Capitulo Doze



A noite havia sido estranha. Jantara com Astória em pleno Salão Principal sem ninguém nos importunar, os olhares de sempre foram lançados, mas tendo ela fingido não perceber, fiz o mesmo. O principal porem foi perceber que, de algum modo, gostava dela, algo que ia muito além da boa vontade natalina, admiti a mim mesmo finalmente. Fazendo uma análise mais profunda pude perceber que isso era claro, já há algum tempo, se considerasse tudo que já havia acontecido entre nós.


Fui dormir com o humor melhor do que o tivera há um bom tempo e acordar no dia seguinte foi um ato realmente dificil. Deixar minha cama confortável e quente, pior ainda. Mas algo me movia, não sabia se era o hábito ou a vontade, afinal aquela era a manhã de Natal. Aproveitei que estava sozinho e fui ver o que havia para mim, uma pontada atravessou meu peito ao perceber que havia apenas um embrulho dedicado a mim.


Fiquei mais de um minuto a fitar a embalagem bonita. Há apenas um ano atrás era possivel que houvesse recebido uma quantidade de presentes maior que a soma dos presentes de todos os meus colegas de quarto, e agora, apenas aquele. Finalmente o peguei nas mãos e olhei o remetente. O nome de minha mãe estava estampado com sua linda letra, muito bonita e inclinada, caindo delicadamente para a direita. Desatei o laço e encontrei um belo traje de gala. Peguei o bilhete que o acompanhava:


"Sei que ainda está cedo para pensarmos nisso, mas acredito que lhe será útil daqui há alguns meses. Feliz Natal, meu filho".


Era a cara de minha mãe tal presente. Podia parecer superficial, tolice. Uma roupa de gala para o baile de formatura. Mas abaixo da supefície não pode deixar de perceber o que aquilo verdadeiramente significava: que por mais que não tivesse coragem de dizer, esperava que tudo aquilo acabasse em breve, e que conseguisse chegar ao final, são e salvo.


Ela com certeza desejava que aquilo terminasse o mais rápido possivel e me senti culpado por não desejar mais o mesmo, ou pelo menos, não mais com a mesma intensidade. A culpa pesou ainda mais quando pensei em tudo que ela enfretava lá fora sozinha.


Passei o resto da manhã e parte da tarde remoendo aquilo e meditando se devia lhe mandar uma carta. Fui recomendado por ela mesma a não faze-lo, pois, assim como tudo que recebia, o que enviasse seria aberto e verificado, mensagens ocultas seriam procuradas e só quando nada se revelasse, iria seguir seu trajeto até ela. Mas ao mesmo tempo sabia o quanto a alegraria receber algo. Mas o que diria?


Vagava pela escola enquanto tentava chegar a uma decisão, sem pensar exatamente aonde iria, ou se sequer pretendia ir a algum lugar, quando me deparei com Astoria. Foi meio assombroso, em um segundo mil coisas me passavam pela mente e eu sequer recordava de sua existência, no segundo seguinte tudo se foi, e só ficou ela.


- Olá - disse me.


- Ah... bom, oi - ela me fitava de modo curioso, devia ter percebido o estado em que estava.


- Está tudo bem?


- Sim... sim, tudo bem - respondi finalizando os questionamentos acerca disso.


Ela me fitou por algum tempo e então abriu a bolsa que carregava, procurou por algo e finalmente puxou um livro de dentro. O fitou por uns segundos e depois a mim. Quando percebi ela já estendia a mão com ele e, num gesto automatico, eu o peguei.


- Feliz Natal - me disse, não havia a empolgação comum da entrega de presentes, mas havia firmeza em sua voz.


Peguei o livro e o fitei, e depois a ela. Ela se aproximou mais, como se fosse me contar um segredo. Seus lábis proximos a meu ouvido.


- Dizem que livros são ótimos companheiros quando nos sentimos sós.


Então se virou e partiu, me deixando atônito.



N/A: Capítulo dedicado à Lydia Malfoy. Infelizmente nem sempre a persistência é recompensada, mas, às vezes, acontece. Fico feliz pelo seu comentário e espero que curta. ^^ 

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