Ch 2 - Invasões na Madrugada

Ch 2 - Invasões na Madrugada



Capítulo 2 - Invasões na Madrugada




    Estava trabalhando sob a luz de velas em um caso de Comensal da Morte. Cinco anos depois da queda de Voldemort já estava cada vez mais difícil encontrar um deles, a maior parte do trabalho era burocracia, e o jovem começava a se questionar se não valia a pena aceitar a oferta de Jorge para ir trabalhar na Gemialidades Weasley.

    Rony sabia que algo estava errado assim que o fogo da lareira ficou verde no meio da madrugada.

    Kingsley Shacklebolt, velho conhecido, quase amigo, foi quem apareceu.

    _Kingsley. Aconteceu alguma coisa?

    _Aconteceu, Ronald. Harry está com problemas e acho que ele precisa de ajuda.

    Largou os documentos sobre a mesa e se levantou imediatamente:

    _Harry? O que tem de errado com ele?

    O Ministro foi até Rony e colocou a mão sobre seu ombro:

    _Acho melhor se sentar novamente.

    O auror se sentou, preocupado. Depois se levantou:

    _Espera. Se é o Harry, acho melhor chamar Harmione - e saiu da sala em direção ao quarto enquanto Kingsley se sentava para aguardar.

    Rony subiu as escadas ainda um pouco perturbado. Se Harry estava com problemas porque não tinha ido até lá? E como as notícias poderiam ser tão ruins a ponto de o Ministro pedir que ele se sentasse?

    Mione dormia como uma veela na cama de casal, o lençol enrolado nas pernas, o cabelo se revoltando contra o mundo e espalhado. Ou talvez não dormisse:

    _Amanhã você termina, vem pra cama - falou com uma voz de sono, sem abrir os olhos, se virando de costas para a porta e mostrando as costas nuas, apenas de calcinha, seduzindo inconscientemente o marido.

    Rony se deitou e a abraçou apertado enquanto dava beijos no ombro e pescoço para a acordar:

    _Eu tenho que acordar cedo, Ron. Me deixa dormir - disse sem muita convicção ou sequer se afastar do jovem.

    _Não é isso, Mi. É o Harry. Aconteceu alguma coisa.

    Se tivesse usado um feitiço, não teria sido tão efetivo. A garota ficou rígida e, mesmo que não pudesse ver, Rony sabia que os olhos dela estavam bem abertos:

    _O que houve?

    _Não sei. Mas Kingsley tá lá embaixo. Quando ele me falou que era sobre o Harry achei melhor te acordar.

    Ela se virou para ele, deu um leve beijo nos lábios e se levantou:

    _Você fez bem - disse já colocando um roupão. Vamos?

    Desceram as escadas e se sentaram em um sofá de frente para a poltrona em que o Ministro da Magia tinha sentado. De mãos unidas.

    _Senhora Weasley, sinto muito acordá-la no meio da noite.

    _Sem formalidades, Kingsley - disse com voz fria.

    Depois da guerra ela tinha voltado para Hogwarts, e depois ido para o Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, onde vinha batendo de frente com o Ministro da Magia para dar mais direitos aos seres mágicos não-humanos, como os elfos domésticos. Shacklebolt costumava sempre ir contra ela mencionando problemas práticos para as mudanças que ela propunha.

    O Ministro já tinha falado com Rony sobre isso: os problemas que ele demonstrava, como falta de verbas ou de pessoal, era com o objetivo de fazer a jovem melhorar as propostas dela antes de serem colocadas em prática e fadadas a falhar, não de vetá-la. Mas era melhor se ela continuasse se sentindo sempre contrariada, dava força a ela. Rony não via problemas em ter a esposa ficando irritada e gastando a fúria lá fora, ao invés de descontar nele mesmo.

    _Muito bem. Ronald, Senhora Weasley, preciso de vocês na minha sala. - Olhou para Rony com firmeza e deu uma pausa antes de continuar - Ginevra Weasley foi sequestrada.

    Rony sentiu de repente o mundo perder o foco. Não Gina. Não. Não. Não de novo. Não!

    Se levantou, irritado e apontou o dedo para a lareira, gritando:

    _Saia já da minha casa! Como ousa fazer uma brincadeira dessas! Sob meu próprio teto!

    Hermione se levantou e o abraçou, sussurrando no seu ouvido:

    _Shh... Vai ficar tudo bem. Mas você precisa se acalmar. Você não vai ajudar a Gina dessa forma.

