Cap. 14



Capitulo 14
 
 
     Eu estava deitada em baixo de uma arvore, e conseguia sentir o vento tocando levemente minha pele. O sol estava começando a enfraquecer como sinal do inverno que logo chegaria. Meus olhos estavam fechados, mas não tive nenhum esforço para perceber que alguém estava me observando. Abri lentamente os olhos, virei à cabeça para trás e deparei-me com um garoto da minha idade em pé, apoiado na mesma arvore em que eu estava. Mesmo estando deitada, sabia que ele era mais alto que eu. Sua pele, apesar de pálida podia tornar-se quente como fogo. Seus cabelos negros, um pouco mais longo que o habitual moviam-se de acordo com o vento. Seus olhos cinza encaravam-me, e seus lábios contorceram-se em um conhecido sorriso, que apesar de parecer arrogante para os outros, para mim era perfeito. Não pude evitar sorrir de volta, ele era como um imã. Ele andou até ficar a minha frente, e estendeu-me uma das mãos com um convite mudo para que eu me levantasse. Aceitei a ajuda, e assim que nossas peles se tocaram senti um arrepio percorrer minhas costas. Um arrepio que nada tinha haver com o vento. Nossos corpos chocaram-se quando eu levantei, e ele apoiou uma mão em minha cintura mantendo-me perto. Sua outra mão tocou meu rosto e desceu até meu pescoço. Nossos rostos começaram a se aproximar, nossas testas estavam coladas, eu podia sentir seu halito quente tocando meu rosto, e ouvi uma voz me chamando
     - Hermione... vamos Mione... ACORDA!!!!! - pulei com o grito de Gina na minha orelha.
     - Quem você pensa que é para me acordar assim, Ginevra Weasley?
     - Nossa Mi! O sonho estava tão bom assim? - Lilá perguntou da cama a minha direita onde ela estava dormindo, e Gina sentou na minha cama formando um semicírculo entre nós.
     - Para falar a verdade, estava sim...
     - Hummmmm... - elas fizeram coro e Lilá completou - Pode ir contando tudo! Kkkkkkkk
     - Foi só um sonho... - parei a frase na metade quando vi os olhares delas, então resolvi contar o que tinha sonhado - Ok! Bom, eu estava em um lugar... Parando para pensar, parecia Hogwarts, mas tinha algo de diferente...
     - Para de enrolar!
     - Tah! Eu estava deitada, quando um menino apareceu. Ele me ajudou a levantar, e quando ia me beijar, a Gina fez o favor de me acordar!
     - Desculpa, Mi! Mas fala, esse garoto era bonito? - Gina perguntou.
     - Na verdade era sim. Tinha a pele pálida, era alto, cabelo bem preto e olhos cinza. O pior é que eu me lembro de já ter visto ele em algum lugar...
     - Hummmmm. Hermione e seu estranho mascarado Kkkkkk
     Nós começamos a rir, e só paramos quando Moly entrou no quarto.


     - Que bom que vocês já estão acordadas. Venham tomar café da manha rápido, e então voltem para o quarto para arrumarem-se. – Ela disse.


     Nós três assentimos e fomos tomar café da manha de pijama mesmo. Assim que terminamos, voltamos para o quarto para, como Moly havia dito, arrumar-nos. Depois de horas tomando banho, lavando o cabelo, passando cremes, fazendo maquiagem e penteados, e é claro colocando os vestidos, estávamos prontas para o casamento de Gui e Fleur.


     Gina estava usando um vestido bege com renda preta que ia até seu joelho, e uma sapatilha preta. Seu cabelo estava solto, com um pequeno arranjo de flores preso ao lado esquerdo da cabeça.


     Lilá usava um vestido roxo, tomara que caia até o joelho também. Nos pés tinha uma sandália lilás, e uma pequena bolsa da mesma cor que o sapato. Ela havia prendido o cabelo em um coque frouxo.


