Amor Mais Forte que a Morte



 


 


É, eu sei... Desaparatei por longos dias. Mas a vida se impõe com suas urgências e nos obriga a deixar o hobby de lado. Estou de volta para oferecer a vocês este penúltimo capítulo, preparado com muito carinho. O texto é levemente melancólico e nostálgico, já que tem sabor de despedida, mas também romântico. Afinal, depois de tão longa espera, não vou mais deixar Ron e Mione se separarem (risos). Mesmo se em plena guerra, o amor fala mais alto. Não custa lembrar: o verdadeiro amor é mais forte que a morte, ultrapassa tempo e espaço, fica para a eternidade.


Boa leitura!


Morgana 


* * * * *


 


 


 


 


 


Derrotar Voldemort era uma missão mais difícil do que imaginavam. Essa foi a conclusão de Ron e Hermione ao voltarem da Casa dos Gritos após testemunhar o assassinato de Severo Snape. A voz sinistra do Lorde das Trevas anunciou uma hora de trégua para que velassem os mortos e cuidassem dos feridos. O ruivo sabia exatamente onde queria estar e a menina não o deixaria sozinho.


Como podia experimentar, em espaço tão curto de tempo, a felicidade mais extraordinária e a dor mais dilacerante? Ronald Weasley não tinha uma resposta. Há cerca de três horas, ele e Hermione trocaram o primeiro e inesquecível beijo e, logo depois, o segundo e ainda mais maravilhoso beijo. Continuaria inebriado assim se não fosse a dura realidade da guerra e da morte.


Perder Fred era como ter arrancada uma parte do coração. A dor permaneceria para sempre. Mas para além da angustiante tristeza, havia uma razão de esperança, algo que o fazia querer lutar e manter-se vivo. Sim, precisava sobreviver para viver aquele linda história de amor que estava apenas começando.


Ron sentia-se egoísta até por ainda temer a morte. Mas Hermione precisava dele, do amor que apenas o ruivo e mais ninguém poderia dar para ela. Percebia isso no olhar da menina, no jeito aflito com que mordia os lábios, revirava os olhos, pronunciava o seu nome. Como era apaixonado por aquela bruxa inteligente, cabeça-dura, com um talento ímpar para os feitiços, tensa e doce em igual medida.


Abraçado aos pais, que haviam se ajoelhado junto ao corpo de Fred, o mais jovem dos Weasley permitiu-se chorar. Logo seus olhos alcançaram Hermione que, em meio a lágrimas, consolava Gina. A morena amava os Weasley, uma família composta por bruxos de coragem e caráter. Naquele momento de grande dor teve oportunidade de abraçar a cada um, variando apenas a intensidade do gesto segundo o grau de intimidade existente entre eles.


Carlinhos a saudou com um abraço forte, Percy foi apenas cortês, mas ela percebeu, pelo tremor do corpo, o quanto o rapaz estava abalado. Gui e Fleur, com quem Mione estabelecera um belo relacionamento ao longo do mês que ficou hospedada no Chalé das Conchas, a cumprimentaram de forma calorosa. O casal Molly e Arthur Weasley continuava ajoelhado junto ao filho morto, agora sem a companhia de Ron, e a bruxinha sentiu que aquele era o momento de se aproximar dos dois.


Observou que Ron estava sentado no chão, abraçado a Jorge, que tinha a cabeça escondida nos joelhos. Hermione se agachou e colocou os braços nas costas de Molly e Arthur, sem saber o que dizer. Foi envolvida pelo abraço daqueles que considerava os seus segundos pais, em um inesperado gesto de acolhida. Ficou ali em silêncio, achando desnecessárias as palavras. Sem planejar, acabou falando com simplicidade: “Estou com vocês. Sempre. Para o que precisarem”.


- Vamos precisar muito de você, minha filha – disse Molly dando uma fungada.


- E o Ronald também. Vocês estão namorando? – Arthur fez a pergunta mais inusitada da face da terra, pelo menos para um momento como aquele.


- Er... Sim. Quer dizer, acho que sim... Quando essa guerra terminar, penso que sim – respondeu a menina com a confusão de quem ainda não sabe muito bem definir um relacionamento que apenas começara.


Faltava falar ainda com Jorge e a bruxinha achava que isso seria o mais difícil. Ele agora estava de pé, conversando com Carlinhos. Ron abraçava Gina, ambos chorando copiosamente. Respirando fundo, para tomar coragem, Mione aproximou-se do gêmeo que sobrevivera.


Não precisou dizer nada. Jorge a puxou para um abraço apertado, mas breve. Os olhos do ruivo estavam inchados, mas ainda assim ele deu um meio sorriso e a mirou de um jeito maroto antes de disparar: “Fred me garantiu que você e Ron já se beijaram. Não faz essa cara. Estou falando mesmo daqueles beijos na boca apaixonados e demorados que os trouxas adoram mostrar em seus filmes. É verdade?”.


- Jorge! Que pergunta mais sem noção! – a menina protestou com o rosto escarlate.


- Preciso saber disso. Foi a última coisa que Fred me falou. Será que estava apenas brincando, como sempre?  – insistiu Jorge.


- É... Ah, que coisa! Por que não pergunta ao Ron? Er... Tá bem, a gente se beijou. Mas não fica rindo assim – Mione confessou, mesmo se envergonhada, movida pela intuição de que assim poderia dar algum conforto a Jorge.


- Tudo bem. Vou me controlar. Mas antes me responde: quem tomou a iniciativa, você ou Roniquinho? – contra-atacou.


A menina ficou admirada ao ver que, mesmo naquele momento de dor mais absurda, ele encontrava forças para sair de si e fazer graça. “Pergunta ao Ron, o.k? Já falei demais”, retrucou para logo depois concluir, com a voz suave: “Fica bem, Jorge. Você é muito importante para todos nós”.


- Estou tentado. E saber que o lerdo do meu irmãozinho finalmente fez o que já devia ter feito desde quando estava no quarto ano já ajuda um pouco – garantiu dando uma piscadela.


Jorge foi logo abraçado por Carlinhos, que não tinha se distanciado dos dois. Chegou também Gui, acompanhado de Fleur, para ficar junto dos irmãos. Enquanto isso, Gina e Percy abraçavam Molly e Arthur. Era incrível ver como aquela família se amava e cada um procurava confortar os demais. Fred faria sempre falta, ficaria um vazio que nada poderia preencher, mas pelo menos teriam o amor um do outro.


