Culpe o álcool.



Culpe o álcool.


Lily POV:


- Está tudo preparado, os convites foram enviados, tudo pronto. Agora é só esperar até amanhã... – Sirius falava animado, enquanto arrumava alguns papéis junto com Pedro, à mesa do café de sexta.


- Sirius, era sobre isso que eu ia falar com você – falei, me aproximando e estendendo o MacMcMea. – Então é verdade isso? Você vai dar essa festa ridícula de novo?


- Isso mesmo ruiva. E eu recomendo você a não tentar atrapalhar – ele sorriu, voltando os olhos para os papéis.


- O que quer dizer com isso?


- Você sabe. Todo ano na nossa festa você e sua insistência monitora tenta acabar com nossa diversão, mas esse é nosso último ano aqui, portanto tudo tem que ser perfeito – ele falou preguiçosamente. – E espero que não estrague. Por que não segue o exemplo do nosso querido amigo Remo e sossega um pouco?


Suspirei, cruzando os braços.


- Certo, mas eu posso saber... – ponderei por um momento, em dúvida se perguntava ou não. – Posso saber por que eu não fui convidada?


Pedro soltou um barulho estranho pelo nariz, enquanto Sirius erguia levemente as sobrancelhas.


- Justamente por isso, querida ruiva – ele sorriu. – Você é uma monitora...


- Remo também é.


- Mas ele é um maroto. E você é monitora-chefe.


- Schain também, e foi convidada – rebati, no que ele ficou sem o que dizer. Pelo visto estava reprimindo dizer alguma coisa.


- Ora, por que não fala a verdade pra ela? – uma voz irritante chegou ao meus ouvidos, vinda de um ponto mais a frente da mesa da Grifinória. – Ela simplesmente não foi convidada porque é uma mandona desagradável. Ah, sem contar o jeito como se arruma.


- O quê? – perguntei a Gravelle, sem entender. Ela apenas deslizou no banco pra se postar ao meu lado.


- Queridinha – falou falsamente, e começou a passar a mão no meu rosto e no meu cabelo. – Olhe para você. Pálida, essa pele horrorosa, toda desarrumada. Seu cabelo todo ressecado, sempre preso nesse rabo esquisito. Suas vestes, quase confundem você com um dementador por aí...


- Todas as vestes são assim – falei, nervosa.


- Mas ninguém tem esse jeito mandão seu. Se eu fosse você compraria um espelho – ela bufou e voltou a se sentar. – E é realmente gratificante saber que não teremos sua companhia na festa, o que vai ser ótimo.


Olhei de Gravelle a Sirius, que agora estava totalmente sem palavras, então eu simplesmente dei a volta e me segurei para não correr feito uma doida desvairada.


Grrr. Se é assim então...




Alice POV:


- Argh! Já não aguento mais essa Dorcas mulambenta! Aquela vaca não me deixa em paz e... – Maria chegou xingando na aula de Herbologia, pegando seu facão com mais força que o necessário e começando a cortas os galhos das plantas. – Acredita o que ela fez? Espalhou cartazes por aí com a minha cara para que as pessoas escrevessem insultos embaixo!


- Maria, minha amiga. Por acaso você já parou pra pensar qual é o motivo dessa briga de vocês? – suspirei.


- Jason.


- E o que exatamente ele começou a fazer pra impressionar a tal garota, seja você ou não? – continuei.


- Quis amadurecer – Maria respondeu, cortando um galho fazendo com que batesse diretamente na cabeça de um garoto da Corvinal.


- E o que você está fazendo? É totalmente ao contrário! Ao invés de amadurecer também pra poder ter uma chance com ele, não... Fica por aí se atracando com Dorcas! – revirei os olhos, colocando o galho cortado no pote designado. – Quanto mais vocês brigam, mais repulsa ele vai ter de vocês, e mais difícil vai ser para ambas!


Maria não respondeu, pensando no que eu dizia ao mesmo tempo que cortava um galho, acertando a cabeça de outro corvinal.


- Se você e Dorcas estivessem agindo feito duas garotas maduras, com certeza vocês teriam muito mais chances com Jason – concluí.


- Acontece que é uma questão de honra barrar Dorcas – Maria falou com um olhar assassino, girando seu facão nas mãos. – Pegar aquele cabelo dela, fazer aquela víbora calar a boca... Fazer engolir tudo o que disse ao meu respeito. Foi ela quem começou tudo isso!


- Mas isso não é motivo pra vocês serem obrigadas a brigar!


- Ela me irritaria de qualquer jeito! – Maria reclamou. – Ela não ia me dar paz. Quando tentei a ignorar, lembra o que aconteceu? Uma guerra de comida.


Suspirei novamente, pedindo que Franco viesse me ajudar. Como ele era o melhor de Herbologia, era como se ele fosse o "assistente" da Professora Sprout, e ficasse por aí ajudando os alunos. Fico enciumada com isso, afinal, ele tem que explicar especialmente pra mim!


Maria voltou a falar de Dorcas, bolando planos para se vingar de qualquer jeito. Enquanto isso eu ainda me perguntava onde Lily tinha ido parar, já que era a segunda aula do dia que ela se ausentara. Fiquei preocupada, mas como eu contaria a Maria se ela não parava de relatar sobre o que Dorcas estava querendo escrever no MacMcMea?


Impossível. A solução, porém, era ignorar. E torcer para que os corvinais atingidos pelos galhos não fossem vingativos.




James POV:


- Ei, onde será que está a Lily? – perguntei quando chegamos à aula de Transfiguração e ela novamente não estava lá. Olhei ao redor da sala mas nem sinal de um cabelo ruivo.


- Por que ainda procura por ela? Ela não vai te dar atenção – Sirius disse.


- Não importa. Só estou achando estranho... – comentei. – Ela está estranha esses dias...


- Por sua culpa, devemos lembrar, não é Pontas? – Sirius deu uma risadinha. – Eu sabia que esse negócio seu com a Louise daria rolo quando Lily descobrisse. Dito e feito.


- A culpa não é minha! Simplesmente eu estava revoltado com ela naquela época e... Bom. Tudo o que ela me disse antes foi o que mais doeu. Ela me comparou com você! – rebati, e Sirius suspirou.


- Ela anda muito chata ultimamente – Sirius falou. – Ela ficou toda enfezada quando soube que eu não a convidei para a festa de amanhã.


- Você não a convidou? – arregalei os olhos, enquanto McGonagall começava a encher o quadro. – Por quê?


- Ela sempre quer estragar tudo! Ela é muito rígida com esse negócio de desrespeitar as regras e blábláblá. Sabe como ela é – Sirius suspirou.


- Nem pensar! Do mesmo jeito que é o nosso último ano aqui, é o último dela também! Está sendo injusto!


- Você acha que eu convidei todo mundo do sétimo ano? Claro que tem algumas exceções, e Lily é uma delas – Sirius cochichou, já que McGonagall havia lançado um olhar sinistro pra trás em busca da conversa.


- Então me responda. Você convidou Sophie?


Sirius manteve a expressão parada antes de responder.


- Sim. Mas eu quero que ela tenha sua vingança! – ele tratou de completar quando eu bufei.


- Sem essa de vingança, deixa de ser idiota – respondi. – Ou você convida Lily pra essa festa ou eu não vou.


- Você está brincando, não está? – Sirius arregalou os olhos. – A festa dos marotos não será a dos marotos se um dos marotos não estiver lá!


- Por isso mesmo – dei de ombros.


Sirius bufou irritado.


- Por que insiste que ela vá?


- Porque eu pensava que ela fosse sua amiga, mesmo com todos os defeitos que ela tem!


Sirius franziu a testa, novamente sem resposta.


- Está pensando em fazer alguma coisa com ela? – perguntou enfim.


- O quê? Não! – falei. – Se eu tentasse eu seria um homem morto, então...


- Você é tão inacreditável, Pont...


- Senhor Black, senhor Potter, posso saber o motivo da conversa? – McGonagall perguntou com a voz seca, fazendo com que a sala virasse o olhar em nossa direção.


- Estávamos comentando o tanto que a senhora está bonita, Minnie – Sirius falou na cara de pau, fazendo a sala rir.


McGonagall olhou para o teto.


- Fiquem calados se não quiserem levar uma detenção.


- Sim senhora, Minnie – Sirius respondeu, e entre risos vi um pequeno sorriso enviesado no rosto da professora.




Lily POV:


Já passou da hora da Gravelle calar a boca. E isso ia ser agora.


Faltei às primeiras três aulas do dia antes do almoço por causa disso, portanto se não surtir nenhum resultado, vou me culpar pro resto da vida.


Corri para o dormitório naquela hora, aproveitando que estava vazio. Todos em sala de aula, e apenas eu ali, me "produzindo". Que seja. Tirei minha veste preta de Hogwarts e joguei no armário, depois peguei outro conjunto de vestes normais e estendi sobre a cama. Peguei tudo o que eu precisava, todas as bagunças de maquiagem e cabelo que mantínhamos guardado, e que eu só usava raramente, como a encontros ou na competição. É claro, eu não abusava demais, mas agora seria necessário.


Cuidei primeiro da roupa. Peguei a minha saia, o que as garotas sempre usavam no verão; mas como estava inverno não tive outra escolha a não ser passar frio. Com um feitiço, cortei uma parte da saia, deixando-a mais curta, um pouco pra cima do joelho. Depois apertei mais o modelo da minha camisa branca e vesti. Desabotoei mais do que eu sempre costumava a desabotoar, e me senti uma Gravelle da vida: ou seja, péssima. Mas se era pra receber a porcaria do convite de Sirius e ver Gravelle engolir uma por uma daquelas palavras, que assim seja.


Passei pro cabelo. Decidi finalmente soltá-lo e usei alguns feitiços que eu conhecia pra ele ficar liso. Mas ele estava enorme, portanto muito exagerado. Fiz, então, alguns cachos nele, o que ficou ondulado e muito melhor. O feitiço é demorado, portanto ocupou muito tempo, mas valeu a pena. Me olhei no espelho e quase não acreditei: tinha ficado bem pro meu rosto, e eu fiz bem de fazer os cachos. Estavam realmente bonitos.


E por último, a maquiagem. Ok, eu não sou tão biscate quanto Gravelle, por isso não usei tanta. Apenas passei rímel, lápis, delineador e essas coisas. Também abusei do pó, que deixou minha pele mais pálida que o normal, mas escondeu aquelas crateras indesejáveis. Mas até que ficou bom. Passei um batom bem claro e pronto. Quando vi o resultado...


Bom.


É.


Gravelle. Se prepara.


