Rowena Ravenclaw;






Capítulo 1: Rowena Ravenclaw



Londres, primavera de 1010.


O céu escurecia devagar, os raios de sol morriam lentamente por trás das montanhas, escurecendo levemente o delicado quarto. Os únicos sons que eram ouvidos, eram os cantos de alguns pássaros ao longe, o pio de uma bela ave de rapina em cima do guarda roupas entalhado em madeira branca e o arranhar continuo de uma pena em um pedaço de pergaminho.
A Jovem Rowena se levantou com uma graciosidade digna de eximias bailarinas e foi até a lareira acesa, para derreter um pouco de cera, e logo em seguida selou a carta com a cera, e um carimbo em formato de uma águia, o símbolo da família Ravenclaw.

- Vamos lá Deephill, você já sabe para onde ir. - Falou a garota calmamente, a voz doce e suave foi ouvida pela ave, que voou diretamente para o braço estendido da garota, pegando a carta delicadamente com o bico. - Helga precisa da confirmação urgentemente. Tome cuidado, e não se deixe ser interceptada. - A garota levou a ave até o parapeito da grande janela, por onde entravam os últimos raios de sol, e a grande ave alçou voo.

Rowena observou o céu tingido de rosa e lilás até ver o pequeno pontinho branco, que era Deephill sumir ao longe, e voltou seus olhos para baixo. Morar em cima de uma montanha tinha suas vantagens, da janela de seu quarto, ela tinha uma vista privilegiada de todo o vale, as casas lá em baixo, e o grande lago verde esmeralda, que banhava a orla do bosque Saeynphers.
A garota se sentou no parapeito da janela aproveitando a réstia de luz, e voltou sua atenção para o caderno em suas mãos, fazendo algumas anotações, e desenhando alguns esboços do seu mais novo projeto. Se isso desse certo, eles seriam os mais jovens bruxos mais famosos de seu mundo.

- Rowena querida, seu pai chegou. E quer falar com você. - Avisou sua mãe colocando a cabeça para dentro da porta.

- Já estou descendo mamãe. - respondeu a garota, fechando o caderno e guardando-o em uma fresta na madeira branca entalhada com algumas flores que revestia a metade de baixo das paredes de seu quarto, e pendurando novamente um grande espelho onde ficava o pequeno esconderijo.
Rowena desceu as escadas calmamente, já sabendo sobre o que o pai queria tratar. Ele já não parava mais de falar nisso. E por isso a garota estava trabalhando cada vez mais em seus planos. Se tudo desse certo, além de fama e notoriedade, ela ganharia independência, e uma casa na qual, ela seria dona, proprietária, e arquiteta principal.

Seu pai estava sentado na poltrona de couro de dragão ao lado da lareira da sala, e sua mãe estava supervisionando o trabalho dos elfos domésticos com a prataria e com o jantar.

- Papai, o senhor queria me falar...? - perguntou a garota sentando-se em um sofá de frente para a poltrona do pai.

- Querida, já esta na hora de termos uma conversa definitiva sobre isso. - Começou o pai. - Você já está com dezessete anos..

- Eu não vou me casar agora papai. Isso é tudo o que sei. Não adianta o senhor insistir. - Cortou a garota serenamente.

- Não queria medir esforções como o Rowena. Você é minha única filha. Seu irmão mais velho já se casou e vive feliz. Por que você também não pode fazer o mesmo? - perguntou o pai.

- Por que Ryan e eu somos bem diferentes. E o senhor bem sabe disso. - Respondeu a garota em tom definitivo. - E eu não vou seguir os passos dele.

- Então o que pretende fazer? Ficar aqui pelo resto da vida? Virar uma solteirona? Você daria esse desgosto para sua mãe meu amor?

- Ora papai, eu não vou ficar aqui a minha vida inteira, mas também não pretendo me casar agora, e não ha nada que o senhor possa dizer que vá me convencer. - Disse a garota se levantando. - Agora se me dá licença, eu pretendo organizar algumas coisas antes do jantar. - A completou saindo da sala depois do assentimento do pai, que carrancudo, voltou seus olhos para o fogo, derrotado.

Rowena subiu as escadas silenciosamente e entrou em seu quarto trancando a porta com a varinha. Caminhou lentamente até a cama e puxou um malão de couro de dragão que estava quase cheio. A garota vinha guardando suas coisas já ha algum tempo, se fizesse isso de uma vez, os elfos notariam a falta de roupas em seu guarda roupas, e contariam a sua mãe, que surtaria, o que destruiria seus planos.
Ela separou calmamente alguns vestidos a mais, e objetos pessoais, e os colocou na mala ampliada magicamente com um feitiço indetectável. O grande dia estava chegando, e agora ela tinha que correr, por enquanto todo o plano estava correndo da maneira correta, e ela só precisava agir com cautela e rapidez. Depois que a carta de Helga chegasse, ela teria a confirmação, e finalmente elas poriam em prática o plano que tinham começado a traçar há dois anos.

- Finalmente. - murmurou a garota se virando para a janela vendo uma coruja minúscula parada com uma carta com quase duas vezes o seu tamanho. - Quando Helga vai aprende a escrever cartas pequenas? - se perguntou a morena rindo, enquanto desamarrava o grande envelope da patinha direita da pequena coruja caramelo. - Perfeito. Agora só me resta esperar pelo sinal.

