Uma Longa Espera




Caros leitores,


Decidi vencer um pouco a timidez e tentar motivar o diálogo com vocês. Percebi, na minha primeira fic, quanto as palavras de incentivo são importantes (obrigada, Gego, Willi, Dreampotter; espero que me acompanhem também agora). Sem a interação com vocês, leitores, nossa "viagem" fica muito solitária. Por isso espero, ansiosamente, pelos comentários. Devo dizer que o texto já está pronto, mas vou postar aos poucos, fazendo antes mais uma revisão e, quem sabe, algumas mudanças.

Um abraço,

Morgana




* * * * *


 





Ron e Hermione trocaram várias cartas durante as férias. O rapaz finalmente entendera que era apaixonado pela amiga e sentia muita falta dela, uma saudade tão forte que chegava a doer. Nas correspondências enviadas para a menina tentava convencê-la a ir logo para A Toca. “Harry também deve vir e será muito divertido, sem as tensões e obrigações da escola. Vamos poder conversar sobre outros assuntos”, escreveu o rapaz.  


Hermione sentia-se lisonjeada ao ver que o ruivinho fazia tanta questão da presença dela. Lembrou que o convite insistente para que visitasse A Toca começou a ser feito em Londres, quando desembarcaram para o início das férias. Até mesmo Molly entrou na jogada, pedindo aos pais da menina que a deixassem passar alguns dias na sinistra e aconchegante residência dos Weasley.

A jovem não alimentou as esperanças do amigo, mas também desejava, de todo coração, poder passar alguns dias das férias com ele. Os pais de Mione, porém, queriam ficar a maior parte do tempo possível com a menina. E não seria fácil convencê-los a abrir mão da companhia da filha.

O ruivo queria que Hermione chegasse à Toca antes de Harry. Tinha a impressão que, sempre quando os três se encontravam, Mione dava mais atenção a Harry. No ano anterior, é verdade, desde que passaram a ser monitores, Hermione e Ron ficaram muito mais tempo juntos, apenas os dois. Mas ainda assim o rapaz percebia que o tratamento dispensado pela amiga ao Menino-que-Sobreviveu era diferente.


Ron não estava enganado. Hermione tratava ele e Harry de formas diferente sim, mas isso era inconsciente. Harry era o amigo que precisava dela, da sua inteligência, para vencer Voldemort, mas, especialmente, era o irmão que nunca tivera. Enquanto Ron... Era seu amigo, é verdade. Sempre a ajudava, a defendia, a elogiava por suas ideias que dizia serem brilhantes. Ao mesmo tempo, no entanto, a contradizia, criticava, confrontava com suas opiniões.


Mas ela não queria Ron como irmão e sim como namorado! Pensar nisso sempre a deixava muito agitada, com o coração acelerado. Não conseguia entender por que gostava tanto do ruivo e, ao mesmo tempo, se chateava tanto com ele. Um dos maiores motivos de sua irritação era aparente indiferença do rapaz aos seus sentimentos.


Devia reconhecer que, desde o último ano, Ron tinha mudado muito. Estava mais afetuoso e próximo a ela. As cartas que trocara com o amigo desde o início das férias a deixaram muito feliz. O rapaz parecia querer tanto passar parte das férias com ela e chegou a falar com o pai da menina ao telefone – algo que detestava, Hermione sabia – para pedir que a deixasse ficar uns dias na Toca.


Por tudo isso, a ansiedade em rever o ruivo era grande. E o mês e meio de espera parecia uma eternidade, tanto para a menina como para Ron. Finalmente, porém, aquele dia tinha chegado. Mione trocou três vezes de roupa. Não queria parecer arrumada demais, mas ao mesmo tempo desejava ser especialmente notada pelo amigo.


Ron tinha informado, na última carta, que iria à estação do trem com o pai para esperar pela amiga. Quando desceu do vagão, no entanto, não foi o sorriso do amigo que a morena recebeu e sim o de Gina.


Hermione deu um abraço na ruiva. Mas logo seus olhos miraram mais longe. Alguns metros adiante estava Arthur, que acenava. Ela olhou ao redor, tentando ver um outro vulto ruivo, sem sucesso.


- Ele não veio! - disse Gina notando que a amiga procurava pelo irmão.