Estava na hora do almoço. Hora perfeita para finalmente mostrar ao mundo a nova Lily Evans que surgiu.


Isso foi...


Idiota.


Mas continuemos. Fiz o caminho até o salão principal e novamente não encontrei com mais ninguém. É, eu estava com sorte. Eu sentia minha mão suar a cada passo que eu dava, e minhas pernas tremerem também. Talvez de frio. Como essas vadias que usam essas roupas mega curtas não sentem frio, como?


Meu Merlim, acho que vou desmaiar.


Ok Lily, respire fundo.


Droga, piorou tudo quando cheguei ao saguão de entrada e ouvi as vozes altas de todo mundo lá dentro.


Respira.


Inspira.


Respira.


Inspira.


Agora entra e arrasa.


Tenho que parar com isso, estou parecendo a Dorcas!


Argh.


Ok, é agora.


Estava prestes a entrar no salão, meio trêmula. Mas isso estava errado! Eu tenho que mostrar confiança! Era isso que eu precisava pra Gravelle parar de atormentar minha cabeça, e pra eu merecer um convite praquela festa.


Ergui a cabeça, respirei fundo e entrei.


A medida que eu fui caminhando, cabeças foram virando. Muitas cabeças. Cabeças demais! Cabeças rolaram pelo chão...


Não isso. Mas eu tentei ao máximo não corar devido ao número de pessoas que me olhavam incrédulos e boquiabertos. Caramba, eu era tão desarrumada assim? Chega até a ofender.


Fui caminhando entre as mesas, procurando algum amigo, enquanto eu ouvia vários cochichos, e por vezes assobios. Assobios! Isso não tá certo.


Avistei, então, TODOS os meus amigos juntos, com certeza me excluindo da reunião, ou, quem sabe, se questionando do meu desaparecimento. Mas agora eu estava ali, linda, ruiva e maquiada. Pffff, eu tenho que parar com isso.


- Oi, gente! Desculpa eu ter sum...


- Quem é você? – Maria exclamou em pleno choque, os olhos quase saltando das órbitas.


Soltei uma pequena risada.


- Como eu ia dizendo... Desculpa pelo meu sumiço.


- Visivelmente valeu a pena, não é ruiva? – Sirius me olhava aprovador. – Bom, acho que você já vai ter um convite para a festa de amanhã.


- Obrigada, Sirius – falei com um sorriso, e depois procurei por Gravelle, que não estava muito difícil de encontrar. Parecia Petúnia, erguendo o pescoço pra ver as fofocas. Na verdade, a fofoca agora sou eu.


- Nos vemos amanhã, queridinha – gritei pra ela, que sorriu falsamente e voltou pra sussurrar não sei o que com as amiguinhas dela.


- Está incrível, Lily! – Sean falou, enquanto Alice ainda batia palmas entusiasmada.


- Já passou da hora. Quero dizer, toda vez que eu ameaçava usar algum feitiço no seu cabelo você se trancava do banheiro – Alice riu.


- Trauma. Graças a Maria, não é mesmo? – perguntei a ela, que pigarreou.


- Eu estava fazendo um experimento...


- Falando pra mim que tinha certeza que ia dar certo, aham – falei.


- O que aconteceu? – Franco perguntou.


- Não se lembra quando eu fiquei um tempo sem ir às aulas, no segundo ano? Eu tive que ficar na enfermaria porque meu cabelo começou a cair.


- Eu já disse que foi sem querer – Maria parecia culpada, mas eu apenas ri.


Então, nesse instante, James chegava. Eu não tinha percebido que ele não estava ali! Quero dizer, na verdade eu nem estava percebendo nada, eu estava nervosa demais... Mas ele chegava agora, e se sentava ao lado de Sirius, que não estava muito longe de mim.


- Eu fui no salão comunal, no banheiro na Murta Que Geme e na ala hospitalar e ela não estava lá – ele falou para Sirius.


Sirius apenas riu e fez um sinal com o garfo, apontando em minha direção.


- O que f...?


Nessa hora eu quis pegar a toalha da mesa e enrolar na minha cabeça, assim ninguém veria meu rosto pegar fogo. Ou então ele poderia pegar fofo literalmente, assim eu morreria. Porque foi horrível ver a cara de surpresa que ele fez, os olhos brilhando e a boca se abrindo bobamente para mim. Os outros riam enquanto eu corria a olhar pra baixo, mas alternadamente olhava pra ele, que agora me olhava com tanta intensidade que deu vontade de chorar. Eu odiava quando, sem querer, eu cruzava meu olhar com o dele. É como se eu nunca mais conseguisse parar de olhá-lo.


- Ah – ele tossiu depois de um tempo. – Oi, Lily.


- Oi – corei mais ainda. Eu nunca tinha falado com ele depois do que eu vi no MacMcMea, por isso foi a coisa mais constrangedora do meu dia.


O almoço continuou normal, pois todos ao redor voltaram a conversar e somente eu e James permanecíamos calados, cada um olhando para o seu prato.


Droga, por que ele tem que ter um olhar tão irresistivelmente lindo?


Eu disse isso mesmo?


Que seja, ele tem. Por que? Por que ele não usa óculos escuros no lugar do óculos de grau? Seria ótimo não seria?


Por isso que eu não olhava pra ele, porque eu sabia que ia dar em merda. E por isso que eu não falava com ele, pra não sair um tanque de merda.


E eu vou parar de falar em merda antes que eu não consiga comer direito.


Falar em merda só dá em merda.




Sean POV:


Estávamos no coral de sexta, as conversas altas ainda terminando a coreografia da competição de domingo. Alice, Emelina e Dorcas falavam sobre o vestido; foi o jeito que Alice arrumou pra manter Dorcas separada de Maria, e Maria, Sophie, Lily e eu ainda conversávamos sobre seu cabelo, que cá entre nós, estava deixando todo mundo completamente boquiaberto por aí. Os garotos falavam de alguma coisa relacionado a festa de amanhã – a qual não fui convidado por estar no quinto ano, nem Jason e John tampouco – mas pelo menos eles ainda tentavam conversar.


Moreau terminava de dar instruções aos instrumentistas, quando a porta da sala se abre e Stanley vem entrando, causando silêncio total e o suspiro alto de Moreau. Acontece que ela não estava sozinha, estava com Benn.


Respirei fundo.


- Por favor Stanley... – Moreau já foi pedindo impaciente, mas a loira levantou a mão.


- Estou aqui somente para ajudar. Ajuda vocês a ter senso – ela explicou, e Moreau se encostou no piano, entediado. – Estou cansada de ver vocês mal se desempenhando para as competições, quero adversários a altura!


- Stanley – Moreau chamou. – É melhor você sair daqui antes que eu perca a cabeça e...


- Por isso trouxe comigo meu amigo Benjamin, destaque da equipe da Lufa-Lufa – ela apontou para Benn, ignorando Moreau completamente. Benn deu um aceno de cabeça, mas sorriu para Emelina. Visivelmente não tinha me visto ali. – Pra mostrar a vocês como fazer um número de verdade. Já está na hora de vocês verem que isso é sério, e que não é pra ficar cantando Lady Gaga ou Kiss por aí! – ela sorriu falsamente, então caminhou até a cadeira em que Moreau sempre se sentara.


Trocamos olhares intrigantes, enquanto Stanley fazia um sinal para os músicos.


Benn não parecia constrangido, ao contrário. Algo que eu sempre admirei nele é ser tão comunicativo e nunca ficar com vergonha. Acho que é por isso que ele é tão carismático, e por causa dele que venceram a competição passada.


A música era bem conhecida, e Moreau suspirou mais uma vez.


"You were working as a waitress in a cocktail bar


When i met you


I picked you out, i shook you up and turned you around


Turned you into someone new'


Nos entreolhamos novamente, ainda nos perguntando que show é esse. Eu sabia que Stanley tinha algum parafuso a menos, mas nem tanto. Benn, ao contrário, parecia completamente a vontade.


"Now five years later on you're got the world at your feet


Success has been so easy for you


But don't forget it's me who put you where you are now


And i can put you back down too"


- Desculpa dizer, mas esse seu amigo é bem metidinho né? – Lily cochichou pra mim, meio aborrecida.


Decidi não comentar mais nada, apenas observar Benn andando de um lado de outro.


"Don't, don't you want me


You know i can't believe it when i hear that you won't see me


Don't, don't you want me


You know i don't believe it when you say that you don't need me"


Então, repentinamente, Lily pôs-se de pé, visivelmente entediada. Quando pensávamos que ela ia sair e ir embora, ela começou a cantar junto com Benn. Devo dizer que isso causou palmas e gritos aos presentes?


"It's much too late to find, you think you've changed your mind


You'd better change it back or we will both be sorry!"


Benn visivelmente ficou surpreso, mas não o culpo. Eu nunca tinha visto Lily tão confiante assim, o que acabou surpreendendo a todos. Inclusive aos garotos, em especial a James, que a olhava com profundo agrado.


"Don't you want me baby


Don't you want me, oh


Don't you want me baby


Don't you want me, oh!"


Todo mundo vibrava, contagiado com o "duelo". Lily sorria desafiadora para Benn, que com o tempo começou a fazer o mesmo. Stanley parecia chocada, e Moreau parecia tão orgulhoso que era capaz de sair por aí desfilando pomposo.


Lily então cantou para gente, caminhando entre as cadeiras e dando rodopios.


"I was working as a waitress in a cocktail bar


That much is true


But even i knew i'd find a much better place


Either with or without you!"


Lily subiu na cadeira, enquanto Benn deslizava pelo piano.


- Don't...


- Don't!


- Don't, don't you want me! – Benn dançou.


- Don't you want me! – Lily pulou da cadeira.


- You know i can't believe it when i hear that you won't see me!


Logo os dois se encaravam novamente, não sei se era amigavelmente ou se odiando. Ora eles sorriam, ora eles trocavam olhares irônicos. Só o comportamento de Lily que surpreendia todos nós.


"It's much too late to find, you think you've changed your mind


You'd better change it back or we will both be sorry!


Lily e Benn começaram a girar pela sala, sem tirar os olhos um do outro. Stanley continuava surpresa, ainda mal acreditando na atitude de Lily.


"Don't you want me baby


Don't you want me, oh


Don't you want me baby


Don't you want me, oh!


As garotas vibravam, os meninos assobiavam. Moreau sorria desafiador para Stanley, que agora estava com uma cara nada agradável.


- Don't you want me, baby! – finalizaram, e palmas e gritos estridentes mal deixavam Moreau falar direito, enquanto Lily sorria e voltava ao seu lugar totalmente satisfeita consigo, enquanto as garotas a saudavam.


