Caça às Bruxas



21º capítulo – Caça às Bruxas


 


“Eu sempre pensei que fosse saber o exato momento em que as coisas tinham começado a dar errado. A verdade, no entanto, é que quase ninguém consegue pegar os detalhes. Se ater as nuances que precedem um grande desastre. Gina nunca nos disse o que fez para conseguir as expulsões, ela também nunca explicou o perdão concedido à alguns deles. Acho que nunca saberemos. Ou talvez alguns saibam. Gina sempre foi mais esperta que nós. Esperta demais para ser pega, esperta demais para seu próprio bem. Ginevra, a rainha má. Ginevra a rainha bondosa. De verdade, depois dessas quatro longas estações, o que você acha que ela é? Eu acho que ela é os dois, a perfeita demonstração do cinza. Nunca totalmente boa, mas nunca totalmente má”


 


Hayden Vaughn



-Ela me odeia ainda – Hayden confessou a Colin enquanto os dois matavam aula na Floresta Proibida.


 


 Foi realmente uma coisa estúpida a se fazer, mas eles estavam exaustos. Colin e Lexie estavam separados há pouco mais de uma semana, e ele continuava insuportavelmente infeliz. Hayden ainda era persona non grata para Zéllie, e ele não sabia mais o que fazer.


 


-Cara, se você quer conselhos, garanto que sou a pior pessoa do mundo para isso – Colin murmurou, a câmera pendurada no pescoço. Fotografia parecia ser sua única distração.


 


-Quando é que a Gina vai liberar aquela festa com as bebidas roubadas? – ele perguntou – Era pra ter sido sexta passada, não era?


 


-Gina anda toda misteriosa – Colin comentou enquanto chutava distraidamente uma pedra no caminho – Ela adiou a festa, disse que não era o momento de celebrar ainda, já que, segundo ela, receberemos um grande presente em pouco tempo.


 


-É bom ela se apressar, temos só duas semanas de aula – Hayden suspirou – Cara, eu não acredito que vamos acabar nessa tristeza. A primavera começou tão gloriosa.


 


-Sabe Hay – Colin o olhou atentamente – Eu tenho certeza de que teremos boas surpresas. Gina vai cuidar disso.


 


-Shhhh... – Hayden murmurou enquanto empurrava Colin contra uma árvore.


 


 Os dois observaram, em choque, Faith andando sozinha pela mata. Ele nunca tinha sentido isso antes, mas ela parecia ter realmente uma coisa estranha com ela. Algo palpável... Algo mau.


 


 ***


 


 Assim que o sinal bateu Ginevra levantou, sendo imediatamente seguida por Dakota e Brooke. Os alunos começaram a sair da sala lentamente, os sons de risadas e conversas ecoando nas antigas paredes de pedra. Cora e Elle estavam do outro lado da sala, na segunda fileira de carteiras. As três se encararam silenciosamente.


 Até Gina dar um sorrisinho maldoso e erguer apenas uma sobrancelha. E que foi a única indicação de que ela era a autora da cena que se desenrolou a seguir.


 


-Ahhhhhhhhh! – Lyss gritou histericamente enquanto tentava se livrar da capa preta que usava por cima do uniforme.


 


 Clyde Barrow correu para ajudar Alyssa, os alunos começaram a gritar. Em segundos a confusão era tão grande que ninguém mais conseguia ver o professor, o pequeno Binns, que tentava ajudar.


 Gina se desviou das pessoas com calma, e, sem nem mesmo olhar para trás, foi saindo.


 


-Você é louca! – Cora sussurrou, os olhos arregalados.


 


-É fogo gelado – Gina sussurrou – A poção é dificílima de preparar, mas não impossível.


 


 Cora desviou os olhos de Gina e voltou a olhar a cena. Agora Lyss e Clyde estavam em chamas, apesar de nada estar realmente pegando fogo. Era uma visão e tanto. Elisha e Lexie estavam no canto da sala, chocadas demais para sair de lá ou tentar ajudar.


 


-Eu vi que foi você – Tony Camonte a segurou com força pelo pulso, impedindo sua saída da sala – Você enlouqueceu rainha? – ele sussurrou com escárnio – Quer ser expulsa no final do ano?


 


-Eu sei que você viu Camonte – Ginevra sorriu, um estranho brilho nos olhos – Eu estava só esperando você olhar.


 


Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas


-O quê? – ele a soltou rapidamente, chocado ao perceber que o brilho nos olhos verdes dela era pelo fogo. Se alastrando por seu cabelo ruivo e tomando conta de tudo.


 


 Um segundo depois ela estava aos berros, um escândalo ainda maior que o de Lyss. Tony não conseguiu fugir, pois Snape já estava entrando na sala, atento a toda a gritaria. O fogo foi extinto por ele em segundos, sem nenhum ferimento nas vítimas. Gina sorriu satisfeita, o estrago já estava feito.


 


 ***


 


-Você será suspenso senhor Camonte, e não vou diminuir apenas por ser final do ano. Você vai ter que estender seu período de aulas, vou decidir isso – Minerva andou nervosa pela sala. Ela odiava essa parte do trabalho de diretora – Eu quero saber o que o levou a tais atos.


 


-Eu juro que não fui eu – Tony estava prestes a chorar – Diretora eu nem sei fazer esse tipo de feitiço.


 


-Não seja mentiroso! – Snape esbravejou – Isso é uma poção, e uma muito difícil de se fazer. Os alunos do sétimo ano não sabem ainda! Agora – o professor apontou a varinha para Tony – Accio poção.


 


 Tony quis morrer quando o vidrinho com líquido laranja saiu de seu bolso e foi parar nas mãos de Snape. Ele estava acabado, era isso.


 


 ***


 


 Max entrou na enfermaria no exato segundo em que Rony Weasley saia de lá. Suas mãos ainda estavam com bolhas, e talvez continuassem assim por mais um ou dois dias. Hermione lhe garantira que nenhuma cicatriz ficaria.


 Ginevra estava deitada com os olhos fechados. Ele a observou por alguns segundos, surpreso como não conseguia deixar de achá-la completamente magnífica. Ela parecia perfeita, ali... Mas os olhos. Ah... Os maldosos olhos verdes.


 


-Seus olhos têm a exata cor de uma maldição da morte – ele sussurrou quando ela o encarou fixamente – Avada kedavra – ele brincou.


 


Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm


-Fez o que eu pedi? – ela perguntou baixinho enquanto se sentava – Tenho que ficar mais umas duas horas aqui nessa droga de lugar.


 


-Sim eu fiz – ele se sentou do lado dela – Você sabe que isso não vai expulsá-lo.


 


-Tudo bem – ela sorriu levemente – Pensei bem e decidi que apenas Lyss e Annie têm que ir embora. Consigo lidar com todos os outros sem problemas, e Wynter está se formando mesmo.