     Eu estava com um vestido simples, vermelho e da mesma altura que os delas. Um sapato de salto, também vermelho e para completar a mesma bolsa que havia usado nos últimos meses de Hogwarts com tudo que eu havia conseguido. Meu cabelo estava solto, liso, com apenas alguns cachos nas pontas.


     Era praticamente três horas da tarde quando terminamos de nos vestir. Assim que Lilá foi abrir a porta do quarto onde estávamos, senti uma sensação ruim como se algo fosse acontecer. Impedi Lilá de abrir a porta, e abracei ela e Gina controlando-me para não chorar.


     - Menina, eu vou dizer uma coisa e preciso que vocês prestem muita atenção. – Elas confirmaram então eu continuei. – Quando as aulas voltarem, eu Harry e Ron não iremos para Hogwarts. Prometam-me que não importa o que aconteça até 1º de setembro, vocês voltarão para Hogwarts, e tomarão muito cuidado com tudo que vocês fizerem e falarem, ok?


     - Ok, Mi. – Disse Gina – Mas para que tudo isso agora?


     - Estou com uma impressão ruim. Só prometam-me que vocês vão se cuidar.


     - Não se preocupe. Nós prometemos. – Disse Lilá e Gina concordou.


     Depois disso descemos para o jardim onde seria o casamento. Harry havia tomado uma poção polissuco para que ninguém o reconhecesse, então hoje ele seria o Primo Barn, dos Weasley.


     Depois de um pequeno e desagradável encontro com Muriel, separei-me das meninas e fui me encontrar com Harry, quer dizer Barn, e Ron que estavam recebendo os convidados. No caminho vi Luna e seu pai, ambos vestido de amarelo berrante. Sorri. Quando consegui chegar perto de Barn e Ron, Ron disse-me:


     - Uou! Você está ótima!


     - Brigada, Ron. Só não deixe Lilá ouvir você dizendo isso. Ela pode ficar com ciúmes... – ele fechou a cara, então percebi que não devia ter tocado no assunto Lilá. Tentei desconversar dizendo – De todo jeito sua tia-avó Muriel não parece concordar que eu estou tão bem assim.  Acabei de encontra-la com Fleur e ela disse ‘”Ai, não, essa é a sangue-ruim? Má postura e tornozelos finos de mais’”.


     - Não se ofenda. Ela é grossa com todo mundo. – disse Ron


     - Falando de Muriel? – Perguntou um dos gêmeos enquanto eles se aproximavam de nós. – É ela acabou de dizer que as minhas orelhas estão desiguais. Morcega velha. Mas eu gostaria que o tio Abílio estivesse vivo; ele era a alma das festas.


     - Não foi ele que viu um sinistro e morreu vinte e quatro horas depois? – perguntei.


     - Bem, foi ele ficou meio esquisito mais para o fim da vida – admitiu o mesmo gêmeo de antes, e o outro completou.


     - Mas, antes de ficar caduco, ele era realmente a alma das festas. Costumava beber uma garrafa inteira de uísque de fogo, depois ia para o meio da pista de dança, levantava as vestes e começava a tirar buques de flores do...


     - É realmente encantador – interrompi antes que saísse muita besteira.


     - Jamais casou, não sei por que – disse Ron.


     - Você me espanta – disse enquanto os outros se acabavam de dar risada. Percebi que alguém estava chegando, e assim que prestei mais atenção, vi que era Vítor. Ele entregou o convite para Ron e disse para mim.


     - Você esta marravilhosa!


     - Vitor! – Exclamei, e cumprimentei-lhe beijando sua bochecha – Eu não sabia que você vinha... Faz um tempo que não nos falamos. Como esta?


    - Ótimo!


