God Save the Queen



22º capítulo – God Save the Queen


 


“Somos conhecidos como a monarquia, liderados pela rainha cruel, Ginevra Weasley. Somos os príncipes e princesas desse castelo, mandamos em você, estamos em todos os lugares. Melhores da sala, capitães de quadribol, princesinhas malévolas. Somos o legado inigualável, aqueles que vocês devem temer (se forem espertos) e obedecer (se quiserem sobreviver). Nos asseguramos pela característica falta de limites de rainha, uma garota que ousou perder o grande amor apenas para não perder a coroa. Somos a nova geração, e estamos aqui para tomar tudo o que nos pertence. Bem vindos ao nosso reinado.”


 


A Monarquia


 


 Ginevra olhou um tanto quanto divertida, ali de onde estava, deitada no chão, a comoção nos rostos de todas aquelas pessoas. Falavam tão rápido, eram tantas vozes... Ela não entendia nada. Nem se importava em entender. Sabia que estava uma bagunça, suas roupas completamente amarrotadas e fora de lugar, cabelos desalinhados. Seu coração estava um pouquinho partido, não do jeito que ficou quando ela viu Draco beijando outra... Não... Dessa vez foi pior, apesar de menor o estrago, porque ela sabia que era irreversível.


 Pela primeira vez entendia realmente o que tinha acontecido nesse ano louco. Nessa estranha realidade em que Faith a jogara, ela se viu de verdade. Viu como os outros a viam. E era uma visão um tanto quanto estarrecedora.


 O pior de tudo era saber que jamais assumiria Draco agora, mesmo sabendo que corria o risco de perdê-lo para sempre. Ela tinha enfrentado tanta coisa desde o verão, não conseguia aceitar a idéia de voltar para outra onda de fofocas malignas, não quando faltavam apenas duas semanas para o fim das aulas. Talvez se ainda estivessem no começo da primavera, naquele primeiro dia, quando ele pedira pra ela ficar... E ela se decidira por Tad.


 


-Acho que ela está em choque – Harry estava falando – Não está nem piscando.


 


-Ela está ótima – ouviu Faith reclamar enquanto era interrogada incansavelmente – Foi só um acidente, estamos bem.


 


-Gina... – Draco pairou sobre ela, tão preocupado que a deixava doente de tristeza – Você está bem?


 


 Ela fechou os olhos por um segundo, tentando escutar todas as vozes. Era um grupo grande, guiados por Hagrid.


 


-Estou bem – ela disse por fim, mas sua voz saiu tão frágil que a assustou – Faith está bem agora. Está tudo bem.


 


Save me, save me before I drown
Save me, save me before I drown


-Você jurou que não faria isso – Tad estava ajoelhado do lado dela também – Eu disse que era perigoso sozinha... Quando você me procurou eu...


 


-Você deveria saber que ela ia querer resolver sozinha! – Draco vociferou – Se ela estiver machucada eu vou quebrar você.


 


-Parem de brigar, babacas – agora era Rony que estava por perto, o rosto preocupado pairando acima de sua cabeça – Vou levar minha irmã na enfermaria.


 


-Eu levo! – Draco o empurrou – Vou cuidar de você – ele sussurrou no ouvido de Gina enquanto a pegava nos braços.


 


 Ela fechou os olhos e encostou a cabeça no ombro dele, sentindo, pela primeira vez, dores por todo o corpo.


 


It‘s getting closer to the end, every part of me
Then disaster takes its toll and I‘m left with only me
Maybe sorrow plays a role when you feel unkind
Your abuses matter, standing up forever lost in time


 


-Eu amo você ruivinha má – ele falou com um leve sorriso – Sei que está sentindo dor, você está cheia de hematomas, mas vou cuidar de você... E você não vai mais sentir dor nenhuma, tá? Nunca mais. Eu vou cuidar de você.


 


 Ginevra sorriu, se sentindo bem de um jeito que jamais tinha se sentido. E que jamais sentiria de novo. Ou talvez não. A vida é tão estranha.


 


 ***


 


 Colin abriu os olhos e se viu mergulhando no oceano azul de Lexie. Ela estava sentada em uma poltrona ao lado da cama, olhando-o atentamente.


 


-Oi – ela sorriu – Você demorou.


 


-Oi... – ele murmurou. Sentia dores por todo o corpo e a garganta arranhava – O que houve? Você estava brigando com aquela psicótica e...


 


-Bem, você me salvou – ela o olhou, dessa vez sem sorrir – E caiu uns bons metros – Lexie agarrou as duas mãos dele – Eu estava arrasada Col.


 


Save me, save me before I drown
Save me, save me before I drown, drown


-Você sabe que eu teria dado minha vida por você – ele falou baixinho, sem olhá-la – O que houve com a sua irmã?


 


-Ela está bem – Lexie tentou engolir a mágoa ao perceber quão distante Colin parecia dela – Foi um acidente. Agora toda a escola está atrás da sua melhor amiga, já que ela sumiu horas atrás.


 


-Gina está resolvendo alguma coisa, pode ter certeza – ele riu baixinho, só para gemer de dor quando sentiu uma pontada nas costelas – Lexie... De verdade... O que você está fazendo aqui? Segurando minha mão na enfermaria?


 


-Eu só... – ela gaguejou, duas grossas lágrimas deslizando de seus olhos – Eu te amo, ainda que você não acredite nisso. Nós só precisamos de um tempo pra convencer a Eli, eu vou...


 


-Nem continue – ele apartou suas mãos das dela – Como eu disse antes, teria dado minha vida por você... Pena que a recíproca nunca foi verdadeira. Eu até diria para sermos amigos, mas acho que nós dois sabemos como isso é impossível.


 


-Não faz isso comigo... Eu te amo tanto Colin.


 


-Você nunca amou o suficiente, e é isso que importa pra mim – ele virou para o lado e fechou os olhos, quase desejando que o chão se abrisse e o engolisse. Assim ele nunca mais teria que passar por aquela dor.


 


Maybe life ain‘t what it seems, ‘cause it‘s all a dream
Forgive me
Sometimes I feel like a fool ‘cause I‘m so uncool
Forgive me


(Drown – Limp Bizkit)


 


 Lexie ainda ficou uns minutos ali, desolada demais para partir. Quando viu que Colin não ia se virar para ela e sorrir... Dizer que tudo estava certo... Ela entendeu que tinha perdido sua chance. A Branca de Neve Malvada nunca pareceu tão triste em todos os seus anos em Hogwarts. Dizem, as más línguas, que ela finalmente tinha mordido a maçã envenenada. E que agora sufocaria lentamente.


 


 ***


 


 Miguel, Hayden e Spencer andaram com cuidado pelo castelo, evitando serem pegos enquanto matavam a última aula do dia. Uma pequena carta, escrita pela rainha, tinha chegado para eles. O lugar da reunião era a Sala Precisa, mas só porque Gina não queria Hayden na sala de reunião dos rebeldes.


 Eles se olharam com desconfiança enquanto sentavam-se nos sofás espalhados.


 


-O que é que tá acontecendo? – Hayden perguntou – Até onde eu sei a cabeça de vocês estava valendo até recompensa.


 


-Nunca fizemos parte do grupo principal – Spencer rebateu – E claramente ajudamos a rainha, ou não estaríamos aqui.


 


-Cara, relaxa – Miguel falou despreocupadamente – Se fosse alguma coisa ruim já teríamos sido expulsos antes mesmo de dizer “rainha má”.


 


-Nisso devo concordar – Hayden riu – Ginevra não está no mundo a passeio.


 


 A porta abriu e revelou a pequena Delilah Creevey, a priminha de Colin que estava aterrorizando o castelo com suas pequenas espiãs.


 


-Oi – ela sorriu distraída enquanto se aproximava – Estou aqui a mando da Gina, já que ela está indisponível no momento.


 


-Sua reputação é assombrosa, garotinha – Miguel sorriu.


 


-Sim, bem... – Delilah riu divertida – Eu só sigo as regras do jogo que está acontecendo no momento. Agora vamos ao que importa. Os capitães de quadribol decidiram escolher os próximos capitães seguindo uma seqüência de critérios, de jogadas, respostas que eles acham adequadas, e claro, algumas características que acreditam importante numa liderança.