 


-A Granger fez perguntas – Max sorriu – Ela queria saber porque eu estava me disponibilizando para me enfiar na Floresta Proibida e achar essa maldita planta de fogo. Sabe... Eu fiquei com as mãos bem machucadas.


 


-Pobrezinho – Gina riu – Agora precisamos pensar em um jeito bem eficaz de torná-lo capitão do time. Draco é esperto, então tudo o que eu disser ele não vai fazer.


 


-Hei... – ele sorriu incrédulo – Foi você não foi? Que tirou Zabini do posto e colocou o Malfoy como capitão da Sonserina.


 


-Sim – ela sorriu levemente, lembrando daqueles quentes dias de verão – Foi bem fácil na verdade. E é bom você lembrar disso no ano que vem, quando a coroa for sua. Lembre-se que tão fácil eu a entregue para você, posso tirá-la.


 


-Não precisa me ameaçar rainha má – ele riu – Tenho a impressão de que nos daremos muito bem.


 


Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia


 ***


 


 Lexie caminhou infeliz pelo castelo, cansada de toda a conversa sobre o que acontecera no período da manhã. Tony tinha sido suspenso e teria que fazer as provas nas férias, no Ministério da Magia. As suspensões eram tão incomuns que ninguém ali tinha cursos de verão ou coisa assim. Ele também teria que cumprir duzentas horas de detenção no ano seguinte. Seria o sétimo ao do inferno para ele, e pra ela também.


 Sentia tanta falta de Colin que seu corpo doía.


 


-Hei – Elisha e Rachel andaram até ela – O que você está fazendo vagando por aí? O horário de almoço está quase acabando.


 


-Não me importo – Lexie deu de ombros – Vou na enfermaria, minha cabeça está me matando.


 


-Eli você não deveria continuar com isso – Rachel falou seriamente quando Lexie saiu – Eles se amam.


 


-Não quero falar sobre isso – Elisha suspirou – Quando você namorar e se apaixonar vai me entender, juro que vai – ela olhou para longe – Eu espero só que a dor passe, porque não se engane, ela está sofrendo e eu também.


 


 ***


 


 Dakota e Zéllie nunca se deram muito bem, aturavam-se no máximo, mas a pela primeira vez tinham algo em comum.


 


-Faith anda tão esquisita – Dakota comentou aos sussurros, enquanto as duas andavam a esmo pelo ensolarado jardim central – E Gina tem seguido ela, sei disso. Alguma coisa muito sinistra está acontecendo.


 


-O que mais me preocupa é a coisa com os rebeldes – Zéllie confessou – Nós sabemos que ela não conhece a palavra perdão, e aquilo na aula foi...


 


-Totalmente armado – Dakota completou, quase dava para ouvir as engrenagens em sua cabeça girando loucamente – Eu também percebi que as mãos do Max Cady estavam com algumas bolhas.


 


-Deuses! – Zéllie olhou chocada para ela – Só uma pessoa na escola seria capaz de fazer aquela poção...


 


-Hermione Granger! – as duas completaram ao mesmo tempo.


 


 ***


 


 Selina e Spencer viram quando Matthew Wroth, bem discretamente, lançou alguns pequenos feitiços em Annie. Os materiais dela se espalharam por todo o jardim, no exato momento em que o sinal para a primeira aula da tarde bateu.


 


-Nossa, como ele conseguiu fazer todas as páginas do caderno dela se soltarem desse jeito? – Spencer perguntou, admirado.


 


-Sei lá, vamos – Selina o puxou pela mão – Temos trabalho a fazer.


 


-Ginevra Weasley é definitivamente uma pessoa louca – Spencer balançou a cabeça e lançou um suspiro resignado – E se formos pegos? Nunca vou ser o capitão do time de quadribol.


 


-Anda!


 


Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada


 Com cuidado, e seguindo as instruções que Ginevra anotara em um pequeno papel, invadiram a estufa 5 e roubaram quase vinte pequenos vasos de plantas gritantes. Esconderam tudo na bolsa infinita de Hermione, e seguiram para a parte dois do plano. Que seria bem mais arriscada.


 


 ***


 


 Annie por fim enlouqueceu quando caiu de cara no chão, por culpa de Ian Cady. Ela não se importou com a presença de Sprout e Septina Vector, duas professoras bem atentas com questões de disciplina, não... Annie simplesmente pirou e pulou em cima de Ian, lançando chutes, socos e gritos. Quem estava por perto jura que foi inesquecível.


 Cora, Elle, Max e Matthew sorriram satisfeitos quando a garota foi levada pelas professoras. Os quatro e Ian tinham passado a última semana atacando Annie sempre que podiam.


 


 ***


 


 O corredor do dormitório masculino da Corvinal estava completamente deserto uma e meia da tarde. Exceto por Lola e Miguel, que andavam sorrateiramente com a bolsa sem fim que Gina pegara emprestado (roubara) de Padma Patil. A única garota, além de Hermione, que tinha uma.


 Jimmy Doyle e Jack Torrence dividiam o dormitório, o que facilitaria muito o trabalho deles.


 


-Me ajuda aqui – Lola pediu enquanto erguia a imenso baú nos pés da cama de Jimmy.


 


 Miguel a ajudou a colocar sete garrafas de bebidas, todas devidamente etiquetadas com o nome do Cabeça de Javali. Antes de fechar o baú, Lola quebrou uma garrafa cheia de whisky de fogo. Repetiram o mesmo procedimento no baú de Jack.


 Quando saíram do quarto, dois minutos depois, o cheio de bebida já tinha se alastrado. Miguel seguiu para a aula, Lola foi até a cozinha atrás de um elfo.


 


-Oi – ela sorriu para a criatura – Está um cheiro super estranha na Corvinal, você pode ir dar uma olhada.


 


Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem


-Nós limpamos tudo hoje, senhorita – o elfo murmurou aflito.


 


-Bem, o cheiro está bem forte – ela garantiu, ainda sorrindo – É perto do quarto cinco, no corredor do quinto ano. Ala masculina! – ela completou enquanto ia embora.


 


 ***


 


 O calor das duas da tarde estava começando a ficar mais forte, era o verão que estava se manifestando aos poucos... E em alguns dias a primavera iria embora. Gina suspirou enquanto andava distraidamente pela clareia. Ela não gostava muito da Floresta Proibida, mas ali era o melhor lugar para um encontro sem testemunhas. Fechou os olhos por alguns segundos, pensando em Draco automaticamente.


 Ela tinha fugido dele a semana toda, não se sentindo nem um pouco preparada para a inevitável conversa que teriam. E o ponto final que dariam na relação que nem mesmo começara.


 


-Eu fiquei surpreso com a sua carta – Tad disse enquanto se aproximava – Considerando que você tem me ignorado completamente a semana toda.


 


-Tad – ela sorriu levemente. Ele era um dos garotos mais bonitos que ela conhecera, pena que não fazia seu coração bater mais rápido – Não vai ter problemas por matar aula?