- Bom, Stanley. Acho que sua música com seu cantor principal surtiu um bom efeito. Deve estar satisfeita – Moreau falou.


Stanley apenas sorriu falsamente, e chamando Benn com olhar saiu da sala acompanhada a ele. O resto da aula foi marcada por saudações a Lily, que agora tinha nos dado a confiança que tanto precisávamos.


A confiança que eu precisava.




Maria POV:


- Ai está você! – eu e Dorcas gritamos ao mesmo tempo, quando cruzamos com Jason perto da entrada pra Torre da Grifinória.


- Ah, não – ele suspirou.


- Eu falei pra ela que você não queria conversar com ela – Dorcas disse irritada, cuspindo as palavras.


- E eu falei pra ela que quero conversar sério. Nós três – falei irritada, e Jason mais ainda. – Como gente civilizada.


Dorcas bufou alto, assustando alguns alunos que passavam por nós.


- Gente civilizada? Queridinha, é melhor sair dessa conversa então.


- Você que começou todo esse rolo, é claro que você não é a civilizada! – minha mão coçou querendo ir direto em contato com o rosto da víbora, mas a controlei. – Eu estava conversando com a Alice e...


- Não estou interessada na conversa de duas garotas que nem ao...


- Deixa eu falar, caramba! – interrompi, minha mão coçando mais ainda. Espero que seja dinheiro. – Eu estava dizendo que nessa conversa eu concluí que não faz sentido que eu e você, Dorcas, ficarmos brigando por uma causa perdida.


- Quem é a causa perdida aqui? – Dorcas perguntou atônita. – Você?


- Deixa de ser lerda, estou falando do Jason! – apontei para ele que olhava em outra direção, distraído. – Escute bem, você gosta dele desde o começo do ano e...


- Primeiro que você, vamos lembrar.


- Certo, primeiro que eu! – estou falando que é difícil manter uma conversa normal com ela! Eu devia ter gravado isso pra Alice, só assim ela me entenderia. – Só que...


- Eu não estou a fim de ouvir...


- DARIA PRA VOCÊ PARAR DE INTERROMPER! – berrei, e ela avançou. Jason logo se pôs no meio de nós duas, e eu tentava estapear a cara dela, e ela chutar minha barriga, mas o corpo másculo, bem definido e realmente apreciável de Jason impedia.


- Parem vocês duas – Jason falou aborrecido.


- Você está de prova que eu estava tentando conversar normal com ela! – falei.


- Como? Você não é normal, garota! – Dorcas gritou.


Começamos a puxar as vestes de Jason pra dar um jeito de alcançar uma a outra, mas ele era grande demais.


- Jason, fala pra ela que ela é tão ruim quanto eu! – Dorcas gritou.


- Eu não entendo vocês... – Jason murmurou.


- Nem eu entendo essa mulambenta! – falei ainda tentando socar o rosto gordo dela. – Deixa eu pegar ela de jeito que ela vai ver só!


- Idiota. Me solta Jason querido...


- Me solta também, vou dar uma surra nessa palhaça...


- JÁ CHEGA! – Jason gritou inesperadamente, nos empurrando. – E eu juro que não vou controlar meus atos se vocês voltarem a tentar bater na outra de novo!


Entre chocada com a atitude de Jason, e ofegante de tanto tentar atingir Dorcas, apenas esperei. A paciência dele parecia ter acabado, o que é normal pra alguém que vive com a víbora.


- Olha, eu nem sei porque vocês estão brigando desse jeito...


- Porque ela é uma vaca – Dorcas falou, inflexível.


- E porque você fica interrompendo – falei. – Continue, Jason.


- Maria, a algum tempo atrás você me odiava...


- Eu sei. Mas você pediu trégua e eu dei – eu disse, e ele assentiu.


- Mas vocês estão... estão brigando por mim? Desde quando você gosta de mim, Maria?


- É Maria? – Dorcas piorou a situação.


Eu suspirei, ainda sem ter o que dizer direito.


- Quando Dorcas ficou enchendo a minha cabeça, então... Eu passei a gostar.


- Só por causa da Dorcas? – ele levantou a sobrancelha.


- É, só por causa de mim? – Dorcas parecia contente.


- Praticamente isso.


- Eu sabia – Jason riu, balançando a cabeça. – Você não gosta de mim... Desse jeito. Você só está brigando com Dorcas por brigar, orgulhosa por não se render.


- Haha, é isso mesmo! – Dorcas exclamou, e eu apenas olhava pra Jason, sem ter o que dizer. Ele me olhava profundamente, enquanto Dorcas ainda se acabava de rir.


- E você Dorcas – Jason finalmente se virou pra ela, que ainda ria. – Também não gosta de mim. Afinal, Dorcas Meadowes não gosta de ninguém de verdade. A não ser que seja bonito e rico, não é?


Ela ficou instantaneamente séria.


- É claro que eu gosto de você...


- Não, não gosta – ele negou, caminhando para o buraco do retrato. – Acho que vocês tem que mudar um pouco mais o conceito de "gostar". Talvez estejam sem prática.


E com um último sorriso, entrou na sala comunal. Eu e Dorcas ficamos pra trás, chocadas.


- Sem prática? – repetimos juntas.


Então era por isso que ele mal ligava para nossas brigas? Qualquer um ficaria sem graça se começassem, do nada, a brigar por você. Então era por isso? Ele não se considerava o motivo pra nossas brigas?


Eu e Dorcas tínhamos o mesmo pensamento, e era isso o que ainda nos rondava quando nos encaramos.


- De qualquer forma... – Dorcas começou, baixinho. – Eu ainda sou melhor que você.


Meti um tapa na cara dela, assim como minha mão andava pedindo.


Então eu não gostava do Jason! É claro, isso estava na cara! Eu admiti essa mentira só pra ter um motivo pra brigar com Dorcas! É isso!


Agora eu estava feliz.


Aquela foi a primeira vez que eu batia e apanhava sorrindo.




Alice POV:


E tinha chegado sábado. O sétimo ano estava numa correria frenética pra tão aguardada festas dos marotos. Era sempre um sucesso, desde sua inauguração em nosso quarto ano. A festa era sempre do nosso ano pra cima, e como nesse caso já estamos no sétimo ano, a festa seria exclusivamente para nós. Eu só fui uma vez, pois Lily sempre ficava emburrada. Mas era divertido, tinha dança, música e tudo o mais. Só que sempre alternava nos lugares e nos horários, que era segredo absoluto. Essa festa caía até nos ouvidos de Dumbledore e McGonagall pra se ter uma ideia, só que eles nunca podiam estragar porque não sabiam onde seria, e cá entre nós, eram os marotos. E nada impedia eles de fazer o que quisessem naquele castelo.


Decidimos reunir todas as garotas em apenas um dormitório só, mesmo com Maria e Dorcas se atracando, e mesmo que Lily preferisse se arrumar longe de Louise. Louise percebera a burrada que fez e se desculpou com ela antes; Lily até entendeu pra não deixar na cara o ciúmes, mas ainda mantinha distância dela.


Quando já tinha dado quatro horas, o dormitório já estava lotado com as conversas femininas. A festa começaria as dez horas e terminaria na madrugada, sem horário definido, e seria numa sala completamente protegida com os feitiços marotos. Eles eram realmente incríveis para isso, coisa que nem Lily era capaz de negar.


Nos maquiávamos, arrumávamos o cabelo, discutíamos roupas. Era um ambiente bem confortável para nós. Estava uma completa bagunça, onde Lily estava esparramada na cama fazendo suas unhas do pé, Maria fazia alguns cachos no cabelo – sugestão de Lily –, Dorcas, com uma máscara de creme no rosto, arrumava o cabelo de Sophie que ao mesmo tempo maquiava Emelina, enquanto eu fazia suas unhas contanto que Emelina me maquiasse. Louise arrumava o cabelo de Beth, que ajudava Geovana a escolher a roupa de Audrey. Estava uma bagunça, que revezávamos sempre pra arrumar umas as outras.


Quando já se passavam das dez, estávamos completamente prontas, cheirosas e belas. Não dava pra escolher quem estava melhor – realmente caprichamos por ser nosso último ano e essas coisas. Lily havia escolhido um vestido preto rodado com alguns detalhes vermelhos na ponta, junto com uma plataforma preta jeans. Seus cabelos batiam em contraste com os detalhes em vermelho, o que ficou realmente bonito; Maria, pra desafiar Dorcas, havia escolhido uma roupa bem extravagante pra ela, que a deixou com um ar mais adulto: era um vestido balonê, vermelho e curto, com uma meia calça meio furadinha e um scarpin super alto, fazendo com que ela ficasse mais alta que todas. Sua maquiagem era escura, e seus cabelos castanhos e cacheados batiam um pouco pra baixo do ombro, já que não era muito cumprido. Só não entendi por que ela, como Dorcas, ficava repetindo "Vamos ver quem não tem prática agora"; Dorcas era a mais chamativa, seu cabelo alto e escuro se misturavam a um vestido preto de couro colado ao corpo, e usava uma sandália vermelha que combinava com seu sinto vermelho. Apesar de todo esse exagero, estava bem bonita. Emelina, por ter namorado, escolheu algo mais básico. Apenas prendeu seu cabelo num rabo de cavalo e usou um vestido bege claro com uma simples sapatilha. Mas ela estava linda; em geral, ela sempre teve um jeitinho meio meigo, e a roupa combinou perfeitamente. Beth, Audrey, Louise e Geovana tinham escolhido roupas parecidas; todas usavam ankle boots com um vestido um pouco pra cima do joelho, porém as cores se diferenciavam. Geovana tinha optado pelo azul, Beth pelo vermelho – pra chamar a atenção de Sirius, suponho -, Audrey um amarelo claro e Geovana um pink bem chamativo também. Bom, aquelas ali sempre meio que nos humilhavam, pois tinham o corpo magro e bem distribuído. Não que também não tivéssemos, mas elas sempre tinham uma alimentação bem balanceada e essas coisas. Coisa que eu, Maria e Lily nunca tínhamos. Quando tem um pote de sorvete na nossa frente, já era.