 


-E como, supostamente, ela conseguiu isso? – Hayden perguntou desconfiado.


 


-Muito simples – Delilah explicou enquanto entregava para Hayden o envelope com o nome dele – Hermione espiou Harry para ela – ela entregou o envelope nominado a Spencer – Luna é muito amiga da Gina e espiou o próprio namorado – entregou o envelope de Miguel – E Zéllie, irmã do capitão da Corvinal, fez o trabalho sujo.


 


-Simples assim? Se seguirmos isso conseguimos? – Spencer perguntou, parecia fácil demais.


 


-Exatamente – Delilah sorriu, calma – Ah sim, Gina pediu pra que vocês guardem segredo absoluto e que, no ano que vem, não esqueçam que devem a rainha o posto de capitão.


 


-Estaremos acorrentados a vontade dela, basicamente – Miguel resumiu.


 


-Isso mesmo. Vocês acham que vale a pena? – todos concordaram. Ser capitão de quadribol no último era tudo o que eles queriam. Valia mais que qualquer tipo de dignidade que julgassem perder para a rainha.


 


-Perfeito – Delilah começou a se dirigir para a saída da sala – E é claro, lembro a vocês que Gina tirou Zabini do posto de capitão e colocou Draco Malfoy no lugar. Não é uma ameaça – ela continuou com um sorriso agradável – Só um lembrete.


 


 Os três garotos olharam, imóveis, a loirinha de apenas onze anos indo embora.


 


-Assustadora – Spencer resumiu o que todos ali pensavam.


 


 ***


 


No dia seguinte…


 


-Então devo acreditar que duas alunas de dezesseis anos resolveram tudo? – Minerva as encarou, um quase sorriso nos lábios – Não acham que é pretensão demais?


 


-Eu preciso ter certeza de que a poção funcionou – Snape se aproximou de Faith e segurou as mãos dela.


 


 Ginevra não deu muita atenção ao ranzinza professor. As duas tinham passado intermináveis horas na enfermaria, tomando poções e curando machucados externos e internos.


 Isso claro, sem contar a dolorosa conversa que tivera com Colin na última noite, assim que conseguiu ficar sozinha com ele. Colin tinha entendido, é claro, até mesmo a abraçou e deixou que ela contasse tudo. Desde o começo, quando ainda era a desacreditada Ginevra do inverno. Ele sorriu brevemente quando ela contou que Annie tinha sido expulsa e que apenas faria as provas finais antes de ir embora.


 Eles eram melhores amigos, para o bem e o mal, mas ainda doía saber que tinha estragado tudo para ele, o único bom do grupo. O único que não merecia nada daquilo.


 


-Você foi extremamente imprudente – Minerva começou em tom severo – Isso era assunto de adultos.


 


-Diretora, com todo o respeito – Gina cruzou as pernas e a encarou – Imprudente foi vocês aceitarem Tad aqui, pra começo de conversa. Tudo bem, deu certo, ele foi curado... Mas tudo o que aconteceu com a Faith foi por causa dele.


 


-Não acredito que você esteja em posição de nos dizer o que é certo ou errado – Minerva rebateu, irritada – Vocês merecem uma punição exemplar.


 


-Não machucamos ninguém além de nós mesmas – Ginevra continuou, imperturbável – Faith está ótima, como o professor Snape pode atestar, e, repito, foi uma decisão de vocês que nos colocou aqui.


 


 Faith olhou ansiosa para a cena a sua frente. Snape já tinha largado suas mãos, mas elas ainda queimavam um pouco, energia remanescente talvez.


 


-Infelizmente concordo com as duas – Snape cruzou os braços e olhou com desgosto para as alunas – Deveríamos ter averiguado com mais atenção a expulsão de Tad Nott. Se ele tivesse sido medicado nada disso teria acontecido. E, ademais, tirando pássaros mortos e um lago transformado em sangue, nada mais aconteceu. O lago até já voltou ao normal. A garota não possui mais resquícios de energia negra, apenas um breve pulsar de energia. Nada preocupante e com o tempo vai acabar sumindo.


 


-Eu sei que mais coisas aconteceram – Minerva as encarou – Também sei que não podemos provar, e, por isso mesmo, vocês vão apenas sair por aquela porta. Sem conseqüências, sem comentários. Espero que tenham aprendido a não mexer com fogo.


 


 Dois minutos depois, enquanto deixavam a sala da diretora exultantes, Faith olhou duas tochas e tentou direcionar a fraca energia em suas mãos. Não conseguiu acender as duas, mas uma acendeu.


 


-O que você acha que isso significa? – Ginevra perguntou enquanto elas andavam em direção a Grifinória.


 


-Acho que eu fiquei com um pouco de força... Não muito, só um pouco – Faith abriu um contagiante sorriso – Você me salvou de uma expulsão. Obrigada.


 


-É pra isso que melhores amigas servem – Gina sorriu enquanto se abraçavam rapidamente – E, não esqueça, eu preciso de uma princesinha grifinória para me apoiar no sétimo ano. Você é perfeita para o cargo.


 


 Ginevra estava tão preocupada em fazer planos para seu sétimo ano, que perdeu o exato segundo em que Faith deu uma olhadinha para trás, para o corredor que tinham acabado de deixar. E foi por perder isso que ela perdeu o momento em que Faith, com um piscar de olhos, acendeu as vinte tochas do corredor.


 


 ***


 


 Blaise não podia estar menos interessado na aula de DCAT. Ele deu uma olhadinha na sala toda, apenas para não ficar tão na cara que ele queria mesmo era ver o que Hermione estava fazendo. Como sempre, a pequena nerd estava fazendo anotações.


 


-Você não podia ser mais óbvio – Scarlett sussurrou com desdém – Passou seis anos falando mal da garota, acha mesmo que ela vai te dar moral?


 


-Não sei do que você está falando – ele sorriu divertido.


 


-O seu gosto já foi mais refinado – Pansy provocou, claramente falando da época em que Blaise arrastava um caminhão por ela.


 


-Com ciúmes? Cansou do Potter cabeçudo? – Blaise provocou – Pois saiba que esse corpinho aqui não te pertence mais.


 


 Pansy e Scarlett se encararam e riram juntas. Terrence olhou com curiosidade as duas, tentando saber do que riam. Draco parecia preso em outro plano, mais preocupado com Gina que com uma das últimas aulas que teria na vida. Ele tinha ficado com ela na enfermaria até de noite, quando a escoltou para a Grifinória.


 


-Cara, o Potter tem razão – Terren murmurou para Blaise, Scarly e Pansy – Draco vai acabar ganhando o troféu de otário do ano.


 


-Pobre Draco – Scarlett balançou a cabeça com falso pesar – Apaixonado pela criatura mais vil do mundo. Daqui a pouco os alunos vão começar a chamá-la de Você-Sabe-Quem, e não mais Ginevra.


 


-Se é que já não estão fazendo isso – Blaise falou e eles riram alto, chamando atenção de toda a sala.


 


 ***


 


 Dakota e Huxley aproveitaram a solidão do pequeno lago para matarem aula. Uma das últimas. Zéllie e Hayden deviam estar ali, mas fizeram as pazes no caminho até o lago... E fugiram para o meio do mato.


 


-Espero que o Hayden não magoe minha irmãzinha – Hux falou enquanto dava suaves braçadas pelo lago. Dakota estava boiando, distraída.


 


-É mais fácil a Zéllie partir o coração dele, você sabe – ela murmurou com um sorriso.


 


-Hei garotinha – ele a puxou pela mão, fazendo-a parar de boiar para que pudessem se olhar de frente – Zéllie me falou sobre a campanha dela e da Faith.


 


-E da Gina – Dakota completou.


 


-Eu já nem conto mais – ele brincou – Gina está sempre envolvida em tudo. Mas continuando... Ela me disse que nos atrapalhou bastante. E eu sei que temos menos de duas semanas de aula, e isso é tudo o que posso te oferecer...


 


-Hux, eu não estou procurando um casamento – ela brincou.


 


-Ótimo – ele deu um sorriso safado e a puxou para um beijo.


