Um Tal De Jones



Nas semanas seguintes, Severo teve que admitir que Emily não era tão irritante quanto julgara no inicio. Bom talvez fosse, mas ele não se importava mais. Algo nela fazia com que se sentisse bem... querido.


-Semana que vem completamos um mês.-Emily sorriu.-E estou parecendo uma garota boba lembrando a data de namoro à um namorado.-Snape ergueu as sobrancelhas.-Ah, você me entendeu.-protestou ela e riu.


Durante os minutos seguintes, somente o som de talheres foi ouvido.


-Quase um mês e saímos só duas vezes.-reclamou ela.-É claro que tivemos um pequeno acidente.


Bella entrou por uma janela aberta e pousou em cima do mingau da dona, que fez uma careta.


-Ótimo, mingau com penas!-exclamou e viu uma sombra indistinta nos olhos de Severo, ele estava se divertindo. A mulher sorriu e abriu a carta.


 


Querida Emily,


Ainda outro dia estive pensando em você. Em como me faz falta esse calor de seus magnifícos olhos azuis; em como seu sorriso iluminava meus dias de trevas; em como o mundo parecia melhor quando estava em sua ilustre companhia e em como a senhorita, apenas com bondade e bom humor, podia me fazer melhor e melhor a cada dia.


Minhas sinceras saudades,


Jones Jackson


 


-Eu não acredito!-Emily fitou a carta com a expressão séria e desatou a rir.-Dê uma lida nisso.-ela passou a carta para o professor.-“E como me faz falta esse calor de seus magnifícos olhos azuis...” AZUIS!-repetiu com incredulidade.-Diga me uma coisa: desde quando meus olhos são azuis? Ah, ele me ama, mesmo.-resmungou engasgando um pouco com o mingau e se lembrando das penas logo depois.


Snape assentiu lentamente e devolveu a carta, sentindo um ódio inexplicável do tal Jackson.


-Estou indo para o ministério, me espere vestido quando eu voltar.-Emily deu uma piscadela marota e desaparatou.


 


-Emily, querida.-Tonks esbarrou na ruiva de propósito e puxou-a para uma conversa.


-Ah, não me diga que ainda acredita naqueles boatos.


-Boatos, Watson? Que boatos?-o Cornélio Fudge se aproximou com preocupação.


-Nada importante, ministro. Apenas assuntos pessoais.-Emily forçou um sorriso sincero.


-Ah, claro.-o homem pareceu desconcentrado.-Watson, venha ao meu escritório quando estiver desocupada.


-Eu nunca estou desocupada, ministro. Mas posso acompanhá-lo agora mesmo, se quiser.


Fudge concordou e a ex-juíza se despediu formalmente de Tonks, ambas não deixando passar despercebido as interrupções do ministro e da sub-secretária sempre que se aproximavam uma da outra. O Ministério desconfiava de algo. Isso era definitivamente ruim.


-Sente-se, Emily. Gostaria de beber algo?


-Não, obrigada. O que deseja, ministro?


-Saber como anda sua relação com o professor de Hogwarts. Está para completar um mês e a senhorita não tem me trazido resultados.-ele esperou pacientemente.


Emily tinha que pensar rápido e qualquer desculpa serviria. Visualizou o rosto de Severo e se lembrou das conversas que haviam tido. Qualquer detalhe, qualquer desculpa...


-Eu recebi uma carta de manhã.-falou ela de repente.


-E...?


-Eu não tenho outro correspondente que não o Ministério, ministro. A carta é falsa, mas acredito ter causado um efeito... digamos, surpreendente.-a ruiva sorriu maldosamente, agradecendo mentalmente a convivência com Severo.-Ao que tudo indica, ele se enciumou com o “correspondente”.


Emily então puxou a carta da carteira aumentada magicamente e leu-a em voz alta.


-Excelente, Emily. Estou impressionado.


-Tudo em favor ao Ministério.


-Sim, claro.-aquela devoção toda assustava o homem.-Pode ir, Watson.


-Boa tarde, ministro.-ela acenou educadamente, usando todo o seu alto controle para não rir.


 


Afinal, quem era aquele sujeito?


Snape fechou a gaveta que vasculhava com uma força desnecessária.


Mas que diabos estava fazendo?