Mas quem estava bonita – e ao mesmo tempo estranha – era Sophie. Estava bem magra, o que Dorcas começou a fazer um longo discurso invejoso. Usava uma camisa solta e caída de lado e uma saia bem simples, mas com uma textura bem bonita de marrom, pra combinar com a sandália. Ela não era de exagerar muito, mas quem liga pra isso quando tem olhos azuis como aqueles? E acho que não era só eu que tinha percebido o tanto que ela havia emagrecido. Lily comentou a mesma coisa comigo enquanto me ajudava a diminuir a costura da camisa dela. E, por fim, eu estava deslumbrante para meu namorado perfeito. Eu sabia que a cor preferida dele era verde – ó, será porque ele gosta de plantas? -, e por isso mandei minha mãe fazer um tomara-que-caia verde bem claro pra mim – o que muitas disseram que ficaria lindo em Lily também, por causa dos olhos. Prometi emprestar para ela em algum encontro com James, no que ela fez uma careta. Eu também usei um scarpin preto, combinando com meu enfeite de cabelo preto de pedrinhas brilhantes que minha avó havia me dado no natal passado. Eu simplesmente amava.


Todas prontas, fizemos nosso caminho para a sala vazia do terceiro andar, uma das maiores do castelo, coincidentemente. Eu encontraria Franco lá, pois ele estava ajudando os amigos com a arrumação do ambiente – que a cada ano ficava cada vez melhor – o que me deixou bem ansiosa. A mais desanimada, porém, era Emelina, já que Benn ainda estava no sexto ano e não podia ir a festa. E, também, ela parecia meio culpada, porque tinha mentido a respeito disso para ele. Bom, na minha experiência, não é um jeito muito legal de começar um namoro.


Passamos pelo salão comunal – onde cruzamos com alguns conhecidos da Grifinória, também do sétimo ano indo para a festa – e alguns outros estudantes meio desapontados por não poderem ir.


Os corredores estavam vazios. Os marotos sempre davam um jeito de despistar Madame Nora e Filch, portanto conversávamos alto, também vendo os setimanistas das outras casas indo em direção ao local indicado também. Nesse ano parece que não faltaria ninguém.


Essa festa ia dar o que falar.




Remo POV:


Eu ainda não tinha entendido como acabei discutindo daquele jeito com Chapman. Em geral, eu não era de discutir com as pessoas, por isso quando Sirius e James perguntaram o motivo disso tudo, eu apenas expliquei que a culpa não foi minha.


Eu andava pelo corredor, fazendo ronda, quando de repente Chapman aparece falando de "Emma". Bom, pelo visto ele ainda se perguntava se eu tinha intenções com ela por estarmos juntos aquele dia em Hogsmeade. Eu expliquei a ele que somos amigos, e estranhei que Lina não tivesse contado o nosso plano pra ele. Talvez não quisesse motivos para discussão, quem sabe. E no momento seguinte ele começou a fazer ameaças – isso mesmo, ameaças – para que eu não chegasse perto dela. Eu disse novamente que éramos amigos e ele foi embora.


Simplesmente isso.


E o MacMcMea no dia seguinte já foi espalhando coisas desse jeito, sendo que eu tinha certeza que não tinha ninguém por ali. Eu ainda me perguntava como Dorcas havia descoberto.


Mas enfim, eu achei essa ameaça de Chapman inútil, já que eu já havia me afastado de Lina. Mas não porque eu quis: ela nunca mais conversou comigo desde nosso passeio para Hogsmeade. Claro, ela estava aproveitando o novo namorado agora, mas mesmo assim eu já a vi com Dorcas e Sophie...


Bom, devo estar fantasiado. E de qualquer forma, se eu quiser conversar com ela hoje na festa vai ser fácil, já que Chapman não foi convidado. Ainda me pergunto em como ele pelo menos deixou-a vir, já que antes mesmo estava me ameaçando apenas por eu estar perto dela. A cada dia menos gosto de Chapman, e a julgar pelo coral de ontem e o show que Lily deu, a cada dia gosto mais daquela ruiva. E acho que James pensa o mesmo.


Mas voltando ao assunto da festa, estava tudo preparado. O tema dessa festa seria luau, ou seja, implementamos ao teto um feitiço bem parecido com o do salão principal, porém colocamos mais estrelas e uma falsa lua cheia. É claro. A ideia de Sirius era como se fosse um luau mais animado, como se fosse uma danceteria ao ar livre. E foi assim que fizemos. Ficou um luau mais moderno, com mesas e cadeiras de palha por todo lugar, e sofás conjurados com estampa de folhas. Os globos que davam aquele efeito de danceteria havia sido posto na parede, e as luzes batiam diretamente nele dando o efeito que esperávamos. As bebidas seriam tropicais, fora os litros de uísque de fogo que Sirius tinha arranjado. Mas tinha as bebidas tradicionais também. No fim tinha dado um bom resultado, com um grande espaço no centro para dança, e um som alto e animado fazendo com que gritássemos um para os outros.


Já passavam das dez horas quando tudo já estava pronto, e as primeiras pessoas chegavam e se serviam. Por volta das dez e meia, pessoas já dançavam, e Lily, Emelina e as outras apareciam na festa.


- Finalmente! – Sirius, vestido de havaiano saudou-as, indo diretamente para Beth. – Estão lindas, e aproveitem a festa!


James olhou de relance para Lily, e depois virou um copo de uísque inteiro pela boca.


- Nada de sofrer essa noite – falou, fazendo uma careta.


- Bom, dependendo do nível de álcool que você tomar...


A música e as conversas já haviam tomado conta às onze. Alice e Franco já dançavam na pista, enquanto Emelina e Sophie haviam se sentado num banquinho próximo. Não tardou para Sirius e Beth chamarem a atenção com suas danças extrovertidas, enquanto Dorcas virava copo atrás de copo garganta abaixo, assim como James. Decidi tomar algo básico; não era muito de beber, e apenas olhava para Lina, tentando me aproximar no momento certo.


Enquanto isso, já era quase meia-noite, e a festa nem havia começado.




Lily POV:


Até que não foi uma má ideia ir naquela festa. Estava realmente animada, acho que tirando eu, Emelina e Sophie, todos estavam dançando, até mesmo Maria que sumiu no meio da multidão.


- Vamos beber alguma coisa? – Sophie gritou.


- Nada de álcool – falei depressa.


- Não necessariamente álcool – ela deu de ombros. – Estou com sede.


Nos servimos então, quase trombando com Sirius que montava cavalinho em Beth, já bêbados. Remo, Pedro e outros garotos jogavam Snap Explosivo em um canto e...


Meu coração apertou.


James, com um copo em mãos, dançava sozinho um pouco isolado da pista de dança. Quando seguiu meu olhar, Sophie gargalhou.


- James não está perdendo tempo, já se agarrando à mulher invisível.


- Ele está bêbado! – exclamei com desprezo. – Quero distâncias de pessoas que...


- Lily, meu amor! – ouvi gritarem no meu ouvido. Me virei e vi Amos totalmente cambaleante. – Quanto tempo não nos falamos!


Dei um passo pra trás.


- Haha, er... Oi Amos – falei sem graça, olhando pra trás em busca de apoio. Apenas vi Sophie ali; Emelina foi arrastada pra algum lugar por Dorcas.


- Vem cá, você é a ruiva mais... – ele parou pra buscar apoio. – Mais fofinha que eu conheço...


- Sai daí – ouvi outra voz, e James tinha parado de dançar com a mulher invisível e segurou o ombro de Amos. – Antes que eu...


- Antes que o quê...?


James socou a cara de Amos, que tropeçou e foi segurado pelo povo que dançava na pista, gritando "Rebecca, meu amor!". Depois disso desapareceu.


- James! Você... você bateu nele! – exclamei com horror. – Seu... ordinário!


James se encostou em mim pra não cair.


- Sabe Lily... Você é linda até mesmo brava, já te disse isso? – ele perguntou. Então me estendeu um copo.


- Eu não bebo – falei o empurrando pra longe.


- Deveria – ele disse, e ainda cambaleando deu um passo e sumiu pela multidão também. Quando dei por mim, eu estava sozinha. Sophie também tinha sumido.


Não me restou nada a não ser sentar num banquinho afastado. Vi vários conhecidos, entre eles Snape e até mesmo Gravelle a um canto, parecendo cansada. Cansada? Ainda nem era uma hora e já estava cansada? Decidi averiguar isso de perto.


- Ei – chamei ela quando me aproximei.


Ela ergueu os olhos inchados, até eu perceber que estava chorando.


- Vai embora – ela soluçou, um hálito de álcool vindo diretamente na minha cara.


- O que aconteceu? – perguntei, me sentando perto dela. Acho que vou me aproveitar e tirar alguma coisa pra usar contra ela depois.


Má?


Eu sei.


- Essa vida, Evans. Essa vida – ela murmurou, então pegou uma garrafa de uísque de fogo que estava em cima de uma mesa. – Todo mundo te despreza, diz que está errada. Sabe... É tão complicado, você – ela colocou no copo e bebeu. – Você não pode ser feliz que as pessoas tentam atrapalhar. Tudo o que você faz é errado e as pessoas te julgam sem saber... Sabe por que eu adoro essa festa? Por que afoga as mágoas, a bebida... – ela suspirou. – Não há coisa melhor. Você se desliga de tudo, de todos...


- Ei gata – uma voz conhecida se postou em frente à Veronica, estendendo-lhe a mão. – Quer dançar?


Olho pra cima e não acredito no que vejo.


- Jessie? – arregalei os olhos.


- Lily! Você tá aí! – ele bateu com força em meu ombro. – Quanto tempo não nos vemos na biblioteca né? Apareça por lá, eu sempre estou por lá!


- Er... Ok – murmurei, ainda mal acreditando.


- Não quero dançar com você, cara - ela falou com a voz embargada. - Dá o fora.


Jessie deu de ombros, mas obedeceu, indo pedir a mão pra uma garota sentada na outra mesa. Gravelle abaixou a cabeça e ficou resmungando por um tempo, chorando, e enquanto isso eu observava Dorcas subir em cima da mesa e começar a rebolar até o chão. Não foi uma cena agradável.


- LILY! – uma voz me chamou e avisto Maria vindo em minha direção. – Eu não acredito que você vai ficar aí parada, criatura! Vamos curtir, vamos dançar!


Outra bêbada. Era só o que me faltava, todo mundo decidiu beber hoje. Eu disse isso a Maria.


- É claro! Seu último ano aqui e você vai ficar se preocupando com o amanhã! – ela bufou. – Como diz aquela frase: "A vida é bela e não dura pra sempre, aproveite o hoje, esqueça do amanhã e..." – ela parou, franzindo a testa, se equilibrando nos pés. – É alguma coisa assim. – deu de ombros, então gritou. – É FESTA!


E saiu cavalgando por aí, trombando com um menino da Corvinal. Suspirei. Só faltava Emelina estar bêbada também, aí será o cúmulo.