 


 ***


 


-Tudo saiu como você queria? – Draco perguntou enquanto ele e Gina andavam distraidamente pelas ruínas – Sei que a Dakota e o Rowell estão juntos, a irmãzinha dele e o Vaughn, Potter e Pansy, até o otário do seu irmão estava pelos cantos com a Elisha, agora que deram uma parada.


 


-Não chama o Rony de otário – ela olhou irritada pra ele – E você esqueceu do casal improvável, Blaise e Hermione – os dois riram juntos.


 


-Que viagem – Draco murmurou – Se alguém me falasse isso no verão... Escuta, você vai comigo hoje? É o último teste para capitão e na sexta vamos falar os nomes.


 


-Sexta vamos consumir aquelas bebidas que vocês roubaram – Gina lembrou – Pode ser depois dos anúncios.


 


-Hei... – ele se encostou em uma enorme parede de pedra – Você vai me acompanhar, não é? Quer dizer... Estamos...


 


-Draco, isso não é um namoro – ela suspirou – Nós dois sabemos como nos sentimos, e isso é muito além do que eu esperava sentir... A questão é que...


 


-O que exatamente você está me oferecendo?


 


-Eu, até o fim das aulas, sem que os outros saibam.


 


-Aceito. Mas e depois?


 


-O depois nós vemos depois.


 


 Ele poderia ter brigado e reclamado, como vinha fazendo há meses... Mas Draco parecia finalmente ter percebido uma coisa: era melhor ter meia Ginevra, que nenhuma. Era pouco, mas pelo menos não era nada.


 


 ***


 


 Não foi difícil achar Faith, pelo menos não para Tad. Ela estava sentada sozinha em uma imensa clareira, nos confins da Floresta Proibida. Já tinha algum tempo que ela perdera o medo de todos os bichos que circulavam por ali. Parecia, na verdade, que os bichos a temiam.


 


-Olá – ela sorriu, ainda de costas pra ele – Você tem um jeito bem peculiar de andar, sabia? Eu consigo distinguir em meio a qualquer pessoa.


 


-Como sempre, assustadora – ele brincou e se sentou do lado dela – Está curada?


 


-Na medida do possível – ela o olhou atentamente – Agora me diga, quando foi que você percebeu que ainda tinha resquícios de magia negra indetectáveis?


 


I‘m gonna fight them off
A seven nation army couldn‘t hold me back
They‘re gonna rip it off
Taking their time right behind my back
And I‘m talking to myself at night
Because I can‘t forget
Back and forth through my mind
Behind a cigarette
And the message coming from my eyes
Says leave it alone


-Ah, então você passou no teste do Snape – ele abriu um lento sorriso, tão bonito que ela ficou momentaneamente sem ar – Veja bem, Faithie... Algumas famílias antigas, famílias puras, como os Nott, Malfoy e Zabini... Nós trazemos isso. Vem com o sangue.


 


-Então porque eu? – ela se virou completamente para ele, os olhos azuis brilhando violentamente – Eu não sou um legado, ninguém na minha família já passou por isso... Então me diga por que eu ainda sinto magia dentro de mim?


 


-Eu não sei te falar – ele confessou e a segurou pelos ombros, os dois estavam frente a frente – Não é magia negra Faith, não é algo que vai te controlar e machucar os outros. Você apenas foi escolhida para ter um pouco mais de magia. Gina provavelmente tem isso, apesar de não saber.


 


-É o cabelo ruivo, não é?


 


-É. As primeiras bruxas eram ruivas, cabelos cor de sangue e fogo para distingui-las das demais, pelo menos é isso que contavam – ele subiu uma das mãos para o pescoço dela, e começou a deslizar os dedos suavemente – Se você olhar bem vai ver que o cabelo dela é de um tom distinto de qualquer outro Weasley, ela é o legado de alguma das primeiras bruxas, mas não conte isso. Não ainda. Ela já é perigosa sem saber dessa vantagem.


 


Don‘t want to hear about it
Every single ones got a story to tell
Everyone knows about it
From the Queen of England to the hounds of hell
And if I catch it coming back my way


-Então eu não sou um perigo para ninguém, é isso?


 


-Você nunca mais vai ter todo aquele poder, entenda isso... Mas você vai ser sempre a bruxa mais poderosa de uma sala. Talvez fosse faça alguns feitiços sem uma varinha, e


tenha um poder de persuasão mais forte que o dos outros... Mas as asas negras foram embora. E não vão voltar.


 


-Você mentiu pra mim, disse que era imune...


 


-Eu sou mesmo, magia negra não me atinge Faith – ele abriu um sorriso felino – E eu não pratico magia negra, nunca mais vou praticar... Mas a essência da magia fica dentro de nós, o poder puro. Você vai se acostumar muito fácil, garanto.


 


 Eles se olharam em silêncio. Tanta energia rodeando-os que parecia difícil respirar... Ou pensar. Os dois eram uma combinação química impossível, prestes a explodir. Então explodiram juntos.


 O verão parecia uma pequena brisa se alastrando por todos os lados, cobrindo as flores e fazendo-as despencar, fixando-se nas folhas verdes das árvores, no canto dos pássaros, na água dos lagos de Hogwarts. O verão ainda não tinha chegado oficialmente, chegaria na sexta, uma semana antes do fim das aulas. Mas naquela clareira o verão já estava a todo vapor, deslizando entre os dedos de Tad enquanto ele tirava a blusa de Faith, nas mãos dela, que deslizavam sob a camisa azul dele.


 


I‘m gonna serve it to you
And that ain‘t what you want to hear,
But thats what I‘ll do
And the feeling coming from my bones
Says find a home


(Seven Nation Army – White Stripes)


 Era como um cilindro de sol, rodeando-os e aprisionando-os em um mundo só deles. Ou seria só o poder que exalava dos dois e ninguém mais parecia capaz de ver ou detectar? E a pergunta mais importante, o que eles eram um para o outro? Todas as perguntas, infelizmente, impossíveis de responder. Faith e Tad eram um tanto além do óbvio, duas criaturas que tinham se encontrado de uma maneira um tanto quando única. Tad era o único que via Faith como ela realmente era, ele era o único capaz de entender a luz, mas também a escuridão. Talvez por ele mesmo sem ambas as coisas.


 


 ***


 


 Hayden, Miguel e Spencer foram os melhores nos testes. Fizeram os passes perfeitos, foram muito além do exigido. Gina e Delilah assistiram juntas, e muito bem escondidas, todos os testes.


 Já os irmãos Cady estavam ambos concorrendo para o posto de capitão, e Draco parecia não ter nenhuma preferência ainda. Nem por eles, nem por ninguém. Gina já sabia que não seria fácil enganar seu príncipe sonserino, ele a conhecia melhor do que ninguém.


 


-Acredito que tirando Colin, tudo deu certo – Delilah comentou enquanto elas voltavam para o castelo. Já estava anoitecendo e ainda precisavam se arrumar para o jantar – Faith parece bem e ela tem conversado bastante com o Tad.


 


-Eles têm química, muita química – ela falou baixinho para que ninguém as ouvisse – Você acha que o Draco percebeu os sinais? Que ele nos viu ali?


 


-Ele te viu no momento em que você chegou – a loirinha sorriu – Vou entrar, boa sorte.


 


-Obrigada – Gina sorriu e continuou seu caminho pelo jardim.


 


 ***


 


 Harry, Huxley e Zac estavam conversando no vestiário quando um Draco furioso entrou.


 


-Qual o problema da vez? – Harry perguntou divertido.


 


-Vi a Gina escondida com aquela demônia mirim da Delilah – ele respirou fundo – Sabia que ela ia tentar mexer na Sonserina, sabia disso!


 


-Draco, só quem estava fazendo teste estava por perto – Zac revirou os olhos – Não vi nem sombra da Gininha.


 


-Você é cego então! – ele se virou para Harry – Vi ela tentando trocar sinais com o Cady mais novo, Ian eu acho. Ele deve ser o cordeiro do abate, o serzinho manipulável que ela escolheu pra se infiltrar no quadribol e misturá-lo com os joguinhos de poder que ela parece tanto amar.


