Parte I



Essa fic é meu presente de AS de páscoa para Vênnice Ravine! Torcendo para que ela goste!!!
Ainda vai para a beta, Artemis Granger, mas sou impaciente e resolvi postar logo. Afinal, tem uma segunda parte sendo escrita para finalizar essa loucura. kkkkk
Quero agradecer a Kiki Lamare pela ajuda em escrever e em me aturar. Quase que ela lança um Cruciu em mim... :O
Boa leitura!!!
(*)


A VILA


 


Prólogo:


A guerra não saiu como o esperado.


Voldemort descobriu o que aconteceria se duelasse com Harry Potter e traçou um plano para prendê-lo. Não queria se arriscar em mais horcruxes e com um pleno e sortudo conhecimento de toda sua história marcada com Harry, a escolha de guardá-lo era mais que viável era a única chance de ele comandar; reinar. Então seus fiéis seguidores o trouxeram para um lugar completamente isolado, ali, Potter iria viver penosamente.


O mundo ficou em completa escuridão. Muitos morreram nessa guerra e outros conseguiram, por pouco, se esconder. Os que restaram foram pegos e levados para uma vila, sem varinha. Eram obrigados a trabalhar para se manter, tinham como sustento o pouco que produziam, o suficiente para não morrer de fome. A esperança havia se dissipado e todos ali não lembravam, nem por um segundo, o que fora há apenas alguns anos atrás...


 


 


5 anos após a guerra.


 


Era noite. Hermione sentava à beira da cama de uma menina miúda que se cobria. Sua voz suave cantava uma melodia fraca. A menina olhava ternamente para Hermione e sorria cada vez que sentia a mão lhe afagar o rosto. Seus dedos se encontraram quando o último verso da canção era deixado para trás.


 


_Mamãe! Não estou com sono. _ ela teimava.


_Você precisa descansar. Amanhã iremos acordar cedo. Tem treinamento, lembra?


 


A menina sorriu e seus grandes olhos azuis brilharam na pouca luz formada pela vela.


 


_É dia de aprender mais sobre... Como é mesmo o nome?


_Deixe o nome para lá. Apenas aprenda.


_E preciso aprender tudo, não é mamãe?


_É sim, minha linda, é a única forma de se defender agora.


 


A menina abriu a boca demonstrando que o sono estava vencendo e deu um beijo para logo virar-se e fechar os olhos por completo.


Hermione soprou a vela e puxou os lençóis para deitar-se ao lado da cama em um colchão velho no chão.


 


 


A manhã chegou rapidamente para Hermione, seu corpo exausto pedia por mais descanso, mas mal dava conta de tudo com o tempo que tinha. E nesses tempos não poderia se dar a luxo algum. Seu rosto molhado mostrava as marcas da vida que levava, filha para criar, pais mortos. Amigos? Harry desapareceu. Rony, pai de sua filha, fora morto logo após ela nascer. Quanto a Luna, Dino, Neville e os demais quase não se falavam pois o tempo não permitia. Não poderiam arriscar ser torturados. Gina havia sido levada embora há alguns meses.


Ela caminhava de volta para casa, tinha chegado a hora do almoço e então ela aproveitava para ensinar a filha um pouco do ensino trouxa que seus pais lhe deram, no caso, artes marciais.


Ela abraçava e dava uns beijos espalhados, todos faziam isso na hora do descanso, era o momento que tinham para partilhar com seus familiares. Ela rodopiava a filha e dizia ter uma surpresa a ela, um pouco de leite que havia ganhado da mãe de Simas Finnigan, a responsável pela criação dos bovinos. Assim como o sorriso viera se fora, o silêncio reinou entre eles.


Em poucos segundos, os olhares voltaram-se à entrada da vila. Hermione acompanhou e pôs sua filha no chão junto a si. No mesmo momento, a menina se agarrou em suas pernas e ficou detrás ao ver um pelotão passar pelo portão sem ao menos abri-lo. Hermione respirou fundo. Sabia que vinham pegar algumas pessoas para levar ao "antro" deles. O que acontecia lá, ninguém sabia, ninguém havia voltado para contar. Ela tentava enxergar todos os de capa preta andando imponentemente, e se assustou ao ver ninguém menos que Draco Malfoy à frente, liderando o grupo.


Ele estava mais alto e mais forte. Ela não pode deixar de notar que o tempo havia sido generoso com ele, suas feições afilaram e seu ar arrogante tinha dado vazão a algo mais sexy. Seus olhos continuavam profundos e misteriosos, e encararam Hermione seriamente.


 


_Bom dia, sangue ruim!


 


Gargalhadas ecoaram atrás dele.


 


_Vim pegar algumas pessoas para levar e você está dentre elas.


 


A mãe de Simas se aproximou e pegou a filha de Hermione no braço.


 


_Mamãe!!!


 


_Eu? Que proveito terei nesse seu lugar?


 


Draco olhou ao redor e viu Dino Thomas se aproximar também.


 


_Acho que você merece uma surpresa, Granger, vou deixá-la descobrir ao chegar lá. _ sorriu malevolamente para Dino.


 


_Seu filho da mãe! _ Dino gritou. Ele sempre cogitava hipóteses das serventias que as pessoas levadas tinham nas casas dos comensais. Mas na última vez que foram buscar, a qual Gina Weasley foi levada, Dino ouviu Draco confirmar seus medos. O caso aconteceu mais ou menos assim:


 


_Gina Weasley, aproxime-se. - gritou o comensal que comandava.


 


Dino correu e segurou Gina pelo braço.


 


_Deixem ela aqui. Eu vou no lugar dela.


 


_É impossível, Thomas. _ Draco se meteu na conversa. Saiu do meio do grupo e ficou frente a frente com Dino. _ Você não poderá ficar no lugar dessa traidora de sangue. Para ela temos um convidado especial e com certeza ele não ficará satisfeito com a troca. Ele não vai poder utilizar da mesma forma.


 


Gina ameaçou chorar, mas o orgulho a fez engolir. Suas mãos apertaram o punho de Dino, que ao contrário da dela, soltava lentamente a sua pele, inconformadamente.


 


_Malfoy, não faça isso. _ ele pediu inconsolado.


 


_Cale a boca! Ninguém aqui tem direito a pedir nada. Vocês têm que ser gratos por ainda permanecerem vivos.


 


 


_Deixe Hermione, Malfoy. Você não tem o direito.


 


Draco sorriu e estalou os dedos. Prontamente, todos os outros comensais empunharam as varinhas.


 


_A traidora de sangue está bem, Thomas, se é isso que você quer saber. A sangue ruim também ficará. Na verdade, ela terá de se comportar comigo. O outro comensal pagou um preço muito alto por soltar um pouco as "rédeas" da Weasley. Tão alto que agora sou eu quem comanda aqui.


 


Hermione ouvindo e lembrando-se de quando Gina foi embora, virou-se e entregou escondido o frasco de leite à senhora que havia dado a ela. Beijou o rosto da filha e sussurrou: _Eu voltarei para você, minha vida.


Simas segurou Dino bem na hora que Hermione tinha suas mãos amarradas por Draco. Ele se contorcia e Simas tentava com todas suas forças e palavras o segurar e acalmar.


 


_Ela vai ficar bem, cara. Ela não vai morrer.


 


_Não! Simas, ela vai ser usada por aqueles... Assim como minha Gina...


 


_Não adianta, Dino. Eles têm varinhas e nós não temos nada. Não morrer, por enquanto, é o que basta.


 


Hermione olhava com o rosto impassível para todos da vila que estavam presentes.


Draco a encarava, mas ela não se deu ao trabalho de olhá-lo. Todos ficaram apreensivos e temerosos quanto a mais quem poderia ser levado.


Draco então tossiu um pouco e sorriu para a mãe de Simas.


 


_Vai cuidar dela? - ele perguntou tentando parecer displicentemente, mas Hermione, já acostumada com todo tom de voz que Draco usava, notou que ele falou seriamente e isso a fez olhar para ele.


 


Draco estava com as mãos nos bolsos e não pareceu sorrir abertamente. Parecia um tanto forçado. A senhora Finnigam afirmou com a cabeça e apertou a menina em seus braços. Ele então desfez a apreensão em seu rosto.


 


_Apresente-se agora, McLaggen. _ gritou.


 


O rapaz surgiu com uma camiseta rasgada nas mangas, suado, cabelo despenteado e com o corpo incrivelmente definido. Draco amarrou as mãos dele tão rapidamente com a varinha, ao contrário do que fez com Hermione, que McLaggen reclamou do aperto dado.


 


_Jorge Weasley. - gritou novamente.


 


Molly, sentada em uma cadeira na porta de sua casa, esperou o beijo que seu filho daria antes de partir. Não demonstrou nenhuma raiva, tristeza, ou qualquer outro sentimento. Estava disposta a não demonstrar nenhuma fraqueza.


 


Os comensais se viraram para irem embora após Jorge ter suas mãos amarradas também. Porém, Draco permaneceu no mesmo lugar.


 


_Temos uma novidade para vocês que tanto reclamam do meu mestre. Para mostrar que mais uma vez vocês são ingratos, ele decidiu que alguns dos que foram para nosso, vamos assim dizer, condomínio, _ os comensais sorriram. _ voltarão para suas casas. Não todos, só alguns.


 


Draco sabia que todos ficaram ansiosos para saber quem estava voltando, mas não quis ficar por mais tempo e andou até passar pela grade fechada e cheia de proteção junto com os comensais e os escolhidos. Andaram até um ponto mais adiante e aparataram. Uma curiosidade para Dino, que sempre observava tudo, nenhum dos que comandavam a busca aparatava com um dos escolhidos, mas, nesse caso, Draco aparatou com Hermione.


 


 


Hermione sentiu o enjoo comum ao desaparatar. Soltou-se do braço de Draco no mesmo instante que sentiu o chão sob os pés.


 


_Convidado especial para mim também? _ ela perguntou sem mudar a expressão.


 


Draco balança a cabeça negativamente.


 


_Você já pertenceu ao Weasley. Todos sabem.


 


_Então...?


 


_Não tem com o que se preocupar, Granger.


 


_É, não importa mesmo.


 


Ele permaneceu calado.


 


_Mais uma coisa, quem voltará para a vila?


 


_Alguns dos primeiros que foram levados, como o Weasley mais velho. _ Draco respondeu calmamente, o que intrigou Hermione, ela pensava que qualquer pergunta da parte dela seria ignorada por ele.


 


Deram a volta em um rio que serpenteava por entre a mata irregular que passavam. Draco andava lado a lado com Hermione e McLaggen ao lado dela. Ele olhava furtivamente para Draco e não conseguia pensar em uma maneira de desculpá-lo por isso. Por ele ser tão mesquinho e covarde, agredindo e participando da maior humilhação do que foram seus colegas de escola. Chegaram à uma casa velha, mas com ar de nobreza. Suas grades viraram fumaça enquanto os primeiros comensais passavam e Hermione se perguntou como ela e os outros passariam. Sua resposta chegou na forma de toque. Draco havia segurado o braço dela, mais delicadamente do que ela podia esperar, e viu os seus amigos serem tocados da mesma maneira. Algum feitiço foi murmurado por ele e eles passaram pela fumaça preta do portão.


 


O toque dele se foi assim como veio e nesse momento Hermione começou a temer o que poderia acontecer a ela quando entrassem na casa.


 


Não era de adimirar a decoração do local. Mobília de madeira antiga com objetos banhados a ouro, prata e cobre. Tudo era, de certa forma, rico e com uma beleza que só mesmo alguém de bons conhecimentos poderia fazer. Logo lhe ocorreu que várias famílias dos comensais eram antigas, ricas e teriam toda a visão e disposição de dinheiro para fazê-lo.