- Liiiiiiiiiiiiily! Jingle bells, jingle bells, jingle all the way! – a mesma vinha cantando, abraçada a uma garota da Lufa-Lufa e segurando um copo de uísque, derramando do líquido pelo caminho. – FELIZ NATAL LILY!


- Emelina, não estamos no natal. Ainda – franzi a testa. Mal acreditando no que via, já estava até me perdendo no tempo. Emelina mostrou a língua e saiu por aí, contando à garota o que pediria pro Papai Noel.


Até Emelina?


Emelina Vance?


Tem Dorcas no meio.


E levou Sophie junto!


Ela estava discutindo com Sirius, o que dava pra ouvir daqui.


- Você fica beijando garotas por aí e a culpa é minha, cafajeste, cachorro!


- Por que não te enxerga! Você ficou armando barraco pra cima de mim em Hogsmeade!


- Você mereceu!


Enquanto isso, Beth vomitava a um canto próximo.


Caramba, será que eu era a única que não estava bebendo? Procurei por Alice, mas ela estava dançando com Franco. Agora se estavam bêbados eu não sei, por isso decidi procurar Remo no canto em que o vi jogando Snap, e o grupinho havia desaparecido. Inclusive Remo.


Maldição, eu estava sozinha, simplesmente sozinha! Louise começara a se atracar com dois garotos ao mesmo tempo, outra cena que vou desejar tirar da cabeça. Enquanto Geovana e Audrey se seguravam no pé de um rapaz – um que estava no grupinho de Snap – que tentava se esquivar das duas. Reconheci o garoto depois de lembrar quando Maria disse que Audrey gostava dele.


Droga, eu já estava cansada daquilo. Todo mundo estava se divertindo, aparentemente.


Todo mundo.


E eu sozinha.


Abandonada.


...


Quer saber?


Vou beber também.


E que se dane tudo. Acho que não vou morrer por causa disso.


Corri até a mesa que Gravelle tinha deixado a garrafa. Segurei ela e respirei fundo. Eu nunca tinha tomado álcool na vida!


Ok, respira de novo.


Peguei a garrafa e entornei um gole.


Meu Merlim, que coisa terrível! Como alguém gosta de beber isso?


Mas se era isso que estava fazendo todo mundo se divertir, que assim seja.


Bebi novamente. E depois, e depois.


E um pouquinho mais.


Cadê outra garrafa?


Só mais um gole e...


...


De repente tudo ficou TÃO maravilhoso!




Alice POV:


Fiquei ali dançando coladinha com o Franco que acabei esquecendo de tudo. Onde estavam as meninas?


Oh, Merlim.


- GENTE, QUERO TODO MUNDO SORRINDO, PORQUE SORRIR AFASTA A TRISTEZA E A SOLIDÃO! – Maria venho tropeçando. – Alice, amiga! Vejo que está sendo feliz né? Muito bem!


- Maria, onde estão as outras? – perguntei a ela, enquanto ela tomava um gole do sabe-Merlim-o-que dentro de seu copo.


- Estão por aí. Mas lembre-se que sozinha você nunca vai longe, como diz aquela frase – ela alertou feliz.


- Ok – falei com um pouco de medo, então puxei Franco comigo. Não por causa da frase da Maria, mas porque eu realmente estava com medo daquele povo bêbado.


- HÁHAHAHA! Sirius, eu não sou seu cavalo, eu sou sua égua, não tá vendo? – ouvi Beth rir longe. Olhei amedrontada para Franco, que segurava o riso.


Então vi um vulto com a cabeça baixa, deitada numa mesa próxima. Lily! Eu sabia que ela não ia beber, e sim ficar lamentando da vida, que a festa estava uma droga e que todo mundo era um irresponsável por estar bebendo e essas coisas.


- Lily? – perguntei quando me aproximei. Mas percebi que não era a massa de cabelos ruivos que eu procurava. A não ser que Lily tivesse ficado loira de uma hora pra outra.


- O que você quer? – Gravelle falou, fungando. – Droga, não se pode nem... Dormir em paz?


Me afastei simplesmente, com medo dessas pessoas. Todo mundo estava muito estranho, por isso que eu desconfiava que Sirius colocou algo a mais naquela bebida.


- HAHAHA SIRIUS! Vem meu leão! – Beth gritou, e quando minha mente poluída já ia pensando no que não devia, percebi que Beth e Sirius estavam ajoelhados no chão, Sirius rugindo. Beth apenas gargalhava, se engasgando.


Eu devia estar sonhando. Esse povo bêbado chega a ser pior do que não-bêbado, e olha que isso é muito!


Eu via tantos conhecidos – monitor ou não – dançando e fazendo coisas totalmente doidas que eu ainda me perguntava porque a escola ainda não tinha se chamado "Hospício de Magia e Bruxaria de Hogwarts". Fala sério, eu estava ficando com medo.


- I'm talking - pedicure on our toes, toes, trying on all our clothes, clothes boys blowing up our phones, phones! – vi Emelina de braços dados com uma garota da Lufa-Lufa passar, cantando.


- Aquela era... – Franco perguntou. Bom, ele pelo menos estava achando divertido.


- Era – suspirei. – Que horas são?


- Já passam das duas – ele informou.


Meu Merlim, as pessoas estão indo a loucura!


E onde está Lily?


- Viu a Lily? – perguntei a Schain, que no momento tentava destampar uma garrafa.


- Quem? Aquela ruiva, falsa e que se acha poderosa de Hogwarts? Não! – ela exclamou. – E eu não consigo abrir essa droga de garrafa!


Onde estava a Lily?


Ela eu tenho certeza que não está enlouquecida por aí. Ela tem senso, e...


Retiro o que eu disse.


- UHUUUUUUUL! – exclamou, dançando como se fosse um macaco num pula-pula. – Eu amo essa música! Alice, você está aqui! Está ouvindo? Eu amo essa música, eu amo essa música!


- Ok, Lily. – eu falei, não conseguindo fechar a boca de tanto choque. - Mas por que você bebeu?


- Ah, uma hora a gente tem que ser feliz, não é? – ela deu de ombros, não parando de sorrir. Então ela se agarrou às vestes de Franco. – Eu amo essa música, Franco! Eu amo essa música!


- Certo. Quem sabe Moreau não deixa você cantar ela em alguma competição, não é? – Franco sorriu amarelo.


Lily apontou a garrafa pra ele.


- Inteligente você. Inteligente mesmo – ela falou com um sorriso. – Deu sorte, amiga! Agarra esse gato e não solta mais! UHUUUUUL!


E saiu gritando seu "uhul" no ouvido de mais alguém. Franco agora gargalhava.


- O que foi? – tentei entender a piada, então ele finalmente disse:


- Essa é a melhor festa de todas.




Remo POV:


Eu bebi. Mas só um pouco, não muito. Eu ainda estava consciente dos meu atos. Tão consciente que quando avistei Lina decidi ir falar com ela.


- Oi Lina – cumprimentei com um sorriso.


- Remo! – ela exclamou, então me abraçou. Senti cheiro de álcool. – Que bom que te achei! Você viu minha amiga por aí?


- Qual delas? – perguntei, cuidadoso.


- Ela é da Lufa-Lufa, e ela é incrível! – ela exclamou. – Conheci ela agora pouco e nunca vi garota mais legal do que ela, é sério? Mas – ela suspirou, fazendo uma cara triste. Ouvi uma risada alta, seguida por um barulho de vidro se quebrando. – Mas acho que ela está fugindo de mim.


- Ela deve ter se perdido – apressei a dizer.


- É né – ela sorriu. – Mas agora que você está aqui, canta comigo!


- O quê? – perguntei, mas ela já tinha se agarrado a meu braço.


- Each morning I get up I die a little, can barely stand on my feet! – começou, sorrindo e balançando o braço. – Me acompanhe, vamos!


- Lina, eu…


- Não vou te ouvir se não me acompanhar!


- Take a look in the mirror and cry, lord what you're doing to me? – cantei a contragosto junto dela, e no momento Alice passou com Franco.


- Outro bêbado! – exclamou, balançando a cabeça e puxando Franco para longe.


- Continue, vamos? – Emelina apertou mais meu braço. - I have spent all my years believing in you…


- Lina, é sério – soltei seu aperto e fiquei de frente pra ela. – Eu preciso conversar com você.


Lina suspirou impaciente, como uma criança que não quer sair de um brinquedo.


- Fala.


- É sobre seu namorado – falei, mal a vontade. Mesmo que ela estivesse bêbada, com alguma sorte ela se lembraria depois. – E sobre aquela discussão. Ele me pediu pra me afastar de você, então... Eu pensei que eu já estou me afastando de você, pois faz tempo que não conversávamos.


- Remo, chega aqui – ela fez um sinal com o dedo.


- O quê?


- Se aproxima – ela pediu, o olhar vago característico de uma pessoa bêbada.


Me aproximei. Inesperadamente, então, ela encostou seus lábios nos meus. Apenas fiquem sem reação.


Eu não podia beijá-la, portanto não fiz mais nada quando ela se afastou. Eu comecei a me sentir culpado, até colocar na minha cabeça que foi apenas um selinho.


Só um selinho.


E nada mais.


Quando dei por mim, ela havia sumido de novo.


Nesse instante quebraram outra garrafa, e ouvi a risada de Beth:


- HAHAHA, SIRIUS MEU PAVÃO!




Alice POV:


E já se passavam das três horas. Eu e Franco decidimos nos sentar e ficar conversando e bebendo – sem álcool, por favor – enquanto víamos as pessoas se enlouquecerem.


Tampei os olhos de Franco quando percebi o que Dorcas ia fazer.


- QUERO DEZ GALEÕES! DEZ GALEÕES E TERÃO MINHA CALCINHA! – Dorcas gritou para os garotos da Sonserina que a rodeavam. – QUEM COMPRA POR DEZ?


No final ninguém comprou a calcinha, mas mesmo assim Dorcas tirou e começou a rodá-la no ar, causando gritos alvoroçados dos garotos. Ela já estava descalça, e eu esperava que ela não tirasse mais nada depois disso.


- Acho que já é seguro te deixar olhar – falei, e Franco riu.


- Tão bonitinha você toda super protetora – ele me beijou, ainda rindo. – Mas o que esperar numa festa onde Dorcas Meadowes ficará bêbada?


- Dorcas e Maria – ofeguei, tensa, voltando a tampar os olhos de Franco. Maria subiu num balcão e começou a tirar a meia calça, e alguns garotos, estes da Corvinal, a rondaram.