De onde surgira todo aquele ódio que ameaçava consumi-lo de forma tão devastadora?


E de onde, em nome de Merlim, surgira o tal de Jones?


Não, ele não podia... não mesmo, aquilo não era...ciumes. Ou era?


-Não seja idiota.-resmungou tentando dispersar o pensamento.


Seus olhos pousaram nas inúmeras fotos que enchiam a parede, talvez estivesse ali o que ele procurava. Ou melhor, quem ele procurava.


 


-Mas que m...!?-Emily deixou cair a pasta de arquivos que segurava ao entrar em casa, a surpresa dominando-a completa mente.-SEVERO SNAPE, O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ!?-explodiu, os olhos verdes brilhando de raiva.


Ele encarou-a com incredulidade.


-O que disse?


-Você vasculhou A MINHA CASA!


-Não sei de onde surgiu essa ideia.


-NUNCA, ESCUTE BEM! NUNCA MAIS VOLTE A MEXER NAS MINHAS COISAS, OUVIU BEM!?-Emily bateu a porta com tanta força que esta voltou a se abrir, alguns curiosos pararam para observar a cena.-QUAL É O PROBLEMA COM VOCÊS!? NÃO SABEM CUIDAR DA SUAS VIDAS!?


-Um casal tão bonito não deveria brigar.-falou Lewis, o vizinho do lado, um senhor de meia idade com bom humor e bondade inigualáveis.


-Você, você, você...-mas as palavras não saiam de sua boca e Emily deu as costas aos vizinhos e entrou no quarto, fechando a porta com um estrondo.


Coube a Snape, portanto, espantar os curiosos, lançar um olhar malévolo ao vizinho intrometido e fechar a porta com cuidado, recolhendo o material que Emily deixara cair. Severo esperou um tempo e caminhou até a frente do quarto da mulher.


-Emily.-bateu na porta.


-Me deixe em paz.-respondeu ela com a voz embargada.


Sem explicação, ele se sentiu péssimo. Era como voltar no tempo, quando ele e Lílian haviam brigado.


-Watson, me deixe entrar.


-Saia daqui.-foi a resposta que recebeu.


-Watson!-repreendeu.


-Eu mandei você sair. VÁ EMBORA!-ela frisou as palavras.


-Suas coisas estão na porta.-disse Snape e entrou em seu próprio quarto, frustrado e com raiva.


Além de tudo, não havia encontrado o que procurava.


 


-Eu mandei você sair.-Emily disse sem emoção para Severo horas mais tarde.


-Lamento não poder obedecer.-retrucou ele friamente.


-Você é irritante, sabia?-ela voltou-se para o professor com raiva.-O que foi que eu fiz afinal para você desconfiar de mim?-Emily pareceu murchar.-Droga, qual é o meu problema para as pessoas desconfiarem de mim?-a ruiva se jogou no sofá e fechou os olhos.


Snape não soube o que o fez se sentar de frente para a mulher, provavelmente sua semelhança com Lílian.


-O meu trabalho é desconfiar das pessoas.


Ele realmente estava...?


Emily abriu os olhos verdes e ergueu-os lentamente.


-Seu trabalho é espionar para Dumbledore.


-Meu trabalho é proteger o arrogante do Potter.-ele corrigiu.-Eu devo desconfiar das pessoas.


-Mas você odeia o garoto.


-Isso não me impede de cumprir as ordens de Dumbledore.


-Me desculpe, Manny. Eu... perdi a cabeça.-ela deu um sorriso fraco.


-É evidente que sim.


-Você queria saber quem é o tal do Jones?-Severo não respondeu, mas apurou os ouvidos.-É o meu irmão. Um poeta.-ela sorriu.-Sabe... talvez Lewis tenha razão. Formamos um belo casal.


-Não tenha tanta certeza.-resmungou o mestre em poções se levantando irritado.


 


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Olá, leitora! Gostaram?


Sou muito má mesmo, deixei o Snape cheio de ciúmes, MUAHAHAHAHA. Mas para aqueles que pensam que é porque ele gosta de Emily, lamento desapontar, a verdade nua e crua é que ele apenas vê Lílian nela.


Próximo caoítulo amanhã, desculpem a demora nesse, estou doente esses dias.


Comentários são sempre bem-vindos!


 

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