- Ron não veio? Por quê?


- Mamãe falou que Ron tinha que arrumar o quarto. Harry deve chegar em três dias. Ele ficou lá, muito emburrado, para variar.


No momento que Hermione entrou na sala da Toca, alguém gritou o seu nome. Era Ron, que estava no andar de cima e desceu correndo as escadas. Que diferença dos anos anteriores. Hermione olhava feliz e incrédula para o rapaz.


Quando já estava próximo à menina, o ruivo hesitou por um instante. Mas logo a envolveu num abraço e beijou os cabelos de Hermione. Afastou-se um pouco e ganhou um beijo na bochecha. Com certeza nem desconfiava como este cumprimento carinhoso deixara feliz a amiga.


Um pouco sem jeito, tirou o braço do ombro de Hermione. "Que bom que você veio", falou dando um sorriso tímido.


- Eu também estou feliz por estar aqui. Senti muitas saudades suas... e do Harry – apressou-se a completar.


- Do Harry?! Mas por que falou no Harry? Ele nem está aqui – respondeu sem esconder que ficara chateado.


- Mas ele é nosso amigo, não é? E é natural ter saudades dos amigos – disse com segurança.


- É, Hermione, deve ser. Fica à vontade que eu vou terminar de arrumar o meu quarto - falou com a voz baixa, se virando para subir as escadas. Mas logo se deteve ao ouvir o apelo da menina.


- Ron?! Você está chateado comigo só por que eu falei do Harry?


- Ele é o Menino-que-Sobreviveu. E eu sou apenas mais um dos filhos ruivos do Weasley e amigo do famoso Harry Potter. Eu já devia ter me acostumado com isso.


- O que está acontecendo, Ron? Eu não consigo entender...


- Você não precisa entender tudo, Hermione. Tem muitas coisas que eu também não consigo entender...


O rapaz foi subindo as escadas e deixou para trás uma Hermione perplexa. Antes que pudesse organizar os seus pensamentos, Gina apareceu no andar de cima e falou:


- Ron?! Não acredito que você já está brigando com Mione!


-Nós não estamos brigando. Apenas conversando – respondeu Ron.


- E desde quando alguém conversa com um tom de voz tão irritado?


O menino não respondeu e nem olhou para a irmã que o fitava de forma ameaçadora. Com passos rápidos, subiu o segundo lance de escadas, que dava para o seu quarto.


Gina olhou para Hermione, que estava com os braços cruzados e expressão abismada. Ron tinha sido tão afetuoso nas cartas e agora a tratava daquele jeito. Será que ele realmente tinha ciúmes de Harry? Não era possível. Será que Ron nunca perceberia que era dele que ela gostava?


No meio desses pensamentos confusos, nem se deu conta que a ruiva já estava ao seu lado. “Mione? Desculpa pelo meu irmão. Eu morro de vergonha dessas atitudes dele”.


- Não se preocupe. Eu conheço Ron e sei que ele perde o controle fácil. Não vou dizer que me acostumo com isso, mas...


- Por que ele tratou você assim?


- Sei lá... Ficou chateado depois que eu disse que estava com saudades do Harry...


- Ron é muito ciumento, você deve saber disso. Morre de ciúmes de mim com a mamãe, acha que recebo mais atenção porque sou menina... Deve ser ciúme. Mas nada justifica a falta de educação, com certeza! 


xxx


O ruivo logo se arrependeu de ter sido tão rude com a amiga, mas ao mesmo tempo continuava enciumado. “Mas por que Hermione nunca se esquece do Harry, mesmo quando estamos só eu e ela juntos?” Queria pedir desculpas, mas era orgulhoso demais para tomar essa atitude.


Gina invadiu o quarto do rapaz com a pior cara possível. “Como você trata a Mione daquele jeito? Ela chegou tão feliz na estação, foi logo perguntando por você. Eu achei que você tinha evoluído um pouco. Deu aquele perfume para ela, começou a se aproximar mais e não a fugir de Hermione, como se temesse uma azaração. Agora você dá uma bola fora dessas?”


Ele detestava admitir isso, mas Gina tinha razão. Justamente quando estavam numa excelente fase, ele dava aquele vacilo. A menina respirou fundo e, vendo que o seu discurso surtia efeito, continuou:


- Você tem que ir até ela e pedir desculpas. Dessa vez foi você que errou. Ouviu, Ron?!