 


-Hei... – Huxley o cutucou nas costelas, apontando Ian e Max discutindo – O irmão mais velho está saindo, se eu fosse você o seguiria.


 


-Verdade – Harry concordou – Só Gina é capaz de deixar alguém tão nervoso quando o Max. Vai logo e descobre o que a rainha tá fazendo.


 


 ***


 


-Weasley! – Max gritou irritado enquanto andava a passos largos até ela. Gina estava sentada em um banco de pedra com a mais calma expressão facial dos últimos tempos – Precisamos conversar.


 


-Cady! – ela sorriu irônica – O que deseja?


 


-Deixa de usar esse seu sorrisinho cruel – ele cruzou os braços e a fuzilou com os olhos – Eu sei muito bem que você estava me fazendo de idiota. Realmente acha que meu irmãozinho vai ser um bom capitão?


 


-Você e seu precioso quadribol – ela suspirou contrariada e levantou. O pequeno lago que a realeza parecia tanto gostar estava logo atrás – Seu temperamento vai ser a ruína da Sonserina, você sabe.


 


-E Ian é uma boa opção? – Max gritou irado – Ele é um pirralho! Para de tentar controlar cada maldita coisa nessa escola. Você não é a dona do quadribol!


 


-Deuses, você é igualzinho o Draco – Gina cerrou os olhos e o observou atentamente – A Sonserina ganhou a taça por pura sorte, você sabe. Ian é bem mais racional que você.


 


 Max ia retrucar quando um movimento chamou a atenção dos dois. Era Draco. Saindo de seu esconderijo completamente furioso.


 


-Eu sabia que tinha dedo seu nisso! – ele acusou Ginevra – Eu sou o capitão! Eu escolho o próximo capitão!


 


-Eu te dei seu posto, príncipe! – ela retrucou irritada.


 


-Chega! – Draco encarou Max Cady. Só agora ele conseguia ver como Gina tinha razão. Eles eram parecidos, muito parecidos – Você é o capitão Cady. Vou fazer o anúncio sexta, mas já esteja avisado – e sem mais nenhuma palavra, ou olhar dirigido a Gina, ele foi embora.


 


 Ginevra e Max se encararam por alguns segundos, faíscas voando por todos os lados. Até que... Ela sorriu.


 


-Eu disse que ia ser fácil Cady – ela disse com superioridade – Agora não se esqueça de que eu te dei a coroa.


 


-Serei um eterno súdito, rainha! – ele sorriu.


 


 ***


 


 Delilah talvez fosse a mais esperta de todo mundo ali. Ela era a única que não tinha perdido seu coração por ninguém, não ainda talvez. Ela se fez invisível naquela noite, o que não era nada difícil para a pequena garota. Ela andou pela festa da realeza, olhando tudo, tentando absorver todas as informações.


 Ela via coisas que ninguém mais via, ela entendia o jogo como talvez nem mesmo Ginevra entendesse.


 Naquela sexta-feira, assim que a última prova terminou, ela viu de longe como Ginevra observava, sem nem piscar, a caminhada da vergonha de Annie e Lyss. Gina nunca lhe parecera mais rainha que naquele momento, parada no topo de uma escada, vendo suas duas inimigas declaradas sendo expulsas do castelo, um pequeno sorrisinho esperto nos lábios.


 


One day, baby we‘ll be old
Oh baby, we‘ll be old
And think of all the stories
that we could have told


 Delilah às vezes se perguntava se alguém, algum dia, conseguiria igualar-se a Gina na arte de cair e levantar, destruir e recomeçar. Talvez ela nem mesmo percebesse, mas quando passava as pessoas agora paravam para olhar.


 Abriam caminho, olhavam com respeito. O desprezo, os olhares de zombaria, nada disso mais fazia parte do caminho de Ginevra Weasley. Ela se reinventara, e com isso, reinventou muita gente.


 O anúncio para os capitães tinha sido no final da noite e os nomes foram recebidos com a costumeira festa para alguns, decepção para tantos outros. E assim que o toque de recolher tocou, toda a monarquia fugiu do castelo em direção as ruínas. Não era longe o suficiente, mas também não era perto demais.


 


One day, baby we‘ll be old
Oh baby, we‘ll be old
And think of all the stories
that we could have told


 


 Os rebeldes, e que se tornariam monarquia no ano seguinte, não foram convidados. Possivelmente porque nem todos sabiam das armações da rainha, mas também porque ela tinha decidido que o grupo merecia uma despedida bem particular.


 E merecia mesmo.


 De longe Delilah viu quando Blaise e Hermione fugiram para dentro do castelo, rindo o tempo todo.


 Viu Colin, Hayden e Zéllie conversando em um canto, enquanto do outro lado Lexie e Elisha descansavam em pequenas pedras, usando-as como bancos. Viu Dakota e Huxley se agarrando descaradamente e arrancando risadas do grupo. Pansy e Harry estavam de mãos dadas e conversando com Rony.


 Já Scarlett parecia concentrada em uma conversa séria com Terrence. Faith e Tad trocavam olhares e sorrisinhos secretos, presos em uma conversa que ninguém mais ouvia.


 


No more tears, my heart is dry
I don‘t laugh and i don‘t cry


 Ginevra e Draco apareceram um tempo depois, ainda sorrindo, mas nada de mãos dadas. Eles tinham brigado muito por causa de Ian e toda a história do quadribol, e acabaram se resolvendo. Não era difícil para Delilah vê-los pelo castelo, sempre saindo de cantos escuros ou entrando neles.


 Ela ficou mais um tempinho ali e depois foi embora. A festa continuou por horas, com eles jogando baralho e bebendo o que tinha restado do roubo no Cabeça de Javali. Quem olhasse de longe jamais perceberia as rachaduras, ou se daria conta de quanta coisa tinha acontecido até aquele momento. A verdade é que Gina fora muito inteligente, ela primeiro desconstruiu todos os grupos pequenos, para então reconstruí-los naquela proporção. Do jeitinho que ela queria. Construindo uma monarquia como nenhuma rainha tinha sido capaz de fazer até então.


 


One day, baby we‘ll be old
Oh baby, we‘ll be old
And think of all the stories
that we could have told
(One Day – Asaf Avidan)


 


 


 ***


 


-Ok, qual o motivo disso tudo? – Blaise sussurrou enquanto seguia Hermione pela escura biblioteca – Não imaginei que você quebrasse regras, nerd.


 


-Blaise – ela parou de andar e apontou a varinha na cara dele – Preciso de ajuda, não de investigador. Para de fazer perguntas.


 


-Nossa, que revoltada – ele olhou emburrado para ela, mas Hermione já tinha voltado a andar, guiada pela fraca luz que sua varinha emitia.


 


 Ela andou até o fim da biblioteca, por fim chegou na sessão proibida.


 


-Nerd, nem você consegue abrir essa tranca... – Blaise começou a zombar, e no instante seguinte o inconfundível barulho de fechadura abrindo ecoou na biblioteca – Cara, estou aterrorizado com você.


 


-Como você é bobo – ela riu e continuou andando – Já estive aqui antes, só pra constar. Eu, Harry e Rony conhecemos cada canto do castelo.


 


-Lógico, viviam fazendo coisas ilegais – ele reclamou – E todo mundo passando a mão na cabeça.


 


-Deixa de invejinha Zabini – ela sorriu pra ele – Sei bem das coisas que você, Draco e Terrence faziam. E fazem né!


 


 Ela abriu uma porta, depois outra, por fim chegaram a uma sala cheia de estantes. Todas abarrotadas de eletrônicos.


 


-Certo, estou chocado e impressionado agora – ele apontou a varinha para os cantos – Pena que esse lugar é tão escuro.


 


 Hermione revirou os olhos e acendeu a luz da sala. Ignorando o olhar de criança em loja de doces, de Zabini, foi andando de prateleira em prateleira.


 


-Achei – ela pegou a câmera e chamou Blaise – Preciso que você me ajude a filmar algo – ela confessou – Esse lugar é o único em que funciona equipamentos eletrônicos de trouxas, o único em Hogwarts.


 


-Pra que isso? – ele perguntou, curioso.


