Gêmeos em Ação





Olá!


Não fiquem chateados com os gêmeos, por favor. Os dois têm ótimos corações, simplesmente são sarcásticos, vocês sabem disso. Então, mesmo se não escolhem os melhores métodos, no fundo estão apenas tentando ajudar Ron e Hermione a iniciar o tão esperado namoro. Também não fiquem zangados comigo (risos). Afinal, não tenho culpa desse casal cabeça-dura demorar tanto tempo para se acertar.
Mudando de assunto, sabe chuva de verão que chega de repente, pode causar verdadeiros estragos e depois passa? As brigas de Ron e Mione são assim. Por isso escolhi essa música incidental que, além do mais, tem um ritmo envolvente que combina com o capítulo. 


Um abraço da Morgana


P.S¹: Estou esperando o seu comentário! Se você soubesse como ele é inspirador, não me negava esse presente...


P.S²: No capítulo "Novas Atualizações e Afins", a partir do dia 12/07 informo a data que vou postar o próximo capítulo. Ah, e também devo falar de outro assunto (nada importante, não precisa ler).


* * * * *


 


 


 


 


Por volta das 9h, a campainha tocou e Molly foi atender a porta. Ron, Hermione e Harry, que estavam sentados na poltrona da sala, pararam de conversar para receber os visitantes. Eram Benjamin, irmão de Molly, a esposa Penélope e o filho Nicholas. A matriarca dos Weasley fez grande festa com a chegada dos três.


Apesar de Nicholas ter esticado desde a última vez que Hermione o vira, há três anos, ela logo reconheceu o simpático primo de Ron. Agora estava menos obeso e, com seus cabelos castanhos encaracolados e olhos verdes, mantinha o mesmo jeito divertido.  Naquele dia ela também havia conhecido Melaine, outra prima dos Weasley, e sua amiga Lisbeth, que não desgrudou do ruivinho, despertando o ciúme de Mione.


Ron, que gostava muito dos tios e primo, logo se levantou para dar abraços calorosos nos três. Com o rosto redondo, cabelos vermelhos, olhos verdes e um jeito bonachão, Benjamin falava alto e com um tom bem-humorado de voz. A sua esposa, Penélope, era bonita e elegante, com olhos e cabelos castanhos, e parecia mais reservada.


Todos os três cumprimentaram Harry e Hermione com simpatia. Mas foi o tio Benjamin que se deteve com olhar curioso sobre a menina antes de disparar com entusiasmo:


- Então esta é a sua namorada, Ronald?


- Não.. ela é... – tentou esclarecer Ron sem reparar que a amiga já enrubescera.


- Muito prazer! – interrompeu Benjamin, apertando a mão de Hermione – Meu sobrinho tem bom gosto. Você realmente é uma moça muito bonita.


Hermione continuava vermelha e Harry dava um risinho abafado. Ron falou rápido, para não correr o risco de ser novamente cortado pelo tio: “Mione não é minha namorada. Ela é minha amiga”.


 - Mas, na última vez que estive aqui, Molly, Arthur e os gêmeos me falaram que você havia desmanchado com aquela linda lourinha, de quem vi a foto, e estava de namorada nova – rebateu o tio.


Foi a vez de Ron corar. Antes do rapaz conseguir formular uma resposta, chegaram Fred e Jorge, que já tinha saído do repouso, cumprimentado os tios e primo com animação.


- Rapazes, eu já ia perguntar por vocês dois – saudou o tio, dando apertados abraços nos gêmeos – Ron estava me apresentando aos amigos deles. Imagina que fiz uma grande confusão e achei que Hermione fosse a menina pela qual disseram que ele é apaixonado.


- Tio, não se preocupe – começou Fred parecendo ignorar a presença do irmão mais jovem – Nem o próprio Ron sabe da vida sentimental dele. Roniquinho é confuso por natureza, também nesse aspecto.