Hermione percebeu que Ron estava sozinho e caminhava em sua direção. Algo se aqueceu dentro da menina ao contemplar aqueles olhos azuis límpidos, mesmo se vermelhos de tanto chorar. O ruivo a abraçou com força e começou a acariciar os cabelos dela, sem se importar se estavam sujos de poeira e fuligem. Com aquele gesto parecia assumir pela primeira diante dos demais Weasley o sentimento que tinha por Mione.


- Você é o que existe de melhor na minha vida. É por você que vou lutar, com todas as minhas forças, para acabar logo com essa guerra – sussurrou aos ouvidos da morena que se sentiu, naquele momento, a pessoa mais feliz do universo.


Quando se desprenderam daquele abraço apertado e molhado de lágrimas, os dois observaram que Minerva conversava com o casal Weasley. Gina se aproximou para falar com Hermione enquanto Ron foi para perto dos pais e da diretora da Grifinória, que estava acompanhada por um senhor de longa barba cinza. “Esse é Albert Jenkins, sacerdote bruxo que veio à Escola, a meu pedido, fazer preces mágicas pelos nossos mortos”, esclareceu a professora de Transfiguração.


Logo todos formaram um círculo ao redor de Fred, que flutuava agora sobre um leito iluminado e enfeitado por lírios brancos, conjurado por Minerva. A professora se afastou para conversar com outro grupo que velava um aluno da Lufa-Lufa perdido na batalha.


Ladeado pelos pais, que o envolviam em um forte abraço, Jorge ficou bem próximo ao irmão gêmeo. Gina foi abraçada por Fleur e Gui, Percy, que parecia o mais abalado de todos, por Ron e Carlinhos. Tudo indicava ser o remorso por ter permanecido tanto tempo longe da família que levava Percy a sentir aquele quase desespero. Os demais, mesmo se muito tristes, pareciam estar em paz.


Um pouco mais afastada do grupo, Hermione se sentiu estranhamente sozinha de repente. Começou a tremer, não sabia se de frio, medo ou tristeza. Foi quando olhou ao redor e não viu Harry. Teve o impulso de sair dali e ir procurar o amigo. Mas um ímã de cabelos vermelhos e olhos azuis, que atendia pelo nome de Ronald Billius Weasley, não permitiu a seus pés desgrudarem do chão.


A companhia dos pais e irmãos, que tanto amava, já não era suficiente para Ron. Ele sentia falta de Hermione. Pediu licença a Percy e Carlinhos antes de chamá-la para perto com um aceno de mão e leve balançar da cabeça. Mione foi até o rapaz que a envolveu com seus braços fortes. O frio e o medo da menina passaram no mesmo instante, a tristeza foi amenizada. Tudo parecia se equilibrar quando os dois estavam perto um do outro.


Enquanto a oração mágica prosseguia, o ruivinho tinha o queixo colado no topo da cabeça de Mione e a abraçava pela cintura. Não suspeitavam que os demais Weasley sentiam um leve conforto no meio daquele dor profunda ao vê-los juntos. Afinal, todos eles torciam pelo namoro de Ron com Hermione.


Molly, de mãos dadas com Arthur, comentou que os dois jovens formavam um lindo casal. Lançou um olhar de cumplicidade ao marido e acrescentou: “Ronald precisava de alguém assim, firme em seus posicionamentos, responsável, forte e acolhedora”. O patriarca daquela família deu um fraco sorriso. “Nosso filho amadureceu muito nessa missão e tornou-se um homem”, afirmou com a voz embargada.


Após a prece mágica ser concluída, Ron e Hermione tiveram as suas atenções voltadas para dois outros bruxos que estavam sendo velados. O casal Tonks e Lupin ocupava um mesmo leito flutuante e tinha as mãos muito próximas, como se tivessem sido desprendidas há pouco. Mione pensou não ter mais lágrimas a derramar, mas logo voltou a chorar intensamente. O ruivo, que trazia ainda os olhos muito vermelhos, abraçou-a com carinho.


- Eles morreram de mãos dadas – disse uma voz etérea.


Os dois giraram os rostos para o lado, ainda abraçados, e avistaram Luna. A jovem tinha os cabelos longos e louros mais chamuscados que os deles e um grande corte próximo ao queixo.


- Eu vi quando aconteceu. Lupin e Tonks estavam no jardim de Hogwarts e foram cercados por seis Comensais. Eles se deram as mãos e disparam feitiços. Morreram juntos e lutando. Dizem que casais que se amam desse jeito permanecem unidos por toda a eternidade. Meus pais eram apaixonados um pelo outro e, quando se encontrarem na outra dimensão, tenho certeza que será assim – falou a menina que aprenderam a admirar pela inteligência e por dizer, sem medo, as verdades nas quais acreditava.


- Sempre admirei o amor deles e, especialmente, a coragem de Tonks que enfrentou tudo e todos para ficar com Lupin – comentou Hermione.


Ron preferiu ficar em silêncio. Mesmo se não era romântico, o ruivo sentiu um aperto no coração ao saber que os dois haviam morrido juntos. “Fico pensado no pequeno Ted. Perder os pais assim tão cedo...”, lamentou Hermione enxugando as lágrimas com a mão. “Harry não é padrinho dele? Tenho certeza que vai cuidar muito bem do Ted. Bem, devo ir agora. Já vi que têm muitos zonzóbulos e heliopatas hoje em todo castelo e preciso ajudar a deter alguns”, disse Luna.


- Espera, Luna. Você não sabe onde está o Harry? – perguntou Ron dando voz à preocupação que acompanhava também Hermione.


- Não vejo Harry há um bom tempo. Talvez esteja conversando com algum fantasma – arriscou.


Faltavam vinte minutos para terminar a hora de trégua decretada por Voldemort. Apesar de procurar dar o máximo de atenção e conforto aos Weasley, especialmente a certo ruivinho, Hermione lembrara o tempo todo de Harry.  “Ron, eu desconfio que ele possa ter ido para Floresta Proibida sozinho”, Mione afirmou temerosa.


- Eu não desconfio disso não. Tenho certeza que ele foi para lá – enfatizou Ron.


- O que vamos fazer? É muito perigoso...


- Você não vai fazer nada. Quer dizer, vai ficar aqui com a minha família. Eu vou atrás do Harry – o ruivo mostrou decisão já começando a se afastar da menina.