 


-Não – ele deu de ombros – Estou até aliviado. Não vejo a hora desse ano acabar.


 


-Bem, eu te chamei aqui pra falar de uma coisa bem importante – ela se sentou em um pequeno tronco – Quero falar sobre coisas que eu realmente tentei ignorar, e coisas que eu deveria ter percebido antes.


 


-Faith te contou? – ele a olhou chocado – Ela é a única pessoa que sabe o que eu fiz.


 


-Não foi ela que disse... Mas Tad... Você realmente matou duas pessoas? – Gina sussurrou. Falar em voz alta parecia ainda mais aterrorizante.


 


-Eu não queria – ele suspirou e se sentou do lado dela – Eu estava tão cego pela magia negra... Eu deixei de pensar, de agir, era a magia que me controlava. Não o contrário, nunca o contrário. Eu não me lembro do que aconteceu, não lembro mesmo. Mas eles estavam juntos em um dos lagos que tínhamos lá e... Ele se afogou e ela enlouqueceu, foi internada e acabou se matando.


 


-Isso é horrível Tad, porque você nunca me contou?


 


-Eu jamais contaria algo assim Gina, você não entende? – ele colocou o rosto nas palmas das mãos – Eu só não estou preso porque sou Tadwyn Nott. Eu gostaria de me lembrar daquele dia, gostaria de ter me parado antes.


 


-Os meninos te deram uma poção, você já deve saber – ela o encarou – Isso o tornou totalmente imune a magia negra, você não pratica e não é atingido.


 


-Sim – ele a observou febrilmente – Potter e Malfoy. Snape preparou.


 


-Certo... Agora eu quero saber como Faith acabou contaminada – Gina olhou para frente, os olhos perdidos na floresta – Colin disse que ela parece elétrica, e eu fui cega... Mas finalmente percebi que aquele jogo de quadribol, a música que aumenta, as janelas que se partem, os ventos que começam e terminam, os pássaros... É ela. Você a contaminou, não é?


 


-Ela não quer se curar – Tad segurou Gina pelo pulso – Eu ia te procurar ainda hoje. Ontem conversamos, tentei convencê-la a se tratar. Gina, você não entende. Ela sabe que vocês estão tentando dar a poção pra ela, Faith vê isso. E ela está furiosa, uma bomba prestes a explodir.


 


-Ela percebeu – Gina suspirou, irritada com a incompetência de Harry e Rony – Droga... Passamos a semana fazendo isso, eu achei que o efeito já começaria. Pensei que tudo estaria resolvido.


 


-Falei com o Snape hoje – Tad continuou – Ontem eu e Faith conversamos e ela me apagou por duas horas, acordei sozinho aqui na Floresta Proibida. Hoje, quando a procurei, ela jurou que não se lembrava de nada. Eu tive esses sintomas, e percebi que ela está perdendo o controle... Snape está fazendo uma dosagem única, pura. Se ela tomar cinco gotas disso... Estará curada.


 


-Certo – Gina o olhou, decidida – Não vou deixar minha melhor amiga cometer erros como os seus – ela se levantou – Consiga a poção e me entregue, eu cuido do resto. Hoje. Isso termina hoje.


 


 ***


 


-Potter, cada dia mais otário – Draco comentou quando Harry apareceu para buscar Pansy no final da última aula do dia.


 


 Os alunos da Lufa-lufa já estavam saindo, todos aliviados por ficarem longe dos sonserinos. Só Zac deu um aceno de cabeça e sorriu. Afinal, o capitão de quadribol da Lufa-lufa, e namorado de Luna, era educado assim mesmo.


 


-Isso podia ser um slogan – Terrence brincou enquanto observava Theodore dando em cima de Scarlett – Hei Nott! – ele gritou enquanto andava até os dois.


 


-Não mais otário que ele – Blaise apontou Terren – Ele não pode simplesmente pedir para voltar e acabar com isso?


 


-Eu acho que o troféu de grande otário é todo seu Draco – Harry disse com um sorrisinho irritante, um braço protetoramente nas costas de Pansy – Todos nós vimos como você, inutilmente, ressalto, correu atrás da Gina a semana toda.


 


-Lógico que não! – ele rebateu, furioso.


 


-Tentou sim – Pansy disse com um sorrisinho – E ela sumiu como um fantasma. Pensando bem Draco, acho que o problema não é só com você.


 


-Verdade! – Blaise já estava quase chorando de tanto rir – Ela está fugindo de você e do Tad!


 


 Draco saiu enfezado de lá, irritado demais para tentar se defender. E de que adiantaria mesmo? Era verdade. Ridiculamente verdade. Ele tinha sido o homem mais feliz do mundo quando a notícia de que Gina terminara com Tad chegou aos seus ouvidos. Ah como ele foi feliz... Até tentar falar com ela. Uma. Duas. Três. Cem vezes.


 


-Maldita Weasley! – ele reclamou baixinho – Hoje ela não me escapa. Hoje. Isso termina hoje.


 


 ***


 


-Que porra é essa? – Hayden gritou no salão comunal quando a gritaria começou. O som era alto do tipo furar tímpanos. Pareciam cem bebês demoníacos aos berros.


 


-Vamos sair daqui! – Colin gritou.


 


 Os dois ficaram cinco minutos tentando sair de lá, mas todo mundo tinha tido a mesma idéia. E a passagem era pequena. A gritaria parou depois de dez minutos. Todos respiraram aliviados e voltaram para o salão comunal.


 


-Gente, to horrorizada – Brooke arregalou os olhos e se sentou entre Hayden e Colin – Será que é brincadeira de alguém?


 


-Hei! – Dakota entrou animada no salão comunal – Estão sabendo? A Sprout está louca da vida, parece que alguém roubou vinte vasos de...


 


-Plantas gritantes! – Colin completou, chocado.


 


-Como você sabe? – Dakota sorriu.


 


-A gritaria toda – ele encarou Hayden e Brooke – Isso só pode ser coisa da nossa rainha vingativa.


 


-Alguém viu a Faith? – Dakota perguntou – Ela sumiu o dia todo. Gina também não apareceu em uma aula do período da tarde.


 


-Como ela poderia arrumar tempo para estudar? – Hayden brincou – Quando tem tantas vidas para destruir?


 


 Os quatro estavam rindo quando a gritaria voltou. Minutos depois Sprout e Minerva McGonagall entraram na Grifinória. Nem mesmo uma hora depois Clyde Barrow estava com uma linda suspensão, tinha recebido várias detenções, entre elas ajudar na limpeza das estufas por um mês no ano seguinte. Era mais um que teria o sétimo ano do inferno.


 Ou, como diriam depois, o ano da rainha.


 


 ***


 


 Annie andou enlouquecida pelo corredor mal iluminado das masmorras. Ela precisava conversar com Millie, uma das fofoqueiras mais experientes da Sonserina. Não precisou andar muito. Millie vinha, escoltada por duas amigas.