- Nosso irmãozinho namorou uma menina de quem não gostava, mas é apaixonado por outra, para a qual não tem coragem de se declarar. Achamos isso ótimo porque os dois jamais dariam certo juntos – prosseguiu Jorge.


Em um impulso de raiva, Ron se levantou do sofá no qual voltara a se sentar, próximo a Harry e Mione. Agora, avançava furioso para os irmãos:


- Você perdeu a orelha, mas ficou com a língua maior que a boca, Jorge! Será que os dois podem parar de se meter em minha vida?!


A bruxinha tentava continuar a conversar com Harry, mas foi impossível não acompanhar a reação de Ron. O tio interveio para acalmar os ânimos. “Meninos, fiquem tranquilos. Não vale a pena discutir por tão pouco. Não é fácil mesmo se resolver na questão sentimental. Ronald, meu querido, vamos conversar apenas nós dois por um momento”, convidou, abraçando o rapaz e o conduzindo para o andar superior da Toca.


Logo em seguida os gêmeos se aproximaram de Harry e Hermione, que estavam conversando com Nicholas, para fazer os seus comentários maliciosos, é claro. A tia Penélope tinha ido para a cozinha, acompanhar Molly.


- Tio Ben vai tentar dar conselhos para Roniquinho que, obviamente, vão entrar por um ouvido e sair pelo outro – zombou Fred.


- Talvez se ele tivesse um ouvido só, como eu, algo ficasse em sua cabeça – completou Jorge, que sabia ver com bom humor até as próprias tragédias pessoais.


- Que brincadeira sem graça, Jorge. E, por favor, se quiserem falar mal de Ron, me avisem para eu não perder o meu tempo - desabafou Mione, que nunca tivera muita tolerância ao jeito sarcástico com o qual os gêmeos tratavam o irmão mais novo.


- Calma, Mionizinha! Não precisa tomar as dores de Ron. Afinal, você sabe muito bem que nosso irmãozinho... – começou Jorge.


- ...Tem a “amplitude emocional de uma colher de chá” e é um “legume insensível” – continuou Fred, fazendo questão de repetir as expressões que a menina já havia usado ao se referir a Ron.


Sentindo, mais uma vez, o rosto queimar, Mione pensou em dizer que Ron havia mudado muito desde o quinto ano. Já não parecia ser insensível e indiferente aos sentimentos dos outros. Muito pelo contrário. Mas achou melhor ficar quieta.


Os gêmeos não demoraram muito a desaparatar, para alívio de Hermione. Mas antes disso, fizeram questão de contar, dessa vez com detalhes, como o “tio Ben” tinha se curado da opprimendis febris.


Segundo os dois irmãos, Benjamin há muito tempo era apaixonado por Penélope, filha de um casal amigo dos pais dele e com quem tinha amizade desde criança. “Ela sempre foi muito bonita, inclusive ganhou o título de Miss Bruxa da Irlanda, e titio, gordinho e desajeitado, achava que jamais a conquistaria”, falou Fred.


Apesar de ser uma pessoa prática e lógica, Mione amava histórias românticas e prestou grande atenção a narrativa dos gêmeos. E se surpreendeu ao saber que Penélope, há muito apaixonada por Benjamin, foi quem tomou a iniciativa. “Tia Penélope ficou desesperada quando soube que o seu Ben podia morrer. Foi até o hospital visitá-lo, se declarou para ele e ainda lascou um beijo de cinema no titio. No dia seguinte, tio Benjamin teve alta”, contou Fred.


Quando se encontrou novamente sozinho com Hermione, depois de Nicholas ir para a cozinha atender ao chamado da mãe, Harry a princípio estranhou a expressão distante e o silêncio da menina. Mas logo se deu conta que a amiga devia estar pensando em um certo ruivinho. “Você acha que vai precisar agarrar Ron para ele se dar conta do óbvio?”, perguntou o rapaz. Como resposta, apenas uma cara de espanto e uma exclamação raivosa. “Harry! Que besteira é essa?”, bufou a morena.