 


_Veio guardando, Malfoy? _ uma voz fez Hermione voltar a se concentrar na cena à sua frente. Draco deu o mesmo sorriso forçado para a pessoa que lhe dirigiu a pergunta.


 


_Ninguém quis acompanhá-la, Parkinson. A propósito, seu pedido está ali. _ apontou para McLaggen ao lado de Hermione. _ Faça o pagamento a Goyle e pode levar.


 


Pansy sorriu tentando ser sedutora, mas McLaggen sentiu um "embrulho" no estômago ao ouvir a palavra "pedido".


 


Ela saltou da bancada que estava, foi em direção a Goyle sentado numa espécie de mesinha, e jogou um saco de moedas que se abriu com o impacto causando um barulho muito alto devido ao silêncio que todo o resto fazia. Goyle apanhou moeda por moeda e contou rapidamente. Gesticulou com a cabeça de modo que Draco entendesse que ela estava liberada para pegar seu pedido. E assim, Hermione viu McLaggen sumir por uma lareira com Pansy e outro comensal.


 


"Então era assim?" ela pensou no azar de ser escolhida. "Quem poderia pagar por ela?"


 


Pela porta, uma figura imponente saiu com suas vestes pretas e seus cabelos desarrumados. Seus olhos perscrutaram todos por lá e sua voz zombeteira foi ouvida.


 


_Weasley! Venha! _ Belatriz falou estridentemente. _ Seu senhor quer lhe ver logo.


 


Jorge andou tremulamente. Olhou para Hermione e deixou uma lágrima descer pelo rosto. Com suas mãos amarradas acenou para Hermione, um adeus triste, inconsolável.


 


Hermione seguiu Draco após o seu chamado. Caminhando por entre corredores e passando por salas que só haviam sido vistos por ela em televisão. Ela estava abismada com o que tinham, olhando de fora, a casa não parecia ter aquele tamanho todo, e isso era devido a magia, é claro.


Andaram silenciosamente. Draco não parecia preocupado, nem aflito, tampouco feliz; estava mais atencioso do que costume e sua mão não segurava a varinha com toda imponência que mantinha em batalha. Passaram por uma barreira invisível e logo Hermione sentiu que estava em outro local, mais frio, mais novo. Ela olhou para trás e não avistou o corredor na qual andara há pouco, a única coisa que viu foi um espelho cobrir a parede por completo.


 


Eles entraram em um cômodo grande o suficiente para um quarto e logo atrás havia uma porta larga de madeira.


 


_Você pode ir tomar banho, se quiser. _ Draco apontou para a porta.


 


Hermione o olhou, desconfiada.


 


_Uma casa dentro da outra?


 


Draco ergueu uma sobrancelha e sorriu irônico.


 


_Às vezes você age como uma perfeita nascida trouxa.


 


Hermione cerrou os punhos amarrados e segurou a língua para não ofendê-lo. Sabia que não podia tirá-lo do sério. Ela então seguiu para a porta e olhou para Draco levantando as mãos amarradas.


 


Ele acompanhava cada movimento dela e com um floreio da varinha fez as cordas sumirem.


 


Hermione viu a banheira extremamente limpa. Tudo era branco, chegava a doer olhar assim que entrava e se despiu com um pouco de cautela e vergonha.


Abriu a primeira torneira e a água gelada desceu com uma vazão forte, então abriu a segunda torneira e uma água quente também desceu fortemente. Ela entrou com cuidado para não escorregar, fazia anos que não tomava banho dessa forma. Viu o sabonete verde apoiado numa pequena peça de prata e o pegou para limpar todo o seu corpo. O cheiro era bom, não ressecava sua pele, e ela não quis sair dali tão cedo. Olhou ao redor procurando por algo mais e avistou em uma prateleira de vidro frascos do que ela pensou em ser xampu e outras coisas. Logo estava lavando o cabelo e passando óleos específicos para o corpo. Quarenta minutos depois, ela sai do banheiro vestida com sua roupa de sempre.


 


Draco estava deitado em um pequeno sofá que ficava em frente a uma porta que antes não se encontrava ali, antes, a porta ficava à direita da entrada do banheiro.


Ele viu Hermione ficar em pé perto dele.


 


_E então? Cadê o meu dono? _ ela perguntou segurando a raiva.


 


Draco não pareceu se abalar com a pergunta, pior, ignorou.


 


_Tire essa roupa, Granger, você usará o vestido. _ ele apontou para a roupa cuidadosamente esticada na cama.


 


Ela pegou o vestido e trocou de roupa perto da porta do banheiro.


 


_Quem me comprou, Malfoy? _ ela insistiu.


 


Draco levantou-se e a olhou fechar os últimos botões do seu vestido dourado brilhante.


 


_Hoje terá uma recepção. _ ele começou a falar a ignorando completamente de novo. _ Você verá algumas das pessoas trazidas anteriormente.


 


_Gina? _ a pergunta saiu sem pensar.


 


_Sim. Você fará exatamente o que eu disser. Não insulte e nem converse com quem quer que seja sem a minha permissão. Não ande e nem faça nada sem que eu diga que pode fazer. Entendeu?


 


Hermione franziu o cenho e cruzou os braços.


 


_Certo. Vou conhecer quando o meu dono?


 


Ele respirou fundo.


 


_Ainda hoje.


 


Draco tocou um sino e logo um elfo apareceu no quarto com alguns enfeites tais como, brincos, pulseiras, tiaras, anéis. Tudo muito delicado e de bom gosto. Hermione olhou receosa e encarou Draco transparecendo todo o seu espanto e medo.


 


_Aqui as coisas funcionam com dinheiro. Quem pode tem as coisas mais caras e magníficas que existem. Quem comprou você, estava disposto a pagar por tudo isso.


 


Hermione se sentiu desarmada de palavras. Suas mãos e braços magros e ressecados estavam tendo um tratamento com hidratantes caríssimos. O elfo colocava as jóias e as tiravam esperando achar alguma que mostrasse ficar mais bonita nela. Dois anéis de ouro com um círculo prateado ficaram bem na mão de Hermione, porém, estavam folgados para o minúsculo dedo dela. Assim que Draco os avistou na mão apontou a varinha os fazendo encaixar-se perfeitamente. Assim aconteceu também com um bracelete dourado em forma de uma serpente com safiras cravejadas em cima e brincos igualmente cravejados longos. Ele escolheu, ela aceitou. Nenhuma palavra dita neste momento.


 


O cabelo de Hermione foi secado pelo elfo e Draco a pediu para pentear-se de modo apropriado. A visão de si mesma no espelho era um tanto assustadora, onde tinha passado seus últimos cinco anos nada tinha para dar esse aspecto a ela, aliás, ela nunca teve nada tão esplendoroso. Era um terror. Saber que estava sendo bem tratada para logo mais ser usada como objeto, dava uma sensação de impotência.


Hermione passou a mão no bracelete.


Ela ainda olhou para Draco mais uma vez, mas ele não parecia interessado, apenas a olhou de cima a baixo e fez sinal para que o acompanhasse.


Eles passaram pela porta que havia mudado de lugar e Hermione imediatamente entendeu o porquê. A porta dava para outro quarto, maior, refinado, decorado certamente para um homem rico. Ela entendeu que o quarto na qual trocou de roupa era o dela e ela só sairia dele passando pelo o do seu dono, provavelmente.


 


Andaram por outro caminho, mas chegaram ao mesmo corredor do espelho que atravessou. Então passaram por ele e ela olhou para trás para ver uma falsa continuação do corredor grande e com móveis antigos. Diferentemente do outro lado.


 


Refizeram o caminho de volta ao salão. Uma mesa posta bem acima encostada a janela de vidros escuros estava repleta de comida. Vários tipos de frutas, tortas, salgados, carnes e bebidas. Hermione sentiu pela primeira vez seu estômago roncar de fome desde que chegou naquela casa. Percebeu que não havia almoçado. Contudo, ela fez o que Draco dissera e o seguiu até ele sentar em uma das cadeiras de madeira que formavam duas fileiras, uma de frente para outra, na sala ampla. Ela viu alguns comensais conversando e rindo. Olhando de longe pareciam pessoas normais, sem a aparência de ruindade. Hermione olhou mais ao redor e viu ao longe uma menina de cabelos presos em um vestido preto longo, ela perdeu o fôlego. Era Gina olhando distante para a porta que dava para a saída, deveria estar pensando em fugir.


 


Hermione fica aflita e se lembra que não pode fazer nada sem o consentimento de Draco e de repente se sentiu enjoada, será que seu dono seria como Draco? Não permitindo nada sem que ele diga que o possa? Ela então desviou sua atenção para Draco e ele estava absorto em pensamentos, mas com os olhos cravados nela.


 


_Pode ir. _ ele falou baixo e mal Hermione acreditou. Tanto que ficou imóvel em sua cadeira. _ Vá. Converse por cinco minutos e volte. _ ele ordenou.


 


Hermione levantou bruscamente do banquinho que ficava ao lado e um pouco atrás da cadeira de Draco e agradeceu com um olhar a Malfoy correndo para junto de sua amiga.


 


_Gina! _ ela grita antes de chegar perto.


 


Gina a olhou, apavorada e contente ao mesmo tempo. Era visível o contraste de emoções que demonstrava, mas ainda assim abraçou a amiga fortemente.


 


_Ah, Gina. Como estou feliz em te ver!


 


Gina sorri e a beija na testa.


 


_Hermione, como você está? E minha família?


 


_Estão todos bem, Gina. Jorge foi quem veio para cá comigo hoje.


 


_Hum. E sabe para onde ele foi?


 


_Ele ficou por aqui, foi chamado por Belatriz.


 


Gina colocou a mão na boca escondendo um grito.


 


_Ele ficou com o próprio você-sabe-quem.


 


_Imaginei. Mas conte você, só me deram cinco minutos de conversa.


 


_Quem é o seu dono? _ Gina perguntou aflita.


 


_Não sei. Vou conhecer nessa festa idiota. _ Hermione respondeu ligeira.


 


_Eu estou bem, Hermione. Sério. Quem me comprou foi Zabini. Acredita?


 


Só então Hermione olhou para o rapaz na cadeira ao lado conversando com um homem que parecia ser seu pai.


 


_Engraçado. _ Gina olhou para o outro lado. _ Nunca vi dono algum deixar para depois o encontro com sua propriedade.


 


Hermione a olha repreendendo.


 


_Não me olhe assim. É assim que somos chamados, propriedade. Acostume-se. Quando não sabem nosso nome ou simplesmente não querem, nos chamam de "propriedade de fulano".


 


Hermione continuou com a cara feia.


 


_Quem lhe deu cinco minutos, então?


 


_Malfoy. _ Hermione respondeu e virou-se para onde ele estava. Viu que ele apontou para o relógio no braço dele como que um aviso de que ela tinha de voltar. _ Tenho que ir.


 


Gina a abraça novamente e tenta falar alguma coisa, mas os braços de Zabini tinham-na tirado de perto.


 


Hermione baixou a vista para não encarar Blaise com raiva. Ela não pode se dar a esse luxo. Qualquer coisa é motivo para uma tortura partindo dessa gente. Voltou para o lado de Malfoy que a olhou sério.


 


_Foram seis minutos.


 


_Desculpe, eu não tenho relógio. _ Hermione respondeu com um tom de raiva e diversão. Estava sendo sarcástica claramente.