- Espera Ron! – ela falou alto – Essa é uma ideia suicida. Você não pode ir para lá sozinho, sem ter sequer um plano.


- Mione, eu não pude fazer nada por Fred. Não vou me perdoar se não tentar ao menos ajudar o Harry – explicou.


- Quem disse que essa é a melhor forma de ajudar Harry? Nem temos certeza se ele está lá – ponderou aflita.


- Mas onde mais ele pode ter ido? Se estivesse no castelo, com certeza ficaria aqui com a gente – analisou.


Por mais que estivesse profundamente preocupada com o amigo, a menina jamais deixaria Ron ir sozinho à Floresta Proibida. Por isso não perdeu tempo e alcançou o ruivo, segurando-o pelo braço. “Vamos procurar Neville. Acho que ele pode saber onde está o Harry”, ela sugeriu.


- Você vai procurá-lo. Eu irei atrás do Harry – Ron respondeu convicto.


- Não, Ron. Quando estávamos atravessando a passagem do Cabeça de Javali para o castelo você prometeu que não ia sair de perto de mim. Se for até lá, irei com você – argumentou decidida.


- Então vamos procurar Neville juntos. Se eles não souber do Harry, decidimos o que fazer – aceitou, dando a mão à menina e começando a caminhar.


Ao olhar para trás e ver aqueles vultos de cabelos vemelhos ainda muito próximos, Mione sentiu um aperto no coração. Perguntou a Ron se não achava que deviam avisar aos pais dele que iriam procurar o amigo. “Acho melhor não. Os dois já têm preocupações suficientes”, ele justificou.



xxx
 


Depois de caminharem alguns minutos que pareceram horas face ao sentimento de desolação provocado pela destruição de grande parte da escola, Ron e Mione finalmente encontraram Neville. O ruivo foi direto ao assunto, perguntando se o amigo sabia de Harry.


- Estive com ele cerca de 10 minutos depois que o Lorde das Trevas anunciou que cessariam o ataque. Ele pediu para eu ajudar vocês a matar a cobra que acompanha sempre Voldemort – respondeu Neville mostrando que também perdera o medo de falar daquele que não deve ser nomeado.


Hermione não conseguiu evitar um longo suspiro. Seus piores medos pareciam se confirmar. Harry havia seguido para a Floresta Proibida sozinho e, temendo fracassar, tinha delegado a Neville a missão de matar a cobra. “Tudo bem com vocês?”, o rapaz questionou diante do silêncio e dos rostos assustados de Ron e Mione.


- Ah, sim. É que matar a cobra é muito difícil. Ela está sempre acompanhada de Voldemort – disse Ron surpreendendo Hermione ao falar o nome que sempre o amedrontara.


- A minha avó me falou de um feitiço, dos mais antigos e tenebrosos que existe. Disse que só pode ser executado por bruxos muito poderosos e maus, que não têm qualquer sentimento de misericórdia. Ela não explicou muito bem como acontece, mas contou que com esse feitiço a pessoa pode transferir parte da alma para algum objeto ou animal – afirmou Neville para espanto do casal de amigos.


Enquanto pensavam em uma resposta, Neville voltou a falar. “Vocês acham que essa cobra...”, começou, sendo cortado por Hermione. “Não importa, não é mesmo? Precisamos ajudar Harry a matar a cobra, seja lá por qual for o motivo”, replicou a menina.


- Neville, você acha que Harry pode ter ido para a Floresta Proibida? – Ron por fim perguntou.


- Como assim? O que faria lá? Harry sempre foi combativo. Jamais se renderia – ponderou Neville.


- Não temos certeza. Mas achamos que pode querer enfrentar o Lorde das Trevas sozinho. Ele teve muitas aulas particulares com Dumbledore ao longo do sexto ano. Aprendeu feitiços dos quais sequer ouvimos falar – argumentou Ron para cortar de vez aquela conversa.


- Eu preciso ir procurar pelo Simas. Mas ficarei atento para não deixar a cobra escapar...


- Ela está sempre com o Lorde das Trevas. Você vai precisar enfrentá-lo para matar a cobra – explicou Ron.


- Voldemort não me amedronta. Como posso me intimidar diante de alguém que conquista aliados pelo medo que espalha e não pela força dos seus ideais? – garantiu Neville enquanto se distanciava dos amigos.


Os dois ainda olhavam Neville se afastar quando Ron falou: “Eu vou até a Floresta, Hermione”. A menina não ficaria longe do ruivo, muito menos agora que ele havia admitido que a amava. “Vamos juntos então. Mas antes acho importante pedir um apoio à professora Minerva. Ela é quem está liderando a defesa do castelo e poderá nos ajudar”, enfatizou Mione.


Ron achava aquilo uma perda de tempo, mas, vendo a aflição da menina, resolver aceitar a sugestão dela. Voltou a dar a mão a Mione e caminharam apressados pelos corredores de Hogwarts.


Foi mais fácil do que imaginavam encontrar a professora. Minerva McGonagall andava rapidamente e trazia a fisionomia tensa. “Granger! Weasley! Que bom encontrar vocês. Onde está Harry?”, a diretora da Grifinória perguntou com urgência.


- Acreditamos que foi para a Floresta Proibida. Ron quer ir até lá. Eu disse que vou com ele, mas queria saber se a senhora pode mandar reforços para nos ajudar – falou Mione sem conseguir esconder o seu nervosismo.


- Vocês serão mais úteis aqui. O período de trégua previsto pelo Lorde das Trevas está terminando. Vou localizar Hagrid, que conhece aquela floresta como ninguém, e pedir ajuda a ele – afirmou Minerva.


Parados no meio do corredor, ainda de mãos dadas, Ron e Mione se entreolharam tentando decidir o que fazer. A professora já começava a caminhar, mas voltou-se para os dois. “Sempre achei que formariam um belo casal”, comentou.


- Professora, não é... quer dizer, eu fiz tudo como a senhora recomendou e... – Hermione, com as faces muito vermelhas, tentou justificar.


- Tudo bem, senhorita Granger. Tenho certeza que as escolhas que fizeram foram as mais acertadas. Quando agimos com o coração, não nos enganamos – disse a professora voltando a andar apressada.


O ruivo abriu um lindo sorriso para a menina, deixando-a ainda mais desconcertada. Achava que ela ficava especialmente bonita quando corava daquele jeito. “Você sentiu vergonha da professora porque a gente está de mãos dadas?”, ele questionou. “Ron, é que Minerva recomendou que nós dois não... Quer dizer, ela na verdade quis dizer...”, começou Hermione incerta se devia falar daquele assunto.