     Ele ia dizer mais alguma coisa, mas Harry o levou para dentro da barraca. Em seguida fomos avisados que o casamento iria começar, então Harry, Ron e eu nos dirigimos a segunda fileira e sentamos atrás de Fred e Jorge. Todo mundo murmurava, e podíamos ouvir algumas risadas. O sr. e a Sra. Weasley entraram no corredor. Em seguida Gui e Carlinhos entraram vestidos com vestes a rigor e enormes rosas brancas nas botoeiras. Fred assobiou em aprovação e as primas veelas de Fleur deram risinhos.
     A música aumentou, e todos nós fizemos silencio. Monsieur Delacour e Fleur entraram pelo corredor, ela deslizando em um vestido branco simples, e ele balançando o corpo com um largo sorriso no rosto.
     - Senhoras e senhores - anunciou o mesmo bruxo que havia feito o funeral de Alvo assim que a noiva chegou ao altar - Estamos aqui reunidos para celebrar a união de dois fieis... - preciso dizer que depois dai não prestei mais atenção no que o bruxo estava falando? Bem depois de não sei quanto tempo de completo tédio o bruxo disse - Guilherme Arthur, você aceita Fleur Isabelle...? - Ouvi um som de trombeta que tenho certeza que era o Hagrid assuando o nariz. - Então eu os declaro unidos para toda a vida. - O bruxo ergueu a varinha sobre a cabeça dos noivos, e os envolveu seus corpos em espirais, unindo-os. Fred e Jorge puxaram uma salva de palmas, e alguns balões que estavam no alto da tenda estouraram.
     - Senhoras e senhores! - disse o bruxo - Por favor, queiram se levantar!
     Todos obedecemos, e ele acenou a varinha. As cadeiras em que estávamos sentados ergueram-se no ar, ao mesmo tempo que as paredes da tenda desapareciam, nos deixando apenas sob um toldo sustentado por postes dourados, com uma vista gloriosa do campo ao redor. Em seguida, uma poça de ouro liquido se espalhou do centro para a periferia da tenda, formando uma pista de dança; as cadeiras suspensas se agruparam em torno de mesinhas, cobertas com toalhas brancas.
     - Legal! - exclamou Ron enquanto taças com suco de abóbora, cerveja amanteigada e uísque de fogo começavam a flutuar por entre os convidados.
     - Temos que ir cumprimenta-los! - disse enquanto tentava achar Gui e Fleur na multidão
     - Bem, teremos tempo depois - disse Ron dando de ombros - Vamos pegar uma mesa... ali não! Mais longe da tia Muriel...
     Acabamos sentando com a Luna, mas pouco tempo depois de sentarmos ela levantou e foi para a pista de dança. Em seguida Vitor aproximou-se e sentou-se à mesa conosco.
     - Quem e aquele homem de amarelo? - perguntou.
     - E Xenófilio Lovegood, pai de uma amiga nossa - respondeu Ron - Vou tentar achar Lilá - acrescentou ele saindo de perto.
     - E você e quem? - perguntou Vitor a Harry.
     - Barn Weasley. - Eles apertaram as mãos e eu me acomodei melhor na cadeira, olhando os casais que dançavam, mas com os ouvidos atentos na conversa.
    - Você Barn... Conhece bem esse tal Lovegood?
     - Não, eu o conheci hoje. Por quê?
     - Porrque se ele não fosse convidado da Fleur, eu o desafiarria parra um duelo aqui e agorra, porr usarr aquele símbolo nojento no peito.
     - Símbolo? - Achei Xenofilio na pista e vi que ele realmente estava com um símbolo em forma de triangulo no peito. - Por quê? - continuou Harry - Qual e o problema?
     - Grrindelvald. Aquele e o símbolo de Grrindelvald.
     - Grindelwald... o bruxo das trevas que Dumbledore derrotou? - Olhei espantada para os dois, mas logo em seguida voltei minha atenção para a pista de dança.