 


-Já cumpri nosso trato – Millicent avisou secamente – Agora não me peça mais nada.


 


-Você sabe o que está acontecendo, não sabe? – Annie olhou irada para ela – Pode me contar. Tony, Clyde, Jimmy e Jack estão com dezenas de horas de detenção, sem falar nas outras punições.


 


-Olha Annie – Millie olhou ansiosa para as amigas – Não acho uma boa nos pegarem conversando. Eu não quero ficar na linha de tiro.


 


-Do que você está falando? – Annie apertou o braço da garota, conseguindo assustar até mesmo Roxy e Stacie, que olhavam a tudo chocadas.


 


-Não percebeu ainda? – Millie se inclinou na direção da garota e sussurrou – Ela colocou sua cabeça a prêmio. Todos estão falando nisso... Pode dar adeus Annie, você vai ser expulsa.


 


 Annie ficou imóvel no corredor, horrorizada demais com as infinitas possibilidades que cruzavam sua mente.


 


 ***


 


 Delilah ficou encarregada da expulsão de Lyss, que seria consideravelmente mais simples de executar. Delilah tinha aprendido, ainda no começo do ano, como era fácil invadir a sala dos professores quando se tinha o tamanho dela e inteligência suficiente para dez pessoas.


 Depois do escândalo Lyss, com o roubo de provas que Gina a incriminara para não deixar Lyss prejudicar Hermione, os professores ficaram mais atentos. Muito mais espertos e preocupados com segurança.


 


-Mas eu sou mais esperta... – Delilah sussurrou sorrindo enquanto arrombava a porta da câmara da professora Septina Vector, que no momento estava ajudando a professora Sprout a cuidar de vinte malignas plantinhas gritantes.


 


 Gina não planejava nada ao acaso. Ela sabia da amizade das duas professoras, sabia que elas estariam juntas quando as plantas completassem exatas cinco horas sem água, que é quando a gritaria iria começar. Sabia que de maneira nenhuma Septina não ia ajudar, as plantinhas exigiriam alguns cuidados para que sossegassem. Plantinhas malditas, Gina não poderia ter escolhido melhor.


 Delilah tinha exatos cinco minutos, não podia demorar mais... As coisas poderiam dar errado. As provas de Aritmancia eram ridiculamente complicadas, Delilah comprovou enquanto segurava aquela folha. Uma folha que valia ouro.


 Agora ela tinha que esperar Lyss descer para o jantar, em exatos cinqüenta minutos, então enfiar a prova em um dos cadernos dela... Que seria o tempo exato, pois Minerva receberia uma coruja com a informação em sessenta minutos.


 


 ***


 


 Faith brincou distraidamente com os dedos, criando um imenso redemoinho no Lago Negro. Ela se lembrava com perfeição do Torneio Tribuxo, toda aquela gente andando por todos os cantos... A morte de Cedric.


 Ela tinha passado o dia todo perdida pelos jardins, confusa... Tentando se decidir. Tad estava decidido a fazê-la se curar... E ela não sabia se queria voltar a ser aquela confusa e estúpida garota de antes. A nerd que tinha sido enganada por Lexie e Hayden, a garota que tinha se vingado e namorado Noah... Pobre Noah. Terminar com ele parecia ter sido a única boa ação que ela fizera em semanas.


 Não queria machucar os outros, não queria virar Tad Nott, com seu peso na consciência, e estava preocupada com os momentos perdidos. Hoje mesmo ela perdera três horas de seu dia, tudo era uma confusa nuvem negra.


 


-Estúpida Faith – ela murmurou.


 


 E ainda tinha aquilo, o impensável e inescusável sentimento. Ela gostava de Tad, não podia mais mentir sobre isso. Ele era tão lindo, e parecia sempre tão preocupado com ela... Tentando resolver seus problemas. O cavalheiro de armadura brilhante.


 Ele jamais gostaria dela, Faith sabia. Tad tinha apenas peso na consciência. Ele se culpava por contaminá-la com Magia Negra.


 


-Faith! – Pansy se aproximou fazendo a maior barulheira – Você não pode ser uma pessoa normal e marcar um encontro em um lugar razoável?


 


-Você não pode parar de ser uma vadia reclamona? – Faith sorriu distraída.


 


-Está escuro – Pansy olhou irritada para ela – Eu podia ter caído e quebrado o pescoço.


 


-Faria um favor ao mundo Pansy - a sonserina revirou os olhos, irritada, e encarou Faith – Faith revirou os olhos – Esqueceu que eu posso te entregar pra Gina a qualquer momento? Aposto que ela vai adorar saber que foi você que fez Blaise ficar no pé dela o outono inteiro.


 


-Blaise descobriria de qualquer jeito que ela tinha entregado os treinos da Sonserina para os outros times – Pansy suspirou. Estava cansada disso – O que você quer Faith?


 


-Saber o que está acontecendo – ela cruzou os braços, irritada. Ultimamente qualquer coisa parecia deixá-la no limite do ódio total. Seus nervos estavam muito sensíveis – Eu não consigo ficar sozinha e vi Harry tentando jogar algo na minha bebida.


 


-Não sei de nada – Pansy desviou os olhos rapidamente – Juro que não sei.


 


-Você está mentindo! – Faith esbravejou e no mesmo instante Pansy foi lançada com força contra uma árvore.


 


 A sonserina olhou assustada para Faith, que continuava parada, bem longe dela. Os olhos completamente vermelhos.


 


 ***


 


 Gina entrou na pequena sala de reunião e encontrou todos os seus rebeldes lá. Ela quase sorriu com o pensamento, imaginando como eles ficariam irritados se soubessem que ela os considerava seus bichinhos de estimação.


 


-Vocês foram excelentes – ela sorriu – Tony Camonte foi punido com suspensão e 200 horas de detenção para o ano seguinte, Clyde Barrow e o roubo das plantas gritantes entrou para a história também.


 


-Jimmy Doyle e Jack Torrence foram acusados do roubo no Cabeça de Javali – Cora disse satisfeita – Os pais tiveram que pagar uma indenização e eles também terão longas horas de detenção.


 


-E quanto a Lyss? – Lola perguntou – A espiã mirim deu conta?


 


Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça


(Blues Piedade – Cazuza)


-Claro que sim – Gina se sentou em uma das cadeiras livres – Ela foi exemplarmente expulsa, já que roubou provas duas vezes. Vai terminar o ano e fazer as provas para se formar, mas o sétimo ano terá que fazer em uma pequena escola em Londres.


 


-Que má – Max sorriu.


 


-E a Wynter? – Selina perguntou.


 


-Eu fui mais leve com ela – Ginevra explicou.


 


-Sim – Matthew sorriu levemente – Eu pichei um dos muros do castelo e deixei cair uma corrente da Wynter, uma que a Ginevra pegou no quarto dela.