- Eu já sei. Ela recomendou que nós dois não começássemos a namorar antes de terminar a missão delegada por Dumbledore – Ron completou.


- Ah, você sabe – Mione respondeu vacilante antes de demonstrar grande surpresa. – Como assim você sabe, Ron?!


 - Melhor deixar esse assunto para depois. Agora não temos tempo. Vamos até a entrada do castelo e lá decidimos o que fazer – desconversou.


Quando já chegavam ao pátio principal de Hogwarts foram surpreendidos por aquela amaldiçoada voz, que desejam nunca mais ouvir, magicamente amplificada. Voldemort garantia com cinismo que Harry Potter havia sido morto quando covardemente fugia enquanto os demais bruxos lutavam.


O jovem casal ficou paralisado. O Lorde das Trevas mentia. Ron e Hermione conheciam o amigo muito bem e sabiam que ele jamais fugiria. Voldemort também blefava ao dizer que Harry estava morto? Essa era pergunta que o rapaz se fazia ao ver a menina tremer ao seu lado e se escorar em seu braço. “Não pode ser verdade. Não pode ser verdade”, ela repetia chorando copiosamente. “Calma, Mione. Vamos para fora do castelo. Precisamos ser fortes”, afirmou o ruivo, que também tremia interiormente, envolvendo-a em um abraço.


No momento que chegaram ao saguão de entrada de Hogwarts, que dava acesso ao jardim e onde já se encontravam muitos alunos e professores, voltaram a escutar a voz ofídia. Ron sentiu revolta ao ouvir Voldemort falar que os bruxos das trevas haviam vencido e todos deviam se ajoelhar perante ele. Jamais faria aquilo. Preferia morrer a se curvar diante do mal. “Mione, nós não vamos nos render. Aconteça o que acontecer com Harry, precisamos ficar juntos e lutar até o fim”, enfatizou o rapaz que agora já não conseguia mais conter as lágrimas.


As grandes portas do castelo se abriram. Puderam avistar um macabro cortejo fúnebre a cerca de 10 metros de distância. À frente de todos, o meio-gigante Hagrid carregava Harry Potter, o Menino-que-Sobreviveu, a grande esperança do mundo mágico de vencer os bruxos das trevas, desacordado em seus braços. Atrás do Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts, seguiam Voldemort com Nagini em seu pescoço e um séquito formado por dezenas de Comensais da Morte.


Um grito ficou suspenso, por alguns segundos na garganta de Mione, que abraçou com mais força o ruivo. “NÃO!”, berrou a professora Minerva, a primeira a sair do castelo e avançar para os jardins. Escutaram uma risada alta e maligna ecoar em seguida. Era Belatriz Lestrange, a bruxa que havia torturado até a loucura os pais de Neville, matado Sirius Black, lançado a maldição Cruciatus sobre Hermione. Se existia alguém a quem Ron odiava, essa pessoa era Belatriz. Mas ali, diante do amigo que parecia morto, ele não pôde conter o próprio desespero.


- Não! Harry?! Não pode ser – gritou o ruivo


- Não! Harry! HARRY! – foi a vez de Hermione berrar, ainda mais alto, desvencilhando-se do abraço do ruivo para correr até o amigo que julgava morto.


Ron segurou Hermione com força. Sabia que os Comensais não pensariam duas vezes antes de lançar um feitiço em alguém que ousasse se aproximar de Voldemort, ainda mais se fosse uma nascida-trouxa. A menina encostou a cabeça no peito do ruivo, que a envolveu em seus braços, e os dois deixaram cair algumas lágrimas pesadas. O grito desesperado de Gina só fez aumentar a dor do casal que, se afastando um do outro, voltou a acompanhar aquela cena triste. Logo os dois escutaram outras vozes exaltadas, xingamentos aos bruxos das trevas, palavras de incentivo à resistência e à luta.


- SILÊNCIO! — exclamou Voldemort. — Estão vendo? Harry Potter está morto! Entenderam agora, seus iludidos? Ele não era nada, jamais foi, era apenas um garoto, confiante de que os outros se sacrificariam por ele!


Era mentira! Harry era o jovem bruxo mais corajoso do qual Ron já ouvira falar. Nunca tivera medo de Voldemort e muitas vezes arriscara a vida para salvar o mundo mágico. A revolta diante daquela inverdade e, especialmente, da covardia do Lorde das Trevas que só enfrentara o Menino-que-Sobreviveu acompanhado de seu exército de Comensais, fez o ruivo gritar: “Ele o DERROTOU”!


Com o objetivo de abafar os gritos que se seguiram, Voldemort lançou outro feitiço. Não conseguiu calar a revolta dos alunos, professores de Hogwarts e bruxos da Ordem da Fênix que vieram ajudar a derrotar os Comensais. Ainda assim, fez questão de prosseguir com sua mentira, dizendo que Harry havia sido morto tentando sair escondido dos terrenos do castelo.


Aquelas acusações falsas faziam o sangue dos dois amigos ferver de revolta. Hermione ergueu a varinha pronta a lançar o mais terrível feitiço no Lorde das Trevas. Novamente foi detida pelo ruivo que, geralmente, era mais impulsivo que a menina. “Não podemos fazer nada agora por Harry. Vamos agir na hora certa”, ele ponderou.


E qual era a hora certa? Antes daquela dúvida que pairava nas suas mentes ser respondida, Neville avançou em direção a Voldemort. Ele empunhava a varinha gritando: “Você é um covarde. Atacou uma família feliz dentro da própria casa. Tentou matar um bebê indefeso. E agora formou um exército para enfrentar estudantes e professores de uma escola de bruxaria”, gritava o autêntico representante da Grifinória.


Voldemort lançou um feitiço que desarmou Neville e o fez cair gemendo de dor no chão. “Quem é esse que está se voluntariando para demonstrar o que acontece com os que insistem em lutar quando a batalha está perdida?”, Voldemort perguntou com sua voz venenosa. Foi Belatriz que respondeu ao seu mestre e, ao saber da linhagem puro-sangue do rapaz, o Lorde das Trevas ainda tentou convencê-lo a se juntar aos Comensais da Morte.


- Eu me juntarei a você quando o inferno congelar. Armada de Dumbledore! — gritou Neville, recebendo vivas de estudantes e professores.