 


-Escuta, você tem que jurar não falar isso pra ninguém... Certo? Mas eu meio que não quero mais o cargo no Ministério da Magia que já me arranjaram. Quer dizer – ela suspirou e encarou Blaise, que estava com os olhos cada vez mais arregalados – Eu sei que os professores fizeram muito por mim, inclusive McGonagall... Eu só não quero isso. Eu e a Dominique nos falamos por carta, você sabe... E ela vai pra Milão estudar moda e... Eu preciso gravar um vídeo e tentar uma vaga, já que não posso ir lá fazer entrevista.


 


-Você quer estudar com ela – Blaise completou, sorrindo – Caramba nerd, você é a maior surpresa de todos os tempos – ele estava olhando de um jeito tão carinhoso que Hermione ficou desconcertada – Você é muita mais que seu cérebro, se não quer um emprego chato no Ministério, não precisa aceitar.


 


-Você vai me ajudar? – ela perguntou baixinho quando ele se aproximou e a abraçou.


 


-Claro que sim – ele sorriu contra os lábios dela – Mas já aviso que vou te chamar de nerd pra sempre. Não importa a faculdade, seu emprego... Você vai ser sempre a pequena nerd.


 


 Eles estavam sorrindo quando se beijaram.


 


 ***


 


-Você não pode me evitar pra sempre – Terren apontou o óbvio, olhos fixos em Scarlett – Acho que está na hora de termos uma conversa.


 


-Não quero conversar – ela suspirou e encarou a passagem para a entrada do salão comunal da Sonserina – Já são mais de cinco da manhã e estou com sono.


 


-Espera! – ele a segurou pelo braço – Scarly... Eu...


 


-Você o que? – ela o encarou, olhos faiscando – Me ama? É isso que vai dizer? Não seja ridículo Terrence.


 


-Não estou sendo ridículo – ele a soltou bruscamente – Estou sendo sincero. Eu te amo!


 


 Ela o observou por alguns segundos, como se não pudesse acreditar em seus próprios ouvidos. Por fim cruzou os braços e falou. Falou o que deveria ter falado desde o começo.


 


-Eu te amo desde que me conheço por gente – ela suspirou – Amava aquele garoto irritante e que gostava de quebrar as coisas, amava o Terrence desencanado, tão diferente dos outros meninos. Amei o Terrence galinha, o que partia meu coração toda vez que beijava alguém... Amei todos os Terrences que conheci, todas as suas facetas... Mas eu não amei o Terrence que me magoou e me enganou, aquele que nunca me respeitou quando estava comigo. E então eu percebi que esse Terrence, o último que conheci, sempre esteve dentro de você.


 


-O que você está me dizendo? – ele sussurrou – Você não me ama mais?


 


-Acho que nunca amei, Terrence – os olhos dela brilharam com as lágrimas que estavam por vir – Eu amava a ilusão, não o garoto. Porque o garoto é cruel e maldoso, ele não é desencanado e curte a vida... Ele simplesmente não se importa com nada além dele. E eu não posso amar alguém assim... Eu me recuso a amar alguém assim.


 


 Foi um tanto quanto libertador dizer tudo aquilo, ela considerou enquanto entrava na Sonserina e o deixava para trás. Ela tinha feito coisas imperdoáveis por um amor que jamais seria recíproco. Terrence era um eterno jogador, ele amava conquistar e conquistar... Nunca se satisfazendo com um único troféu. Ele não gostava de quadribol, seu esporte favorito eram as mulheres.


 Já ela, pela primeira vez, estava encontrando o amor próprio que emanava de Ginevra Weasley. E que deveria emanar de qualquer pessoa. Porque ninguém pode amar nada acima de si mesmo. Esse é o pecado mais vil que se pode cometer.


 


 ***


 


Uma semana depois…


 


 Finalmente o último dia de aula. Para Draco e tantos outros, o fim da vida escolar. Para Ginevra, a premissa de um último ano que seria espetacular. As carruagens partiriam apenas depois do almoço, então todos os adiantados que já estavam com as malas prontas, passaram o resto da manhã espalhados pelo castelo. Olhando tudo com tamanha admiração que pareciam ver, pela primeira vez, a imensidão do lugar em que estavam.


 


-Até que esse verão não está tão terrível – Gina comentou com Colin – Apesar de ser muito recente para apostarmos nisso.


 


-Esse ano passou tão rápido – ele comentou distraído, a câmera pendurada no pescoço sem muito uso. Ele tinha parado um pouco com as fotos – Olha lá – apontou – O grupinho de ouro.


 


 Gina observou, os olhos cerrados por causa do sol, os seis sonserinos que tinham feito parte da sua vida de uma maneira inimaginável.


 


-Vem aqui – ela chamou e eles se sentaram perto deles. Era quase como o verão de novo, no começo do ano letivo – Lembra que fizemos uma análise deles? Acho que as coisas não mudaram muito desde então.


 


-O lance dos Power Rangers – Colin sorriu – Acho que não mudaram nada mesmo.


 


-Sim, o grupo de ouro da Sonserina – ela tentou escutá-los, mas o jardim estava barulhento demais – Não mudaram, você tem razão. Eu me lembro do que disse deles no começo do ano. Draco continua o Power Ranger vermelho, líder de todos, cheio de inimigos... E sem ele no grupo, estariam todos perdidos.


 


-Blaise é o azul – Colin continuou, sorrindo. Conforme os dias iam passando a dor ia diminuindo... Talvez um dia ele até mesmo esquecesse Lexie – Sonhos de liderança... Não que ele continue sendo amargurado. Isso mudou, Blaise é tão mais relaxado e feliz agora.


 


-Scarlett é a Ranger rosa – Gina riu baixinho – Uma inútil que faz exigências eu disse antes, não é? Acho que mudei de opinião um pouco. A garota é bem engenhosa quando quer.


 


-Terrence é o Power Ranger preto, sem ambição, sem paranóia pela liderança... Continua pensando mais no agora que no amanhã – Colin avaliou – Ainda que eu o tenha visto meio triste por aí. Mas desse ser porque a Scarlett não quis voltar com ele.


 


-Pansy sim é a mesmíssima – Gina analisou – Idéias geniais e malvadas, orgulhosa e gosta de mandar. Acho que o Harry amenizou um pouquinho, nada grandioso. Pansy é bem decidida.


 


-E Lexie... – o coração de Colin falhou um segundo – A Power Ranger prata... A que não aparece muito no grupo principal, mas tem boas chances de liderança e um ar um tanto quanto esnobe.


 


-Vai melhorar Col – ela segurou a mão dele e os dois se levantaram – Juro que vai. Essa ferida no seu coração vai cicatrizar, vou te ajudar. Vamos fingir que é uma missão secreta – ela brincou no momento exato em que passavam pela mesa dos sonserinos.


 


 Gina deu um breve sorrisinho de reconhecimento e foi embora.


 


-Missão secreta? – Scarlett olhou Gina com astúcia – O que essa demônia vai fazer agora? Ela já não conseguiu tudo o que queria?


 


-Provavelmente nada demais – Draco tentou tranqüilizá-los. Mas nem ele mesmo estava convencido.


 


 Ah Ginevra... Os três garotos a olharam ir embora. Linda como sempre.


 


 ***


 


 Blaise estava indo atrás de Hermione quando viu Delilah conversando com uma pequena gangue de demônias mirins, as espiãs do inferno. Ontem mesmo ele tinha escutado Hermione perguntar para Max Cady como estavam as mãos dele, com uma intimidade que o irritou. Ela desconversou na hora, mas ele não parou de ter a sensação de que algo estava errado.


 As garotinhas se assustaram quando o viram, e na pressa em ir embora, deixaram um papel pra trás.


 


 ***


 


 Harry encontrou Draco na entrada do castelo, sentando em silêncio nos degraus.


 


-Cadê a Pansy? – perguntou.


 


-Ela e a Scarlett foram terminar as malas – Draco se levantou e apoiou-se no corrimão da escada – Eu ia até te procurar, estou com uma dúvida.


 


-Manda! – Harry parou do lado dele, também encostado no corrimão.