A visita de Benjamin, Penélope e Nicholas foi encerrada depois do animado almoço em família. Hermione e Harry sempre ficavam impressionados em ver como qualquer momento corriqueiro, como uma refeição, se transformava em festa na casa dos Weasley. À tarde, uma barulhenta e alegre família vizinha – composta pelo casal e cinco filhos pequenos – foi até A Toca saber notícias de Jorge.


Molly gostava de ter a casa sempre cheia e explicou para Hermione que os visitantes não corriam risco. De acordo com ela, os membros da Ordem da Fênix haviam criado um campo protetor em um raio de cinco quilômetros ao redor da sinistra residência dos Weasley, enfeitiçando ainda objetos para atuarem como portais e possibilitarem os deslocamentos.


xxx


Depois de darem uma trégua a Ron e Mione, os gêmeos agora voltavam com força total. “Caro irmão, como parece que Roniquinho não está lendo aquele livro, melhor a gente agir”, falou Fred. “Com certeza! Caso contrário, esses dois cabeças-duras nunca vão se acertar”, completou Jorge.


Ron estava sozinho no quarto e, por coincidência, lia o livro que ganhara dos gêmeos quando os dois aparataram ao lado dele.


- Muito bem. Está fazendo o mínimo – afirmou Fred.


- Mas não basta ler. Tem que colocar as lições em prática – enfatizou Jorge.


- Em qual capítulo você está? – perguntaram em uníssono.


- Estou no oitavo, mas isso não interessa – respondeu mal-humorado.


- Então já deveria ter aprendido que palavras elogiosas e gestos de atenção são indispensáveis na conquista amorosa – prosseguiu Fred.


- E que um pouco de simpatia e bom humor sempre agradam – concluiu Jorge.


- O que vocês estão querendo insinuar? Acho que sou um cara atencioso e simpático – falou Ron com pouca convicção.


- Presta atenção, Roniquinho. Não é você que tem achar isso e sim a bruxa pela qual está apaixonado – ponderou Fred em tom professoral.


 - Veja o exemplo de Krum. Ele não é exatamente o que se pode chamar de um cara simpático. Ainda assim, sabia muito bem ser agradável para uma certa bruxinha – destacou Jorge.


- Parem de falar daquele búlgaro idiota! Não tenho boas lembranças dele – resmungou Ron torcendo o nariz.


- Então conquiste o seu lugar. Passou da fase das indiretas. Você precisa ser mais assertivo nas suas palavras – argumentou Fred.


- Ou então nós mesmos trataremos de revelar para Mionizinha que você é loucamente apaixonado por ela – ameaçou Jorge.


- Nem ousem fazer isso! E saiam daqui porque já me perturbaram bastante – ordenou quase gritando.


Os gêmeos desaparataram, mas não antes de fazer um muxoxo em sinal de reprovação ao irmão. Como Ron imaginava, decidiram “atacar” Hermione, que estava na salinha próxima à lareira com um livro aberto em sua frente. Parecia estar lendo, como sempre, mas, na verdade, não conseguia se concentrar.


“O que está acontecendo comigo? Por que não paro de pensar em Ron”?, se perguntava  Mione. Ler era algo que adorava fazer, todos sabiam.


Voltou a olhar o livro, esperando finalmente conseguir se concentrar.  Mas logo ouviu um estampido seco. Eram os gêmeos! Tentou retomar a leitura, fingindo que nem os tinha visto, porém foi inútil.


Após terem provocado o irmão mais novo, agora Hermione seria o alvo. Acreditavam, no entanto, que com a menina deviam agir diferente. “Vamos argumentar que o namoro entre ela e Roniquinho jamais daria certo”, propôs Fred. “Como Mione nunca concorda com nossas opiniões, vai se convencer justamente do contrário”, disse Jorge em resposta.


- Olá, Mionizinha! Está sozinha? – perguntou Fred.