Quando Voldemort ergueu a Varinha das Varinhas, todos imaginaram que lançaria mais um feitiço naquele novo líder da Armada. No entanto, algo inesperado aconteceu. Um pássaro disforme saiu de uma das janelas estilhaçados do castelo trazendo o Chapéu Seletor no bico.


“O que ele pensa em fazer?”, Ron questionou assustado. “Não sei. Mas tenho certeza que não é algo bom”, analisou Hermione apertando a mão do ruivinho. Com espanto, ouviram Tom Riddle anunciar que não haveria mais seleção para as casas. Apenas uma reinaria absoluta, a de seu antepassado Salazar Slytherin.


Com um aceno de varinha, Voldemort fez arder em chamas o Chapéu Seletor, que forçara a entrar na cabeça de Neville. Aquilo já era demais! Ron avançou alguns passos, pronto a enfrentar o mais maldito dos feiticeiros, mas os Comensais agiram com maior rapidez e já apontavam as varinhas na direção dos combatentes de Hogwarts.


A guerra não chegara ao fim, como Voldemort quisera fazer o grupo que estava no castelo acreditar. Escalando os muros ao redor da escola surgiram reforços para os que lutavam contra os Comensais da Morte: gigantes liderados por Grope, centauros, testrálios e até Bicuço, o hipogrifo, entraram no combate.


Hora de voltar à luta. Hermione e Ron ergueram as suas varinhas prontos a enfrentar os Comensais da Morte. Nem perceberam Neville se levantar do chão e, do Chapéu Seletor, tirar uma espada de prata. “Ron, olha!”, gritou Mione quando finalmente avistou o amigo decepar, com um único golpe, a cabeça da serpente Nagini. O ruivo se virou a tempo de ver a cena e, logo em seguida, acompanhar o grito desesperado de Voldemort. Não entendeu, porém, por que a maldição disparada pelo Lorde das Trevas não atingiu o rapaz.


Não podiam imaginar que Harry, escondido sob a Capa da Invisibilidade, lançara um feitiço escudo para proteger Neville. Ainda não tinham se dado conta que o amigo havia desaparecido. Foi Hagrid que deu o alerta, gritando: “HARRY! Onde está Harry”? Não tiveram tempo de pensar em uma resposta. Os gigantes e outras criaturas mágicas que entraram na luta acabaram empurrando os defensores de Hogwarts e os Comensais da Morte para dentro do castelo. Estava começando um novo combate.
 


xxx



Apesar de desejarem lutar juntos, Hermione e Ron foram obrigados a se separar. A menina jamais imaginou que houvesse tantas mulheres entre os bruxos das trevas. E essas más e destemidas feiticeiras pareciam preferir duelar com as representantes femininas da agora grande Armada de Dumbledore.


Participar de um duelo não era algo que atraía Hermione, mas ela sempre tivera grande destreza no uso da varinha e na convocação de feitiços. Por isso não foi difícil vencer a primeira, segunda, terceira, quarta e quinta Comensal da Morte. Mione ouviu um grito agudo. Era Gina que lutava contra Belatriz Lestrange. Ela correu para ajudá-la e logo chegou também Luna.


No canto oposto do grande salão, sem ter tempo sequer para tentar localizar Hermione como tanto desejava, Ron também lutava. Apesar de descender de bruxos valorosos que tinham grandes poderes mágicos, o rapaz nunca se destacara durante os anos de estudo em Hogwarts. Talvez fosse a insegurança de saber que seria difícil superar irmãos tão talentosos, o fato de haver escolhido como amigos os melhores estudantes da turma ou até certo comodismo. Mas desde que iniciara a missão, o ruivo vinha mostrando um grande dom para o duelo.


Depois de estuporar uma dezena de Comensais, Ron agora enfrentava o Lobo Greyback. Tinha muitas razões para querer abater aquele terrível lobisomem que arruinara com a vida de Lupin, deixara profundas cicatrizes no rosto de Gui e, com malícia, tentara atacar Hermione. Não era uma luta fácil. O nefasto ser que já matara muitos bruxos não tinha medo ou piedade. Neville veio ajudar o amigo e, juntos, derrotaram Greyback.


Ron já se empenhava em outro combate e, distante de Hermione, não viu o acontecimento que se seguiu. Belatriz, que ainda lutava com a menina, Luna e Gina ao mesmo tempo, por pouco não atingiu a mais jovem dos Weasley com a Maldição da Morte. Molly assistiu à cena e gritou, avançando decidida até a Comensal. A mãe tão zelosa de sete filhos mostrou o seu poder como bruxa e, sem permitir que mais ninguém se aproximasse ou a ajudasse, duelou bravamente com a “madame” Lestrange.


“Vamos ajudar mamãe. Ele está lutando com Belatriz”, foi o apelo de Carlinhos ao qual Ron atendeu na mesma hora, atravessando velozmente o salão. Os dois rapazes, sem saber que a mãe não aceitaria dividir aquela luta com alguém, chegaram a tempo de ver a sra. Weasley gritar: “Você nunca mais tocará em meus filhos”! A Comensal deu uma gargalhada exultante segundos antes de ser atingida fatalmente no peito por um feitiço disparado por Molly.


A vitória de Molly sobre a terrível Belatriz não surpreendeu Ron, que sabia do bom desempenho da mãe no duelo quando ainda era estudante e, mais tarde, como integrante da Ordem da Fênix. Acima de tudo, porém, o rapaz conhecia a força do amor que ela tinha pelos filhos. Daria a própria vida para restituir a de Fred, se isso fosse possível.


Hermione e Ron estavam novamente frente a frente e trocaram um olhar profundo, pleno de significado. Havia orgulho pela vitória de Molly naquele olhar, mas também dor, cansaço e um grande desejo pelo fim da guerra para que pudessem ficar juntos. Antes que conseguissem dar o primeiro passo em direção um do outro, ouviram o grito desesperado de Voldemort ao ver a sua mais fiel e melhor seguidora ser abatida.


Sem intimidar-se com as dezenas de varinhas erguidas na tentativa de detê-lo, o Lorde das Trevas mirou a sra. Weasley. Uma voz conhecida gritou “protego”, formando um escudo entre Molly e Voldemort. “HARRY!”, berrou Hermione triunfante assim que o amigo saiu da Capa da Invisibilidade. “Ele está vivo!”, comemorou Ron, abraçando Mione. Muitos outros berros de alegria se seguiram, mas logo veio o silêncio.