- Primeiro quero dizer que vocês tem que aproveitar a vida ao máximo – ela falou, séria. – Eu estou fazendo isso aproveitando a vida.


Enquanto isso, Dorcas recebia, finalmente, um galeão entre o decote de seu vestido.


- Ouviram garotos? – Maria ainda continuava. – Aproveitem a vida. Ela é curta e passageira. Num piscar de olhos... PAM! Acabou.


Tirei a mão do rosto de Franco novamente, que ainda gargalhava.


- Alice, é simples – ele começou a explicar. – O álcool faz um efeito diferente em cada tipo de pessoa. Por exemplo, Dorcas é a garota stripper.


- MAIS UM GALEÃO QUE EU TIRO O SUTIÃ! – anunciou pra alegria dos sonserinos. Jessie estava no meio, pro meu choque.


- Gravelle é a garota triste e deprimida – Franco apontou pra uma mesa distante.


Gravelle continuava a soluçar, agarrada a seu inseparável copo de uísque de fogo.


- Beth: a garota risonha – Franco apontou dessa vez para ela, que ao lado de Sirius se arrastava pelo chão.


- HAHAHAHAHA, SIRIUS, VOCÊ É LOUCO! – gargalhava, já rouca.


Eu segurei o riso, enquanto perguntava.


- E o Sirius?


- Sirius... – Franco olhou para ele, que agora colocava a língua pra fora. – Digamos que hoje ele está meio... animalesco. Agora vem Lily, a garota feliz.


- SIRIUS, SIRIUS! – Lily chega cambaleando, tão despenteada que parece que tinha acabado de acordar. Sorrindo, ajoelhou perto de Sirius que ainda imitava uma cobra. – SIRIUS, EU AMO ESSA MÚSICA! EU AMO ESSA MÚSICA, VOCÊ NÃO? ELA É LINDA!


Lily estava simplesmente louca, e eu precisava contar isso a ela depois. Eu precisava.


- Maria, a filósofa – Franco riu, apontando para Maria.


- É sério, você tem que ser feliz porque a vida... – ela suspirou, segurando um garoto que antes estava assistindo seu quase-strip-tease. – A vida é curta, meu caro. Você precisa relaxar. E viver!


Sem dizer mais nada, o garoto agarrou Maria e quase a engoliu, levando-a para o meio da multidão.


Meu. Merlim.


- James, o conselheiro! – Franco gargalhou.


- Por que você não beija aquela garota ali – James, conversando com um garoto próximo, apontou para uma das garotas da Corvinal. – É sério, ela é bem bonita. E faz o seu tipo.


- Emelina. Essa é a melhor, é a garota cantora - Franco continuou, com um sorriso.


- Canta comigo! – Emelina voltou com a mesma garota da Lufa-Lufa. – I want your love and I want your revenge, you and me could write a bad romance!


- Eu não aguento tanta loucura, Franco – encostei a cabeça em seu ombro, rindo.


- Pois ainda não acabou. Temos também Geovana e Audrey. São as famosas garotas carentes – ele apontou para as duas, que ainda se agarravam aos pés de um garoto, que agora não se importava mais. Apenas dançava, ignorando as duas e tomando seu drinque. – E temos o Diggory, que é o apaixonado.


- Doçura, você está linda hoje – ele acariciava o rosto de uma menina quase adormecida, enquanto dançava junto a ela. – Eu te amo, você sabia?


- Remo, o garoto solitário – Franco indiciou o maroto todo amuado a um canto, olhando tristemente pra uma garrafa de uísque vazia. – Schain, a garota sincera – Franco riu novamente.


- Esse seu cabelo é horrível! Eu sempre te disse o contrário, mas é a verdade querida! – Schain perseguia uma garota que eu sempre via acompanhada a ela.


- E por fim temos Sophie. A garota barraqueira – Franco concluiu.


- Vai pisar no meu pé de novo, piriguete? Vem de novo pra você ver! – Sophie gritava, irritada com uma garota da Lufa-Lufa, que a olhou amedrontada. – Vem pisar de novo pra você ver o que te acontece, vai se arrepender de ter nascido!


- Pra você ver o que um álcool não faz com a pessoa – suspirei. – Ainda bem que você, meu namorado fofo e perfeito, não é de beber, não é?


- Bem... é – ele hesitou, então eu dei um tapa no braço dele, fazendo-o rir.


O que eu mais esperava de toda essa festa seria a reação de cada um depois de tudo isso.


Seria muito mais divertido.




Remo POV:


Quando já se passavam das quatro, a música estava lenta, e algumas pessoas já estavam jogadas no chão, outras vomitavam por aí, outras se agarravam, outras ficavam rindo baixo de alguma coisa. Poucos já tinham ido embora. Acho que os únicos normais dali eram Alice e Franco, pois eu ainda estava meio tonto.


- Remo, amigo! – Lily chegou, se sentando ao meu lado do banquinho. – Como vai, companheiro? Nossa! Essa festa foi... a melhor do século!


- Que bom que gostou, Lily – falei, cansado.


- Nossa! – ela exclamou novamente erguendo-se feito uma bailarina. – Esse povo tá desanimado, né? Quero todo mundo feliz e alegre!


- Acho que já ficou tarde e... bom. Acho melhor a gente já ir embora e...


- Ir embora? – Lily arregalou os olhos. – Nem pensar, nunca! Essa festa mal começou, e eu vou é dançar...


- Lily – segurei-a pela cintura. – Acho que ninguém está a fim de dançar agora.


- Você só pode estar brincando! Escuta essa música! – uma nova música agitada voltara a tocar, e poucos voltaram a dançar. – Está ouvindo? Eu AMO essa música!


- Tudo bem, Lily, só que...


- Lily... – uma voz bêbada se aproximou, vinda de algum lugar do desconhecido. Era James, tropeçando, andando vacilante, trombando com as pessoas.


- James! James, está ouvindo essa música? – ela perguntou, enquanto ele se escorava nela. Eu apenas voltei a sentar e observei. – É ótima, eu amo essa música!


- Você... – soluço. – Você... também be-bebeu? – outro soluço. – Eu nunca, nunca – mais um soluço.


- Ele nunca esperaria que você fosse beber – completei pra ajudar.


- Pois é. Mas eu amo essa música! – Lily voltou a exclamar.


Os dois começaram a andar por aí, James usando Lily como suporte, enquanto Lily continuava a dizer "eu amo essa música!".


Decidi segui-los, já que eles andavam em direção onde Franco e Alice estavam, e assim eu poderia falar com eles que tínhamos que ir embora.


- Alice, você de novo! – Lily exclamou quando viu o casal. – Eu amo essa música, você sabia?


- Alice, acho melhor levar esses bêbados pra cama – suspirei, cansado, me perguntando onde Rabicho havia se metido pra poder me ajudar.


- Concordo – Alice se pôs de pé seguida por Franco, bocejando. – Cadê a Maria?


- Deve estar filosofando por aí – Franco riu.


- James... James... – paramos pra observar Lily se desencostando dele, repentinamente. – James, olha pra mim! Eu amo essa música!


James ficou cambaleando por um momento até focar o olhar em Lily. Então sorriu.


- Eu amo essa música! – Lily exclamou.


E num só golpe o beijou. Foi num piscar de olhos, por isso eu não tinha certeza até perceber... Num momento estavam lá, bêbados, quando segundos depois... Eu devia estar realmente tonto.


Mas Alice exclamou, e Franco ergueu as sobrancelhas. James agora se agarrava a Lily como se valesse uma vida, se apertavam tanto que é como se quisessem competir quem quebrava os ossos dos outros mais rápido. Ficaram longos minutos assim, até Alice pigarrear depois do seu gritinho escandaloso. O que fez minha cabeça doer.


- Lily... Vamos... – ela separou os dois. Lily e James ficaram com a boca completamente vermelha, e James ainda sorria bobamente.


- Espera aí – Lily falou, então pulou em cima de James novamente, agarrando-o pelos cabelos.


- Depois você vai ter muito tempo pra beijar ele. Eu te garanto – Alice não se continha de surpresa e excitação. – Mas já está tarde, vamos.


James ficou ali, parado, sorrindo para o nada.


- Vamos, Pontas - coloquei seu braço ao redor do pescoço. Não tinha sinal algum de Sirius, por isso deixei ele pra lá.


- Aluado... Aluado... Lily me beijou – ele falou então sorriu mais ainda.


- É, eu vi – falei.


Com dificuldade, o arrastei até a Torre da Grifinória. Mal tive vontade de fazer outra coisa, a não ser me jogar da cama e dormir finalmente.


De uma coisa eu tinha certeza: aquela festa renderia umas dez páginas de MacMcMea.




Lily POV:


Abri os olhos, lentamente, bem lentamente, mas me arrependi de ter o feito. Minha cabeça martelou como se tivesse levado milhares de mancadas, doía nos lados, na testa, atrás, em cima... Era inexplicável. Estava doendo tanto que eu não queria acordar nunca mais, pois achei que já estava morrendo mesmo.


Era muita dor, muita mesmo. Parece uma Cruciatus especial somente pra minha cabeça. E não melhorou muito quando vi um clarão, e a voz de Alice chegou a meus ouvidos.


- Lily, Maria! Vamos acordar suas dorminhocas! – ela gritou, o que piorou a situação, já que eu sentia que minha cabeça ia sair rolando por aí. – Já passam das dez!


Alice fez silêncio, e em seguida ouvi um murmúrio. Pelo visto tinha pulado em cima de Maria, e a próxima, é claro, seria eu.


- AI! – gritei quando senti o peso dela atingir minha coluna. – Alice, vai embora!


- Querida, acho que você está se esquecendo de alguma coisa – Alice cantarolou. – Sabe, algo relacionado a um auditório e uma imensa plateia..


MEU.


MERLIM.


EU ESQUECI.


- A COMPETIÇÃO! – pulei pra fora da cama, derrubando Alice da cama. – Ai! Eu perdi! É meio dia, então dá tempo, cadê os vestidos? Cadê Beth! Ai, essa luz está me destruindo...


A luz e a dor. Eu sentia, minha cabeça ia explodir. Me enrosquei no chão, perto da cabeceira da minha cama, escondendo a cabeça nos joelhos. Enquanto isso Alice ria.


- Pra você ver. A diversão foi alta ontem! – ela falou com tom enigmático. – E eu menti pra vocês, calma. Ainda são oito horas...


- Mesmo assim! – exclamei sem erguer a cabeça. Eu sabia que eu ia morrer. Ai Merlim, estava doendo muito. – Daqui a quatro horas já vai começar, e não tenho condições nem de levantar a cabeça!