    Rony fechou os olhos e apertou os punhos com força. Sentia o corpo todo rígido. Depois sentiu o corpo todo tremer. Por final, abraçou a esposa de volta, apertado, antes de ficar com os braços em volta dela e olhar para o Ministro, que continuava sentado na cadeira como se nada tivesse acontecido.

    _Desculpa... Eu...

    _Tudo bem, Ronald, eu entendo - disse levantando uma mão.

    _O que aconteceu? - Perguntou Mione.

    _Eu não sei. Harry me encontrou no Átrio. Ele tinha a morte nos olhos. Disse que tem um relatório na minha mesa. Achei melhor vir para cá antes.

    _Para onde ele foi? - Perguntou o auror.

    _Também não sei. Mas preciso de vocês. Quero que você comande uma força-tarefa no Departamento de Aurores, Ronald. E Senhorita Weasley, se quiser, posso te dar uma permissão especial para fazer parte.

    Hermione não respondeu, mas Rony viu ela balançar a cabeça afirmativamente para o Ministro, os lábios em uma fina linha que mostravam que estava irritada por ter que engolir o orgulho.

    _Vamos, então?

     Depois da jovem colocar vestes apropriadas, os três foram de Flu para o Ministério da Magia.





    _Você só pode estar de brincadeira.

    Harry estava nas portas de Emanuel Grunts, um bruxo baixo e careca, dentuço, que lembrava muito Rabicho. Só a lembrança já ajudava a piorar o humor do auror.

    _Nunca fui tão sério, Grunts. Quero que você encontre um fantasma para mim, e quero agora.

    O bruxo olhou para os lados. A porta estava entreaberta, apenas um feixe mostrava o rosto do bruxo, que via que as ruas da sua casa num bairro trouxa de Oxford estavam desertas.

    _Desculpe, mas eu não atendo nesse-

    Harry chutou a porta com força, a forçando a abrir. O bruxo atrás da porta caiu no chão. O auror tirou a varinha e aponto para a casa:

    _Pulsate.

    Uma onda branca de magia passou pela porta, como um sonar. Nada retornou para o garoto, que satisfeito com a falta de proteção mágica, entrou na casa.

    Do lado de fora parecia apenas uma típica casa trouxa. Assim que Harry entrou pela porta, tudo mudou. As paredes se tornaram de pedra e a iluminação se transformou em velas flutuantes. Nas paredes, correntes de ferro. Em uma delas, duas mulheres nuas com os olhos vendados e as bocas amordaçadas. Harry nem piscou, não depois do que tinha visto por tantas horas nas masmorras secretas do ministério. Apontou a varinha para elas:

    _Magus Relevatus.

    Uma bola de magia verde bateu nas duas e nada aconteceu. Eram trouxas.

    _Agora, Grunts-

    Foi interrompido por feitiço vermelho que vinha em sua direção e mal teve tempo de usar um Protego não-verbal. O bruxo tinha se levantado e apontava a varinha:

    _Estupore!

    _Protego! Estupefaça! - Replicou Harry.

    O feitiço do auror atingiu o outro, que não esperava feitiços em uma ordem tão rápida, em cheio. Voou até bater na parede de pedra e caiu no chão, a varinha fora das mãos.

    _Accio Varinha!

    A varinha foi para as mãos do auror, que a manteve em um aperto firme.

    _Como ia dizendo: agora, Grunts, você e eu vamos ter uma boa conversa.

    Foi até o bruxo caído e o fez se levantar o puxando pelo cabelo, a varinha apontada com firmeza contra o pescoço dele:

    _Eu quero que você localize um fantasma para mim. Quero que o convoque até aqui. Quero que o domine e obrigue a responder. E você vai fazer isso agora.

    Meio atordoado, o bruxo respondeu:

    _Os direitos dos fantasmas-

    Foi interrompido com Harry batendo a cabeça dele contra a parede. Soltou um gemido.

    _Você me fala essa merda com aquelas duas mulheres - que ao ouvir a comoção tinham começado a se contorcer em meio aos grilhões e a gemer sob a mordaça - naquele estado?

    O bruxo abriu os olhos, estava com medo:

    _Você não entende. Vocês nunca entendem. Mexer com fantasmas é perigoso. Se eu não conseguir dominar...

    Outra pancada na cabeça, essa mais forte.

    _Eu não sou paciente, Grunts. Você pode fazer isso por bem, ou podemos visitar uma sala bem especial chamada de Resposta Certeira. Já ouviu falar?