 


Draco nada falou e voltou sua atenção para a mesa que flutuava e centralizava-se perfeitamente entre as fileiras das cadeiras. Soube que era hora de todos silenciarem e aguardarem a chegada de Voldemort. Uma cadeira foi posta na cabeceira da mesa pelo elfo e Voldemort surgiu da escuridão de uma das entradas.


 


_Esperava por essa reunião, meus amigos. _ ele começou. _ Novo plano eu tenho formado. Agora teremos o mundo todo em nossas mãos.


 


Risos foram ouvidos e explanações de "finalmente".


 


_Em especial trago esta notícia a vocês porque hoje temos uma representante dos trouxas. _ todos se voltaram para Hermione que continuava sentada no banco mais atrás de Draco. _ Ela terá uma participação exemplar.


 


Draco não encarou ninguém, mas Hermione viu seus lábios se contraírem. "Não será possível que também serei dele." Hermione pensou aflita.


 


Todos comeram e contaram histórias de torturas e matanças. As "propriedades" esperavam que os seus donos terminassem a refeição e só assim poderiam comer algo. Porém, Draco a mandou para o quarto lhe garantindo que se ela desviasse por um segundo do caminho ele saberia. Antes de deixar a sala, ela olhou para Gina e viu que ela estava com um prato nas mãos começando a devorá-lo. Andou um pouco devagar tentando lembrar o caminho exato. Suas mãos suando e sua barriga doendo. Não esperava que Draco fosse privá-la disso. Afinal, onde estava seu dono? Ele permitiria jóias tão caras, mas nada de comida?


 


Assim que ela entrou no seu quarto se assustou com a visão. Um elfo estava com um carrinho de comida perto de uma mesinha que fora posta junto ao sofá. Não acreditou no que estava vendo.


 


_O senhor mandou lhe trazer isso tudo em segredo. _ o elfo destampava as bandejas.


 


Carne assada com purê e arroz, bolo de frutas, chocolate quente, pãezinhos e queijos estavam à espera e prontamente ela se sentou para saborear tudo.


Terminou rapidamente e sorriu para o elfo que levava o carrinho embora, deitou-se no sofá pequeno para esperar Malfoy.


 


Por um momento, Hermione cochilou e quando acordou viu a porta do seu quarto fechada. Foi em direção a ela, contudo, não abriu, pois, escutou umas vozes no quarto da frente. Encostou para ouvir a conversa.


 


_Ela não pode saber quem é o dono, por enquanto. _ a voz de Snape ecoava. Hermione arregalou os olhos.


 


_Carrow... Você sabe do que ele é capaz... _ Draco enfatizou.


 


_Sim. Se ela souber quem a comprou não vai gostar.


 


Não houve resposta da parte de Draco.


 


_Você escolheu bem as jóias para ela usar. Tenho que lhe dar meus parabéns.


 


_Poupe-me disso, Severo. Ela não vai ligar para isso quando souber quem bancou. Você sabe disso! Prometi a ela que saberia hoje quem era o dono, e agora, você me diz que não posso dizer.


 


Hermione ficou com a respiração descompassada em pensar que Snape poderia ser seu dono. No entanto, por que ele não queria que ela soubesse?


 


_Eu o vi pedir uma nascida trouxa. Ela está aqui. Ainda me deve algo, não acha?


 


Snape gargalhou.


 


_Ah, Draco, não venha com esse papo. Eu lhe darei as informações assim que souber, mas Granger está aqui porque... _ nesse momento o elfo apareceu dentro do quarto de Hermione levando roupas e ela se assustou desencostando da porta. Agradeceu rapidamente e voltou a se encostar. Perdeu o motivo de ela estar ali como "propriedade".


 


_Cala a boca, Severo. Voldemort quer usá-la nesse novo plano dele.


 


_Você não tem mais medo mesmo, não é? Fala o nome dele como quem fala o próprio.


 


_Não ouse me comparar a ele. O meu sobrenome terá seu devido valor. _ Draco pareceu seriamente ofendido.


 


_Muito bem. Continue assim, não a deixe saber de nada e trate-a bem. Logo que eu estiver pronto, você dirá a ela quem é o dono.


 


Hermione segurou o choro. Não podia acreditar que Snape tinha pagado por ela. Então pensou que não pode ter custado muito, ela já havia sido de Rony, como Draco a lembrara. Deve ter sido um ínfimo valor. Contudo, ela pensou nas roupas, jóias e comida. De onde Snape tinha tirado tanto dinheiro? Pelo o que ela lembrava, ele não tinha nem onde cair morto que dirá para bancar aquilo tudo. Ela então se jogou no sofá, o pensamento mais absurdo lhe passando pela mente. Tratou de espantá-lo de tão louco que era e se deu conta do mais provável, Carrow pagou por ela e ela teria de aguentar um dos piores comensais conhecidos. Gina tinha dito que nenhum dono deixava para pegar depois o que pagou e ela iria falar mais alguma coisa. Será que tinha algo a ver com isso?


Seus pensamentos foram interrompidos pelo estrondo que a porta fez ao ser aberta.


 


Draco entrou vacilante. Seu olhar percorreu Hermione até parar nos sapatos transparentes como cristal em seus pés. Caminhou até a cama enquanto Hermione o seguia com o olhar.


 


_Confortável? _ perguntou parecendo displicente.


 


Hermione lembrou que Severo o havia mandado tratá-la bem e ela sentou-se cruzando os braços.


 


_Em que parte você quer saber?


 


_Gostou do vestido? _ ele insiste.


 


_Foi você quem escolheu? _ ela retruca.


 


Draco revirou os olhos e deitou esticando seus braços para cima do corpo.


 


_Você só me responde com perguntas, sabe-tudo?


 


_Algum problema com isso? _ ela continua.


 


_Não para mim. E seus sapatos? _ pareceu mais rabugento.


 


_Devo elogiar?


 


Draco se posicionou de lado apoiando sua cabeça em uma das mãos.


 


_Ainda não saberá quem é o seu dono.


 


_Por que não? _ Hermione questionou ansiosa.


 


_Nada que eu deva lhe explicar, Granger. Aqui você não manda.


 


Hermione sorriu cruelmente. Passou-lhe pela cabeça falar o que tinha ouvido de detrás da porta, mas decidiu calar-se, pois seria mais proveitoso.


Draco a encarava sem sorrir e sem raiva. Sua face estava indiferente. Deve ter aprendido com Severo Snape.


 


_Vejo que suas roupas já chegaram. Uma é a de dormir e a outra a que vai vestir amanhã. Como não ouvi sua opinião sobre a que está usando devo advertir que todas as outras virão como eu achar que deva.


 


Hermione franziu o cenho e entortou a boca para ele. Ele sorriu levemente e foi embora para seu quarto, fechando atrás de si a porta que dava para o dela.


Hermione achou tudo muito estranho. Estava calmo. Fora, de certa forma, bem tratada. Gina parecia realmente bem, embora ela não tenha tido tempo para saber mais. Mas não havia marcas de tortura. Não escutou gritos. Nada era sombrio e sua acomodação era bem melhor do que esperava. Não compreendeu a situação. Eles se tratavam de comensais. Todos ali. Eles deveriam maltratá-la, xingá-la e outras coisas aterrorizantes, porém, nada foi feito.


 


Ela trocou de roupa novamente e deixou o vestido junto com o sapato no sofá. Deitou-se na cama e sem se dar conta adormeceu quase que instantaneamente.


 


Draco estava sentado ao lado de Hermione. Ela se virou para o lado oposto ao dele, sua camisola subiu um pouco e o contorno de seu quadril ficou exposto. Draco engoliu em seco e sacudiu o braço dela fazendo-a acordar.


 


_Que foi? _ ela gritou.


 


_Isso são modos? _ Draco a olhava sério. Hermione calou-se e se sentou puxando o lençol para cima.


 


_Já é hora de levantar?


 


_Na vila, você dormia bem menos do que dormiu aqui. Está reclamando?


 


_Estou cansada. Anos na luta. O banho, a comida e essa cama me fez relaxar de vez.


 


Draco balançou a cabeça e Hermione pode notar que ele tinha o sino nas mãos. Ele o sacudiu uns segundos e o elfo materializou-se no cômodo.


 


_Pode trazer. _Draco falou e o elfo desapareceu. _ Esteja arrumada em 15 minutos. Estarei esperando no meu quarto.


 


Hermione ficou confusa.


 


_Onde fica seu quarto? _ perguntou ingenuamente.


 


_Enlouqueceu? _ Draco sorriu e fechou a porta que divide os dois ambientes.


 


Hermione tomou um banho rápido e se vestiu com o que o elfo tinha levado no dia anterior: calça jeans, uma camiseta branca e um casaco preto. O elfo apareceu novamente equilibrando uma bandeja nas mãos.


Hermione olhou para os lados e pigarreou.


 


_É... Você sabe o que eu devo calçar?


 


O elfo apoiou a bandeja na cama e sumiu. Hermione destampou e viu o que parecia ser mingau de aveia, sanduíche e café. O elfo apareceu trazendo consigo um par de sapatos preto.


Deixou próximo a ela e falou mais uma vez que era segredo. Escutou um agradecimento da parte dela e sumiu novamente.


Hermione estava terminando de comer quando Draco entrou no quarto impaciente.


 


_Falei quinze minutos!


 


_Mais uma vez vou dizer: não tenho relógio.


 


Draco bufou e tomou a xícara com o restante do café. Tocou o sino novamente e o elfo recolheu os pratos já vazios.


 


_Vamos. _ ele a puxou pelos braços.


 


Hermione foi levada rapidamente por outro caminho para um banheiro sujo.


 


_Aqui está. Limpe tudo. _ Draco falou e sumiu corredor afora deixando Hermione um tanto assustada.


 


"Então é isso? Começou a parte ruim." Ela lavou tudo. Estava realmente impecável quando ele apareceu.


 


_Muito bom. Agora venha. _ levou para outro banheiro. E depois mais outro e outro. Até ela lavar oito banheiros seguidamente e reclamar de dor nas costas quando ele chegou para buscá-la.


 


_Não estou entendendo nada.


 


_Você não tem que entender. Faça seu trabalho ou será castigada.


 


_Foi para isso que fui comprada? _ ela pergunta mais esperançosa. Queria ter a certeza de que não seria usada para satisfação libidinosa de outros.


 


_Também para isso. Você faz o que seu dono quiser.


 


_E onde ele está?


 


_Chega de perguntas!!


 


_Quem é ele? É Snape? _ Hermione deixou escapar e nesse momento Draco tira sua varinha do bolso.


 


Hermione escuta passos se aproximando.


Clack Clack Clack


Draco aponta a varinha a ela e a manda se calar. Hermione tem sua raiva aumentada e resolve confrontá-lo de vez.


Clack Clack Clack


 


_Quem pagou por mim, Malfoy? Carrow?


 Clack Clack Clack


Silêncio.


 


_Cruciu! _ ele murmura e Hermione cai ao chão sentindo seu corpo doer violentamente.


 


_Muito bem, Malfoy. _ a voz feminina o encorajava. _ Sabia que você tinha feito uma ótima escolha.


 


Assim como veio, a mulher com aparência assustadora se foi. Belatriz se orgulhava sempre que via seu sobrinho agindo como ela mesma. Quando ela parece não estar mais por perto, ele abaixa a varinha e olha para Hermione ofegando no chão.


 


_Levante-se. Está na hora do almoço. Comerá no quintal da casa assim como o resto das propriedades.


 


Hermione o encarou raivosamente e o seguiu até chegar a um quarto com odor horrível, era lá onde ficava boa parte das propriedades. Duas panelas no chão. Uma de carne e outra que parecia algo como polenta. Uma mulher descabelada, chamada Maria, servia os pratos e Hermione olhou para trás vendo que Draco já se fora e que a porta estava trancada.


