei os teus poderes para teres menos atenções, se possível. Se alguém soubesse que eras descendente de Godric Gryffindor o Ministério vinha atrás de ti. Eles iam te fazer experiências e ias ser declarado um perigo para a comunidade feiticeira. Eu só queria que tivesses uma vida melhor. Jurei a mim mesmo contar-te sobre isto tudo quando atingisses a maioridade. Mas, eu perdi a coragem. Pensei que ficasses fulo comigo e com razão. Eu só não quero perder a tua confiança. Perdoa-me por favor. Perdoa-me Harry. - Dumbledore agarrava as mãos de Harry numa súplica.

Harry tentando acalmá-lo abraçou-o fortemente. Dumbledore não ofereceu qualquer resistência e durante vários minutos ficaram abraçados.


-Está perdoado. Eu só queria perceber o porquê. - disse Harry sorrindo - Não perdeu a minha confiança. Obrigado por me ter tentado proteger mas eu acho que estou pronto para os novos poderes.  


-Eu vou contigo retirar os bloqueios. - disponibilizou-se Dumbledore ainda chorando.


-Onde se retiram? - perguntou Harry mesmo achando que já sabia a resposta.


-No Ministério da Magia. No Departamento dos Mistérios. - respondeu Dumbledore


-Está bem. Posso só pedir-lhe mais três coisas? - pediu Harry.


-Tudo o que quiseres Harry. - respondeu Dumbledore sorrindo para o aluno.


-Primeiro:Nunca mais me esconda nada que eu precise ou que mereça saber.


-Nunca. Nunca mais volto a trair a tua confiança. - apressou-se o diretor a responder.


Segundo:Não pode contar a ninguém sobre isto. A não ser às pessoas que estão lá embaixo.


-Eu nunca faria isso. - garantiu Albus.


Terceiro: Quero pedir para que o senhor e o Reamus me ensinem a controlar os poderes após retirar os bloqueios.

Dumbledore ficou estático.


-A sério? - perguntou o homem espantado.


-Sim. Eu preciso de aprender a controlar-me. Mas se não quiser não faz mal. Eu peço ao Reamus.


-Eu adoraria. Seria uma honra. - respondeu Dumbledore sorrindo.


-Obrigado. - agradeceu Harry.


-De nada. Desculpa. - pediu entristecendo novamente.

Harry aproximou-se dele e com as suas mãos limpou gentilmente as lágrimas que ainda habitavam no rosto do professor. Dumbledore fechou os olhos ao toque. Harry beijou-o levemente na bochecha e em seguida abraçou-o carinhosamente. Albus abraçou-o também.  


-Eu adoro-te. - disse Dumbledore para Harry. - Tu para mim és como um filho.


Harry não conseguiu dizer nada. Soltou-se de Dumbledore olhando-o bem nos olhos. Uma lágrima caiu do olho azul profundo e uma caiu também do olho verde esmeralda. Eles não as limparam.
Sorriram. As lágrimas eram de felicidade e emoção. Eram a prova de que mesmo envoltos em Trevas, há sempre uma luz de esperança.



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OI GENTE!

Então que acharam????? Eu sei que tive uns dias sem escrever mas a inspiraçao foi-se. Prometo que vai voltar a rotina de capitulos por dia. Bjs e abraços. COMENTEM POR FAVOR. ADORO-VOS LEITORES. <3



H.D.


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