     - Exatamente. Grrindelvald matou muitas pessoas, meu avo, porr exemplo. Naturralmente ele nunca foi muito poderroso em seu país, dizem que temia Dumbledorre: e com razão, sabendo como foi derrotado. Mas isso... Isso é o símbolo dele, reconheci na hora: Grrindelvald grravou-o em uma parrede de Durrmstrrang quando estudou lá. Alguns idiotas o copiarram nos livros e nas roupas, querrendo chocarr, se fazerr de imporrtantes, até que aqueles, como nós, que tínhamos perrdido familiarres porr culpa de Grrindelvald demos um lição neles.
     - Você tem, ah, certeza que é de Grindelwald...?
     - Não estou enganado. Passei porr aquele símbolo durrante anos, conheço-o bem.
     - Bem, tem uma probabilidade de que Xenofilio não saiba o que o símbolo realmente significa. Os Lovegood são muito... incomuns. Ele pode bem tê-lo comprado por ai, achando que e o corte transversal de uma cabeça de Bufadores de Chifre Enrugado ou outra coisa qualquer. - ri, concordando com Harry. Era bem provável de Xenofilio pensar isso.
     - Gregorovitch! - Exclamou Harry do nada, fazendo com que eu olhasse para ele. Vitor teve a mesma reação que a minha.
     - Que tem ele? - perguntou parecendo desconfiado.
     - É fabricante de varinhas!
     - Eu sei.
     - Fabricou a sua varinha! Foi por isso que pensei... quadribol... - agora sim Harry ficou louco. De onde ele tirou isso? Tenho que me lembrar de perguntar a ele depois.
     Vitor resmungou algo que não pude entender e levantou-se. Eu e Harry ficamos em silencio por um bom tempo, até que enjoei de ficar quieta e resolvi aproveitar um pouco a festa. Capturei uma taça de uísque de fogo e fiquei apenas andando por um tempo, até que encontrei Ron e ele me convidou para dançar. Dançamos até que escureceu e meus pés não aguentavam dar mais nenhum passo.
     - Estou morta, Ron! Vou sentar com o Harry - disse.
     - Ok. Vou pegar umas bebidas para nos e já te encontro.
     Andei ate onde Harry estava, puxei uma cadeira e sentei ao seu lado.
     - Simplesmente não consigo dançar mais - admiti e tirei os sapatos - Ron foi buscar alguma bebida... - parei e olhei mais atentamente para Harry. Ele estava meio pálido, como se algo de ruim tivesse acontecido - Harry, você esta bem? - ele ficou em silencio por um momento, e quando foi abrir a boca para falar algo, uma luz prateada passou por nos e parou no centro da pista de dança na forma de um lince. Todos os convidados ficaram em silencio, e a voz de Kingsley disse
     - O ministério caiu. Scrimgeour esta morto. Eles estão vindo.
     Na mesma hora coloquei meus sapatos e levantei da cadeira com Harry. O que foi que eu disso sobre algo ruim acontecer hoje...? As pessoas pareciam não ter entendido ainda o que estava acontecendo. Somente quando o patrono sumiu e alguém gritou que as pessoas começaram a se mover.
     Eu agarrei a mão de Harry e comecei a andar por meio das pessoas enquanto procurava Ron.  Vi comensais surgirem na multidão, convidados aparatarem, e membros da Ordem erguerem a varinha. Ron nos viu e veio em nossa direção. Assim que ele segurou meu braço, aparatei para o primeiro lugar que veio na minha cabeça.
     - Onde estamos? - perguntou Ron assim que chegamos.
     - Rua Tottenham Court. Ande, apenas ande, precisamos achar um lugar para vocês se trocarem. - Andamos por um bom tempo. Varias pessoas davam risada de Harry e Ron por causa de suas vestes bruxas a rigor.
     - Hermione, nós não temos roupa para trocar - disse Ron quando uma garota riu dele.
     - Por que não verifiquei se havia trazido comigo a capa de invisibilidade?- perguntou Harry - Carreguei-a durante todo o ano passado e...
     - Tudo bem! Eu trouxe a capa, e trouxe roupas para vocês dois. Tentem apenas agir com naturalidade até... aqui vai dar - disse e entrei por uma viela escura.