 


_Hermione! _ Gina a chamou nervosamente. _ Estava preocupada, você não apareceu hoje de manhã, deve estar com fome. Ontem não comeu na reunião e nem hoje por aqui. Maria, faça o prato dela logo. Ela deve estar passando mal já.


 


Hermione a olhou intrigada e recebendo seu prato passou pela porta que dava para o quintal. Muitas árvores e uma paisagem bonita de se ver com um lago espelhando os montes ao longe.


 


_Não pode passar daquele cercado de jasmim imperial, está vendo? Tem uma proteção ali e quem se aventurar se desintegra como papel queimado.


 


Hermione colocou uma colher da comida em sua boca. Não era ruim, mas não chegava aos pés da que foi servida no quarto dela.


 


_Gina. Preciso te contar uma coisa. Eu comi ontem e hoje, e muito bem por sinal, no meu quarto.


 


Gina a olhou descrente.


 


_Depois de tomar o café me levaram para lavar oito banheiros e levei um cruciu, agora, cá estou eu. O que tudo isso significa?


 


_Quem te torturou? Malfoy? _ Gina pergunta sabidamente.


 


_Sim.


 


_Interessante. _ outra menina com roupas esfarrapadas passou por elas e Gina se manteve calada até ela estar distante suficiente para não ouvir. _ Zabini também fez isso comigo quando cheguei. Vez em quando ele me dá comida no quarto e é tão melhor que essa que recebemos aqui.


 


Hermione concordou.


 


_Mas geralmente venho para cá e ajudo na cozinha, nos quartos e com animais. Já fui torturada, mas não por ele. Fui pela irmã Carrow. O engraçado é que foi somente uma vez e Zabini me garantiu que isso só virá dele agora, no entanto, esse tempo todo que estou aqui não recebi uma maldiçãozinha sequer dele. _ ela fala sorrindo.


 


Hermione dá mais uma colherada e pensa no que ouviu.


 


_Não é estranho? Quer dizer, são comensais e ainda assim temos coisas boas.


 


_Nem todos. _ Gina falou e fez um gesto com a cabeça para a menina que passou por elas. _ Olhe o estado dela. Ela pertence ao senhor Crabbe. Dizem que ele faz de tudo com ela.


 


No mesmo momento, Hermione salta e olha Gina desesperada.


 


_Zabini já... Você sabe...


 


Gina sorri forçadamente e olha Hermione com pesar.


 


_Você não sabe como me deixou triste vê-la aqui. Penso só nisso, minha querida amiga, em quem lhe tocará. Zabini já me tocou, mas não foi bruto ou insensível. Na verdade, só fez isso depois que eu estava aqui uns meses.


 


Hermione encarou o nada.


 


_Não digo que me senti ótima com isso. O que quero dizer é que ele deu um tempo a mim para me acostumar a ele. E como falei, ele me trata bem sempre que possível.


 


Os olhos castanhos de Gina encontraram os de Hermione e ela soube que sua amiga estava desesperada.


 


_Eu escutei uma conversa. Acho que tem chance de Snape ser meu dono.


 


_Snape? _ Gina deu mais uma garfada. _ É impossível! Ele não tem dinheiro e o que você estava usando na reunião era coisa de quem tem uma grana alta.


 


Maria apareceu reclamando para que elas terminassem logo o almoço. Já estava quase na hora de voltar ao trabalho.


Hermione praticamente engoliu sua comida e Gina fez a mesma coisa. Largaram seus pratos na pia juntamente com os outros e se dirigiam a saída.


 


_Granger, você ficará aqui. _ Maria avisou e abriu a porta para que as outras saíssem.


 


Hermione lavou os pratos, panelas e o chão. Aparou a grama do quintal e voltou à cozinha para ajudar no jantar.


 


Draco a buscou assim que o relógio bateu 18:00 h. Sua mão apertando firmemente o braço dela dava um sinal de que aquela noite não seria como as outras. Ela entrou no banheiro novamente, mas se lavando no chuveiro. Draco não deu tempo suficiente para entrar na banheira. Seu cabelo suado era lavado rapidamente e ela saiu mais ansiosa do que quando entrou. Draco estava impassível. Sua roupa lembrava alguma festa de gala e a roupa na cama era de que ela não o acompanharia dessa vez. Foi levada para um quarto minúsculo, escondido. E lá permaneceu juntamente com a propriedade do sr. Crabbe. Ela pareceu à Hermione mais minúscula do que a primeira vez que a viu. Suas roupas rasgadas e sujas contrastavam com a dela, que embora simples, estava em condições de uso e limpas. Começou a perceber que a garota não teve nenhum tipo de tratamento como Gina e ela, e se sentiu como uma idiota em aceitar tudo aquilo.


 


_Qual seu nome?


 


A garota não respondeu e nem se mexeu na cama empoeirada. Hermione se aproximou.


 


_Você não está dormindo. _ verdade. A garota estava de olhos abertos fixados na parede, contudo, mais distante do que parecia.


 


_Você precisa de algo? _ perguntou mais para puxar assunto do que mesmo querendo ajudar. O que ela poderia fazer àquela garota? De repente, Hermione soube o que poderia, puxou pelo braço fazendo-a sentar.


 


_Vamos. Eu vou te levar a um banheiro decente e você irá tomar um banho para relaxar. _ A garota olhou Hermione como se olhasse uma louca.


 


_Banho decente? Onde você acha que está? São comensais. Eles nunca permitiriam isso.


 


Pediu que ela a acompanhasse e ela hesitou.


 


_Se nos acharem perambulando enquanto devíamos estar aqui, vão nos dar umas horas de tortura.


 


Hermione não quis escutar o que a garota falava e saiu puxando-a pela cintura e literalmente empurrando-a pelo corredor. Hermione estava mais atenta ao caminho e já possuía uma noção da casa e então conseguiu chegar ao corredor do seu quarto. Engraçado como a porta que dava para o quarto de Malfoy não estava lá, mais adiante se encontrava a porta que primeiramente a levou diretamente a seu quarto. Ela franziu o cenho, mas abriu a porta para entrar no cômodo. O quarto estava escuro e difícil de enxergar. Tateou por algo na parede como tinha na casa dos seus pais, e encontrou logo atrás da porta algo que parecia ser um interruptor. Sem demora ela acendeu e o susto que a garota teve foi de espantar qualquer um por perto.  Ela ficou chocada com o cômodo apresentado e não acreditava que Hermione tinha total liberdade de estar nele.


 


_Venha. Tome um banho decente. _ Hermione a levou para o banheiro e a garota se agarrou à porta.


 


_Você só pode estar louca... Seu dono nunca permitiria algo assim.


 


Hermione a puxou com mais força até que se soltasse e depois abriu as torneiras para misturar as águas e sua nova amiga poder apreciá-la.


Tão dura estava que a garota não se moveu. Hermione pediu licença e tentou ajudar a despir.


 


_Quando você veio aqui? _ perguntou relutante.


 


_Desde que cheguei. _ Hermione respondeu sem compreender.


 


A garota despiu-se rapidamente, o que pareceu meio ofensivo a Hermione, pois ela não parecia ter problema de nudez na frente de outrem o que provocou um questionamento do por que disso.


 


Ela deitou-se na banheira e Hermione deu o sabonete cheiroso e agradável para que ela se limpasse por completo. Deixou que ela terminasse sozinha o serviço e procurou algo para fazer do lado de fora do banheiro. Viu o sino na mesinha perto do sofá e o tocou de leve esperando que o elfo aparecesse em sua frente e assim aconteceu.


 


_O que a senhorita faz aqui? _ o elfo pergunta surpreso.


 


_Pode trazer alguma comida? _ Hermione questiona sem dar muita atenção. _ Quer dizer, se for possível, tenho outra comigo aqui e acho que ela precisa se alimentar.


 


O elfo abriu a boca em desespero e imediatamente gritou para que ela saísse de lá.


 


_Você não deveria estar aqui. Muito menos trazer alguém. O senhor não ordenou isso.


 


E imediatamente o elfo desapareceu e Hermione pensou que provavelmente, ele estaria indo se encontrar com Malfoy. Assim que seu pensamento se formou, a garota saiu do banheiro enrolada e assustada.


 


_Alguém gritou aqui? _ ela parecia histérica.


 


Hermione começou a pensar no fato de Gina estar na cozinha e que às vezes é que ela tinha um tratamento melhor.


No mesmo instante, Draco surge no quarto, Severo e o elfo estavam com ele.


 


_O que você pensa que está fazendo?


 


O elfo seguiu para o banheiro e fez com que a garota se vestisse novamente.


 


_Ela... Ela... _ Hermione tentava entender a expressão de Snape, pois não parecia agradável.


 


_Tive que trazer seu dono. _ o elfo reclamou diretamente para Hermione e ela foca seus olhos nos de Severo.


 


_Você...


 


Severo se mostra um pouco confuso, porém, isso é só por um segundo. Ele volta a exibir sua expressão indiferente.


 


_Por que não me contou? _ Hermione briga com Draco e ele não fica na defensiva.


 


_Saia daqui. Você vai voltar para o quarto que lhe deixei.


 


Hermione cruzou os braços e pareceu fincar os pés no chão. Severo pareceu se divertir por um momento.


 


_Saia agora! _ Draco grita e Hermione começa a andar lentamente encarando ora Severo, ora Draco.


 


_Não custava ter-me dito. _ resmungou.


 


Draco saiu atrás dela trancando a porta com algum feitiço. Seguiu Hermione até o quarto minúsculo e empoeirado de antes. A garota já estava nele e o elfo na porta à espera dos outros.


 


Antes de entrar, Hermione dá uma última olhada a Severo. Draco ordena antes de fechar a porta que ela deve permancer lá até o outro dia e tranca as duas dentro.


 


_Obrigada. _ a garota fala com um sorriso.


 


_Nem conseguiu tomar banho direito... _ Hermione retrucou.


 


_Você teve a boa intenção. Isso é que vale.


 


Ficaram quietas uns minutos até que Hermione decidiu cortar o silêncio.


 


_Você é do Crabbe, certo? Nunca teve nenhum tratamento bom?


 


_Estou pasma por você ter. Algumas pessoas falavam de Gina e do dono, que ela talvez tivesse recebido algo, mas desde então eu só a vejo na cozinha, trabalhando e imunda como todo o resto.


 


Hermione calou-se com a informação. Pensou que era necessário manter essa linha de maus tratos.


 


_Agora que vi que o seu dono _ a garota falou dono com um ar de espanto. _ fez isso. Devo pensar que o boato de Gina é verdadeiro.


 


_Com meu dono sendo quem é, acredito que terei o mesmo destino de Gina e de todas vocês. _ Hermione falou sorrindo.


 


A garota sorriu alto.


 


_Que má sorte a minha ter ele como dono. Ele me odiava na escola quando tinha de me ensinar. _ falou olhando para a garota que agora mantinha o cenho franzido.


 


_Ele ensinava? Você? _ ela pareceu surpresa.


 


_Sim. Não sabia que Snape era professor antes da guerra? _ Hermione questionou arrancando um "Oh!" da garota na cama ao lado.


 


_Meu nome é Patricia.


 


_Prazer, Patricia.


 


_E a propósito, seu dono é o Malfoy.


 


(           *          )


 


 


Hermione ficou paralisada com o que soube. Patricia esperou que o choque passasse e aguardou a hora certa de falar.


 


_Por que...?


 


Foi tudo que Hermione conseguiu dizer e Patricia sentiu uma certa pena dela.