    O medo transformado em pavor nos olhos arregalados do homem confirmava que sim, ele já ouvira falar. Resposta Certeira era como os aurores chamavam a sala de tortura da qual Harry tinha acabado de sair. Apesar da população mágica em sua maioria desconhecer, alguns membros do submundo sabiam muito bem o que ela era.

    _Você é um auror - falou com a voz trêmula.

    Harry usou a varinha para afastar o próprio cabelo:

    _Mais do que isso. Eu sou Harry Potter.

    O homem desmaiou.





    Num beco do Beco Diagonal, Draco Malfoy esperava desilusionado por algum movimento no escritório de Julius Strongar. Convenientemente, ele morava sobre a loja, uma construção em estilo greco-romano, com pilares de mármore branco e alguns deuses gregos esculpidos na fachada.

    Já estava há duas horas ali e em mais uma o dia amanheceria. Sem problemas. Estava acostumado a esperar várias horas, e preparado para esperar dias.

    Potter não tinha aparecido, o que significava que não recebera a mensagem ou não se importava o suficiente com os métodos de um Inominável. Muito provavelmente estava espalhando a alegria Potter pelo mundo enquanto o salvava sem querer.

    De repente, uma luz no andar de cima acendeu. Tinha estudado a planta da construção, e ali era o quarto de Strongar.

    Apontou a varinha e pensou: Espionare.

    Uma fraca linha cinzenta saiu da varinha e foi até a janela. Acima da varinha, uma miniatura tridimensional preta e branca do quarto se revelava. Iluminava uma boa parte do beco em que ele estava, motivo pelo qual não estava usando desde o início.

    Um bruxo encapuzado - Comensal da Morte? - revirava o quarto, abrindo gavetas e jogando roupas no chão.

    Draco movimentou a varinha e checou os outros cômodos. Todos vazios. Cancelou o feitiço e apontou a varinha para a própria cabeça:

    _Convocus Trio.

    Quase instantaneamente três bruxos aparataram em frente ao jovem, em uma fila, todos olhando para ele. Tinham vestes bruxas negras e uma máscara dourada no rosto. Inomináveis do Ministério da Magia Inglês, a elite da Espionagem bruxa.

    _Casa da frente, um invasor no quarto iluminado. Um comigo, um vigia, o outro garante a segurança do resto da casa.

    Sequer responderam, apenas se viraram. Um ficou na ponta do beco, esperando os outros passarem para depois voltar e se desiludir, vigiando. Os outros dois foram com Draco até a porta. Todos apontaram a varinha para a casa ao mesmo tempo e sussurraram:

    _Impedimenta Aparatare.

    Foi como uma bolha semi-transparente engolindo a casa. Apenas com três bruxos, mal dava para impedir uma aparatação, mas seria o suficiente.

    Draco fez um gesto com a mão. A partir dali todos os feitiços seriam não-verbais, exceto se necessário em caso de batalha.

    Um dos bruxos abriu a porta e entrou na frente. Draco seguiu com outro logo em seguida. O primeiro já tinha desaparecido.

    Malfoy e o parceiro estavam em uma sala padrão de recepção, com uma mesa de madeira e algumas cadeiras. Foram para uma porta e o mago a abriu magicamente. Draco foi na frente na escada que se revelava.

    Quando estavam na frente da porta do quarto de Julius, escutaram uma exclamação de satisfação vinda do outro lado:

    _Finalmente!

    Isso era ruim. O homem não estava mais distraído com a busca. O mago novamente foi quem abriu a porta magicamente e Draco entrou logo atacando com um Expeliarmus.

    O bruxo, encapuzado, era bom. Mesmo com o ataque surpresa, se defendeu e contra atacou com um Avada Kedavra. Draco e o companheiro saíram do caminho, o primeiro para dentro do quarto, já mandando outro feitiço. Mas o bruxo já tinha pulado a janela.

    Do lado de fora uma luz de feitiço e um grito.

    Correndo para a janela quebrada e olhando para baixo, Malfoy sorriu satisfeito ao ver o invasor preso contra a parede, a varinha quebrada, um embrulho de pano aos pés.

    Adorava os protocolos de ação dos Inomináveis.





    Ela não podia acreditar no que estava lendo.

    "Na terceira inserção de agulhas uma veia foi rompida e o uso de um frasco de Poção Reparadora de Tecido se fez necessária.
    O questionador sugeriu inserção direta na corrente sanguínea, mas o ajudante confirmou que era desnecessário e eu que era perigoso.
    O ajudante usou uma técnica trouxa desconhecida para impedir que o acusado se afogasse propositadamente enquanto era forçado a ingerir (...)"