- Recomendo você a ir até Madame Pomfrey – Alice sugeriu. Maria, então, se jogou da cama, rolando até parar ao meu lado no chão.


- Calem a boca – ela murmurou, o hálito de álcool ainda saindo dela. – Eu não consigo nem pensar com vocês gritando desse jeito...


- Com Alice gritando desse jeito – acariciei as têmporas.


- Vocês tem noção do que fizeram? Vocês ficaram complemente bêbadas naquela festa, irreconhecíveis! – Alice reclamou, mas com a voz ainda divertida.


- Por favor, conte-nos nossas cagadas depois. Agora eu preciso de óculos escuros antes que essa claridade me deixe cega – implorei, e Maria tentou levantar, mas ao ver que não conseguiria, voltou a se esparramar no chão.


- Tantas coisas pra contar, estou me mordendo! – Alice exclamou.


- Não conte! – pedi.


- E para de gritar! – Maria reclamou.


Uma hora depois, Maria ainda tentava se levantar, enquanto eu já tinha ido tomar um banho. Ainda estava cheirando álcool, por isso demorei o dobro do tempo que eu sempre levava. Mas minha cabeça continuava latejando como se a festa ainda continuasse lá dentro. Preciso de Aspirina!


Mal saí do banheiro e fui empurrada por Maria, que correu e vomitou longamente na privada, tossindo e se engasgando.


- Pelo visto Maria exagerou – Alice comentou casualmente; pelo visto estava achando aquilo tão divertido que mal ligava pro nosso bem estar. – E você, não está com enjoo?


- Mais ou menos. Sei que não entra nada. Mas também não sai – dei de ombros. – Apenas minha cabeça que parece que vai explodir.


- Normal. Eu só não esperava que você, Lily Evans...


- Eu já sei – suspirei. – Só estava solitária naquela festa e decidi seguir o exemplo dos outros. Me arrependi.


- Ah, com certeza – Alice riu, misteriosa novamente. Franzi a testa.


- Acho que coloquei todos meu órgãos internos pra fora – Maria anunciou do banheiro, no que fizemos uma expressão de nojo e enfim fomos ajuda-la.


Às dez horas descemos para o salão principal, passando por outros alunos do sétimo ano que reclamavam de dor de cabeça e/ou ânsia. Como não estávamos aguentando toda aquela claridade do sol, eu e Maria colocamos óculos de sol, mesmo que aquilo fizesse de nós duas idiotas. Maria vomitou mais umas quatro vezes antes de descermos, e ainda tinha uma expressão meio verde quando descemos para o salão.


Não tardou a encontrarmos os outros. Sirius e Beth estava sentados juntos, rindo e conversando naturalmente, até como se não tivessem nem ao menos bebido. Como isso era possível? Remo também estava ali, e parecia normal. Não sei se ele havia bebido, mas provavelmente não. James – respire fundo Lily, calma – estava tão normal quanto Sirius, e apenas levantou os olhos pra mim, me olhando profundamente daquele jeito que me faz querer sair correndo. Alice logo se juntou a Franco quando nos sentamos.


- Fala aí, ruiva! Belos óculos! – Sirius exclamou, rindo, quando cheguei. – Pelo visto você e nossa querida amiga Maria não acordaram muito bem hoje.


- Você poderia fazer o favor de parar de gritar? – pedi em súplica, acariciando as têmporas. Sirius riu mais ainda com Beth. – Como é que vocês não estão morrendo? Estavam completamente bêbados também.


- Sabe como é, depois da terceira vez que fazíamos essa festa nós já tínhamos nos acostumado – ele deu de ombros. – Tão acostumados que praticamente não dormimos, eu e Beth.


- Ótimo, agora que está um pior que o outro quero ver como vamos nos sair na competição de hoje – Maria resmungou, o que fez Sirius erguer as sobrancelhas, e Beth ofegar.


- É hoje? – perguntaram, em choque, o que fez James virar para a conversa.


- Claro! Já estamos no fim de novembro, é a segunda competição do mês! – Alice falou, surpresa pelos outros não saberem.


- A qual, dessa vez, sinto muito não participar – Sophie chegou dizendo, acariciando a barriga. – Acho que meu esôfago nunca mais será o mesmo. E por favor, tirem essa comida da minha frente antes que eu desmaie.


- E parem de gritar! – Dorcas também chegou de cabeça baixa, os cabelos cobrindo seu rosto totalmente. – Francamente!


- Ei, gente! – John apareceu correndo ao lado de Sean. Eu não ia conseguir paz hoje, muito menos minha cabeça. – Moreau está chamando vocês nos bastidores!


Eu só queria que esse dia acabasse e eu pudesse me enroscar nas cobertas até essa dor horrível passar.


Ai Merlim.


Socorro.


Por fim caminhamos feito zumbis até a sala de música, exceto, é claro, por Sirius, James, Beth e os que não haviam ido na festa, Sean e John. Sean queria saber os detalhes da festa, mas como eu saberia? Eu não me recordava de nada! Alice apenas disse que contaria a ele depois, e assim eu podia saber do que eu fiz.


Caramba, eu estava com medo.


Depois de buscarmos as vestes e chegarmos aos bastidores, entramos disfarçadamente, receando que Moreau percebesse nosso estado deplorável. Maria quase vomitou no meio do caminho, mas se conteve, e Dorcas começara a gritar de novo. Também cruzamos com Louise e outras garotas que foram a festa, que me explicaram que dormiram na sala comunal. Elas dormiram na sala comunal!


Estou com medo do que eu tinha feito. Ai Merlim.


Mal não prestávamos atenção no que Moreau dizia, os que não estavam de ressaca estavam cambaleando de sono, e apenas Jason, Sirius, Beth, Franco, Alice, John e Sean pareciam estar em bom estado. Agora o resto... Foi até difícil convencer Sophie a vir finalmente. "Se vocês não se importarem caso eu desmaie no palco, tudo bem", foi o que ela respondeu.


Até eu, finalmente, perceber a ausência de alguém.


- Ei, onde está Emelina? – Moreau perguntou, o que nos fez ficarmos intrigados.


- Quando acordamos ela não estava lá, pensamos que a encontraríamos por aí – Sophie parecia atônita, dando conta agora da ausência de Lina.


Sabe aquela sensação de que você não deveria ter saído da cama hoje?


Então.




Emelina POV:


Não me lembro como eu fui parar lá, só sei que eu acordei com a cabeça encostada numa das últimas prateleiras da biblioteca. Como eu fui parar lá? Só sei que saí ligeira de lá, fugindo de Madame Pince, porque eu estava deplorável com aquela roupa toda amassada de ontem. E cheirando álcool.


Cheirando álcool! Eu ainda não acreditava que eu havia bebido. Dorcas praticamente me dopou, então eu estava um horror. E eu não me lembrava de nada, até...


Sabe quando você gela completamente, e você sente que seu corpo nunca mais vai esquentar? Foi o que aconteceu quando cruzei com Benn, num corredor vazio.


- Emma? Por que está... Por que está vestida assim? – ele me olhou de cima abaixo, gritando. Por que estava gritando? Minha cabeça latejava, e eu estava meio tonta. – Você foi à festa dos marotos?


Oh. Eu não havia contado pra ele.


- Er... Fui – falei, e ele bufou, chocado. – Dorcas me obrigou.


- Eu não acredito! – ele ficou vermelho, me agarrando pelo braço e me puxando pra longe de um grupinho de pessoas que estavam prestes a passar por nós. – Emelina, você mentiu pra mim?


Eu nem sabia o que ele estava dizendo, só sei que eu estava completamente ressacada, e acho que eu ia vomitar na cara dele a qualquer instante.


- Desculpa... – tentei falar, minha voz morrendo. – Desculpa, Benn... Dorcas...


- Dorcas por acaso manda em você?


- E você manda?


Ok, eu soltei aquilo. Só sei que ele ficou MUITO bravo quando eu disse. Eu ainda estava tonta, com ânsia de vômito, e minha cabeça nunca tinha doído tanto na minha vida.


- Eu sou seu namorado – ele falou, ríspido.


- E ela é minha a-amiga – solucei. – E por que você está todo elegante assim?


- Por acaso você se esqueceu que temos uma competição agora? – ele perguntou, cada vez mais irritado. – Eu não acredito que você fez isso, Emelina! Além de ter ido nessa festa você... Você bebeu!


- Culpa da Dorcas, foi tudo culpa dela! – me equilibrei nele, e ele afastou o rosto de mim. Acho que meu hálito não estava lá dos agradáveis. – Me desculpa amor... Eu prometo n-nunca mais cair no papo dela...


- Eu não acredito, eu não acredito – ele murmurava, enquanto me levava ao nosso destino final: a entrada pra Torre da Grifinória. – Eu nunca pensei que você fosse assim, Emma...


- Me desculpe! – pedi mais uma vez. – Eu não sabia... Eu me odeio. Eu me odeio mais do que você está me odiando agora!


- Eu não te odeio – ele falou impaciente, como se concordasse com aquilo. – Daqui à uma hora é a competição, acho melhor você correr e tomar um banho...


- Mas...


- Depois conversamos, depois que você estiver sóbria – Benn me colocou de pé.


- Ok – sorri um pouco. – Beijo de boa sorte?


- Não – ele suspirou, então saiu sem dizer mais nada.


Eu me odeio.


- Você está encrencada, garota – a Mulher Gorda falou.


- Pode abrir pra mim? Eu não sei a senha...


- Sinto muito – ela fez uma cara de pena.


- Por favor! – implorei.


- Emelina! – duas vozes gritaram, e então deparei com Alice e Sean vindo em minha direção. Por baixo das vestes de Hogwarts dava pra ver a roupa deles, já prontos pra competição. O vestido escolhido por Alice dessa vez foi um roxo balonê, pra deixar mais estiloso por causa da música.


- Oi amigos! Desculpa, acho que ainda estou um pouco tonta... – dei um passo pro lado, e Sean me segurou depressa. – Acho que não vou me apresentar...


- Você só pode estar brincando! – Sean exclamou, e minha cabeça pulsou. – O solo é seu!


- O quê? Mas eu nem...


- Vamos fazer o seguinte. Sean, vai enrolando Moreau, diz que Emelina não está se sentindo bem, só não explica por quê – Alice disse com urgência, falando a senha pro retrato e me carregando sala comunal adentro. – Enquanto isso vou fazer Emelina tomar um banho e se vestir.


- Não quero ir, estou passando mal... – falei, enquanto Sean saía e Alice me empurrava pela escada circular.