- Achamos que você e Roniquinho estavam juntos? – continuou Jorge.


- Como vocês já puderam ver, Ron não está aqui. Agora gostaria que me dessem licença para eu continuar a ler – pediu a menina.


- É ótimo que Ron não esteja aqui. Precisamos falar com você em particular – disse Fred.


- Tudo bem. Podem falar – respondeu a menina, finalmente abaixando o livro, ao imaginar que o assunto seria o resgate de Harry.


- Apesar de Ron não merecer, decidimos dar a ele algumas dicas sobre relacionamento com as meninas – começou Jorge.


 “Ai, não! Agora eles estão indo longe demais”, se desesperou Mione, sem conseguir esboçar outra reação além de arregalar os olhos e corar loucamente.


- Não queremos que nosso irmãozinho tenha novas recaídas de opprimendis febris, como o tio Benjamin – argumentou Fred.


Por fim, Hermione conseguiu calar a emoção e agir racionalmente, reclamando: “Não acredito! Se o assunto é esse, desculpem-me, mas vou voltar a ler”.


- A conversa vai ser rápida. Nós estamos convencidos que Ron não tem capacidade para escolher a menina certa – disparou Fred.


- Imagina que agora resolveu se apaixonar por uma bruxa que tem, digamos, um coeficiente de inteligência muito maior que o dele e é autossuficiente, ou seja, não precisa de Roniquinho para nada – explicou Jorge.


O coração de Hermione começou a bater mais forte. Não restava dúvidas que estavam falando dela! O seu lado racional a mandava dizer que não estava interessada naquela conversa.  Mas o seu lado emocional e, especialmente, apaixonado pelo ruivinho de olhos azuis, queria sim saber o que os gêmeos tinham a dizer.


- Ron precisa de uma menina menos... menos capacitada intelectualmente, vamos dizer assim, divertida e, de preferência, bonita – prosseguiu Jorge.


- Pensamos que Lilá fosse essa menina. Mas parece que tinha um gênio péssimo, era ciumenta e possessiva – troçou Fred.


- Não estou entendendo porque estão falando desse assunto comigo – ponderou Hermione, que conhecia a perspicácia dos gêmeos.


- Muito simples, Mionizinha. Queremos evitar que o nosso irmãozinho sofra desnecessariamente investindo na menina errada – tentou explicar Fred.


 - E onde eu entro nessa história? – perguntou corajosamente.


- Bem, achamos que você, como amiga dele, pode ajudar Ron a entender que precisa conquistar a menina certa – concluiu Jorge.


- Ao contrário de vocês, eu não acho que Ron precise de consultores sentimentais. Ele é maior de idade e sabe muito bem tomar decisões sozinho – rebateu a menina.


- Hermione, é impressão nossa ou você está caidinha por um bruxo um tanto apalermado, mas com belos olhos azuis? – provocou Fred, parecendo indiferente a expressão de raiva da menina.


- Se isso for verdade, temos o dever de lhe alertar que deve desistir desse bruxo – falou Jorge.


- Caso não tenham percebido, eu também não preciso de consultores sentimentais. E, mesmo que precisasse, jamais recorreria a vocês. Não quero e não vou permitir que se metam na minha vida pessoal – bufou, com o rosto vermelho, levantando-se da poltrona e deixando o livro cair no chão.


- Calma, Mionizinha! Sente-se, por favor. Já estamos concluindo – pediu Jorge com um ar divertido, pegando o livro e o entregando a menina.


A morena deu um longo suspiro, na tentativa de retornar ao seu estado normal, e se sentou novamente. “E então?”, perguntou encarando os dois com os braços cruzados.


- Queremos apenas dizer que não precisa ficar tão nervosa assim– continuou Jorge.


- Não se preocupe que você vai encontrar a pessoa certa – disse um sorridente Fred.