     - Quando você diz que trouxe a capa e as roupas... - Harry começou a dizer
     - Isso mesmo, estão aqui - respondi tirando algumas roupas e a capa de invisibilidade da minha bolsa.
     - Caraca, como foi...?
     - Feitiço Indetectável de Extensão. Complicado, mas acho que o executei corretamente; enfim, consegui enfiar aqui dentro tudo que precisamos. - Eles se trocaram e mandei Harry ficar coberto com a capa. Não podíamos correr o risco de alguém reconhecê-lo, mesmo estando no mundo trouxa.
     Voltamos a andar e fomos ate um pequeno café que ficava aberto a noite toda. Alem de nós, a garçonete e uma grande camada de pó, o café estava vazio.
     Sentamos e ficamos em silencio por um estante, até que Ron disse
     - Sabem, não estamos muito longe do Caldeirão Furado, é logo ali em Charing Cross...
     - Ron, não podemos! - disse imediatamente.
     - Não para se hospedar lá, mas para descobrir o que esta acontecendo!
     - Você sabe o que esta acontecendo! Voldemort tomou o Ministério, que mais você precisa saber?
     - Ta, ta, foi só uma ideia.
     Pedi dois cappuccinos para a garçonete, já que Harry estava invisível seria estranho pedir três. Assim que a garçonete anotou nosso pedido, dois operários corpulentos entraram no café e se espremeram na mesa atrás de nos.
     - Sugiro que procuremos um lugar sem movimento para aparatar e sair da cidade. - sussurrei e eles assentiram. Assim que nos levantamos para sair, os operários levantaram as varinhas e nos atacaram, mas Ron me empurrou para o lado e o feitiço acertou a parede. Harry que ainda estava invisível acertou um dos, provavelmente, Comensais com um Estupefaça. O outro acertou Ron com um feitiço que produziu cordas negras em torno de seu pulso e de seus tornozelos. Harry tentou estuporar o outro Comensal, mas acabou acertando a garçonete que havia acabado de entrar com os nossos cappuccinos.
     - Expulso! - berrou o Comensal, e a mesa que estava em frente a Harry se desintegrou
     - Petrificus Totalus! - disse e o Comensal tombou para frente como uma pedra. Foi até onde Ron estava caído e murmurei um Diffindo fazendo com que as cordas que o prendiam soltassem.
     - Eu devia ter reconhecido esse - disse Harry apontando para um dos Comensais - estava lá quando Dumbledore morreu.
     - É o Dolohov - disse Ron - Eu o reconheci pelos cartazes dos criminosos no ministério.
     - Não interessa o nome deles! - exclamei - Como nos encontraram? O que vamos fazer?
     - Tranque a porta – disse-me Harry - e, Ron, apague as luzes. - fui imediatamente fechar a porta.
     - O que vamos fazer com eles? - perguntou Ron - Mata-los? Eles nos matariam.
     - Só precisamos apagar a memória deles. - Eu me adiantei para apagar a memória dos dois enquanto Harry e Ron colocavam o café em ordem. Em seguida, puxei a garçonete para um canto e também apaguei sua memória. Depois Harry e Ron puxaram os Comensais para a mesa em que estavam sentados. Depois de uma pequena discussão decidimos ir para o Largo Grimmauld. Destrancamos a porta, ascendemos à luz e mais uma vez aparatamos.
     Chegamos a frente ao Largo Grimmauld e corremos para a casa, subindo os degraus com pressa. Harry Tocou com a varinha na porta, e pudemos ouvir cliques metálicos e o barulho de uma corrente antes da porta se abrir.
     Assim que Harry fechou a porta, algumas luminárias se ascenderam. O lugar estava cheio de teias, com contornos das cabeças dos elfos penduradas na parede lançando sombras por todo o corredor.
     - Acho que alguém esteve aqui - disse apontando para um porta guarda-chuva que estava caído em um canto.