- Tudo bem. Mas acho difícil ela aceitar meu pedido de desculpas...


- Pelo menos tome a iniciativa e vá logo até lá. Ela está sentada na sala lendo.


O menino seguiu o conselho da irmã e, para surpresa dela, não reclamou. Hermione tinha o rosto escondido atrás de um grande livro e, aos seus pés, estava Bichento.


- Mione... – disse Ron no seu melhor tom de arrependimento.


Ela abaixou o livro e olhou para o rapaz sem conseguir esconder a mágoa que ainda sentia.


- Eu queria lhe pedir desculpas... Eu não devia ter falado com você daquele jeito. Sempre que te magôo, eu magôo antes a mim mesmo, pode ter certeza.


O amigo disse aquilo com tanta sinceridade e com a voz tão sentida, que Hermione ficou ainda mais perplexa. Ela o mirou com profundidade, tentando entendê-lo além das palavras. Ron permanecia um mistério. Um mistério que a atraia irresistivelmente.


- Ok. Vamos esquecer isso então, Ron.


O rapaz, surpreendendo-a mais uma vez, abriu um sorriso e, aproximando-se da menina, beijou o seu rosto


- Obrigado, Hermione – foi tudo que conseguiu dizer.


Com as orelhas vermelhas, parecendo tomar consciente do que havia feito, Ron se virou e subiu mais uma vez as escadas. A menina tentou voltar a ler, mas perdera toda a concentração.


 xxx


Depois do reencontro tenso, Ron e Hermione passaram três dias felizes juntos. Ron, sempre muito atencioso, se interessava pelos livros que ela lia e até ensaiou um afago em Bichento. Conversavam sobre vários assuntos e, é claro, davam muitas risadas. “Como é bom quando Ron está bem-humorado”, pensava Hermione.


A menina mal imaginava que logo entrariam de novo em confronto. Hermione sempre sentia o sangue subir quando Ron olhava com cara de bobo para alguma mulher bonita. Mas agora já era demais! Fleur era namorada do irmão de Ron e o ruivo ficava com aquele jeito de idiota contemplando a loura.


Quando Fleur saiu do quarto depois de levar o café da manhã de Harry, que chegara na noite anterior, e Ron continuou mirando a porta, Hermione se postou em frente ao ruivo e fuzilou o amigo com o olhar. Quando Ron finalmente se deu conta que estava sendo observado, ficou assustado ao encarar um rosto tão raivoso.


À tarde a casa ficou vazia - Fleur e Gui haviam saído com Molly, Arthur estava no ministério e Gina e Harry jogavam quadribol com os gêmeos –  e Ron tomou coragem de abordar a menina: "Está zangada comigo? Você me olhou de um jeito tão estranho de manhã, quando estávamos com Harry..."


- Eu não estou apenas zangada com você não. Minha vontade é de lançar em você uma azaração poderosa com duração de mil anos. No mínimo!


O rapaz olhou para a amiga boquiaberto. "O que aconteceu, Hermione?"


- Você tem que amadurecer, Ronald Weasley! Não é possível ficar com aquela cara de abobado toda vez que vê uma mulher bonita. Isso é ridículo!


- Do que você está falando?


- Não se faça de desentendido! Ou você pensa que não vi o jeito como olhou a Fleur?!


- Hermione... eu...


- Você é um idiota, admita!


O menino não queria brigar com a amiga. Não agora que, finalmente, pareciam viver um tempo de paz e isso o deixava muito feliz. Sabia que se não cedesse, a discussão pioraria cada vez mais e acabariam ficando vários dias sem se falar.


- Você está certa, Mione. Eu sou um idiota. Mas você precisa saber que não me interesso por nenhuma dessas mulheres. Simplesmente as acho bonitas. Mas beleza não é tudo.


- O quê?! Ronald Weasley, aquele que fez questão de só convidar meninas bonitas para o Baile de Inverno, agora diz que beleza não é tudo!


- Você podia parar de me tratar desse jeito, né? Depois reclama que sou rude com você...


- Estou falando isso para o seu próprio bem. Você precisa amadurecer. É ridículo olhar para a sua futura cunhada com aquele jeito de bobo...