- Saibam que não estou nem um pouco preocupada com isso! Quero simplesmente ler o meu livro em paz! Será que é pedir demais? – perguntou novamente zangada.


- Tudo bem! Mas nos lembre de lhe apresentar o nosso primo Thomaz. Ele foi o melhor aluno da escola de bruxaria da Escócia e vai estar no casamento de Gui – falou Jorge.


Ela bufou de novo, mas, escondida atrás do livro, conseguiu ficar calada. Não esperava, porém, ouvir mais algumas palavras que, mesmo se faladas em tom sarcástico, a abalariam profundamente.


- Mionizinha, você, com sua inteligência e jeito autoritário, intimida a maior parte dos rapazes bruxos. Por isso deve namorar apenas os que são excepcionais em alguma área – sentenciou Fred, dando uma gargalhada em duo com Jorge .


A morena ensaiava mais uma resposta desaforada, mas logo escutou um novo estampido. Os gêmeos tinham desaparatado.


Ron precisava de uma menina “menos capacitada intelectualmente, divertida e bonita”. Essas palavras mexeram com a inteligente bruxinha, embora não fossem inesperadas. Hermione sabia muito bem da queda de Ron pelas bruxas que se destacavam pela beleza. E Mione, pelos menos assim ela acreditava, estava longe dos exigentes padrões estéticos do rapaz. Também não era divertida. Pelo contrário. A seriedade estava entre as suas marcas.


Mas não se achava autoritária e nem imaginava intimidar alguém. Será que Ron também pensava isso dela? Logo lembrou do jeito afetuoso, dos olhares e das palavras do rapaz na noite anterior. Parecia que estava tão perto o momento dele lhe fazer uma declaração de amor. E ao mesmo tempo tão distante! Talvez estivesse se iludindo, deixando-se enganar pelo coração e se afastando da razão, conclui desanimada.


xxx


Perdida nessas muitas reflexões, ainda escondida atrás do livro, Mione não reparou que estava sendo observada. Repentinamente mirou em direção ao portal e encontrou com o par de olhos azuis que tanto a fascinava. Com os braços cruzados e uma expressão séria, Ron a encarava.


- O que meus irmãos aprontaram dessa vez? Eles estavam chateando você? – interrogou o ruivinho.


“Merlin! Por que Ron precisa ser tão lindo? Quando encontro com os seus olhos azuis assim tão inesperadamente, sem ter tempo para me preparar para esse momento, é que percebo o quanto sou apaixonada por ele”, pensou a menina.


- Mione? Você não me ouviu? – questionou Ron ao ver a amiga com expressão tão etérea.


- O que você disse mesmo? – ela perguntou com suavidade.


- Você não ouviu minha pergunta? Se fosse uma prova oral, perderia meio ponto – disse abrindo um leve sorriso e sentando-se na poltrona em frente à amiga.


- Ron, por favor. Não estou com humor para brincadeiras – desabafou a menina.


- Queria saber o que meus irmãos aprontaram agora. Percebi pelo seu tom de voz que estava bem irritada com eles – explicou o ruivo.


- Preferia nem falar desse assunto. Eles agora resolveram bancar os conselheiros sentimentais – deixou escapar.


O ruivinho ficou visivelmente desconcertado ao ouvir aquelas palavras. Nunca quis ter os gêmeos como confidentes e tentou esconder deles, e de todo mundo, o seu grande amor por Hermione. Esse segredo, porém, tinha sido descoberto. Os irmãos haviam lhe dado aquele livro que, devia reconhecer, trazia dicas bem interessantes para conquistar uma bruxa. Aceitou o presente, mas não ia deixar que fossem Jorge e Fred a falar para Mione da paixão que tinha por ela. Muito menos que afastassem os dois com aquela insistente intromissão.


- Meus irmãos são ridículos. Você não pode dar conversa para eles. Sabe muito bem que só falam asneiras e que a diversão preferida dos dois é nos provocar – falou enfático.