 


_Quando eu soube, fiquei triste por você. Achava que ter Malfoy como dono seria a pior coisa. E levando em consideração que ele ficava prestes a vomitar toda vez que algo de você era dito.


 


_Algo de mim? Não entendo. Espere! Gina não sabe quem é meu dono, então como você...


 


_Senhor Crabbe conversou com o senhor Carrow na sala que antecede o quarto. Eu estava lá e ouvi.


 


Hermione relutou e sentiu vergonha de qualquer coisa a mais a perguntar.


 


_Você parece não ter medo dele. _ Patricia tenta puxar conversa.


 


_Não, até agora. _ Hermione ponderou. _ E se ele tinha tanta repugnância de mim, pagou por quê?


 


Hermione perguntou o que parecia o centro de todas as respostas, mas juntando a conversa que ela escutou dele com Snape entendeu que ainda teria algo faltando e pedia silenciosamente que a garota soubesse também da resposta.


 


_O senhor Crabbe também se perguntou até a visita do senhor Carrow. O último falou algo de uma conversa com... você-sabe-quem e que ele queria uma nascida trouxa. Alguém que tivesse marcado em algo o mundo bruxo. Ele falou que pensou em você, mas Malfoy a pediu na mesma tarde.


 


_Marcado? _ Hermione estava juntando o quebra-cabeça e pensou na sua participação na caça às horcruxes. Também muita gente a conhecia por ser a famosa sabe-tudo amiga do menino que sobreviveu, tendo até um relacionamento amoroso com tal, segundo Rita Skeeter.


 


_E do nada ele pediu?


 


_Não sei dizer. _ Patricia pensou um pouco. _ Todos tem alguma propriedade e Malfoy morando aqui e sendo diretamente um seguidor... É difícil imaginá-lo sem alguma propriedade também.


 


Hermione concordou com a cabeça e simulou um bocejo. A mente ágil dela trabalhava e ela só queria um tempo para absorver tudo.


 


A manhã surgiu mais rápido do que Hermione esperava. Passou a maior parte da noite remoendo cada palavra ouvida desde que chegou naquele local. Era certo que ninguém tinha bom tratamento lá, todos eram tratados como ratos serviçais. Ela tentou enxergar algo bom nisso, mas a luz que clareava o ambiente a lembrou de onde estava e que não tinha sido agradável ficar ali.


 


Passos do lado de fora pôs Hermione atenta e um solavanco foi dado na porta.


 


_Vamos. _ Malfoy ordenou com força. Hermione sentiu um arrepio de medo ao segui-lo.


 


Desceram escadas e deram muitas voltas para que Hermione pudesse realmente guardar todo o caminho  e seus medos foram aumentados com a visão após uma última escada. Um calabouço estava rodeado de grades grossas. Era pequeno, fétido e estava cheio de pessoas. Malfoy parou diante do que parecia qualquer parte da grade e tirou uma pequena chave do bolso.


 


_Vai ficar aqui, como castigo do seu dono pelo que fez ontem. _ ele não a olhou. Só deu espaço para que ela passasse e fechou a grade logo após.


 


Hermione se virou e esperou que ele a encarasse e quando feito isso ela falou baixo:


 


_Meu dono quer me castigar, ou seja, você quer me castigar.


 


Draco não respondeu. Se ficou surpreso por ela saber, guardou para si. Calmamente dirigiu-se para o lance de escadas.


Hermione olhou ao redor. Pessoas encolhidas no chão, outras encostadas na parede visivelmente debilitadas. Sua atenção parou em uma mulher corpulenta, mas com bastante medo para tentar reagir a qualquer coisa. Ela foi até a senhora e retirou o cabelo que caía no seu rosto, mas a mulher gritou apavoradamente e se arrastou para longe dela.


 


_Ela não está bem. _ uma voz suave e fraca chegou aos ouvidos dela. _ Suas faculdades mentais não são as mesmas.


 


Hermione olhou na direção de onde a voz vinha e quase pulou ao ver a pessoa que falava - Gui Weasley.


Ela correu ao seu encontro e o abraçou fortemente.


 


_Cuidado para não acabar de vez comigo. _ ele brinca.


 


_Você está tão... _ Hermione sentiu pena de vê-lo tão magro, fraco.


 


_Aqui não é um hotel. _ Hermione sentiu raiva de si mesma. _ Aquela mulher, é trouxa. Digo trouxa mesmo sem sangue mágico. Ela não aguentou ver o que os comensais são capazes com a varinha em mão.


 


Hermione a olha.


 


_Eles trazem para cá para fazer testes. _ sorriu debilmente. _ Todos nós. Parece que subestimamos Voldemort.


 


_Testes? Para quê?


 


_De tudo. Comida contaminada com alucinógenos. Água envenenada com poções. O que acontece com as pessoas não mágicas se virem tanto do que podemos fazer. Sabe, lembra a época da caça às bruxas.


 


Gui passa as mãos nos cabelos crescidos e oleosos. Sua mão esquelética é apanhada por Hermione.


 


_Isso tudo para dominar o mundo?


 


_Exatamente. Acho que Voldemort entendeu que não se deve ignorar a menor das coisas. Levou Harry, mas não o matou e agora trouxe você aqui.


 


Hermione retesou o corpo e se lembrou do dia que chegou, na qual o próprio Voldemort falou que finalmente poderá dominar todos e que ela era algo para ele.


 


_Ele vai te usar para provar, Hermione, provar que a sabe-tudo nascida trouxa popular não é páreo para ele. Você será o símbolo de sua vitória.


 


Hermione ofegou e balançou a cabeça sem querer acreditar.


 


_Quem é seu dono? Carrow?


 


_Malfoy. _ respondeu segurando as lágrimas.


 


Gui franziu a testa.


 


_Você vai para a vila novamente. Malfoy anunciou ao buscar-nos.


 


_Provavelmente. Praticamente não temos mais serventia aqui.


 


_E as pessoas lá em cima?


 


_Elas são as que se comportam. As que não criam problemas.


 


_Hermione?! Hermione?! _ Gina gritava da grade. Hermione correu para ela.


 


_O que você fez? _ ela perguntou assim que Hermione apareceu. _ Você veio para cá por quê?


 


Hermione mal pudera acreditar. Gina ignorava o que acontecia ali e deixava que tudo acontecesse contanto que ela estivesse do lado de cima?


 


_Não fiz nada. Só ofereci um banho para Patricia.


 


Gina não acreditou na acusação implícita no tom de voz de Hermione.


 


_Sabe como soube de você? O próprio Malfoy me avisou. Disse que você precisava de uns conselhos meus baseados nas minhas últimas experiências. Se ele se deu ao trabalho de me falar isso é porque deve ser importante e como você não sabe da metade das coisas que se passam por aqui, agradeço se deixar a acusação pra depois.


 


Hermione deu de ombros.


 


_Não vou a lugar algum mesmo.


 


_Jorge está aí? _ Gina perguntou preocupada.


 


_Não o vi. Somente Gui.


 


_Diga a ele que amanhã ele vai embora.


 


_O que aconteceu, Gina? _ Hermione pergunta chateada.


 


_Olhe a sua volta. Todas essas pessoas sofreram aqui, Mione. Muitas já morreram. Só precisei passar uma noite aqui para saber que somos somente brinquedos para eles. Cobaias, por assim dizer.


 


_E por isso se mantém obediente lá em cima? _ perguntou venenosamente.


 


_É uma melhor serventia. Vim parar aqui porque alguém foi bom comigo. _ ela sussurra nesse ponto. _ Cerca de uma semana antes de você vir, Zabini havia me deixado dar uma olhada no céu, a lua estava bonita demais, cheia. Pedi, depois do horário de se recolher, para dar uma olhada nela pela porta da cozinha. Ele concedeu e ficou me esperando com o tio no corredor que dava para seu quarto. Eu fui sozinha e abri, o problema é que do lado de fora estava ocorrendo alguma reunião, ou qualquer coisa desse tipo. Aquele-que-não-deve-ser-nomeado estava no jardim e me viu abrir a porta. Ele mesmo me puxou pelo cabelo e me arrastou até o meu dono. Tão surpreso ele ficou, tão... O tio, que era o chefe das buscas, assumiu a responsabilidade garantindo que o sobrinho não tinha "afrouxado as rédeas" comigo.


 


Hermione colocou a mão na boca. _ Então era o tio de...


 


_Sim. Você não sabe o estado que ele ficou. Não sabe. O cara de cobra matou o tio na hora. _Hermione deu um sorrisinho pelo "cara de cobra". _ Sem dar tempo de defesa. Às vezes me pergunto se ele sabe que foi Zabini, tem horas que ele o olha estranho. Contudo, o tio dele provavelmente não fazia nada mais do que ir buscar as pessoas na vila, enquanto o meu dono traz informações para ele. Busca trouxas. Se o tio foi morto por me deixar ver a lua, imagine o que acontece a quem nos dá aquele tratamento?


 


Hermione concordou.


 


_Então você tem Zabini nas mãos.


 


Gina arregalou os olhos.


 


_Está maluca? Ameaçar um comensal sem varinha e sem nada. Ele morre e eu também.


 


_Gina. Gui falou que eu sou o símbolo da vitória de você-sabe-quem.


 


Gina olhou para trás.


 


_Deve ter alguém vindo. Desculpe, Hermione, tenho que ir. Procurarei saber disso.


 


E Gina se foi pisando tão leve quanto se pode pisar. Ela deve ter encontrado algum esconderijo para deixar a pessoa passar para encontrar as escadas.


Hermione voltou para junto de Gui e o sentiu arder em febre. Foi quando notou a poça de sangue no chão.


 


_Você está ferido!


 


_Eles usam a varinha para nos cortar. E ela é tão afiada quanto uma adaga. _ ele mostra o corte bem na altura do tornozelo.


 


Hermione rasga um pedaço da sua roupa e amarra.


 


_Você precisa fugir, Mione. _ ele sussurra.


 


_Gina pediu pra avisar que você vai embora amanhã. _ ela o ignora.


 


_Talvez eu vá mesmo.


 


Hermione sentiu que essas palavras foram como um adeus. Algo mais referenciado a morte do que ir para casa.


 


_Não fale bobagens.


 


_Eu ouvi que você é o símbolo...


 


_Você me falou... _ Hermione amparava seu amigo que agora delirava de febre.


 


 


Outra manhã surgia e todos no calabouço foram acordados com os gritos de Draco Malfoy.


 


_Granger! Weasley! Lovegood...


 


Os chamados ficavam de pé e verificaram que no topo das escadas um grupo de comensais o aguardava. Draco continuou a chamar alguns, incluindo a mulher insana.


 


_Granger, você por último.


 


Hermione aguardou todos subirem e serem escoltados. Percebeu que só sobrou ela e Draco.


 


_A trouxa irá para onde?


 


Draco não respondeu. Apertou seus lábios finos e com a cabeça fez o gesto para que ela andasse.


 


_Ela vai morrer, não vai? _começou a subir as escadas.


 


_Não tenha dúvida disso. Nenhum trouxa sai daqui vivo, Granger.


 


Hermione sentiu as palavras para ela mesma. E sendo o símbolo, provavelmente a sua morte estava marcada para dali alguns dias.


 


_E os outros? _ engoliu o medo.


 


_De volta para a vila. Agora escute com atenção. NUNCA mais faça nada do que fez ontem. Espero que a Weasley tenha colocado algo na sua cabeça.


 


_Se algum dos outros comensais souber do meu quarto...


 


_Não é ameaça isso, Granger, a não ser que você queira mais duas pessoas mortas apenas. _ Draco não se abalou.