 


-Ela foi acusada por todas as outras pichações – Gina explicou – Aquelas incitando ódio e tal, que vocês estupidamente fizeram contra mim – ela revirou os olhos – Wynter teve que limpar o muro e vai cumprir detenção até o final da semana que vem. Mas vai se formar sem problemas.


 


-O que nos leva a última da sua lista – Elle comentou – Até agora ela brigou com o Ian, mas nada muito grave. O que você pretende fazer?


 


-Annie é um perigo – Gina observou astutamente – É uma garota sem nada a perder, exatamente como eu fui um dia. Não devemos, em momento nenhum, subestimá-la. Se Annie não sair agora, ela pode nos dar muitos problemas no ano que vem... Ela parece comigo um pouco – ela comentou pensativa.


 


-O que você acha que ela vai fazer? – Cora perguntou.


 


-Eu sinceramente não sei – Gina suspirou – Se ela não atacar, vou ter que pensar em outro plano.


 


 ***


 


 Draco estava andando pelo castelo pelo que pareciam horas. O horário para jantar tinha acabado de encerrar, em pouco tempo os monitores, aqueles idiotas, iriam aparecer. Foi pura sorte dar de cara com Gina, andando com a maior cara de suspeita do mundo.


 


-Finalmente – ele se posicionou na frente dela – Estamos sozinhos, você não vai conseguir fugir.


 


-Quer apostar? – ela o encarou com um sorrisinho irritante – Draco eu quero conversar com você, realmente quero, mas agora...


 


-Não é o momento? – ele brincou enquanto cruzava os braços – Então vamos trabalhar para que esse seja o momento.


 


-O que você quer saber? – ela suspirou irritada – Sim, eu e Tad terminamos, e não, não foi por causa do que ele fez para ser expulso da antiga escola.


 


-Mas você descobriu, não é? – ele ergueu uma sobrancelha – E agora sabe que eu tinha razão desde o início.


 


-Você tinha razão sobre o antigo Tad – ela observou – Ele não faz mais as coisas que fez, e nem se preocupe em procurar saber, não vai encontrar nada.


 


-Claro que não Ginevra – ele sorriu irônico – Ele é um Nott, ele pode comprar a porra do Ministério da Magia. Acha que não sei disso? Esqueceu que eu sou um Malfoy?


 


-E o quê? – ela brincou – Você pode comprar Londres?


 


-A Inglaterra – ele sorriu, aliviado por ver que ela tinha começado a relaxar – Eu estava preocupada com o lance do fogo gelado. Você está bem?


 


-Claro que sim – ela revirou os olhos – Precisa de muito mais para me derrubar.


 


-Eu aposto que sim – ele sussurrou no ouvido dela, próximo o suficiente para sentir o coração da grifinória acelerado – Quando você vai ter tempo para nós?


 


-Draco... – ela suspirou – Eu tive que fazer tanta coisa contra os rebeldes, Colin está arrasado... Falando nisso, como vai a escolha para capitão?


 


-Você está brincando né? – ele riu, incrédulo – Acha que vou falar disso com você? Logo você? Que praticamente acabou com a Taça esse ano? Não minha querida, nada de maquinações com quadribol. É um esporte sagrado.


 


-Você que sabe – ela deu de ombros – Não me interesso por isso mesmo.


 


-Até parece – ele riu baixinho e plantou as duas mãos na cintura dela – Agora vamos deixar a conversa para depois.


 


 Ela sorriu quando ele a beijou. O mesmo ímpeto de todas às vezes, a mesma batida enlouquecida de seu coração... Desde o primeiro beijo. Nem a rainha cruel poderia negar estar apaixonada. Pelo menos não para ela mesma.


 


 ***


 


 Noah estranhou a ausência de Draco e Tad no salão comunal naquela noite. Ultimamente eles estavam tendo essa eterna e estranha briga silenciosa. Os dois agora viviam de esbarrões e ódio declarado. Era tão mês passado. Provavelmente tinha algo a ver com Ginevra Malévola Weasley terminando com Tad semana passada.


 


-Como vai a vida de solteiro? – Terrence perguntou com um sorriso – Já voltou a correr atrás da Stacie?


 


-Ela é louca – Noah riu – Sério, estou dando um tempo de mulheres.


 


-Sinceramente? São todas loucas. Então nem se incomode – Terrence pegou seus livros e lançou um olhar furtivo para Theodore e Scarlett, entretidos em uma conversa que parecia durar horas.


 


 Noah preferiu não comentar nada. A verdade é que a turminha de ouro da Sonserina não era mais a mesma. Lexie estava de coração partido, e não abria mais a boca. Pansy estava namorando Harry Potter. Blaise andava atrás de Hermione Granger (a nerd gostosa). Draco, o líder deles, era agora um pobre coitado nas mãos da rainha má. E Scarlett e Terrence se tratavam com uma inacreditável frieza, quando todos bem sabiam que se amavam.


 


-Você deveria falar com a Scarly – Noah comentou.


 


-Ela não quer mais falar sobre o que tivemos – Terren confessou – A verdade é que eu estraguei tudo, não ela. E eu demorei pra caramba para perceber isso.


 


 ***


 


-E então pequena nerd – Blaise sorriu enquanto a seguia pelo corredor – Será que você tem coragem de almoçar comigo na mesa da Sonserina amanhã?


 


-Blaise, não sou sua namorada – Hermione o olhou rapidamente, nunca desacelerando o passo – Não vou almoçar com você.


 


-Nossa que garota difícil – ele sorriu – E então, pequena nerd, quais os planos de faculdade?


 


-Blaise – ela parou de andar e o encarou – Não sou pequena, você que é alto demais.


 


-Mas você é nerd, não é? – ele sorriu mais ainda.


 


-Sim, eu sou – ela revirou os olhos e voltou a andar – Você não tem mais nada pra fazer?


 


-O que você acha que estou fazendo?


 


-Me assediando? – ela o olhou brevemente, um sorrisinho nos lábios.


 


-Exatamente, pequena nerd! – ela riu alto quando ele a puxou contra uma parede, parcialmente escondidos pelas sombras.


 


 E Blaise achou super normal quando ela conseguiu deixar todo o corredor no escuro em segundos. Ele já estava acostumado com a super mágica da sua gatinha nerd.


 


-Garotinha má – ele brincou antes de beijá-la.


 


 ***


 


-Então vocês suspeitam que Hermione e Gina armaram o fogo gelado – Hayden sorriu – Isso é muito engenhoso, não acham?


 


-Claro que não – Zéllie revirou os olhos para ele – Faz todo o sentido.


 


-Elas têm razão – Colin ponderou – Dakota, vocês chegaram a falar com ela?


 


-Achamos melhor não – Dakota se sentou do lado de Colin, espremida entre Hayden e o garoto – Chegamos a conclusão de que ela tem um plano maior, que provavelmente envolve tudo o que aconteceu com os rebeldes hoje.