Rowena se voltou para o guarda roupas e com um aceno de varinha, todas as peças estavam voando pelo quarto em direção a sua mala, com exceção de uma bela camisola creme adornada com fios de ouro, prata e perolas e Uma belo vestido Azul Marinho detalhado em prata e azul celeste, que voaram para uma cadeira branca de frente a sua penteadeira se dobrando perfeitamente pelo caminho e pousando com um leve barulho.

Os sapatos, lenços e tudo o mais que ela precisaria, seguiu o mesmo caminho dos vestidos e pousou impecavelmente dobrado e em seus devidos lugares dentro do malão, fazendo um sorriso de satisfação se abrir no delicado rosto branco, moldado por belos fios escuros e compridos que ultrapassavam a linha do quadril da garota, provavelmente escaparam do belo penteado no alto da cabeça.
Um som melodioso e ritmado cortou o silêncio do quarto e Rowena se virou para o relógio no console da lareira vendo que já eram sete e meia da noite, fechou o malão e o colocou novamente escondido debaixo da cama, alisou a saia do belo vestido rosa claro que usava em combinação com a fita em sua cabeça e abriu a porta com um movimento de varinha, saindo logo em seguida e tornando a tranca a porta, não queria ninguém ali dentro em sua ausência.
O Jantar transcorreu calma e silenciosamente. Elizabeth, sua mãe tentou introduzir alguns assuntos à mesa, mas tanto ela quanto seu pai estavam bem silenciosos, ela por estar imersa em pensamentos sobre o plano, e ele provavelmente estava pensando em mais algum conde, marquês, barão ou lorde para apresentar a sua filha como um possível futuro mantido. "““Isso por que as mães é que correm atrás de pretendentes para as filhas”  pensou Rowena, “ Papai seria uma boa mãe casadoura." (Ps.: Mãe casadoura – aquela que vai a bailes da alta sociedade acompanhada das filhas e cerca os bons partidos na intenção de faze-los pretendentes de suas filhas.)
Um risinho de desdém escapou por seus lábios ao pensar nisso.

- Oh, ao menos você presta atenção no que falo – exclamou sua mãe olhando indignada para seu pai, que nem ao menos disfarçava o fato de estar com a cabeça em outro lugar.

- Anthony, ontem eu mandei queimarem nossa casa de campo na Escócia e hoje o seu chá foi preparado com as cinzas dela.

- Claro que sim querida. Claro que sim. - murmurou o Homem levando o cálice de vinho aos lábios de pois de limpa-los com o guardanapo.

- E sua filha se casou com o Lord Munniz, e está gravida de sete meses, veja só sua barriga. - Comentou a mulher novamente, olhando para o marido com os olhos tão estreitos que pareciam duas fendas.

- Obviamente meu bem. - voltou a murmurar o Homem, sem prestar a mínima atenção no assunto, fazendo sua filha abafar uma risadinha com o guardanapo e a esposa revirar os olhos - Espere um momento.. você acaba de dizer que Rowena está interessada no Lord Munniz? - Perguntou Anthony voltando o olhar para sua esposa, e depois o repousando em cima da filha. - Filha você..

- Claro que não papai, mamãe apenas queria chamar sua atenção, já que o senhor não disse nada desde o inicio do jantar. Não me entereço por Lord Munniz. E não me interessaria, mesmo que ele não fosse um velho gordo que divide seu tempo entre casas de jogo, clubes masculinos e cabarés, gastando até o ultimo centavo da antiga fortuna dos Munniz e fazendo dívidas até os ossos. Desista papai, eu não irei me casar esse ano, e não vou frequentar os bailes dessa temporada. - Falou Rowena calmamente, limpando a boca com um guardanapo, e se levantando. - Agora se me dão licença, me sinto um pouco indisposta e adoraria me deitar agora. Até amanhã. - Rowena se retirou da mesa depois do leve assentimento de seu pai, e parou na soleira da porta olhando para os pais por alguns instantes, ela sentiria falta dos dois, mas era hora de partir e sua vida estava passando, já era hora de fazer algo para mudar a vida ociosa que levava.

Rowena se virou novamente e subia as escadas em direção ao seu quarto. Entrou e se trocou, colocando a bela camisola que ainda estava na cadeira, e sentando-se no estofado que havia embaixo de sua janela, olhando para o céu.
Enfim, as Dez da noite, Rowena se levantou e despiu o vestido a camisola, colocando o vestido azul que também estava em cima da cadeira, mandando a bela camisola direto para o malão ao tira-lo de debaixo da cama. Voltou a olhar a janela e viu às faíscas amarelas clarearem o céu ao longe. E nesse momento ela soube que essa era a hora de mudar tudo, a partir dali, sua vida nunca mais seria a mesma.




                                                                     




Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

  • L.Oliveeira

    Puxa, gostei dela. Principalmente porque tem personalidade :)

    2013-09-16
  • Lana Silva

    Nossa, uma mudança e tanto. Gostei disso. Tô gostando da maneira que escreve e tô gostando da história..Vamos ver agora como os outros se sairam nessa jornada. A Rowena parece saber muito bem o que quer, espero que os outros também. Beijoos! 

    2013-04-05
  • HiHeloise

    Gostei da Rowena, principalmente da força dela de ir contra as resoluções do pai e de buscar independência. Atualmente estou em uma fase "fundadores" e é exatamente assim que imagino a Rowena. Só uma coisa (e isso é puramente estrutural, não altera em nada a qualidade do texto) tenta deixar alguns espaços entre paragrafos e falas. Como a letra é bem pequena, fica difícil de ler o texto todo colado. Você escreve muito bem, vou acompanhar ^^

    2012-07-27
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.