Prólogo



Prólogo


 
    Eram duas e meia da manhã e ela tinha invadido a casa dele justamente para abrir aquela caixinha de veludo que agora segurava em suas mãos.


    Tinha visto ela meses antes, e sempre conferia se tinha se movido para a provável mão de alguma piranha. Sempre que checava, estava no mesmo lugar, mas nada dele finalmente fazer a proposta. Cinco anos de namoro, Rony e Hermione já estavam casados, e ele continua a enrolando.


    _Alohomora – sussurrou baixinho, apontando a varinha.


    Sabia que teoricamente esse feitiço não era o mais adequado para uma caixinha tão pequena e sem fechaduras, mas não custava tentar. Obviamente não houve o efeito desejado. Mas teve efeitos.


    Uma luz forte de repente a cegou e uma voz alta gritou em algum lugar do quarto:


    _Iniciando extermínio de invasor!


    Luzes piscaram todas as cores, sentiu o corpo chacoalhar, tentou aparatar apenas para notar que a varinha tinha saído de sua mão em algum momento.


    Não sabia onde era cima ou baixo, e depois de algum tempo nem se lembrava quem era. Sentiu o estômago girar e ser puxada como por um gancho penetrando sua espinha. A dor foi...


    Não houve dor.


    Foi quando teve coragem de abrir os olhos.


    Ela tinha sido enviada por uma chave de portal para algum lugar escuro, mas o chão, ela notava agora, estava sólido. O mundo tinha parado de girar.


    A escuridão foi total por alguns instantes. Segundos, minutos. Só com a respiração como referência, não conseguia medir o tempo.


    Estava confusa. Aquilo era a morte? Mas como podia o Harry, seu Harry, causar sua morte dessa maneira?


    De repente, um feixe de luz surgiu em algum ponto distante.


    Começou a tremer, mas se controlou. Ela tinha batalhado contra as forças de Voldemort e vencido. Ela não era uma criancinha sem coragem.


    Respirando fundo, deu o primeiro passo em direção à luz.


    Depois vieram os outros, e logo estava próxima o bastante para notar o que era:


    Uma grande cachoeira com águas que pareciam ser a origem da luz.


    Não via o topo, mas as pedras brancas atrás da queda d'água e o lago transparente no fim deixavam claro que não podia ser outra coisa senão realmente uma cachoeira.


    A escuridão era tão forte... Como se engolisse a tímida luz que as águas criavam.


    No centro do lago uma pedra também branca se erguia na mesma altura de Gina, com um vestido vermelho flutuando ao topo.


    Continuou andando até finalmente chegar às bordas do lago, de onde surgiu um caminho de pedras levando até o centro.


    Não pensou nenhuma vez na vergonha de ficar nua para quem quer que fosse. Estava claro que aquela era algum tipo de surpresa. Provavelmente Harry apareceria em um unicórnio e faria o pedido de casamento.


    Sorriu para si mesmo. Ele era esse tipo de romântico.


    Removeu a roupa bruxa e colocou o vestido vermelho, que mais exibia do que escondia o busto, as costas abertas até a cintura, colado ao corpo, terminando pouco acima dos joelhos. Alguém estava ousado essa noite. Sentiu o rosto corar pensando no que a aguardava.


    Não tinha sapatos, e ficou descalça mesmo.


    Um vulto apareceu na beira do lago e Gina sorriu até uma voz gélida e rouca se fazer presente:


    _Bem vinda, Fada do Fogo. Acompanhe-me.


    Foi aquela voz que de repente a puxou de vez para aquele mundo. Como se antes fosse uma espectadora, mas agora fizesse parte daquela nova realidade.


    E percebeu que a escuridão não era escuridão, era a ausência total de alguma coisa, qualquer coisa. Era a negação da própria existência. Tudo o que existia ali era a cachoeira e o lago, a pedra, ela, e o estranho.


    O estranho não era seu Harry. Aquele não era sua realidade.
_E eu tinha que ir atrás da maldita caixinha. Idiota – sussurrou para si mesma.


    Sem escolhas, deu o primeiro passo em direção ao vulto.


    E tudo girou de novo.

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