 


-Faz sentido... As plantas gritantes, soube que pegaram os dois idiotas da Corvinal com bebida no quarto... – Colin foi catalogando – Sim! Ela até conseguiu a expulsão da Lyss.


 


-Medo dela – Zéllie falou baixinho. Brooke e os meninos amigos de Colin e Hayden estavam de olho na conversa.


 


-O que me deixa muito preocupado, no entanto – Colin abaixou a voz – É que alguém comentou comigo que Max Cady estava com as mãos queimadas, e eu fiquei curioso... Então fui averiguar. E ele realmente está com queimaduras.


 


-Colin, não mexa nisso – Dakota avisou – Não vai sair boa coisa.


 


-Você claramente sabe de alguma coisa, não é? – Colin sorriu – Não se preocupe, você não vai dedurar a Gina, vou chegar nisso sozinho. Na verdade, se pensarmos bem, não é difícil entender nada do que aconteceu.


 


-Então me explica – Hayden cruzou os braços – Porque eu e Zéllie estamos por fora.


 


-Se pensarmos bem, apenas metade dos rebeldes foram punidos – ele começou – Se Max ajudou no plano, é porque ele não vai ser punido. O que leva a óbvia conclusão de que ninguém mais vai ser punido...


 


-É isso Col – Zéllie olhou incrédula para eles – Se Max ajudou, ele está no grupo... O que o torna um de nós.


 


-Se eu bem conheço ela... – o coração de Colin começou a bater mais rápido – Ela começou com tudo isso... Ginevra devia ser a líder deles. Isso das fotos, foi assim que ela começou não é? Ela criou um joguinho e selecionou as melhores peças.


 


-Provavelmente por causa dos formandos. Ela gosta de um grupo grande no poder – Hayden observou Colin, que parecia mais branco a cada segundo – Ela vai me dar o posto de capitão de quadribol, já até me prometeu isso. Ginevra vai escolher o capitão de cada time, e torná-los realeza, como toda a escola diz... Assim ela se garante no poder.


 


-Ela jamais faria isso com você – Dakota olhou séria pra ele, ignorando a conversa de Hayden e Zéllie, que estavam apostando nomes para o posto do time da Sonserina.


 


-Eu sei que não Dakota – ele balançou a cabeça – Não diretamente. Eu fui o dano colateral – ele se levantou abruptamente – Preciso dar uma volta.


 


-Parem com as apostas – Dakota falou para os dois – É óbvio que Max vai ser o novo Draco Malfoy – ela revirou os olhos – Lerdinhos.


 


 ***


 


 Harry olhou frenético o Mapa do Maroto, aterrorizado com o sumiço de Pansy, desaparecida há mais de duas horas. Ele sabia, no fundo de seu coração, que algo estava errado. Muito errado. Rony, Simas, Dino e Neville estavam jogando snap explosivo no chão do quarto, distraídos.


 


-Rony! – Harry chamou, o coração a mil – Pansy está perto do Lago Negro.


 


-Fazendo o que? – Rony o encarou.


 


-Eu não sei... – a voz de Harry falhou – Ela está imóvel.


 


 ***


 


 Colin está tão imerso em seus próprios pensamentos que só viu as duas garotas brigando quando estava quase em cima delas. Ele demorou alguns segundos para realmente entender a cena. Annie parecia enlouquecida, e estava apontando a varinha para Lexie.


 


-Foi ela, porra! – Lexie estava gritando – Ginevra colocou sua cabeça a prêmio.


 


-Eu não vou ser expulsa! – Annie gritou – Está me ouvindo Parkinson vadia? EU NÃO VOU! Antes mato aquela ruiva demoníaca.


 


-Perdeu a cabeça? – Colin falou, calmo, enquanto se aproximava das duas. Que estavam perigosamente perto da grade que ficava naquele lado, depois daquilo apenas o abismo de dois andares – Annie, ameaçar a Lexie só vai piorar sua situação.


 


-Eu não faço ameaças, querido – ela sorriu para ele – Eu cumpro promessas.


 


Holy water cannot help you now
A thousand armies couldn't keep me out
I don't want your money
I don't want your crown
See I've come to burn
Your kingdom down


 Foi tão rápido que Lexie só sentiu o puxão de Colin e um segundo depois ela estava caída no chão. E ele não estava mais em lugar nenhum.


 


-COLIN! – ela gritou enquanto se levantava e corria até a grade. Vários alunos já estavam se aglomerando lá embaixo, rodeando o garoto – NÃO! – Lexie chorou desesperada.


 


 Ela desceu correndo as escadas, chorando cada vez mais. Annie fugiu.


 


 ***


 


 Gina se separou de Draco rapidamente, o coração batendo rápido. Ela tentou ouvir com clareza, mas não entendia nada. Seus lábios estavam um pouco dormentes, depois de tantos beijos, suas roupas desarrumadas. Ela abriu a porta da pequena sala em que os dois tinham se enfiado.


 


-O que você acha que aconteceu? – ele sussurrou, observando os alunos passando.


 


-Não sei Draco – ela se sentia doente – Mas eu estou com um pressentimento tão ruim que me faz querer chorar.


 


 Ela andou pelos alunos, que pareciam correr para um lugar específico. Ela foi seguindo o fluxo, amortecida de medo. Ela sabia, simplesmente sabia, que alguma coisa ruim tinha acontecido.


 


Holy water cannot help you now
See I've come to burn your kingdom down
And no rivers and no lakes can put the fire out
I'm gonna raise the stakes, I'm gonna smoke you out


 


 Nao foi difícil vê-lo caído. Parecendo um anjo, com os cabelos loiros e os olhos mortalmente fechados. Lexie estava ajoelhado do lado dele, chorando.


 


-Calma – Draco a segurou quando as pernas dela começaram a falhar – Calma – ele sussurrou novamente, como um mantra.


 


-Foi a Annie – Lexie gritou com todo o seu fôlego – FOI A ANNIE.


 


-Draco – Gina se virou para ele, torturada – É culpa minha. Foi tudo culpa minha.


 


 Ela chorou contra o ombro dele, sentindo o chão fugir de seus pés. Não Colin, nunca ele. O único bom de todos, o único que não merecia nada de ruim. E era culpa dela, só dela. Que decidira brincar de gato e rato com as pessoas erradas.


 


 ***


 


 Harry e os meninos não demoraram a achar Pansy. Ela estava pálida e desmaiada, mas não aparentava nenhum ferimento. A enfermaria estava um caos quando eles chegaram. Rony olhou feio para Gina chorando no colo de Draco.


 


-O que houve com ela – Draco perguntou sem mexer um músculo, tudo para não incomodar Ginevra – Quem machucou a Pansy?


 


-Como é? – Gina ergueu a cabeça.


 


-Ela estava desmaiada – Harry falou, parecia prestes a explodir de raiva – Eu achei um bilhete com ela.