- O pior mesmo foi dizerem que sou autoritária e intimido os rapazes. Você acha isso de mim? – por fim indagou.


- Você quer que eu responda com sinceridade ou diga aquilo que deseja ouvir? – questionou.


- Quero saber a sua opinião – disse desconfiada.


- Mione, você é minha amiga. Já enfrentamos situações difíceis e vivemos momentos felizes juntos. Ainda assim, devo reconhecer que você me intimida sim. Tento não deixar me intimidar, falo a minha opinião, sei que muitas vezes de uma forma rude. Mas procuro mostrar que existem outros pontos de vista além do seu, que você não está sempre certa – começou.


Aquelas palavras pegaram Hermione de surpresa. Reconhecia que em muitos momentos tentava impor as próprias opiniões. Mas ouvir isso do rapaz que amava era dolorido. Antes que pudesse argumentar algo em defesa própria, o amigo continuou a falar.


- Acho que precisa ser menos tensa, exigente consigo mesma e com os outros. Tem que parar de querer mandar em todo mundo, fazer questão de ter razão, ser sempre a mais inteligente, a perfeita, não aceitar cometer erros – disparou o rapaz que há muito esperava uma oportunidade para dizer tudo isso.


Enquanto ouvia Ron falar, os olhos de Mione se enchiam de lágrimas. Sentia-se um fracasso por parecer tão cheia de defeitos diante do rapaz que tanto amava. Mas o pior sentimento era o de ser incompreendida. Será que o amigo ignorava tudo de bom que tinha, todo o esforço que fazia para ser melhor por ele e para ele?


- Pensei que você me conhecia. Compartilhei com você segredos que não contei a mais ninguém. Você sabe da minha dificuldade para fazer amigos, das minhas inseguranças, do meu medo de voar, do meu pavor de perder as pessoas que amo. Foi no seu ombro que chorei nos momentos mais difíceis. Mas você parece ignorar tudo isso e acredita que sou a “sabe-tudo insuportável” de quem ninguém gosta de estar perto – falou num fôlego só enquanto lágrimas sentidas caiam pelo seu rosto.


O rapaz ficou visivelmente assustado. Não queria magoar a amiga. Queria apenas alertá-la sobre alguns dos defeitos que podia corrigir.


- Não acho você uma sabe-tudo insuportável. Falei isso num momento de raiva. Mas nunca foi verdade. Eu gosto muito de você. É minha grande amiga – tentou argumentar.


- Sou sua amiga? Como você pode ser amigo de alguém assim tão... tão insuportável? – fuzilou se levantando do sofá.


No momento que a menina se virava para sair da sala, o ruivinho a segurou com firmeza pelo braço. “Espera, por favor”, pediu ele. “Me larga, Ron. Não temos mais nada para conversar”, rebateu.


- Mione, eu não queria deixar você triste. Falei de alguns defeitos que ainda pode corrigir. Mas não pense que não reconheço todas as suas qualidades, que são muitas – falou.


A menina se desvencilhou do amigo e saiu da sala apressada. “Mione, espera! Precisamos conversar”, gritou em vão o amigo. Hermione, andando muito rápido, já subia as escadas.


Ron voltou para a salinha e se jogou no sofá. Dando pequenos socos na almofada, falava em voz baixa as palavras que queria dizer para a amiga. “Que maldição! Por que precisa ser sempre assim, Hermione? Será que você nunca vai perceber? Eu te amo, Mione. Eu TE A-MO!!!”, desabafou sem se dar conta que havia elevado a voz. 


- O que aconteceu, meu filho? – perguntou Molly que havia sido atraída pela discussão dos dois.


Ainda e assombrado por ter verbalizado, pela primeira vez, aquele tão forte sentimento que tinha pela amiga, Ron se abriu com a mãe.


- Eu não aguento mais! Tudo que faço ou falo deixa Hermione chateada. Não sei se ela é sensível demais ou se sou eu que sou um insensível. Mas ela vive chorando e eu não suporto mais ter que ficar sempre pedindo desculpas – contou.