O duelo mais temido por todos estava prestes a começar. Tom Riddle, o bruxo rejeitado que havia se tornado o Lorde das Trevas, enfrentaria quem não conseguiu derrotar da primeira vez, o Menino-que-Sobreviveu. Sem abaixar a varinha, certo que precisaria usá-la a qualquer momento, Ron aproximou-se de Hermione e deu a mão à menina. Queria estar junto dela naquele momento.


Quando ouviu Harry dizer que ninguém devia ajudá-lo, Ron não pôde contestar, embora isso fosse muito difícil para ele. “Tem que ser assim. Precisa ser apenas Voldemort e eu”, o rapaz reforçou. “Abaixe a varinha. Você ouviu o que Harry falou”, a menina pediu, sendo prontamente atendida pelo ruivo. Os dois trocaram um olhar cúmplice. Estariam ali, como sempre, para ajudar o amigo se fosse necessário.


Com a respiração suspensa, sentindo o coração bater forte em seu peito, Hermione acompanhou o duelo de palavras que se seguiu. Ron, por sua vez, nunca tinha se sentido tão tenso. O mais difícil era ficar parado, apenas assistindo, sem poder lutar. Tinha vontade de xingar Voldemort, fazê-lo sofrer por cada vida indefesa que abatera, com as próprias mãos ou por meio dos Comensais, a começar pelos pais de Harry, Dumbledore,  Lupin, Tonks, seu irmão Fred... e tantos outros.


A coragem e a ousadia de Harry, duas de suas características marcantes, pareciam ter se intensificado diante do casal de amigos. Sim, definitivamente, o Menino-que-Sobreviveu havia amadurecido. Conhecia muito bem a si mesmo e, de modo especial, sabia quem era Voldemort. Todos os gestos mais maléficos e ousados do Lorde das Trevas, como matar para dividir a própria alma, mostravam-se agora como ações de um ser medroso, covarde e ignorante, já que desconhecia a maior força do universo: o amor.


Os dois melhores amigos de Harry, que se comunicavam apenas pelo olhar, compartilhavam a mesma opinião. O Lorde das Trevas temia a morte mais que qualquer outro bruxo, embora não tivesse um motivo verdadeiro para viver, não possuía coragem de enfrentar os adversários em igualdade de condições e por isso falava mentiras e atacava na calada da noite ou de forma covarde.


“Quem você vai usar como escudo hoje, Potter?”, blefou Voldemort sem sucesso. Todos que estavam naquele momento em Hogwarts conheciam a coragem de Harry. O jovem órfão de 17 anos mostrou, pelo tom de voz com o qual dizia as verdades que muitos bruxos preferiram ignorar, quem era o vencedor. Caminhando em círculos, empunhando as próprias varinhas, os dois mantiveram por um bom tempo aquele duelo verbal. Cada falso argumento de Voldemort para mostrar a covardia do Menino-que-Sobreviveu era logo derrubado.


Mione apertou a mão de Ron e lançou ao ruivo um olhar sofrido. Compreendia tudo agora. Harry havia ido voluntariamente à Floresta Proibida e se deixado abater por Tom Riddle. Tinha oferecido assim a própria vida em defesa dos demais. Para sorte deles, algo saira errado nos planos de Voldemort. O rapaz sobrevivera, mais uma vez, porém  a sua oferta garantira proteção a todos pelos quais se sacrificara.


- Por acaso não reparou que os feitiços que lançou neles não são duradouros? Você não pode torturá-los, não pode atingi-los. Será que não aprende com os seus erros, Riddle? – Harry questionava assertivamente.


Ron, que nascera no mundo bruxo, não se surpreendia com aquela realidade, apesar de não saber explicá-la. Hermione, ao contrário, mesmo se conhecia a força do amor já que recebera sempre muito afeto na família, jamais suspeitara da força de um gesto, de um sentimento. Não era preciso usar varinhas, repetir feitiços ou recorrer a ingredientes mágicos. Bastava agir por amor e sem temor.


O enamorado casal escutou, com especial atenção, serem apresentadas as novas armas daquele duelo verbal: Voldemort, que zombou do poder do amor, quis traçar um retrato falso de Dumbledore, apresentando-o como um fraco, mas Harry não aceitou aquela inverdade. “Ele era mais inteligente do que você, um bruxo melhor e um homem melhor”, o rapaz afirmou ao Lorde das Trevas.


“Ele não pode estar falando sério”, comentou Ron ao ouvir o amigo apresentar um Severo Snape que julgara não existir. Mesmo se o bem e o mal sempre duelaram dentro do Príncipe Mestiço, o amor que sentia por Lilian Evans havia vencido. “O Patrono de Snape era uma corça, o mesmo que o de minha mãe, porque ele a amou quase a vida toda, desde que eram crianças”, disse Harry para um Voldemort perplexo.


Toda a verdade foi se descortinando aos poucos diante de Ron, Hermione e dos demais combatentes. Tom Riddle, no entanto, parecia não entender e ignorava Harry dizer que aquela era a última chance dele sentir remorso pelos seus atos. O rapaz prosseguiu a sua narrativa, explicando que, como tinha sido Draco Malfoy e não Severo Snape a desarmar Dumbledore, a Varinha das Varinhas passara a ser fiel ao aluno da Sonserina. O Menino-que-Sobrevieu, no entanto, contou que ele arrebatara a varinha das mãos de Draco, tornando-se o seu verdadeiro senhor.


“Harry enlouqueceu? E se a varinha decidir não servir a ele?”, Ron questionou. “Os feitiços de Voldemort não estão tendo o efeito que queria. A Varinha das Varinhas não é fiel ao Lorde das Trevas”, garantiu Hermione. Os dois se calaram, assustados, ao ver a fúria de Tom Riddle que, sem piedade, lançou a Maldição da Morte em Harry Potter. Em sua defesa, o rapaz berrou apenas “Expelliarmus”.


O inesperado aconteceu. No momento que os feitiços colidiram, a Varinha das Varinhas voou para ir ao encontro do seu verdadeiro senhor. Ron e Hermione assistiriam o amigo usar a habilidade de apanhador de quadribol para agarrar a varinha. Do outro lado, Voldemort tombava, com os braços abertos, derrotado pela própria maldição.