 


-Foi a Faith – Gina suspirou, sem nem mesmo precisar perguntar – Pansy tinha uma dívida com Faith, e as duas às vezes se encontravam.


 


-Que dívida? – Harry perguntou.


 


-Nada demais – Gina levantou – Lexie, não vou demorar. Qualquer coisa chama a Delilah, ela sempre sabe onde me encontrar.


 


-Não precisa ir atrás da Annie – Lexie falou baixinho, ainda não conseguia parar de chorar – Minerva já a expulsou, a Dakota me contou.


 


-Não é ela – Gina suspirou e encarou a todos. Draco e seu olhar preocupado, Harry e Rony, Lexie e Colin... – Eu vou resolver um último problema.


 


-Você não vai atrás da Faith – Draco a segurou pelo braço – Ela está fora de controle.


 


-Não é isso – Gina mentiu. Tão rápido e fácil... Ela estava ficando acostumada – Volto em vinte minutos.


 


-Gina – Pansy chamou da maca em que tinha sido deitada – Eu preciso falar com você...


 


-Pansy – Gina se aproximou e abaixou o tom de voz, para que ninguém ouvisse – Eu sempre soube que você tinha mandado o bilhete anônimo ao Blaise, me dedurando no outono – ela ignorou a cara chocada de Pansy e continuou – Você realmente achou que eu não a veria me seguindo? Se eu soubesse que a Faith tinha estado te chantageando com isso, teria falado antes.


 


 Pansy não conseguiu proferir uma palavra sequer. Ela se sentia a mais burra das burras. A estúpida sonserina que achou, um dia, que tinha passado a perna na rainha.


 


 ***


 


 Ginevra não tinha se tornado uma líder do dia para a noite. Ela tinha jogado com o próprio coração, machucando-o profundamente no processo. Ela sabia dos sacrifícios necessários... Ela sabia de tudo o que teria que fazer para seu final feliz. Que poderia nem ser tão feliz afinal.


 


Seven devils all around me
Seven devils in my house
See they were there when I woke up this morning
I'll be dead before the day is done


 Ela tocou o bolso da calça jeans, sentindo o pequeno vidro com a poção que Snape preparara especialmente para Faith. Sua melhor amiga. Enquanto andava pelos jardins, rumo a Floresta Proibida, Gina não conseguia deixar de pensar nela.


 O verão, em que a inocente Faithie sequer tinha coragem de matar aula... Até que Gina pediu que ela saísse com Hayden, só para magoar Lexie. O que a colocou na linha de fogo da Branca de Neve Malvada. E ela respondeu com a mesma potência, com a mesma força e avidez. Então Faith foi mudando, lentamente a princípio, mas desenfreadamente no final.


 Faith pode ter sido a simples coadjuvante no início... Mas ela foi muito além disso com o passar do tempo. Ela tinha sua própria história, e era a única protagonista dela.


 


-Faith! – ela gritou quando entrou na floresta.


 


 O lugar parecia abandonado, mas escondia muitos horrores. Gina continuou gritando por ela, indo cada vez mais fundo. Depois de andar por meia hora floresta adentro, encontrou um estranho lago. Ele era pequeno, mas parecia ter mil metros de profundidade. A água tão preta como piche.


 


Seven devils all around you
Seven devils in your house
See I was dead when I woke up this morning
I'll be dead before the day is done
Before the day is done


-Eu amo esse lago – uma vozinha sussurou, parecia estar rodeando Ginevra. Era a voz de Faith, mas parecia mais dura, mortal – Descobri por acaso, enquanto caminhava por aqui.


 


-Você está doente, precisamos conversar – Gina girou, tentando encontrá-la.


 


-Bem... Eu não quero conversar! – Faith falou enquanto surgia na frente de Gina, quase matando-a de susto – Eu me sinto ótima.


 


-Colin está machucado – Gina a encarou. Os olhos de Faith estavam vermelho e ela estava com duas imensas asas negras – Precisa de nós.


 


-Eu gosto dele – ela murmurou, pensativa – O bom garoto. Não merecemos um amigo assim Ginevra, não mesmo. Você pode ser a única maçã verde do cesto, mas ele é a única maçã saudável.


 


-O que são essas asas? – Gina perguntou enquanto observava a amiga andar distraidamente pelo lago, seus pés flutuando acima da água.


 


-Elas surgiram – Faith deu de ombros – Mas o Tad sempre consegue ver. Estranho não? Hoje você está vendo, mas é porque eu quero.


 


-Há quanto tempo você as tem?


 


-Muito tempo... Pouco tempo... Quem se importa com a porra do tempo? – Faith aparatou na frente dela – Não quero mais conversar, vá embora.


 


And now all your lies will be exorcised
And we will find your sayings to be paradox
And it's an even sum
It's a melody
It's a final cry
It's a symphony


-Não vou embora. Você é minha melhor amiga, e precisa de ajuda!


 


-Você é uma péssima amiga – Faith sorriu – Você nos usa para atingir seus próprios propósitos. Aposto que é sua culpa a doença do Colin, seja lá o que for que ele tem.


 


 Gina olhou, horrorizada, como a água do lago foi ficando cada vez mais vermelha, tão vermelha quanto os olhos de Faith. A fraca luz da lua conseguia iluminar os milhares de olhinhos brilhantes. Eram aranhas.


 


-Ainda assim, sou sua amiga – Gina andou até ela, que tinha voltado para perto do lago – Eu só quero te...


 


-PARA! – Faith gritou e Gina foi arremessada contra uma árvore. Suas costas batendo dolorosamente – VÁ EMBORA! Eu não preciso da sua ajuda, nem da de ninguém.


 


-Você não é a Faith, eu sei disso – Gina atirou de volta, irritada – Deixa a minha melhor amiga em paz! Você quase destruiu o Tad.


 


-Tad se destruiu – Faith abriu um sorriso dolorosamente cruel – A magia negra se apodera só de quem pratica sem controle, de quem é ambicioso demais... Faith tem tanto potencial... É uma garota incrível.


 


 Gina sentiu a garganta começar a fechar enquanto seu corpo era erguido e prensado contra a árvore. Antes que fosse tarde demais ela enfiou a mão no bolso e arrancou o pequeno vidrinho. Faith a barrou com facilidade, rindo o tempo todo de sua débil tentativa. O vidro caiu no chão, derramando todo o líquido marrom.


 Faith nem mesmo percebeu que Gina estava mexendo novamente no bolso, mas dessa vez pegando uma agulha. Tarde demais, ela percebeu quando sentiu o braço queimando e a agulha espetada nele. Agulha que agora estava vazia.


 


Seven devils all around you
Seven devils in your house
See I was dead when I woke up this morning
I'll be dead before the day is done
Before the day is done


(Seven Devils – Florence and The Machine)


 


-O QUE VOCÊ FEZ? – ela gritou, possessa.