 


_Só quero entender tudo. Você é meu dono, sou representante dos trouxas, segundo você-sabe-quem. Tratada bem e depois torturada. Levada para tomar banho em um local que não deve ser comentado. Levada para dormir naquele quarto que em comparação com esse é de um rei.


 


Draco apenas sorriu.


 


_Sua hora vai chegar.


 


"A morte" ela pensou.


 


Hermione caminhou silenciosamente à frente de Draco e um incômodo surgiu em seu peito. "Por que sair do calabouço?" perguntou-se. Respiração ofegante até parar em uma porta nitidamente velha e fétida. Hermione olhou para os lados e esperou algo brutal partir de Draco, mas ele só a encarava friamente.


 


_Quero voltar ao calabouço.


 


Draco sorriu ironicamente.


 


_Estou falando sério, Malfoy. Quero voltar ao calabouço.


 


_Você não está nem louca, Granger.


 


_Não preciso de quarto especial, comida especial. Perdi meus dois melhores amigos, minha família. Percebo agora que nunca voltarei para minha filha. Não é verdade? Se eu sou algo para você-sabe-quem, _ Draco enruga a testa e solta um 'urgh'. _ nunca sairei daqui. Não tenho por que ficar lá em cima bancando a boa escrava.


 


Draco pareceu desconcertar-se um pouco e em seus olhos pode-se ver uma confusão, parecia até mesmo compadecimento, mas então, seus olhos vacilaram por um momento nela, sua visão distraída tornou-se dura e o Malfoy conhecido se projetou para cima dela. A porta foi aberta com estrondo e Hermione se viu jogada, com toda a força, no chão manchado e de odor podre. Um silvo foi ouvido antes de a porta ser trancada bruscamente.


Hermione ficou paralisada, talvez sentindo a dor de seus braços com a queda. Olhou mais atentamente em volta e viu manchas secas e recentes se misturarem, tão certa era a conclusão que ela chegou de ser sangue. Levantou-se enojada e assustada. Seus olhos captando cada pedaço daquele lugar horroroso, pequeno e cheio de pedaços do que só poderia ser carne humana. O fedor chegava às narinas dela fortemente, ardiam. Correu de volta à porta tentando abri-la a qualquer custo.


Nada.


Sua voz parecia inaudível do lado de fora, ou apenas não houvesse realmente ninguém interessado em aparecer por ali. Comensais não iriam ajudar e como Gina disse, sua presença só foi permitida por Draco.


Draco Malfoy. Por que ele queria que Gina lhe contasse a história dela? Hermione não pôde deixar de se questionar. Qualquer pensamento que lhe ocorresse logo se esvaia pelo cheiro e pelo ambiente em que se encontrava. Era só putrefação.


 


Mais um dia sem comida e sem água, ela já se sentia débil e sua garganta seca não conseguia conter o vômito, puramente de biles. Cerrou os olhos imaginando que seu fim seria bem mais fácil do que o de Rony. As palavras de Draco aparecendo violentamente mesmo contra sua vontade: "Não tenha dúvida disso. Nenhum trouxa sai daqui vivo, Granger."


Uma cena voltava aterrorizante:     


 


Hermione com suas calças de cor bege e sua camisa azul com um nó na parte abaixo do botão. Uma criança em seus braços, pequena, sendo fortemente protegida pelo seu corpo. O corpo encolhido de Rony na porta, os gritos ecoando pela sala. Eles haviam fugido assim que Harry fora levado, todos fizeram isso. Porém, poucos tiveram êxito. Os quais os comensais achavam eram torturados e levados para a vila, sem a varinha e por vezes viam alguém morrer. Rony não aguentou todos os tipos de feitiços levados e seu sangue começou a fluir de seus poros. Uma risada insana. Hermione ainda tentou lutar contra os muitos ao seu redor, mas temia que algo atingisse sua filha. Sua varinha tomada foi partida e as duas foram levadas para viver juntamente com os outros. Presas.


 


Hermione gritou desesperadamente e a porta se abriu silenciosamente.


Draco entrou devagar, um saco em suas mãos. Ele fechou a porta e fez sinal de silêncio com o dedo. Hermione não soube o que esperar. Draco parecia calmo e solidário como na noite em que a deixou falar, mesmo que por poucos minutos, com Gina.


Tirou do saco um pote e uma garrafa. Colocou-os no chão perto de onde ela estava encolhida e sussurrou:


_Depressa.


 


Hermione não precisou ouvir duas vezes. Sabia que Draco estava na fase de agradá-la, então abriu rapidamente o pote e tomou a sopa escura - carne - e tomou um grande gole do líquido da garrafa - suco de abóbora. Draco não prestou atenção nos modos dela, olhava furtivamente para a porta, varinha apertada entre os dedos. Hermione tornou a virar a garrafa e deixou o resto do líquido passar por sua garganta a deixando mais calma e mais atenta.


 


_Obrigada. _ falou em tom baixo.


 


Draco se virou e fez um floreio de varinha para desaparecer tudo que ficou. Assim como veio, ele foi embora. Devagar e furtivo.


 


Poucos minutos depois alguém entrou como que rastejando e sua voz era tão baixa que parecia um assombro.


Seu tom paralisou Hermione.


 


_Preparada? _ sibilou.


 


Hermione não ousou abrir a boca.


 


_Tenho todo o método de mostrar ao mundo o que posso fazer com aqueles abaixo de minha posição. Você servirá muito bem.


 


_Não vai mudar a visão dos bruxos da vila sobre você.


 


Voldemort riu da inútil e tola abordagem de Hermione.


 


_Como se eu me importasse. _ sibilou saindo da sala.


 


Rabicho entrou carregando em suas mãos um vestido vermelho, longo, muito atraente para quem ia morrer.


 


_Vista. _ ele disse rispidamente. Hermione pensou em ter mais alguém do lado de fora, se ela soubesse que teria a probabilidade de sair daquela casa facilmente, ela o teria derrubado mesmo estando fraca. Ele nunca representou perigo algum a ela, não em luta.


 


Rabicho não fez menção de sair da sala e nem de virar-se. Ao contrário, ele a olhou despir-se com gosto. Ela é bonita mesmo maltratada e ele não tinha direito de comprar ninguém para seu prazer. Às vezes conseguia algo com alguma trouxa desesperada, mas isso era de tempos em tempos.


Hermione trincou os dentes sentindo o olhar do homem nojento a acompanhar os movimentos. Draco foi mais educado, mais gentil. Nunca ousou olhá-la se despindo.


Vestido colocado, viu surgir os sapatos na mão do homem, vermelhos igualmente, e ela calçou sem nem mesmo poder andar direito.


Rabicho a forçou sair da sala e apontou a varinha ameaçando horrores se ela caísse.


Hermione estava tonta e fraca. Sua cabeça girava e suas mãos suavam frio. Poderia estar pior sem a comida levada por Draco. Foi levada para o salão central, onde tivera a reunião outro dia. O medo percorrendo sua espinha e uma lágrima gentil lhe escorreu pela face.


 


Uma mesa disposta no meio não era a usual de madeira. Era branca. Alta. Não muito larga. Hermione percebeu quatro varões enfiados no chão a modo que eles fiquem bem fixos. Ela não quis pensar para o que seriam, apenas, que ali seria seu leito de morte. E ela chorou dessa vez com toda força.


 


Draco parecia aliviado com o sucesso que teve em entregar a comida para Hermione. Seus olhos estavam a procura da pessoa mais confiável para ele. Snape. E se deu conta de que ele não estava em canto nenhum costumeiro. Olhou para a sala dos livros e para a cozinha. Não havia ninguém. Nem mesmo uma das garotas-propriedades. E isso pareceu um alerta a Draco. Correu para o quarto minúsculo e empoeirado na qual ele pôs Hermione uma vez com a outra garota e também não encontrou ninguém lá dentro. Voltou a cozinha. Suas mãos diretamente se prenderam a maçaneta, um tremor lhe percorrendo a alma.


A garota do Sr Crabbe estava deitada no jardim, poça de sangue ao seu redor. Draco não respirou por um minuto, preso ao significado daquilo e de repente se viu correndo de volta para a sala onde havia deixado Hermione. Escancarou a porta fazendo um estrondo para encontrar o vazio.


 


_Já a levaram. _ Gina explica chorosa enquanto apanhava a roupa velha de Hermione.


 


_Como a levaram, Weasley?


 


_Rabicho a levou. O próprio Voldemort mandou todos se arrumarem para o "espetáculo".


 


_E por que eu não fui informado? Ela é minha propriedade.


 


_Dessa resposta você já deve saber.


 


Draco reparou na roupa de Gina finalmente. Um vestido preto na altura dos joelhos e um pouco solto na parte das pernas. Ele a seguiu voltando ao salão. Prendeu novamente a respiração por ver todos muito bem arrumados e uma Hermione desacordada deitada na mesa. Seu horror aumentou ao vê-la amarrada por cordas fixadas nos quatro varões. Deixando-a assim completamente esticada pelos membros.


 


_Rabicho! _ ele gritou impaciente. _ Por que não me avisou que a tiraria de lá? Ela não é minha?


 


_Sim, Malfoy. O lorde me pediu para buscá-la.


 


_Você parece estar nervoso, Malfoy. _ a voz sibilava atrás dele. _ Deve ter sido muito contrariado.


 


_Ele a pegou sem minha autorização, senhor. _ Draco explicou voltando-se a ele. Olhos no chão.


 


_Sim. E isso deve aborrecê-lo muito...


 


Draco engoliu em seco e pensou um modo rápido de não se deixar ser pego pelo verdadeiro motivo.


 


_Sinto muito, senhor. Acredito que deve ter tido um motivo, senhor, contudo, Rabicho não é de minha confiança. É um fraco e um traidor. Não o quero perto de mim ou do que é meu.


 


_Eu o mandei pegar a garota. _ Voldemort falou em tom autoritário e voltou-se para Rabicho: _ Você merece um castigo, Rabicho. Os trajes de Malfoy revelam que ele não soube do nosso grandioso evento o qual mandei informar.


 


_Mandou? _ Rabicho falou num tom de confusão e medo. Chegou junto a Draco como que um cúmplice. _ Eu não lembro, Malfoy. Afinal, olhar a sangue-ruim trocar de roupa me fez esquecer um pouco as coisas. _ terminou pensando que Malfoy iria se agradar com o que ouviu.


 


_Sectumsempra! _ Draco gritou visivelmente irritado e Voldemort soltou uma gargalhada.


 


Rabicho estava se contorcendo de dor. Draco sabia o que ele sentia, tendo ele mesmo provado dessa dor no sexto ano quando Harry o atingiu em cheio com o mesmo feitiço.


Severo Snape estava a poucos metros, mas seu rosto não demonstrava nem um pouco de complacência.


 


_Limpe essa sujeira, Severo. _ Voldemort mandou e Severo ousou dar dois passos lentos em direção a Rabicho que agora estava a poucos minutos de sua morte.


 


Ele fez o sangue sumir e o corpo de Rabicho flutuar para levá-lo até os jardins.


 


_Ela é só uma sangue-ruim. _ Belatriz fala fazendo pouco caso.


 


_Mas pertence a mim. Não vivo metendo a mão no que não é meu.


 


_Não. Você não mete a mão em nada, nem nas suas coisas. _ senhor Crabbe resmungou e alguns risinhos foram ouvidos da parte de trás da sala.


 


_Tirem-me daquiii! _ Hermione grita desesperada, após acordar, tentando se soltar das cordas. Draco congela com a cena.