Era o fim da guerra! Voldemort estava morto! Ron e Hermione, que tinham ficado em todos os momentos finais da batalha juntos, quase sempre de mãos dadas, foram os primeiros a abraçar Harry. Chorando e sorrindo ao mesmo tempo, festejavam a vitória liderada pelo Menino-Que-Sobreviveu!


Harry logo sumiu da vista deles, abraçado por muitas outras pessoas. E Ron e Mione se encontraram mais uma vez sozinhos, de mãos dadas. O ruivo se virou para ela, com o sorriso mais lindo do mundo, e em seguida deu um berro: “Hermione, vencemos! A guerra terminou”!


Com agilidade e força, Ron segurou Hermione pela cintura e a levantou, rodopiando com ela. Quando a colocou novamente no chão, puxou-a para mais um abraço. “Não sei como a gente pode sentir tanta dor e alegria ao mesmo tempo”, o ruivo confidenciou emocionado. Depois de tantos anos silenciando o sentimento, o rapaz parecia querer recuperar o tempo perdido. Dessa vez Mione também se rendeu às palavras: “Eu te amo, Ron. Eu te amo muito”.


Ron tinha que ouvir aquilo de novo, ou melhor, aquelas palavras precisavam ser ditas olhos nos olhos. O ruivo interrompeu o abraço bruscamente e perguntou ansioso: “O que você disse, Hermione”? Mesmo se envergonhada, a jovem foi em frente, mostrando ser uma grifinória. “Eu falei que te amo. Muito. Mas você já sabia disso”, afirmou, dando um leve sorriso.


O rapaz não queria expor Hermione e o sentimento que tinha por ela diante daquela multidão, mas era inevitável. Precisava expressar, da melhor forma que sabia, o quanto também a amava. E tinha que ser agora. O que podia fazer se o Salão Comunal estava lotado? Já havia centenas de combatentes no local e, minutos depois de Voldemort ser derrotado, começaram a chegar mais e mais bruxos. Vinham enterrar seus mortos, saber notícias de feridos ou simplesmente festejar a vitória sobre o Lorde das Trevas.


Qualquer gesto, portanto, teria um grande número de testemunhas, quem sabe até arrancasse aplausos. Mas havia uma chance igual, e talvez maior, de passar despercebido. Ron, porém, não parou para refletir sobre o assunto. Fez o que seu coração pedia depois de ouvir uma declaração de amor da menina a qual pertencia o seu coração.


O rapaz aproximou-se lentamente, envolveu Hermione pela cintura e promoveu um delicado encontro entre os seus lábios. O toque suave e carinhoso aos poucos ficou mais forte, envolvente, apaixonado. Aquele era o melhor beijo que já haviam trocado e tinha sido impulsionado pelo amor sempre mais intenso existente entre os dois. Ao se afastarem, olharam de jeito tímido e feliz um para o outro. Ainda era difícil, depois de tantos anos de amizade, passar a condição de namorados.


Mas seriam mesmo namorados? Nem tinham conversado sobre como ficaria o relacionamento deles a partir de agora. Essa constatação fez Hermione morder os lábios, apreensiva. Ron percebeu a mudança no semblante da menina. Achou que estava envergonhada por ter sido beijada no meio daquela multidão.


- Mione... Me desculpa, eu... – Ron tentou começar.


- Desculpar por quê? – perguntou a bruxa ainda mais apreensiva.


- Acho que você não gostou de eu ter beijado você nessa confusão, no meio do Salão Comunal, diante de tantas pessoas. Se Fred ainda estivesse aqui, certamente nos aplaudiria junto com Jorge...


- Pena que não está aqui, não é mesmo? Eu adoraria passar por qualquer constrangimento causado por ele...


- Eu também. Pode ter certeza. Então não ficou chateada? – voltou ao assunto.


- Claro que não. Todos estão comemorando e nem se dão conta de outras realidades. Constrangedor foi o beijo na frente de Harry – riu de forma nervosa, lembrando o semblante perplexo do rapaz após presenciar aquele momento que deveria ser apenas dela e de Ron.


- É, você tem razão. Então posso lhe beijar de novo – constatou com um sorriso.


Não houve tempo para um segundo beijo. “Ron! Hermione! Estávamos procurando por vocês”, falou Carlinhos, que não se encontrava sozinho. Logo o casal foi cercado por vários bruxos de cabelos vermelhos, recebendo cumprimentos calorosos. Os Weasley formavam uma família unida e sabiam chorar e comemorar juntos.


xxx




Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:


 This I Promise You 


http://bit.ly/10FBS9N


My love, here I stand before you
I am yours now 
From this moment on 
Take my hand 
Only you can stop me shaking
We'll share forever
This I promise you 


And when I look in your eyes
All of my life feels before me
And I'm not running anymore
Cause I already know I'm home
With every beat of my heart
I give you my love completely
My darling, this I promise you
(…)


 


 




 

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Comentários (24)

  • Lily_Van_Phailaxies

    Oh céus, lenços por favor! Sim, não é ilusão de ótica. Sim, eu também sei que fui uma péssima leitora por somente aparecer agora. Mil desculpas, sério! Infelizmente a faculdade e o trabalho como sempre me surpreenderam e percebi que sou péssima em organizar o meu tempo. Voltando ao que interessa... Céus, que capítulo é esse? Foi tão maravilhoso que não vejo como posso destacar os melhores momentos, sério, cada momento foi perfeito! Tudo bem que preciso dizer que a fala da Molly sobre a garota ideal para o Rony foi maravilhoso, assim como, Jorge mesmo em meio a toda a dor da perda tentar fazer alguma gracinha com relação aos dois já terem se beijado. Entretanto, nenhuma parte foi mais linda do que a declaração dos dois, sério deu vontade de dar pulinhos batendo palmas e dizer: “Vocês são tãooooooooo lindinhos!”.   Capítulo maravilhoso, mil desculpas por só comentar agora! =/

    2013-07-12
  • Lilian Granger Weasley

    oieee... primeiramente,me desculpa pela demora, é pq eu estava muito ocupada cm os estudos e como to mexendo cm conta, fiko doida kkkk mais parabéns pelo capitulo. Vc escreve muito bem e isso motiva os leitores a lerem. Me desculpa msm kkkk mais num abandonei a fic num ta kkkk vou ler o próximo!! ;)

    2013-07-11
  • Clara Eringer

    Morgana, como está!?Vim ver se o capitulo tinha sido postado e notei que meu comentário não tinha ido, como escrevi pelo celular, não me surpreendi hahahaha. Mas, estou escrevendo de novo, pra dizer que, embora depois de muito tempo, consegui me atualizar! Continuo apaixonada pela fanfic! E o final conseguiu ficar ainda melhor! Estou aguardado pelo último... Vou sentir falta! E adoreeei ver a música do Ed Sheeran em um dos capítulos! Hahaha! Mil beijos!