 


 Começou a ventar, tão forte que parecia chacoalhar toda a floresta. Mas o pior eram os pássaros. Eles cantavam tão alto, ou talvez chorassem, que Gina queria tampar os ouvidos. Ela estava respirando devagar, só um pouquinho de ar entrava... A última coisa que ela viu, antes de desmaiar, foi a luz branca envolvendo-a.


 


 ***


 


 O vento parou subitamente, assim como o choro irritante dos pássaros. De repente era apenas o silêncio. E a respiração ofegante das duas garotas. Elas estavam caídas lado a lado, rodeadas por dezenas de galhos e folhas caídas. A cena toda era uma completa bagunça. Na relva era possível ver o encontro dos cabelos vermelho fogo de Gina e os cabelos escuros de Faith. Cores tão distintas... E estranhamente corretas.


 Elas estavam exaustas demais, até mesmo para começar a falar. Um tempo se passou. Talvez meia hora. Faith quebrou o silêncio.


 


-Que porra você me deu? – ela não parecia irritada ou feliz, só soava indiferente.


 


-Uma coisinha especial feita pelo Snape – Gina sorriu levemente – Isso vai abaixar o fogo em você. Ou pelo menos controlar.


 


-Eu ainda sinto a magia – ela suspirou e ergueu uma mão no ar – Sinto correndo na ponta dos meus dedos... Mas é mais como um rio parado.


 


-Snape disse que você é diferente de nós, por isso a magia saiu do Tad direto pra você – Gina observou Faith girando os dedos e balançando devagar um galho bem acima da cabeça das duas – Disse que nunca viu nada assim, que você é incrível – as duas riram juntas – De qualquer forma, a poção extinguiria a magia negra em qualquer outra pessoa, já em você...


 


-Ela ameniza, torna controlável – Faith entendeu. O galho balançava, mas Faith entendia que jamais conseguiria dobrá-lo ou até mesmo parti-lo ao meio – Sabe rainha... Eu gostaria de saber como foi que viemos parar nisso.


 


-Não sei te explicar isso – Gina fechou os olhos – Você sabe o que fez comigo quando me lançou naquele buraco de luz branca?


 


-Não.


 


I take as much as I can get
I don't take any regret
I close my eyes to conjure up something
But it's just a faint taste in my mouth


-Você me levou para uma realidade alternativa Faithie – Gina continuava de olhos fechados, ainda pensando em todas as imagens – Eu nos vi... Vi o que teria acontecido se eu e Terrence não tivéssemos nos encontrado perto do lago no verão.


 


-Como estamos?


 


-Tão diferentes que eu não saberia explicar – duas pequenas lágrimas deslizaram suavemente pelo rosto de Gina – Espero que eu tenha feito a escolha correta Faithie, espero que a felicidade esteja no final do caminho. Espero que eu não tenha errado tanto deixando Draco para trás, sempre tão focada em mim mesma.


 


By tomorrow I'll be leaving
By tomorrow I'll gone
If you want to tell me something
You had better make it strong


 


-Acho que nós saberemos só no futuro – Faith segurou a mão da melhor amiga – Daqui cinco, seis anos. Tudo vai ser diferente.


 


-Tudo vai ser melhor – Gina abriu os olhos e virou a cabeça para olhar Faith. As duas sorriram – Talvez Draco ainda me ame quando eu me formar... Então poderemos ficar juntos. Eu só queria não amar ele... Seria tão mais fácil.


 


-Vamos consertar tudo... – Faith garantiu, os olhos fixos no céu – Acho que ficamos apagadas por muito tempo. Olha só... Está amanhecendo.


 


'Cause I think I'm coming down
I think I'm coming down


-Eu amo ver o amanhecer – Gina fixou os olhos no céu... No azul que ia ficando mais e mais claro... Como os olhos de Draco Malfoy.


 


-Eu fiz coisas terríveis – Faith suspirou – Estou com medo de lembrar de tudo.


 


-Vai dar tudo certo – Gina segurou a mão dela, tentando dar apoio – Vamos resolver juntas. Melhores amigas, lembra? Melhores amigas pra sempre. Vai ser um mundo diferente hoje – Gina sorriu – Vai ser melhor. As coisas vão melhoras... Colin vai ficar bem, você já está bem... Tudo está se encaixando como eu tinha previsto desde o começo.


 


-Você brincou com muita gente, nesse joguinho de gato e rato.


 


-Descobriu tudo? – a rainha riu, divertida – É claro que sim. Esqueci que você é um gênio do mal. Foi arriscado, confesso... Mas no fim tudo deu certo.


 


-Exceto pelo Colin.


 


-É – ela suspirou, o coração doendo pelo melhor amigo – Exceto por ele.


 


-Conseguiu tudo o que queria?


 


I think I'm coming down (Here I go)
I think I'm coming down (Here I go)


-Consegui tudo o que eu achei que queria, Faith – ela confessou – Eu sei que é tarde demais para querer ter um relacionamento com Draco. E sei que eu não vou segurar a barra de um namoro a distância. Talvez se desde o começo, quando ele queria... Se eu...


 


-Não fica pensando no que poderia ter acontecido.


 


 Ao longe, elas podiam ouvir pessoas gritando seus nomes. Procurando-as. Eles chegariam lá em pouco tempo, Faith previu. Agora só algumas poucas estrelas apareciam, o sol estava começando a tomar conta do céu.


 


-Teremos que explicar muita coisa – Gina riu – Muita coisa.


 


-Estou feliz por ter acabado tudo – Faith suspirou. Eu estava perdendo o controle, mas não podia parar. Não conseguia... E não queria também. O poder é tentador.


 


-Nem me fala.


 


-Me diz só uma coisa... Nessa outra realidade, em que você não encontrou o Terrence... Você e o Draco...


 


-Nós estávamos juntos. Não sei como ou o porque... Mas mesmo nessa outra realidade, em que eu sequer tinha me envolvido em guerras de poder, ou começado a sair com o Terren... Draco tinha me encontrado. Nós estávamos juntos. E felizes... Tão felizes que me dói pensar em nunca ter isso. Ele é o homem da minha vida Faith, o único.


 


Yes, I think I'm coming down
Yes, I think I'm coming down


(Coming Down - Dum Dum Girls)


 


 


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N/A - Gente já aviso que revisei muito rapidamente os esse e o cap 20, então perdoem possíveis erros de digitação. Bom, agora falta só o último capítulo...  Que eu prometo ser bem emocionante. É isso. Desculpem a demora de sempre, mas terminei a facul, aí tive formatura, sábado é meu níver. Correndo loucamente.


Espero que vcs amem os caps, pq eles estão no meu top 10. bjooo

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Comentários (1)

  • Laninha Zappa

    DEMORA, MAS VALE TÃO A PENA ESPERAR PRA LER ESSA FIC... VOCÊ TÁ DE PARABÉNS!!! 

    2014-02-06
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