 


-Blaise ouviu uma conversa estranha entre Hermione e Max Cady, algo sobre queimadura nas mãos – ele olhou pra frente, olhos fixos no jardim, pensativo – Então eu fui pensando sobre umas coisas e percebi que na época em que a Ginevra foi atacada com fogo gelado, o Cady estava com as mãos cheias de bolhas... Não sei porque lembrei disso, mas a partir disso foi como um gatilho.


 


-O que você está insinuando? – Harry o encarou.


 


-Eu fui até a biblioteca e pesquisei até achar o que é preciso para se criar fogo gelado – Draco o encarou enquanto tirava um papel do bolso e entregava para Harry – Primeiro é preciso achar uma planta perigosa, que queima as mãos de quem a toca... Planta essa que, curiosamente, é abundante na Floresta Proibida.


 


-Espera... – Harry parou de olhar o papel e encarou Draco – Sei onde você quer chegar. Eu só conheço uma pessoal capaz de fazer uma poção tão complicada Malfoy.


 


-Exatamente – Draco cerrou os olhos – Hermione Granger. E tenho certeza de que o Max foi quem pegou a planta... O que ele só teria feito a mando de alguém.


 


-Ginevra – Harry olhou incrédulo para ele – Mas porque ele faria algo assim por ela?


 


-Porque ele queria algo que só ela poderia dar – Draco estava cada vez mais indignado, parecia ter uma pedra no coração – Ela me fez de idiota... Mais uma vez. O tempo todo era Max que deveria ser capitão, Ian foi só a isca. Eu fui o otário.


 


-Draco! – Blaise chegou correndo, quase sem fôlego – Olha isso.


 


 Harry e Draco se inclinaram para ler o que estava no papel.  


 


 


Nova Realeza:


Rainha Ginevra Weasley


 


Princesas da Grifinória – Faith Maynard e Dakota Sommerled


Príncipe da Grifinória – Hayden Vaughn, capitão de quadribol


Corte real – Colin Creevey e Brooke Adams


 


Princesas da Sonserina – Lexie Parkinson e Elle Driver


Princesinha da Sonserina – Cora Moore


Príncipe da Sonserina – Max Cady, capitão de quadribol


Corte real – Elisha Wornes, Matthew Wroth e Ian Cady


 


Princesa da Corvinal – Zéllie Rowell


Príncipe da Corvinal – Miguel Corner, capitão de quadribol


Corte Real – Lola Welch


 


Princesa da Lufa-lufa – Selina Kyle


Príncipes da Lufa-lufa – Spencer Travis, capitão de quadribol


 


 


-É pior do que pensávamos – Harry falou, ainda incrédulo – Ela fez todos nós de idiotas. Não serviu para nada adiantar a escolha dos capitães, ou tentar fazer tudo junto.


 


-Sim – Draco balançou a cabeça. Não sabia se ria ou se ficava irritado – Ginevra é muito esperta. Ela os tornou príncipes. Todos nas mãos dela. Aposto que subornou pessoas, comprou informações... Ela venceu.


 


-De novo – Blaise suspirou – Eu realmente não queria me sentir assim sobre ela, essa pequena admiração... Mas eu estou impressionado. Muito impressionado.


 


 ***


 


 Faltavam pouco mais de três horas para que ela deixasse o castelo. Ginevra andou por todo o jardim, perdida em pensamentos. Agora que era verão de novo, ela não conseguia deixar de pensar em como teria sido diferente sua vida sem o último verão. As coisas tinham mudado tão rápido e completamente, parecia um sonho.


 


-Gina – Faith chamou enquanto se aproximava – Você já está longe do castelo, vamos voltar. Já estão chamando para o almoço.


 


-Não estou com fome – ela sorriu para a amiga – Acho que estou ficando nostálgica.


 


-Vem, vamos sentar aqui – Faith apontou uma pedra – Agora me dê suas mãos, quero mostrar uma coisa – Gina fez o que ela pediu – Você já viu que o destino iria dar um jeito de te juntar ao Draco, não importa o que acontecesse... Eu sei que você está pensando nas possibilidades, mas eu quero te mostrar que você lutou contra todas as possibilidades ruins e venceu. Escolheu o certo.


 


-Eu me pergunto como eu seria sem tudo isso – ela confessou – Se eu seria tão diferente, se eu desejaria ser alguém diferente.


 


-Certo... Fecha os olhos e se concentra- Faith instruiu – Eu vou te mostrar o que teria acontecido sem Draco Malfoy na sua vida. Se o destino não os quisesse juntos.


 


*-*-*-*


 


“Escócia – Verão – Uma semana antes do fim do ano letivo


 


Gina andou desanimada pelos arbustos imensos que rodeavam o pequeno lago. Tal como no começo do ano letivo, todos os alunos estavam matando aula para nadar no lago negro. Gina não era muito de matar aula, principalmente porque toda vez que pensava nisso Faith dava um ataque. Mas agora ela sabia que tinha só uma semana antes das férias, e então seu sétimo ano começaria.


Não foi um ano tão bom, ela considerou. Não, nada disso. Ela ainda era a ruiva inexistente da Grifinória. Amiga de uma nerd como Faith e um estupidamente apaixonado Colin.


Dessa vez o lago estava vazio. Sorrindo Gina tirou o vestido branco e se atirou no lago com o lindo biquíni esmeralda que ganhara de Hermione.


Enquanto boiava e observava o céu azul, sua mente vagou. Ela pensou em seu irmão Rony, apaixonado pela insossa Wynter desde setembro. Wynter, que namorava Blaise, o capitão de quadribol da Sonserina e também o grande culpado pelo desastroso desempenho do time.


E então Hayden, que ainda namorava Lexie, irmã de Pansy Parkinson e a traía com toda a escola. Pansy que, como não era de se estranhar, namorava Draco Malfoy e formava o casal todo poderoso. Mesmo ele perdendo o posto de capitão para o melhor amigo.


Ainda no grupo deles tinha Scarlett, a loira revoltada e apaixonada pelo cachorro Terrence Grant. Scarlett namorava Tad Nott, um inimigo de Malfoy. Não havia amor ali, só despeito por parte de Scarlett, por não ser desejada por Terrence, e ódio de Tad, que não conseguia ser tão popular quanto Draco.


Um grupo estranho, Gina considerou. Já Huxley, o vencedor da taça de quadribol e ex-namorado de Hermione, estava com Dakota. A vagabunda ambiciosa que dividia o dormitório com Gina. Dakota não gostava de Hux, só da posição dele na escala social de Hogwarts.


Enquanto girava suavemente na água, sendo levada pela correnteza, Gina continuou olhando fixamente o céu azul e sem nuvens. Ela se perguntava como teria sido. A popularidade. O reconhecimento.


Talvez ela conseguisse agora. Tinha mais um ano pela frente. Sempre poderia começar de novo.”


 


*-*-*-*


 


 Quando a imagem desapareceu, e com ela os pensamentos daquela Ginevra, a rainha encarou a melhor amiga. Ainda processando tudo o que tinha sentido. Ela não seria diferente do que era hoje, ela continuaria buscando o poder como quem busca ar. Gina estava percebendo que aquele desejo vinha dela, de dentro dela, não tinha sido implantado por ninguém.


 


-O que eu queria te mostrar é isso – Faith sorriu – Você não foi mudada, mudou porque sempre buscou isso. E sem Draco, é isso que você seria. Dizem que uma decisão pode não mudar muito, mas nesse caso, sua decisão mudou nossas vidas. Você levou muita gente para o topo, você mudou nossas vidas, mostrou nossos erros e nos deu uma chance para recomeçar. O que você fez mudou tudo. E eu estou dizendo isso porque acho que nós acabamos nos esquecendo de agradecer. Então obrigada Ginevra, Rainha, obrigada por ser tão ambiciosa. Sem isso, como você mesma pode comprovar, estaríamos renegados a nossa própria infelicidade. Cascas vazias. Almas aflitas.


 


 As duas se abraçaram. Draco observava a cena de longe, apenas esperando Faith sair para se aproximar. Podia ser sua última chance sozinho com a garota da sua vida.


 


  ***


 


 Lexie ficou parada na entrada do salão principal, enquanto esperava Elisha aparecer. Nas mãos uma câmera fotográfica. Matthew parou do seu lado, tanta confiança que a irritava.