- Hermione, eu não tenho interesse algum em Fleur ou em qualquer outra menina no momento - disse ele que ainda não tinha coragem de falar da sua paixão pela amiga.


- Então pare de olhar para toda mulher bonita com essa cara de idiota!


O rapaz, sempre com respostas desaforadas na ponta da língua, dessa vez não sabia o que dizer. De fato, tinha um "fraco" por mulheres bonitas. Mas nunca se dera conta que todos percebiam isso, muito menos que Hermione ficava tão chateada toda vez que ele se encantava com a beleza de alguém. De qualquer forma, entendeu que não devia ficar em silêncio.


- Mione, vamos parar por aqui...


Hermione ainda não se acalmara. Morria de raiva do descaramento do rapaz em flertar outras meninas na frente dela. Não suportava saber que dava tanto valor a beleza física e, especialmente, que não a achava bonita.


- Quero ver se quando tiver namorada... Ah, esqueci que você não quer namorar antes dos 30 - falou de um jeito debochado.


- Eu nunca disse isso!


- Cansei, Ron! Eu jamais namoraria um cara com um comportamento tão estranho e infantil como o seu!


A menina virou as costas para o ruivo e saiu para a área externa da Toca, onde acontecia o jogo de quadribol, com passadas firmes.


Ron simplesmente não sabia o que fazer e subiu para o seu quarto. Melhor evitar Hermione, pelo menos naquele momento, pensou. Sabia que demoraria um pouco até ela se acalmar.


O ruivo ainda tentava entender a reação da menina. Seria ciúme? E por que ela disse que jamais namoraria um cara como ele? “Isso eu já sei há muito tempo”, pensou. “Não precisava que ela falasse”. Ainda estava perdido nesses pensamentos quando Harry entrou no quarto.


- Ron? O que houve? Nunca vi Hermione com tanta raiva de você.


- Eu não sei o que aconteceu com ela... Não consigo entender as meninas. São tão complicadas...


Harry lembrava da conversa que acabara de ter com Mione. A menina saiu da Toca quase chorando e seguiu em direção contrária ao campo improvisado de quadribol. Para onde ela iria?, se perguntou Harry.


Pediu licença aos ruivos e foi atrás da menina. "Hermione, espera! O que o Ron fez dessa vez?" Sempre que a via irritada era certo que brigara com o amigo.


- Não aguento mais o Ron, Harry. Ele é tão imaturo. Fica com aquela cara de bobo quando vê uma menina bonita. Não sabe se posicionar, não sabe o que quer da vida. Não sei por que eu ainda tenho esperança que ele mude. Devia saber que isso é impossível.


Harry já desconfiava há muito tempo que os dois eram apaixonados. No último ano, Ron e Mione se tornaram ainda mais próximos, embora ainda não admitissem o sentimento que tinham um pelo outro. Agora, quando pensava que finalmente começavam a reconhecer para si mesmos que se amavam, voltavam a brigar.


- Ron pode ser um pouco imaturo sim, mas também é um cara muito legal e, o mais importante, é nosso amigo.


                                                                           xxx 


Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 


Pretending 


http://irpra.la/m/1081350 


Face to face and heart to heart
We’re so close yet so far apart
I close my eyes I look away
That’s just because I’m not okay
But I hold on I stay strong
Wondering if we still belong

Will we ever say the words we’re feeling
Deep down underneath it
Tear down all the walls
Will we ever have a happy ending
Or will we forever only be pretending
We will always be pretending
(…)


 


 

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Comentários (3)

  • Morgana Lisbeth

    Obrigada, Lily, pelo comentário! Tem muito mais cenas de ciúmes por vir (rs). Espero que continue curtindo!

    2012-04-19
  • Lily_Van_Phailaxies

    Oie, bom eu jah havia lido a sua fics anterior a esta, mas nunca tive oportunidade de ter tempo para comentar, então... parabéns pela fic! Espero o próximo capítulo. Muito fofo esse ataque de cíumes da Hermione.

    2012-04-19
  • Gego

    *-*   Perfeito como sempre. Acho que eu nem preciso mais comentar. :)Ansiosa pro próximo capítulo.

    2012-04-18
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