- Para não perder alguém de quem gostamos, devemos nunca nos cansar de pedir desculpas. E também perdoar essa pessoa quando ela erra. Qualquer relacionamento duradouro é construído assim – ponderou.


- Mas eu queria entender por que ela se magoa tão fácil assim... O problema sou eu, com certeza – refletiu.


- Ronald, querido, as meninas são mais sentimentais por natureza. Não pode falar com ela do mesmo jeito que falaria com Harry. Precisa medir mais as palavras. Ao mesmo tempo, Mione certamente está mais sensível que o normal, por conta da dolorosa separação dos pais. Tente ser mais carinhoso e compreensivo – aconselhou.


- Eu vou tentar, mãe. Eu vou tentar – garantiu o rapaz já arrependido do que tinha falado para a amiga.


- Muito bem, meu filho. E quanto a pedir desculpas, que tal entregar a Mione um bilhetinho acompanhado pelas deliciosas trufas de chocolate que vou preparar agora para ela? – sugeriu.


- Trufas de chocolate? Eu vou poder comer algumas, não é mãe? – perguntou o rapaz.


A mãe abraçou o filho e os dois se dirigiram para a cozinha. Com a varinha e muito talento, logo Molly preparou as trufas. Ron ajudou no que foi possível – não tinha muito jeito com feitiços domésticos – e escreveu o bilhetinho, com palavras simples e sinceras:


Mione,


Peço desculpas mais uma vez. Espero que não canse de me perdoar porque jamais vou me cansar da sua amizade.


 Ron


Mesmo se reclamou um pouco, Gina aceitou a missão de entregar a caixinha com trufas e o bilhete em um papel amarelo. Hermione ficou visivelmente emocionada com aquele pedido de desculpas.


- Ron está tão diferente... Outro dia me deu uma flor, agora me presenteou com essas trufas – comentou enamorada.


- Melhor se ele fosse menos rude e não tivesse que ficar mandando presentinhos para pedir desculpas – disse Gina jogando um balde de água fria na amiga.


 


xxx


Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:


Have You Ever Seen The Rain


http://irpra.la/m/43816


Someone told me long ago
There's a calm before the storm, I know
It's been comin' for some time
When it's over, so they say,
It will rain a sunny day, I know
Shinin' down like water


I wanna know
have you ever seen the rain?
I wanna know
have you ever seen the rain?
Comin' down on a sunny day?
(...)


 


 


 

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Comentários (13)

  • Samantha Gryffindor

    O capítulo se resume, na reflexão da Sra.Weasley :  "Para não perder alguém de quem gostamos, devemos nunca nos cansar de pedir desculpas. E também perdoar essa pessoa quando ela erra. Qualquer relacionamento duradouro é construído assim". Concordo completamente com a Molly, quando não conseguimos mais perdoar nosso amado por pequenos erros cometidos e também pedir desculpas o relacionamento está fadado ao fracasso. Eu também quero uma trufa. :( 

    2012-11-08
  • Morgana Lisbeth

    Liana!!! Que bom que você chegou! Só estava faltando você das minhas leitoras fiéis (kkkk). Olha, o próximo capítulo.... Ai! Acho que alguns vão amar, outros odiar. Tem tudo para mexer com as emoções...  Bjs!

    2012-07-13
  • Annabeth Lia

    Bom.. cheguei uns dias atrasada, mas cheguei.. afinal antes tarde do que nunca! Morgan, o capitulo ficou IN-CRÍ-VEL, me fez chorar junto com a Hermione e rir junto com os Gêmeos! Seus capitulos são sempre muito cheios de emoções que chega a dar aquela vontade louca de nunca parar de ler hahaha, já vou ficar na espera pelo próximo, beijos!