 


-Hei Branca de Neve – ele brincou, os dedos deslizando na cintura dela – Sabe que agora sou um dos súditos reais? Podemos brincar no castelo todo.


 


-Não seja ridículo – ela revirou os olhos – Se ela os tornou realeza é porque tem algum motivo, você sabe disso.


 


-Eu não me importo – ele confessou – A única coisa que quero é fazer do meu sétimo ano o melhor possível. E você? Preparada para ver seu ex namorado com outra?


 


-Do que está falando? – ela cerrou os olhos e observou todo o saguão.


 


 Colin e Brooke estavam descendo juntos as escadas, sorrisos no volume máximo. Ela se sentiu doente. Em um segundo estava marchando para fora dali, tentando alcançar os jardins e desaparecer.


 


-Hei! – Matthew a alcançou – Não adianta fugir.


 


-Não me enche, tá? – ela segurou as lágrimas e respirou fundo – Só quero bater umas fotos daqui, já vou entrar.


 


-Qual é a do lance com as fotos? – ele perguntou curioso.


 


-Sei lá – ela sorriu brevemente – Acho que é uma nova paixão.


 


 ***


 


 Cora e Elle estavam saindo do quarto, malas prontas, quando toparam com Pansy e Scarlett. As quatro garotas se olharam atentamente, quase com receio.


 


-Boa sorte – Pansy abriu um lento sorriso – Espero que agüentem o tranco.


 


-A rainha é bem difícil – Scarlett comentou divertida – Mas se forem espertinhas, aposto que ela não as mastigara no café da manhã.


 


-Bem, somos as novas princesas daqui – Cora sorriu irônica – Aposto que estamos qualificadas para o posto.


 


-E não se preocupem com as demandas da rainha – Elle completou – Damos conta do recado.


 


 Scarlett e Pansy riram alto quando as duas garotas foram embora. Elas não sabiam mesmo onde estavam se enfiando, mas isso não era mais uma preocupação delas. Sem mais guerras de poder, a vida estava só começando.


 


 ***


 


 Spencer, Selina, Miguel e Lola estavam conversando na porta do salão principal quando Zéllie apareceu, milagrosamente sozinha.


 


-Então vocês fazer parte – ela comentou com um breve erguer de sobrancelhas – Espero que não saiam da linha, a rainha não gosta de ratinhos.


 


-Não precisa nos ameaçar – Lola revirou os olhos – Sabemos muito bem nosso papel aqui.


 


-Não vamos sair dos trilhos – Selina abriu um leve sorriso – E os meninos também não. Se eu fosse você Zéllie, até mesmo tomaria cuidado. Pode ser que nosso papel se torne mais relevante que o seu, da Faith ou da Dakota. Sabemos que a rainha não tem muitos escrúpulos, e jogamos com todas as normas armas.


 


-Veremos – Zéllie deu um sorrisinho irônico – Afinal, temos todo o verão para nos preparar, não é mesmo?


 


 ***


 


 Max e Ian estavam batendo papo com os garotos, falando sobre quadribol e o que fariam nas férias. O salão comunal parecia mais lotado que em dias de chuva. Do outro lado, Blaise e Terrence estavam de olho.


 Max os encarou ferozmente, disposto a falar alguma coisa. Acabou desistindo. Não precisava mais se preocupar com eles. Era o príncipe e tinha sua coroa, só faltava conquistar a rainha.


 


 ***


 


 Dakota, Elisha, Brooke, Colin e Hayden estavam ainda na mesa da Grifinória, terminando o almoço, quando Faith finalmente apareceu.


 


-Não esperem pela Gina – comentou enquanto se sentava – Draco chegou no momento em que estávamos conversando.


 


-Vai longe – Brooke sorriu – Estou tão feliz por fazer parte do grupo de vocês agora.


 


-Só não estrague tudo – Dakota falou, séria – Ginevra não é lá muito piedosa, você sabe.


 


 Os seis riram juntos. Pouco piedosa era o eufemismo do ano.


 


 ***


 


-Eu nem sei por onde começar – ele suspirou, olhos fixos nela. Só o canto dos pássaros podia ser ouvido por perto.


 


-Talvez você queira que eu comece então – ela sorriu e continuou andando – Vamos um pouco mais longe. Nunca se sabe quem está ouvindo.


 


 Ele a seguiu, lado a lado, mãos juntas. Foram se embrenhando na mata, atravessando pequenas clareiras, longe dos lugares em que os alunos gostavam de se encontrar. Finalmente pararam em um uma pequena clareira. Alguns troncos caídos depois de alguma tempestade foram usados como bancos.


 


-Eu vou te contar tudo, desde o começo. Provavelmente porque sei que essa é a nossa última chance juntos, em um longo tempo – ela tomou fôlego e continuou – Primeiro de tudo, eu amo você. Não como Hayden acha que ama meio mundo, ou Scarlett com sua obsessão por Terrence. Não, eu realmente amo você. E é por isso que eu sei que, até que eu me forme, nada entre nós pode acontecer. Eu sei das tentações de Londres, e você sabe que todas as solteiras vão cair em cima de você. Não tenho força suficiente para namoro a distância, quero que você entenda. Não estou pedindo pra você se guardar um ano por mim, só estou dizendo que, quando eu me formar, vou te procurar. Se até lá você ainda me quiser, se ainda for possível... Nós podemos tentar.


 


-Eu moveria o mundo pra te ver quando você quisesse – ele segurou as mãos dela – A distância não é o que você imagina. Nós podemos fazer dar certo.


 


Sunlight comes creeping in
Illuminates our skin
We watched the day go by
Stories of what we did
It made me think of you
It made me think of you


-Não Draco – ela suspirou – Eu pensei sobre isso um milhão de vezes. Essa é a minha resposta final. Se depois de um ano, você ainda me amar...


 


-Eu vou Ginevra, pode ter certeza – ele sorriu levemente – Eu vou amar você pra sempre. Só você.


 


 Eles sorriram e se beijaram. Quase em uma cena de filme, daqueles que ela amava. Exceto pela parte em que seu coração estava se partindo a cada segundo. Dizer adeus estava sendo ainda mais doloroso que o imaginado.


 


-Agora sobre o quadribol – ele não estava mais sorrindo – A única coisa que eu te pedi e você não foi capaz de fazer. Eu quero entender sua ligação com os Cady.


 


Under a trillion stars
We danced on top of cars
Took pictures of the stage
So far from where we are
They made me think of you
They made me think of you


-Draco, não é porque você nunca sabe onde estou, que eu não sei onde você está a cada segundo. Meus olhos estão sempre em você, sempre estiveram – ela sorriu – Eu soube da sua reunião com os capitães, e eu já estava de olho nisso. Talvez você não saiba, mas eu tenho uma rede de informantes realmente boa por Hogwarts.


 


 Então ela contou desde o começo. Contou sobre o inverno terrível, sobre a idéia de criar um grupo que pudesse colocá-la no topo novamente, caso a idéia de Tad não desse certo. Contou que quando voltou ao topo, e os rebeldes continuavam seguindo suas ordens, percebeu que não precisaria liquidar o grupo que tinha com tanto cuidado reunido. A maioria da realeza estava se formando, era hora de renovação.


 Então ela fez pequenos testes, testando-os para, por fim, decidir quem ficaria no lugar dos que estavam se formando. Falou sobre os erros de percurso, sobre o problema com Colin e Lexie, e como ela ainda se sentia mal sobre isso. Contou sobre a expulsão dos outros, contou sobre a ajuda nos rebeldes que tinham ficado do seu lado. Contou sobre como escolhera os capitães, e como fizera para conseguir todas as informações necessárias.


 Draco ouviu tudo atentamente, ainda surpreso com o quão longe ela podia ir quando queria alguma coisa.


 


Oh lights go down
In the moment we‘re lost and found
I just wanna be by your side
If these wings could fly


-Você esteve por trás de tudo, desde o começo – ele parecia incapaz de acreditar – Você conseguiu fogo gelado para fingir um ataque, você conseguiu ter os quatro capitães nas suas mãos. O tempo todo eu vendo você como a mocinha protagonista da história, e agora eu percebi que não tem mocinha nenhuma. Você é a protagonista, mas é a vilã. E isso não é uma crítica, só uma observação.