    2013-05-25
  • Morgana Lisbeth

    Olá, Willy e Andye. Peço desculpas pela demora em responder aos comentários que fizeram. Foram palavras tão belas, profundas, que calaram fundo... Portanto, precisava de um momento tranquilo para estabelecer esse diálogo com vocês.Penso que estamos na mesma sintonia. O ship Ron e Mione não é um simples modismo; eles formam um casal tão perfeito em suas imperfeições que vão ultrapassar essa geração e a próxima... Portanto (já disse várias vezes, mas não custa repetir), se a fic tem algum mérito, é todo de Rowling, por ter criado personagens fantásticos, e de RoMione, tão incríveis que ganharam vida própria. Eu apenas tenho que descrever seus movimentos, reproduzir suas falas. São eles que saem de suas cadeiras - onde alguns imaginam ficar os personagens qdo alguma história chega ao fim - e começam a encenar, a (re)viver a história de amor tão discreta (tanto que se desenvolveu essencialmente nas entrelinhas) e intensa em igual medida.Obrigada pela palavras inspiradoras. Vamos juntas até o fim! 

    2013-05-16
  • Andye

    Jura mesmo que já é o penúltimo? O que falar desse capítulo? Emocionante, como todos os outros. Envolvente, inebriante. Apaixonante. Acho incrível como você consegue nivelar a alegria e a tristeza, como me faz ir ao pico do desespero e da alegria. Morgana, parabéns. Você é fantástica, e sinto que esteja acabando. Espero que logo nos agracie com mais uma novidade sua, seria perfeito. Eu adorei esse capítulo, mais uma vez, parabéns. 

    2013-05-08
  • willi santana

    ahhhh por que? por que essa fic tem que acabar?! isso é injusto com leitores apaixonados como nós!!!Como é possível a pessoa se superar a cada capitulo, séio morgana, este e o capitulo anterior foram fantásticos! a conversa na sala de aula em meio a guerra foi tipo aguenta coração! tia Jo acertou bem quandol escreveu "é agora ou nunca, não?" realmente, eu amo voce e voce pecisa saber disso agora!! fantastico...... e este então...... nossa senhora! a morte de fred, as descobertas, decisões e perserverança de Harry, a união e o amor dessa família, dos dois, o poder do amor em si...... lindo, lindo, lindo, foda, perfeito, e eu num vou nem comentar a trilha sonora, que em toda a fic foi espetacular!!! parabéns e que pana qe vai ter que acabar... mas sempre poderemos vir aqui pra reler as entrelinhas!! beijoca!!! 

    2013-05-07
  • Morgana Lisbeth

    Oi, Gego! Também eu me atrasei para responder a seu comentários (rs). Mas o importante é "chegar chegando", não é mesmo? Já começou a faculdade? Espero que esteja curtindo :) Sabe, você é um case de sucesso que mostra que é possível ter bons resultados no Enem sem abandonar a leitura das fics. Assim que terminar Entrelinhas 3, vou fazer uma revisão nas três fics da série e salvar em pdf. Não sei se outro leitor vai querer, mas vc, com certeza, receberá as histórias na íntegra.Esta semana me dediquei mais a fic "À Espera da Coruja". Vc continua acompanhando? Está num momento bem legal da história dos dois. Beijos! Kamilla, que bom receber mais um comentário seu!Acredito que Mione sempre foi tímida no aspecto emocional. Por isso acho que não foi fácil dizer aquele "eu te amo"... Mas ela conseguiu! Viva!Sabe, tenho uma admiração enooorme pela Rowling. E o fato dele não ter optado por não fazer Ron e Hermione expressar verbalmente os sentimentos, o que poderia parecer uma "falha", acabou sendo a inspiração necessária para tantos ficwriter apaixonados pelo casal, como eu. Mas não podemos deixar de observar que a nossa querida autora, que tem uma imaginação incrível, é bem britânica qdo se trata de falar de sentimentos, ou seja, mais reservada. Nós, latinos, acabamos pecando por fazer declarações a torta e direita. Enfim... Só algumas divagações. Hoje estou falante (ou seria escreviante?!) ♥  

    2013-05-04
  • KamillaWeasley

    Como não amar esse casal ?! Foi muito lindo e emocionante esse capitulo,e a declaração da Mione deixou tudo mais especial. Tão perfeito que parece que foi a própria Rowling que escreveu! Me dá até um aperto no coração só de lembrar que falta apenas um capítulo para a fic ser concluída,você precisa continuar!! to esperando pelo proximo,bjs

    2013-05-01
  • Gego

    Cheguei atrasada x.xSério, toda vez que vejo seus capítulos fico triste e ao mesmo tempo super feliz, triste porque tá acabando (dá vontade de chorar), super mega feliz porque, bom... você já msabe o motivo *--* Sempre tudo perfeito! Ps: Eu aceito o email com o pdf!!!! *----* E enche meu coraçãozinho saber que sou uma leitora importante pra você.Beijos!! 

    2013-05-01
  • Morgana Lisbeth

    Tati! Amei poder “contemplar” essas cenas pela minha bola de cristal, agora olhando tudo do ponto de vista de Ron e Mione. Acho que amor é isso: estar junto nos momentos felizes e tristes, ser o ombro amigo... E, na minha modesta opinião, o amor desses dois é daqueles para sempre J Samantha, você voltooou! Senti sua falta, especialmente depois dos longos e fofos comentários que fez em vários capítulos. Escrevo com o coração e minha maior realização é saber que os leitores estão gostando da fic ♥ Não morre, não, Lele. Espera o último capítulo (rsrsrs). Acho que esse momento de proximidade, de partilha de sofrimento entre Ron e Mione após a morte de Fred, foi passada de forma rápida, mas intensa, no filme. Aquela cena da escada é tão significativa. Precisava mostrar um pouco dessa emoção. Bjs! Aline e seus lindos comentários coloridos *_*Você disse que não ia comentar e me emocionou com suas poucas e profundas palavras. Imagina eu trabalhar junto com a Rowling?! Séria a glória! Você é mesmo muito generosa em pensar nessa possibilidade!

    2013-04-30
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