     - Isso pode ter acontecido quando a Ordem deixou a casa - murmurou Ron.
     - Então, onde estão os feitiços que lançaram contra Snape? - perguntou Harry, que mantinha a desconfiança de Severo.
     - Talvez só sejam ativados se ele aparecer, não? - arriscou Ron.
     Ficamos um tempo em silencio, ate que Harry disse - Bem, não podemos ficar aqui para sempre - mas assim que ele deu um passo a frente, a voz de Olho Tonto sussurrou no escuro.
     - Severo Snape?
     - Não somos Snape - respondeu Harry, mas logo em seguida nossas línguas foram coladas pelo feitiço da língua-presa.
     - Deve t-ter s-sido o F-feitico da Língua Presa que Olho Tonto armou - gaguejei para eles. Então Harry deu mais um passo a frente e alguma coisa se mexeu no fim do corredor, antes que pudéssemos fazer alguma coisa, um vulto se ergueu do tapete, alto, cor de poeira. Não pude evitar que um pequeno grito saísse por minha boca, e foi acompanhada pelo quadro da sra. Black. O vulto cinzento deslizava em nossa direção cada vez mais rápido, seus cabelos até a cintura e a barba esvoaçando, o rosto fundo, descarnado, as orbitas vazias. Aquele era o perfeito retrato de Alvo quando ele morresse.
     - Não! - gritou Harry - Não fomos nós! Não o matamos... - assim que Harry disse 'matamos' o vulto explodiu formando uma nuvem de poeira que caiu sobre nossas cabeças.
     Os meninos fizeram menção de andar, mas eu os impedi
     - Antes de prosseguir, acho melhor fazer uma verificação - sussurrei no caso de ter alguém na casa - Homenum revelio! - Graças a Merlin não havia ninguém.
     - Para que serviu esse feitiço?
     - Para o que eu queria que servisse! - exclamei irritada - Era um feitiço para saber se tinha alguém aqui alem de nós.
     - E tem? - quis saber Harry.
      - Ninguém. Vamos subir. - Fui em direção as escadas com os dois atrás. No meio do caminho Ron foi até a janela, afastou um pouco a cortina e disse:
     - Não vejo ninguém lá fora. E eu diria que, se você ainda tivesse o rastreador, Harry, já teriam nos seguido ate aqui. Eu sei que não podem entrar na casa, mas... que foi Harry?
     Virei-me e entendi o que Ron quis dizer. Harry estava pálido, com os olhos fechados e uma expressão de dor, como se alguém tivesse lançado-lhe um Crucio. Ele com certeza estava tendo uma visão de Voldemort.
     - Que foi que você viu?- perguntou Ron assim que Harry abriu os olhos. - Você o viu na minha casa?
     - Não, eu só senti raiva, ele está realmente enraivecido...
     - Mas pode ser na Toca! - exclamou Ron preocupado - Que mais? Não viu mais nada? Ele estava amaldiçoando alguém?
     - Não, eu só senti raiva... não saberia dizer...
     - Vamos deixar esse assunto para lá por enquanto. O melhor que podemos fazer é tentarmos descansar, e amanha eu tento fala com eles -disse e continuei subindo as escadas.
     Decidimos voltar para a sala e dormir lá por aquela noite. Era mais seguro permanecermos todos juntos. Sentei-me em um sofá, e já estava quase dormindo quando uma luz prateada  apareceu tomando a forma de uma doninha. Por ela saiu a voz do sr.  Weasley, que dizia
     - Família a salvo, não responda, estamos sendo vigiados.
     O patrono se dissolveu, e Ron soltou um grito de alegria enquanto dizia
     - Eles estão bem! Eles estão bem!
     Depois dessa noticia nos arrumamos para dormir, agora tranquilamente. Deitei no sofá e dormi instantaneamente. No dia seguinte, só lembrar-me-ia de ter sonhado a noite toda com um par de olhos cinza. Os mesmos olhos do garoto da noite anterior. 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.