 


-Você sabe o que acontece quando o vilão é pego? O filme acaba.


 


-Bem, você não foi pega – ele se aproximou – Isso significa que o vilão ganhou, uma vez, ou que o filme não acabou?


 


-Eu acho que não acabou ainda – ela sorriu – Você sabe o que dizem, a vida só começa depois dos vinte. Draco, você pode me achar fria e sem coração, mas a verdade é que... Vocês estão se formando, indo embora. Eu ainda tenho um ano pela frente. E eu quero um ano espetacular, com tudo o que eu tenho direito.


 


Oh damn these walls
In the moment we‘re ten feet tall
And how you told me after it all
We‘d remember tonight
For the rest of our lives


-Tanta engenhosidade vai levá-la longe, você sabe – ele sorriu novamente – Eu tenho pena de todas essas pobres almas. Não seja tão dura com todos. E me chame quando precisar, do jeito que for. Eu venho em uma batida de coração.


 


-Eu sei... – ela murmurou, se aproximando dele – Você é o meu único. E eu a sua.


 


 Draco e Gina se olharam, contemplando aquele início de verão. Era o fim das aulas e o fim definitivo de qualquer coisa que eles tivessem tido. E então se beijaram, mais algumas vezes. Se beijaram até que o sinal para partir soou, e eles não puderam mais protelar. Ela se levantou e foi andando na frente, um sorriso enorme no rosto.


 


-Ginevra Weasley – ele falou, também sorrindo. Gina se virou e o encarou - O que você não entende, nem nunca entendeu, é que não se pode lutar contra o destino. O resultado será sempre o mesmo, não importa qual caminho você pegue. Não importa quantos mil caminhos você pegue. Você pode correr milhas pra ficar longe, mas eu vou te encontrar. Ou você vai, ainda que inconscientemente. Nós vamos nos encontrar. Vai ser sempre o mesmo resultado. Eu e você juntos.


 


 Ele deu três passos e a alcançou, arrebatando-a para ele de um jeito que ela jamais esqueceria. Até os pássaros pareciam ter esquecido de cantar, embasbacados com a cena. Ele deslizou os dedos pelo cabelo vermelho sangue, doente só de imaginar que aquela seria a última vez. Não. Draco Malfoy se recusava a acreditar nisso. Ela era dele, sua ruiva doce, sua rainha cruel, sua Ginevra Weasley.


 


I‘m in the foreign state
My thoughts they‘ve slipped away
My words are leaving me
They caught an airplane
Because I thought of you
Just for the thought of you
(Wings – Birdy)


 


 Dessa vez ela estava chorando silenciosamente quando partiu. Independente do que o futuro os reservasse... Um pedaço imenso de seu coração estaria sempre com Draco Malfoy. O único que quebrara a redoma de vidro da rainha, o único que ela amava. O único. Seu único.


 


 ***


 


 Muitas horas depois, quando o céu já estava cheio de estrelas e todos estavam exaustos, chegaram a Londres. Os alunos foram descendo, se amontoando na plataforma, carregando as malas e procurando os pais e irmãos. Um pequeno corredor de alunos de todos os anos foi se formando.


 Draco, Blaise, Terrence, Pansy e Scarlett pararam para se despedir. Harry, Hermione e Rony, não longe dali, se organizavam para o verão. Tad, Theo e Huxley combinavam o fim de semana, sem se preocupar com os pais que acenavam.


 Talvez tenha sido de Delilah o suspiro, não se sabe ao certo, mas em segundos todas as conversas cessaram e os olhos foram para a saída do trem.


 


Maybe I don‘t really wanna know
How your garden grows
Cos I just want to fly
Lately, did you ever feel the pain
In the morning rain
As it soaks you to the bone


 


 Primeiro vieram Lexie, Elisha, Cora e Elle, as meninas não conversavam entre si, apenas caminhavam juntas. Logo atrás Max, Ian e Matthew.


 Em seguida Lola, Miguel, Spencer e Selina. Eram só sorrisos, a nova realeza da Corvinal e Lufa-lufa estava ansiosa para o verão na cidade.


 Draco aguardou o último grupo, quase sorrindo com toda a cena armada de Ginevra. Ela sabia como se fazer inesquecível. Talvez esse fosse o segredo dela.


 Zéllie veio com Faith e Dakota. Brooke, Colin e Hayden logo atrás. E então, como se todo o mundo estivesse apenas ali para vê-la passar, e estava mesmo, Ginevra Weasley surgiu.


 


Maybe I just want to fly
I want to live I don‘t want to die
Maybe I just want to breath
Maybe I just don‘t believe
Maybe you‘re the same as me
We see things they‘ll never see
You and I are gonna live forever


O burburinho foi crescendo a medida que ela ia passando pela estação, o cabelo vermelho deixando quase um rastro de luz.


 Não falo só por mim, que fiquei embasbacado com toda a cena, falo por todos. Falo por aqueles que já se formaram e não irão ver o ano da rainha, falo por aqueles que estarão com elas por mais muitos meses. Falo por vocês, que nos acompanhou sem remorsos, sem julgamentos. Falo por quem não acredita no bem e no mal, mas na mistura disso tudo.


 


Gonna live forever
Gonna live forever
We‘re gonna live forever
Gonna live forever
Gonna live forever
We‘re gonna live forever


 (Live Forever – Oasis)


 


 Em nossos corações, enquanto Ginevra Weasley, a rainha malévola, era abraçada por seus pais e irmãos, e admirada por todos ali, era quase um suspiro coletivo, uma mensagem de todos... Cantávamos sem perceber, perdidos em pensamentos, silenciosamente cantávamos... Deus Salve a Rainha. Nossa rainha. Ginevra Weasley.


 


 ***


 


“Vocês talvez não entendam meus atos. Eu precisava de substitutos para os que estavam se formando. É difícil explicar o que tornou minha decisão tão fácil


 As pessoas boas e más são iguais em uma coisa: elas ficam felizes. Não o tempo todo, isso é impossível, mas elas têm arroubos de alegria. E então vem a grande diferença.


 Pense nos filmes que você já assistiu e agora visualize os vilões. A satisfação deles quando algo dá certo, aquele sorriso único e diabólico, os olhos brilhando de contentamento... As pessoas boas não conseguem sentir tal coisa.


 Elas ficam felizes e exultante, e alegres... Mas a satisfação plena é toda dos vilões. E, pra liderar, não posso contar com pessoas inocentes.


 Não quero arruinar mais almas puras. Eu selecionei uma e outra vez... Até reunir o grupo perfeito. Precisamos de um balanço. Selecionei para os Rebeldes aqueles que deveriam ser ruins... E selecionei para me ajudar a combater os rebeldes somente aqueles capazes de sentir o bem e o mal. A monarquia nunca esteve tão perfeita.


 Quanto a Draco... Não tem muito o que falar, posso dizer que perdi nisso. Eu sempre soube que não poderia ter tudo, fiz a escolha.


 Agora é olhar para frente, para o futuro. Chega de passado. Vou colher os frutos de tudo o que plantei, plantar mais, e receber as conseqüências com a dignidade de uma rainha. Porque é isso que uma líder deve fazer, é isso que esperam de mim. Talvez a gente se esbarre de novo em um verão, não sei se no próximo ou no outro e outro... Nunca dá pra dizer ao certo. É só uma sensação que eu tenho.


 Terminamos em um verão, e se recomeçarmos, se for nosso destino mesmo, será novamente nessa estação quente.”


 


Assim termina essa história. Num infernal dia de verão.






_______________








N/A - Gente acabooou!!!!! Agora vamos pra última temporada de Apple, que prometo, será inesquecível. Muito obrigada a todos que acompanharam e comentaram, é por vocês que estou terminando essa série. Obrigada a Dóris e a todos!




O link da última temporada é: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=46513


Está sem foto no prefácio e capa, mas arrumo depois. Já estou postando o prefácio.




Não deixem de comentar!






Beijoo Miss Lali


 

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