    2012-07-13
  • Morgana Lisbeth

    Vou falar baixinho, para outros ficwriters não ouvirem e não despertar ciúmes:  eu tenho os leitores mais MA- RA-VI-LHO-SOS  DA FeB!!! Ai, me empolguei e acabei gritando (rs). Lumos, já deu para perceber que amo os gêmeos, não é? (rsrsrs) Infelizmente, com o início da jornada em busca das horcruxes, eles vão ter que sair de cena; mas acho que marcaram uma boa presença. Obrigada por fazer comentários em todos os capítulos. E isso desde a fic passada! Eu fico sempre esperando uma palavrinha sua ;) Fernanda, muito bem-vinda!!! Fico TÃO FELIZ quando chega um leitor novo!!!  Muito bom saber que você leu as outras duas fics da série “Entrelinhas”; acho que assim (pelo menos esse era o meu objetivo) dá para acompanhar o amadurecimento de Ron e Mione. E a gente fica na torcida, curtindo cada pequeno passo que dão em direção um ao outro (rs).  Agora vou querer um comentário seu a cada novo capítulo, combinado?! :) Clara! Que alegria! Você está mesmo seguindo o que “combinamos” e marcando presença a cada capítulo! Pois é,  como você falou, ainda falta um pouco para Ron ter coragem de assumir o sentimento olhando nos olhos da Mione. Mas, a cada capítulo, isso fica mais perto de acontecer. O próximo promete surpresas.... bjs!

    2012-07-13
  • Clara Eringer

    ADOREI! Hahaha, os gêmeos são ótimos, muito discretos, não? Os amo! Adorei o capítulo, achei fofo o Ron assumindo em voz alta seus sentimentos, só falta assumir em voz alta na frente da Hemione! Mas ainda falta um pouco pra isso acontecer, aposto! Haha. Ótimo capítulo, Morgana!Beijos. 

    2012-07-13
  • FernandaGrif2

    Heeeey finalmente acabei de ler Entrelinhas do 5°, 6° e agora 7° ano, e agora já posso comentar em cada capitulo.Por Merlim eu amo cada capitulo que você faz. Amo o Ron e a Mione Juntos, e na minha opinião se eles não fossem tão cabeças duras o romance dos dois perderia a graça. Um beijo e espero ansiosamente pelo proximo capitulo 

    2012-07-12
  • lumos weasley

    Só os gêmeos para apimentar esse quase romance. rsrsrsAmei o capítulo.Bjs! 

    2012-07-12
  • Morgana Lisbeth

    Oi, Lily! Fico sempre feliz com seus comentários! Acho que aquele livro presenteado pelos gêmeos não está adiantando muito não (rs). E os dois, hein? Realmente não tiveram tato algum (tsc tsc mesmo kkkk). Vou pedir ao Ron para "felefonar" para vc, que tem umas dicas ótimas \o/

    2012-07-12
  • Lily_Van_Phailaxies

    Os gêmeos são uns pestinhas mesmo. Como pode um plano dar tão errado assim?! kkkkkkFred e Jorge tesc tesc... tem que melhorem as táticas! E nunca, em hipótese alguma, diga para uma mulher que o homem que le ama precisa de uma menina "mais bonita"(em outras palavras). Tadinha da Mione! Fiquei com dó dela agora.Rony tentou ser delicado, mas receber criticas sobre seus defeitos, daquele que se ama é realmente de acabar com qualquer um! Ruivinho lindo, ela só queria que você falasse: Sim, vc é mandona, mas isso é uma das coisas que gosto de vc!" Certeza que ela iria se jogar nos seus braços antes do que vc espera!  =DAdorei o capítulo, parabéns! xD

    2012-07-12
  • Morgana Lisbeth

    Pois é, Gego, Ron falou em voz alta sim. Mas Mione já tinha subido as escadas e não ouviu. Ai, ai...  Ou será que ela estava com orelhas extensíveis? (risos) O fato dele verbalizar isso já é fantástico, não é mesmo? Vamos continuar na torcida :)

    2012-07-12
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