    Vomitou na lixeira do Ministro da Magia, que também olhava pálido para o que lia. Ela não acreditava nem um pouco naquela encenação:

    _É isso que vocês fazem, Shacklebolt?

    _Senhorita Weasley, eu posso afirmar-

    _Calados! - Rony falou alto e abruptamente. É a minha irmã que está em jogo. Depois vocês discutem os métodos. Por mim, se ele realmente a matou ou a raptou... Isso é pouco.

    Hermione viu que o marido também estava pálido, mas se forçava a continuar lendo. Ele estava certo em partes: o importante agora realmente era Gina. Depois podia se preocupar com o Ministro da Magia e seus métodos podres.

    Só não podia acreditar que aquele era um relatório de Harry.

    O que tinha acontecido com o amigo para ser capaz de fazer uma coisa dessas?

    Não precisou pensar muito, apenas olhar para o marido e lembrar das palavras que ele tinha acabado de dizer. Era Gina que estava em jogo, e por ela Harry iria até o inferno.

    Também precisava ser forte. Por Gina. Pela sanidade de Harry. Por Rony. Voltou a ler.





    Os gritos do homem eram muito mais leves do que os do arquiteto. Talvez porque o auror fosse amador nesse tipo de coisa. Mas conhecia o conceito básico: dê dor o bastante e eles cooperam.

    _Tudo bem! Tudo beeeeem! - Gritos de angústia se misturavam às palavras.

    Sem piscar, Harry apontou a varinha:

    _Remendo Totalis.

    Em sonoros cracks o osso do braço dele voltou a lugar. Harry se sentiu fraco imediatamente. Era um feitiço extremamente cansativo. Era impressionante que Malfoy tivesse usado tantas vezes e ficado de pé. Mas o Inominável estava acostumado a usar esse feitiço, o auror, não.

    _Preciso... descansar... - Falou o velho ofegante.

    Harry se preparou para socar o homem, que levantou as mãos e falou rapidamente, alto:

    _Dominar um fantasma não é fácil! Eu preciso de energia! Por favor! Por favor!

    O jovem abaixou a mão. Respirou fundo:

    _Você tem uma hora.

    E se virou para as mulheres, que depois de ouvir os gritos choravam compulsivamente.

    Ele tinha rastros para apagar.
    Apagou memórias e as fez desmaiar. Tirou as correntes delas e as deitou delicadamente no chão.

    Grunts não disse nada durante todo o processo, talvez nem tenha visto, de olhos fechados, sentado ao chão, as costas na parede e a roupa colada ao corpo, encharcada de suor. Respirava pesado, profundo.

    Harry também se sentou no chão.

    Durante a próxima hora pensou no que poderia estar acontecendo com Gina enquanto aquele verme descansava. Finalmente, se levantou:

    _Chegou a hora.

    O homem não abriu os olhos. Harry o chutou, sem resultados.

    Estava morto.

    O auror deu um berro de fúria.





    Depois de horas de caminhada - ela julgava que tinham sido horas, pois a o vazio já tinha consumido tudo havia muito tempo, se é que existia tempo naquele local - uma porta de repente se fez visível na frente deles, como se surgida do nada.

    Era uma porta simples, de madeira, sem nada que a distinguisse de uma porta comum, senão o fato de estar em um local onde não existir era o comum. Então aquela porta acabava sendo extretamente anormal.

    Deu um passo para trás e ela desapareceu. Passo para frente, e voltou a surgir. Talvez mais que anormal.

    Uma anormalidade bem vida. Se tivesse que continuar naquela escuridão, acompanhada daquele indistiguível ser envolto em sombras, ficaria louca.

    Ele não tinha falado uma palavra desde que saíram do lago, e ela não conseguia abrir a boca. Era fisicamente impossível. Tinha tentado, e falhado. Bem como tinha tentado atacar o homem, e simplesmente passara através dele. Era mais uma sombra do que homem. Não, aceitar isso como realidade a faria perder a sanidade. Era um homem. Um homem.

    _Chegamos - soou a voz rouca e fria.

    E a porta se abriu. 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Luisa Weasley

    Eu gostei do personagem Kingsley, ele tá bem trabalhado mesmo, realista. Tou achando divertido ver Harry seguir uma tragetória mais fantasiosa e Draco uma mais pé-no-chão. Os dois estão muito bom na fic... Vamos ver o que Ron e Hermione vão aprontar...   E esses protocolo de ação dos Inomináveis, em? Pura ação! E você tá torturando o leitor com o misterio de Gina rsrsrs 

    2012-05-18
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.