 


_A diversão está só começando. _ Crabbe fala e toma um gole de um líquido laranja em uma taça. Voldemort sentou-se na cadeira mais alta e esperou pelo show.


 


Vários bruxos e bruxas se viraram para ela, feitiços lançados de todos os lados cortando-a, rasgando-a. Sua face teve um corte profundo arrancando um grito estridente. Marcas roxas se espalhavam pelo corpo. Cruciu era mandado a todo instante e Hermione já quase não conseguia se manter acordada.


Draco lançou um olhar a Zabini. Ele estava imóvel tanto quanto ele com Gina ao seu lado chorando horrores. Olhou para Severo que não piscava os olhos e nem desmanchava a expressão de apatia. Ele queria uma ajuda, algo que fizesse parar. Um sectumsempra foi ouvido e Voldemort gritou irritado:


 


_Quem ousou?


 


O silêncio reinou e só podia ouvir Snape repetindo um contra feitiço para reter o sangue de Hermione. Draco se sentiu grato por isso.


 


_Avisei que não era pra matar. Ela precisa ficar viva por uns dias. Estúpidos! Quem foi?


 


Zabini saiu da sombra que lhe cobria parcialmente e se dirigiu a frente.


 


_Fui eu, senhor. Pensei em algo para que a dor dela aumentasse.


 


Draco tentou continuar no seu lugar, embora, ver seu amigo assumir uma responsabilidade dessas era ter certeza de que nunca mais o veria.


 


Voldemort estreitou o que ele poderia chamar de olhos.


 


_Está bem. Cruciu!


 


Agora os gritos ouvidos eram os de Blaise Zabini. Gina pôs as mãos nos ouvidos tentando não escutar e Draco continuava a apertar a varinha em sua mão. Olhava para uma Hermione se mexendo muito pouco, lágrimas escorrendo pelo canto dos seus olhos e olhava para seu amigo sendo torturado uma, duas, três, quatro vezes seguidas. Para Draco parecia que aqueles minutos não teriam fim. Cinco, seis, sete, oito vezes, ele tentava bolar algum plano para livrá-lo daquilo. Nove, dez, onze vezes. Zabini já estava desacordado, suas mãos soltando a varinha no chão.


 


_Levem-no! _ ordenou Voldemort. _ Mais alguém disposto a matá-la?


 


Draco acompanhou com os olhos Gina, Jorge e mais duas mulheres levarem Zabini da sala e voltou sua atenção para Hermione. Ela se encontrava tremendo e com uma cara de pavor, seu vestido rasgado um pouco na barriga, suor o manchando por todo resto.


 


_Chega por hoje. _ Voldemort gritou e lançou um olhar a Crabbe.


 


Hermione não andava, foi arrastada pelos braços até o quarto empoeirado por dois bruxos. Foi jogada no chão.


 


Draco esperou a noite chegar para poder visitá-la, com sorte ela estaria ainda viva. Levou consigo umas frutas e um pouco de suco.


 


Com um floreio destrancou a porta, mas antes de entrar ouviu um ruído perto e olhou em volta, varinha em punho. Com o tempo que permaneceu nesta casa reservada aos comensais aprendeu a desenvolver o sentido da audição muito mais do que qualquer outro. Lá isso significa a diferença entre a vida e a morte, saber escutar.


Entrou relutante e trancou a porta por prevenção.


 


_Granger? _ ele chamou ao ver o corpo caído no chão. _ Granger? _ ele a tocou de leve. _ Granger? _ ele a virou aos poucos. Sua face descorada, pequenos cortes sem sangrar mais. Marcas espalhadas. Ela balbuciou alguma coisa.


 


Ele a levantou e encostou na parede, molhando de leve os lábios dela com o suco.


 


_Beba. _ ordenava, mas ela mal conseguia abrir a boca.


 


Ele tentou cicatrizar alguns machucados com a varinha, mas não pôde fazer muito. Não tinha habilidades com cura. Ela abriu os olhos lentamente.


 


_Beba._ insistiu pra que ela tomasse um gole pequeno da bebida gelada.


 


_O que está fazendo? _ ela reclamou baixo e Draco teve que se aproximar mais para ouvi-la repetir a pergunta.


 


_Estou salvando você. _ respondeu um pouco irritado. Escutar sua voz falar em salvar alguém não parecia certo.


 


_Você vai se dar mal. _ pronunciou em tom augorento e Draco torceu a cara para ela.


 


_Cale a boca, Granger, e coma. _ ele colocava pedaços das frutas que ele havia trazido.


 


Hermione mastigou um pouco da fruta e abriu um pouco os olhos.


 


_E Zabini? _ sussurrou. _ Ele quis me matar por quê?


 


Draco deu mais um gole do suco a ela e balançou a cabeça negativamente.


 


_Ainda não entendeu? _ Draco começou a falar, porém, o som da porta ser destrancada levemente o atingiu rapidamente.


Ele a jogou no chão forçando seus braços para cima e com uma mão segurou os dois punhos dela. Hermione não tinha força para lutar e choramingou ao ver Draco subir em cima do seu corpo. Demorou segundos para que Hermione percebesse o que ele parecia querer fazer e então, começou a gritar desesperadamente e tentou lutar com o resto de força que possuía.


Draco tentou contê-la, não que fosse difícil, mas não prentendia machucá-la.


 


_Calma. Não vou fazer nada, só estou fingindo, mas continue a gritar.


 


Hermione não parou para ouvi-lo e continuava a esvair todas suas forças contra ele.


 


_Shii, Granger. Escute! Não vou fazer nada. _ ele sussurrava ao pé do ouvido dela.


 


Draco viu uma sombra se formar com o pouco de luz que entrava pela fresta da porta, ele não teve outra saída a não ser investir no corpo dela. Passou sua mãos nas coxas subindo o vestido e apoiou sua cabeça no pescoço dela, ainda a mantendo presa pelos punhos.


 


_Granger, por favor... _ ele suplicou, porém Hermione já não o ouvia mais e chorava desesperadamente a cada centrímetro a mais que a mão dele encostava.


 


A pessoa continuava imóvel na porta, pensando não ter sido vista e Draco não podia mostrar que vira. Um sentimento de repulsa tomou conta de Hermione, uma dor no peito a dilacerava ainda mais que a corporal sentida na tortura. Draco trincou os dentes em um ato de ódio, de ter que fazer aquilo, de se passar por isso. Não acreditava em ter que realmente machucá-la, em ter de marcá-la com a pior coisa pro resto de sua vida. Sua mão parou na barriga de Hermione e apertou involuntariamente a fazendo engolir o choro e esticar sua face para mais longe possível dele. Sua cabeça rodando, suas lágrimas descendo, Draco levando sua mão a calça. Ele estava revoltado consigo mesmo, seu braço apoiado em que segurava as mãos de Hermione começava a latejar. Uma dormência em sua mente para poder não se ater ao que estava fazendo. Ele teria que fazer. A pessoa na porta esperava por isso, tão certo ele estava tanto quanto que a varinha estivesse na mão dessa pessoa, pronta para tirar a vida dele e de Hermione.


Fechou os olhos, angustiado e pediu desculpas a ela. Desceu o zíper devagar e se levantou um pouco para descer as calças. Hermione paralisou e cerrou os olhos esperando o pior.


 


Só que ele não veio.


 


Draco viu, ao descer a calça, a sombra desaparecer e ouviu um "click" vindo da porta. Parecia estarem a salvos e ele conseguiu respirar novamente a soltando e saindo de cima para vestir-se novamente.


Hermione o olhou demoradamente e se virou dando as costas, pôs-se a se encolher em forma de proteção.


Draco relutou, mas deitou-se ao lado dela, desta vez com a varinha em punho.


 


_Deixe-me explicar, Granger. _ Draco falou colocando a mão no braço dela.


 


_Não me toque! _ ela gritou.


 


Draco trincou os dentes sentindo-se um tolo.


 


_Por favor... _ falou em súplica. _ Você não vê? Tudo é por você. Você é o centro de tudo. Voldemort não quer saber de mais ninguém, nem do próprio Potter.


 


_Por que está fazendo isso? _ ela o cortou. _ Nunca foi meu amigo ou da Ordem.


 


_Não posso deixar isso acontecer! _ ele se exasperou. _ Não posso deixar você morrer. Não tem muito tempo que descobri o plano dele. E entenda, aqui existem "olhos" em todos os cantos, não posso fingir totalmente que está sendo tratada como se deve se você realmente não sofrer. E como você foi tola em mostrar a Patricia o seu quarto. Ela é vigiada também, todos nós somos. Ela foi torturada, mas foi forte para não falar sobre isso. Gina a salvou assim como Zabini, e agora ela não sabe o que fazer com eles escondidos. Os outros comensais desconfiam de mim, desconfiam dele, e ele lançou aquele feitiço para que parassem de torturar você, ele sabia que Voldemort não ia deixar você morrer naquele momento e que Snape iria salvá-la. Eu não quero mais isso, Hermione. _ ela o encarou ao ouvir seu nome. _ Você é famosa, a mais inteligente, a mais poderosa da nossa época. Você manteve Harry Potter vivo por todo o tempo, você descobriu as horcruxes, você é marcada como altamente perigosa no ministério. Não enxerga? É você! Trouxa e perigosa! Minha tia a queria pra matar. Os Carrow também. E quando ouvi a conversa entre eles, só pude pensar em pedi-la antes aos pais de Pansy, que são responsáveis pelos pedidos. Não quero isso, percebi o quanto fui idiota. Tenho ódio de mim mesmo pelo que fiz, por todos que já matei. Não quero ficar igual ao meu pai. Quero salvar você e o que representa. Quero salvar minha mãe, não posso deixá-la ir com você.


 


_ Mas sua mãe...


 


_Sim! Ela está morta! Meu pai a matou ao ouvi-la falar "Essa coisa de sangue puro é imbecilidade. A garota Granger é a prova disso." Ele a matou. Não vou deixar você morrer, assim ela morre outra vez em mim. Não vou deixar, Hermione, não posso.


 


Draco estava com sua voz desesperada. Seus olhos sem tirar nem por um minuto dos de Hermione. A varinha ainda preparada para atacar.


Hermione encarava aqueles olhos cinzas e sinceros. Uma imensidão a engolia. O desespero que ele emanava a fez fraquejar diante da própria fraqueza dele. Ele estava vulnerável e  era completamente pra ela, por ela.


Aproximou-se tentando raciocinar, suas mãos o tocando no rosto sem nem mesmo ela perceber. Ele não se mexia. Encarava-a, sugando-a ainda mais para sua imensidão. E ela ia. Hermione fechou os olhos entregue aquela declaração, àquele olhar. Beijou-o insanamente, fracamente. Suas mãos segurando seu rosto duro, imóvel. Ela suspirou ao terminar o beijo e se aconchegou em seu peito sem esperar pedido ou permissão para isso.


Draco a abraçou colocando sua cabeça acima da dela e tentou se manter alerta o resto da noite.


 


Tentou.


 


_Draco? _ a voz de Belatriz acordou arrepiando todos os pelos do corpo dele. Institivamente ele apertou Hermione em seus braços. Um erro. _ O que está fazendo? Seu traid...


 


Draco não esperou e lançou um Estupora em sua tia, mas ela foi mais ágil e se defendeu revidando na mesma intensidade. Ela lançou Cruciu, Estupefaça, Incarcerous, até mesmo Avada, mas Draco já estava de pé protegendo uma Hermione encolhida e assustada. Ele lançava todos os feitiços que vinha a cabeça não se importando com o que faziam, apenas queria acertá-la de algum modo. Foi quando Gina apareceu. Um segundo de desatenção de Belatriz ao olhar para a porta. Esse segundo e Draco a desacordou com um Estupore.


Draco se aproximou e apontou a varinha para sua tia, mas Hermione se colocou entre os dois.


 


_Preciso matá-la.


 


_Não precisa, não. Não precisa de mais uma na sua lista.


 


_Ela não terá essa piedade quando acordar, Granger.


 


_Tenho que concordar com Malfoy, Mione. Já vão vir atrás de você. Temos que escondê-la e fugir.


 


_Ela não precisa se lembrar de nada quando acordar. _ Hermione estendeu a mão para ele.


 


Draco entregou sua varinha.


 


_Obliviate! _ Hermione falou apontando para Belatriz.


 


_Gina, sabe de algum lugar que possa escondê-la o máximo de tempo?


 


Gina sorriu.


_O calabouço! Faça um feitiço silenciador e ela ficará lá até alguém aparecer. Ele está vazio. O restante subiu para _olhou Hermione._ a próxima sessão de tortura.


 


Draco apanhou a varinha de Belatriz e deu a Gina.


 


_Faça o que tiver de fazer e vá buscar os outros. Fale com Snape também, ele vai te ajudar. Vou tentar colocar Granger perto da cozinha.


 


_Malfoy. _Hermione o olhou balançando a cabeça. _ Duvido que consigamos chegar lá. Belatriz veio para me pegar, alguém vai vir atrás por conta da demora.


 


_Já estão vindo! _ Gina falou e correu para a porta. _ O que fazer?


 


Draco arrastou Hermione pelo pulso apontando a varinha para o rosto dela.


 


_Fique aqui, Weasley. Granger, faça de conta que está resistindo a mim.


 


Hermione começou a lançar chutes por todos os lados e bateu forte na porta a fazendo quicar na parede e voltar com estrondo trancando Gina e Belatriz dentro. Draco arregalou os olhos e parou de puxá-la.


 


_Como você fez isso? _ sussurrou.


 


_Cala a boca! _ ela retruca alto e tenta puxar o braço dele que está em volta de seu pescoço.


 


_Malfoy? _ a voz surpresa de Crabbe chega aos ouvidos deles. _ Onde está Belatriz?


 


_Não sei. Não a vi hoje.


 


_Ela veio pegar a garota. _ Crabbe fala desconfiado.


 


_Pois aqui ela não apareceu. _ Hermione se sacode mais vezes. _ E estou precisando de uma ajuda aqui. Está pior que um hipogrifo raivoso essa sangue ruim.


 


_Você é um molenga, Malfoy, assim como seu pai.


 


Draco foi acompanhado de perto por Crabbe até chegar a sala principal com todos reunidos. Os prisioneiros estavam de um lado, amarrados. E Hermione foi colocada perto deles em uma cadeira.


Voldemort olhou Draco desdenhosamente e o convidou para ficar perto dele.


Hermione observou ao redor e deu conta de uma tela enorme e uma câmera junto a ela. Pensou em como Voldemort tinha mudado, aparelhos trouxas sendo usados por ele.


A figura do pai de Simas apareceu acompanhado pelo Sr Bulstrode. Ele mexeu no aparelho e voltou sua atenção para Hermione, expressão de desgosto. Logo o Sr Bulstrode o cutucou com a varinha e ele seguiu para juntar-se aos outros.


Hermione encarou Draco tentando achar alguma explicação para o que iria acontecer, mas só encontrou os olhos desfocados e a expressão vazia mirando algum ponto a sua frente. Apesar de Hermione ver a postura firme e o corpo tenso, ele parecia um boneco sem vida, e aquilo não era um bom sinal.
Analisando o que o loiro lhe dissera no quarto, percebera o quanto parecia perigosa ao ver de Voldemort, a nascida trouxa que sempre salvou a vida de Harry Potter durante sete anos deveria ser uma ameaça maior que o próprio Eleito, se a proteção de Harry caísse, ele cairia também. Draco também sabia, por isso tentara tirá-la dali ao saber que a hora havia chegado e por isso estava tenso e imóvel por saber que nada mais poderia ser feito. Hermione olhou em volta, os rostos dos prisioneiros, das propriedades, alguns conhecidos, outros amigos e ainda outros que jamais vira ou conhecera, e ela representava todos eles, a classe considerada inferior àqueles que os haviam prendido.


Voltou sua atenção para a tela. Logo que uma cena apareceu, Hermione quase caiu da cadeira. Era ela estendida na mesa branca, desacordada. Voldemort aparece em frente e começa um discurso claramente improvisado.


 


_Bem, quero lhes apresentar essa garota. _ ele aponta para Hermione. _ Ela é uma bruxa, uma sortuda, digamos assim, pois ninguém na sua família consegue fazer o que ela faz. É uma aberração, uma qualquer assim como todos vocês, incrédulos da magia. E apesar de ter o que minha família tem há séculos no sangue, não é capaz de se defender de mim. Uma vez na história do mundo, houve a época da caça às bruxas. Agora... Bem vindo a vingança do nosso mundo.


Ele foi sentar-se no video e Hermione sabia o que viria em seguida, ela acordada gritando e recebendo todo tipo de tortura. Ela não queria ver aquilo. A voz de Draco ecoava em sua cabeça, pois ela era o centro de tudo. Era a amostra ao mundo que nada podia impedir Voldemort. Não bastava o modo que estavam vivendo. Não bastava se esconder ou perder a varinha. Ele mostraria ao mundo o que fazia e que iria brevemente fazer com todos.


"Mary!" Hermione pensou em sua filha. Pensou em Voldemort querendo aterrorizar a todos acabando com a proteção do herói, já havia capturado o único que poderia derrotá-lo e agora mostraria todo seu poder ao dizimar àquela que ele julgava como obstáculo.
Todos estavam vidrados na tela, a imagem do Sectumsempra lançado finalizando. E quando Hermione pensou ter terminado, apareceu outra imagem, desta vez em tempo real. Comensais espalhados pelo mundo. Certamente levou um tempo para descobrirem onde exatamente ficar e recrutar mais comensais. Uma multidão pelo visto. Ela não conseguiu pensar em mais nada. O silêncio na sala e no video era uma tortura a todos. Silêncio cortado em poucos segundos pelos gritos dos comensais lançandos feitiços às pessoas que passavam.


 


Pânico.


 


Hermione e todos os outros prisioneiros viam como as pessoas reagiam ao que acontecia na frente deles. Se alguma dúvida de que o video assistido pelo mundo era uma peça pregada, foi embora com toda a gente morta e ferida na frente dos trouxas. O tempo passou não sabe-se dizer quanto. Pareceu mais longo que a realidade e em uma das cidades o video ficou focado o tempo todo. Os comensais paralisaram seus ataques, pois viram ao longe, um grupo de pessoas, que só podia ser parte da segurança trouxa, com armas apontadas. Nesse momento, Voldemort se aproxima da câmera e logo sua imagem aparece por completo.


 


_O que isso significa? Guerra? Não sejam tolos. Dêem uma olhada..._ ele saiu da tela e os comensais entraram em foco novamente. Cada um sorrindo malevolamente. Desaparecendo no ar...


Os que faziam parte da segurança trouxa disparavam suas armas em vão.


 


Nada era dito na sala. Draco olhava atentamente tudo, esperando uma oportunidade. Gina não estava por perto e Snape aparecera fazia pouco tempo, mais sério que o normal.


De repente a tela ficou em branco e os comensais se viraram para os prisioneiros. Hermione só podia imaginar o que estava acontecendo lá fora e esperava por tudo que ao menos a vila estivesse a salvo. Nem se deu conta da câmera focada nela.


 


_SERPENSÓRTIA! _ Voldemort gritou.


 


Hermione caiu da cadeira ao ver uma cobra nas suas pernas. O alvoroço atrás dela começou. Todos os prisioneiros tentaram correr, mas os comensais ameaçavam e lançavam feitiços os ordenando de volta para o mesmo canto, como gado a ser conduzido. A cobra tentava atacar Hermione enquanto ela se arrastava pelo chão, pessoas corriam e passavam por cima uma das outras, Hermione no meio delas. A risada de Voldemort ecoando pela sala. Um comensal brutamontes desconhecido de Draco puxou Hermione do meio da confusão e a jogou no centro da sala. Ela lançou um olhar ao telão e teve a certeza de que tudo estava sendo mostrado ao vivo ao mundo, e então procurou Draco, mas não conseguiu enxergá-lo, o brutamontes estava lançando Cruciu contra ela.


A dor a estava quase enlouquecendo, outros se juntaram a ele lançando diversos outros feitiços.


 


_Parem! _ Voldemort ordenou e trouxe consigo um copo contendo água. _ Beba! _ ordenou a Hermione e ela pode ver Draco atrás dele balançando quase que imperceptivelmente a cabeça em negação.


 


_Não. _ ela retrucou fraca.


 


Ele sorriu divertido.


 


_Traga um deles. _ o comensal brutamontes trouxe uma garota assustada dentre os prisioneiros. _ Beba!


 


Ela não relutou e tomou o conteúdo por completo. Deixou o copo escapar de suas mãos e o quebrar dele se fez alto demais no meio da sala apinhada de gente. Ninguém ousava se mexer ou falar. A garota de repente caiu de joelhos e se abraçou de dor, a princípio não era visivel, mas pequeninas gotas de sangue saíam de sua pele por todo o corpo.


 


_Colocarei na água das cidades onde forem mais desafiadoras. _ Voldemort fala diretamente para a câmera. Ele olha para a menina com toda repugnância. _ AVADA KEDAVRA!


 


A garota estava imóvel e focada na tela.


 


_Isso é uma amostra do que temos. Você, Hermione Granger, amiga de Harry Potter, procurada pelo ministério bruxo como a mais perigosa, receberá uma morte...menos digna.


 


O brutamontes se aproximou de Hermione e se jogou em cima levantando todo o vestido dela e abrindo sua calça. Ele a humilharia em público, ao mundo, e a mataria da pior forma, juntamente com outros comensais que também se aproximaram parecendo animais, todos se despindo.


 


TO BE CONTINUED...


 

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Comentários (5)

  • Larissa do Amaral

    uauuu adorei! Cade o resto? agora to me roendo de curiosidade! parabenss

    2012-05-06
  • Larii Malfoy

    COMO ASSIM VOCÊ PARA JUSTO AI????!   Que tenso meeu! Mas confesso que adorei :) Ansiosa pela continuação! :D   beijos,até a próxima! ;*

    2012-05-03
  • Ju Fernandes

    Gente, estou roendo as unhas de curiosidadeeeeeeeeeeeeee! *_* Está maravilhosa.  

    2012-05-02
  • Vênnice

    Sua narrativa me tirou o fôlego! História muito bem escrita, prende a atenção do início ao fim. Agora a pergunta que não quer calar:COMO ASSIM CONTINUA? Eu preciso d emais, preciso saber o que vai acontecer. Adorei a sua Hermione e principalmente, claro, o seu Draco. Sem contar que estou muito feliz, pois esta fic maravilhosa é o meu presente.Her, obrigada pelo carinho e toda a dedicação quanto à escrita. Obrigada, obrigada, obrigada...Estou ficando mal acostumada com os seus presentes...Bjs...Vênnice.

    2012-05-01
  • Rê Malfoy

    TA MALUCA DE PARARRRR??????? cade o resto, Her, pelo amor de Merlin, quer me matar do coração?! Gostei da fic, TENSA, mas adorei!!! =) E isso me deu ideias, odeio ter ideias, depois preciso falar contigo, ok? Perfeita, mas será melhor SE POSTAR LOGO TUDO!!!! =)=)=)

    2012-05-01
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