- Você vai sim! Não temos um número reserva, e precisamos vencer essa competição! – Alice já ia me empurrando pro banheiro. – E tenta se manter completamente sóbria. Moreau nem pode sonhar que vocês se embebedaram hoje!


- E como ele não descobriu? – perguntei já de dentro do banheiro. – Todo mundo deve estar de ressaca...


- Acho que Moreau está tão nervoso que nem percebeu isso. Mas teve uma hora que ele disse que nos achava meio desanimados. Até mandou Lily e Maria tirarem os óculos escuros, e nem adiantou elas insistirem. Agora estão sofrendo com a dor de cabeça mais que nunca... – Alice foi contando.


E a medida que fui tomando meu glorioso banho, fui tirando um pouco aquele peso de álcool que ainda restava, e melhorei um pouco. Mas eu sentia que iria vomitar a qualquer hora...


A qualquer hora.


Espero que não seja em um horário desapropriado.




Sean POV:


Mal cheguei nos bastidores pra avisar o que havia sido combinado quando já foi anunciado a entrada da Lufa-Lufa daqui alguns minutos. Comecei a ficar nervoso novamente ouvindo as vozes da plateia, e já fui suando.


- Me escutem bem. Quero que caprichem nesse número, pode ser? – Moreau falou novamente, mas alguns nem pareciam escutar. – Tudo foi preparado por vocês, então espero que aproveitem toda essa confiança que lhes dei.


O que ninguém estava fazendo no momento. Lily ainda acariciava as têmporas, e Maria estava meio verde, assim como Dorcas e Sophie. Achei estranho os outros que não foram à festa estarem normais; James até treinava alguns passos com John, enquanto Maria corria pro banheiro dizendo que estava apertada, mas com certeza dando a desculpa pra por tudo pra fora.


- Acha que vai conseguir? – perguntei baixinho pra Lily, que ainda massageava as têmporas com os dedos.


- Claro. Eu canto pouco, dessa vez – ela abriu os olhos calmamente. – Só espero que meu estômago não me traia dessa vez e...


Ela parou de falar, porque seus olhos cruzaram diretamente com James. Ficaram tanto tempo se encarando que acho que esqueceram do que estavam fazendo.


- Algum problema? – perguntei receoso, olhando de um para outro quase sorrindo.


- Eu só... – Lily comentou, então balançou a cabeça, o que se arrependeu. – Dor de cabeça. Não é nada.


Então foi anunciada a entrada da Lufa-Lufa, o que causou o habitual empurra-empurra pra chegar ao corredor que nos dava aquela vista privilegiada do palco. As cortinas ainda estavam fechadas, e as pessoas aplaudiam, enquanto continuávamos a nos empurrar para assistir a apresentação.


Não demorou muito para eu reconhecer a voz de Benn.


- Oh yeah! – as cortinas se abriram, revelando Benn com a voz de fundo dos outros. – Oh yeah!


"I will never send


Sometimes these cuts are so much


Deeper then they seem


You'd rather cover up


I'd rather let them bleed"


Por que Benn tinha que cantar tão bem? E por que aquele coral masculino conseguia contagiar tanto assim? Acho que essa era mesma pergunta que os outros estavam fazendo no momento.


"So let me be


And I'll set you free!


I am in misery


There ain't nobody


Who can confort me (oh yeah)


Why won't you answer me?


Your silence is slowly killing me (oh yeah)!"


Nosso grupo se entreolhava, assustado. A música também era moderna e contagiante, o que não tardou causar que as palmas e os gritos fossem altos o bastante pra Maria e Lily correrem para os bastidores. Dorcas ia fazendo o mesmo, mas desistiu ao ver que Maria tinha ido.


"Girl you really got me bad


You really got me bad


I'm gonna get you back


Gonna get you back!"


- Oh, Merlim! Olha a roupa deles! – Alice exclamou desgostosa. – Da onde Stanley tira tanto dinheiro praquelas roupas?


Eram ternos realmente bonitos, dessa vez com alguns detalhes em dourados que brilhavam quando as luzes do palco passavam sobre eles. Eram tão brilhantes quanto os olhos do jurados. Opa.


"Say your faith is shaken


You may be mistaken


You keep me wide awake and


Waiting for the sun


I'm desperate and confused


So far away from you


I'm getting there


Don't care where I have to run"


E a próxima parte é que foi a que mais entusiasmou a plateia em geral, a ponto de todos ficarem de pé pra vibrar. Nunca vi Hogwarts tão animada; os garotos da Lufa-Lufa batiam os pés e as mãos, fazendo um grande barulho seguido pela música, e a voz de Benn e os gritos, e as palmas, e os assobios, resultado: todo mundo indo a loucura.


"Why do you do what you do to me, yeah


Why won't you answer me, answer me yeah


Why do you do what you do to me yeah


Why won't you answer me, answer me yeah!"


- Acho que vou roubar um terno daqueles pra mim – Dorcas comentou, forçando a vista ainda por causa de sua dor de cabeça.


- Pra que, se você nem usa? – John perguntou.


- Não quero usar! Quero vender! Deve ser uma fortuna – Dorcas assobiou baixinho, então fez uma careta, acariciando a cabeça. – Mas eles são bem que barulhentos, não?


"I am in misery


There ain't nobody


Who can confort me (oh yeah)


Why won't you answer me?


Your silence is slowly killing me (oh yeah)


(Girl you really got me bad)


You really got me bad


I'm gonna get you back


Gonna get you back


Gonna get you back!"


E a música e a coreografia foi encerrada com mais palmas ensurdecedoras, e os gritos de dor de Dorcas e Sophie, e mais as reverências de Benn e dos outros...


É, uma pessoa bem consciente saberia quem iria ganhar essa competição: garotos carismáticos num coro bem feito ou um bando de bêbados que corriam o risco de vomitar no palco além da dor de cabeça.


Bom. A resposta está óbvia.




Lily POV:


Enquanto Maria vomitava mais um pouco no banheiro e os outros assistiam a apresentação da Lufa-Lufa (que a propósito estava realmente animada, ouvindo daqui), continuei acariciando minhas têmporas, mesmo que não adiantasse de alguma coisa. Eu tinha certeza que ela ia explodir, e meus miolos iam ficar espalhados pelos bastidores pra sempre.


Ai.


- Lily, cadê Maria? – Alice foi entrando acompanhada, finalmente, de Emelina. Ela parecia meio abatida, mas forçou um sorriso. As coisas iam de mal a pior. Como diz Sean: Opa.


- Vomitando no banheiro – falei, apontando pra porta ao lado.


- Lufa-Lufa está se apresentando? – Emelina perguntou, repentinamente ligada. – Eu preciso ver o Benn!


E saiu desembestada, enquanto Alice se sentava ao meu lado.


- E você, está bem? – acariciou meu cabelo, enquanto eu mantinha a cabeça abaixada.


- Não. Não vou aguentar todas aquelas luzes! – exclamei, sentindo um tremor. – É a primeira vez que bebo. Primeira e última, nunca mais quero sentir isso.


- Se pelo menos eu tivesse alguma coisa pra ajudar... – Alice murmurou.


- Eu tenho – ouvi uma voz conhecida entrar na sala, enquanto a plateia delirava lá fora. Quando ergui os olhos vislumbrei James com um pequeno sorriso e um pequeno frasco em mãos.


- Oi, James – Alice riu, estendendo a vogal. – Quer que eu vá lá no banheiro com a Maria pra deixar vocês sozinhos...?


- Pode ficar aí – ordenei, ainda olhando para James. Ai meu Merlim, eu já comentei que ele fica lindo naquela roupa? Eu juro que eu forçava pra não olhar praquele corpo dele, só para o rosto. Mas se eu olhava pro rosto eu tinha que olhar para os olhos, então o que eu faço?


Merlim, me ajuda.


- Trouxe isso pra você – ele estendeu o frasco, e eu o peguei. – Não tem muito, só dá um gole. É desse jeito que eu, Sirius, Remo, e nesse caso Beth, não ficamos com ressaca do dia seguinte.


Ele sorria abertamente, e eu olhava desconfiada para o conteúdo.


- Tudo bem, afanamos do estoque de Slughorn – ele deu de ombros. – Sempre fazemos isso.


- E como vocês descobriram isso? – perguntei curiosa.


- Remo descobriu. Ele estava procurando sobre poções uma vez, no quinto ano, quando ouviu falar dessa. Então Sirius mexeu uma vez nas coisas de Slughorn quando ele se ausentou em uma aula, e achou – ele contou, meio satisfeito.


Olhei de James para Alice, que não ajudou muito porque estava com as mãos na boca, vermelha. O que tinha de errado com aquela garota?


- Certo, vou confiar em você – falei, destampando o frasco. – Mas só porque estou com essa dor horrível, senão...


Então bebi, e, momentaneamente, momentaneamente MESMO, eu melhorei. Minha dor simplesmente passou, evaporou. Foi mágica – que ironia. Mas foi. Passou tão depressa que parece que eu nem tinha sentido. Foi... Incrível.


- Uou – exclamei, depois balancei a cabeça que não doía mais. – Er... Obrigada!


Ele sorriu, ao mesmo tempo que Alice soltava um guincho alto.


- NÃO VOU RESISTIR! – exclamou, finalmente tirando as mãos da boca. – Lily, James, não sei se vocês se lembram, mas... Na festa, vocês se beijaram!


Pensa numa beterraba. E agora coloca alguns cabelos ruivos nela. Pronto, essa sou eu, prazer, Lily Evans. EU IA MATAR A ALICE! Nunca corei tanto na minha vida, mal tive coragem de olhar pra James, que havia erguido as sobrancelhas, talvez pra esconder um sorriso... POR QUE DIABOS ELE ESTAVA SORRINDO? ESSA SITUAÇÃO É CRÍTICA!


Eu não acredito. Eu sou uma idiota. Eu o beijei. De novo. Por quê? Eu sabia que meus desejos profundos me trairiam com excesso de álcool. Sou tão estúpida, por que não pensei nisso antes de começar a beber daquele jeito?


Culpa do álcool.


TUDO CULPA DESSE MALDITO ÁLCOOL!


Nem deu tempo de responder, e nem de falar nada porque Alice ainda sorria toda feliz, quando o povo veio entrando reclamando de coisas diversas; a apresentação da Lufa-Lufa pelo visto tinha agradado a todos mesmo, mas desagradado a nós. E tinha aqueles que reclamavam de dor de cabeça e tudo o mais. Emelina ainda dizia que Benn arrasou, e isso ocasionou um palavreado de Dorcas.


- Gente, vamos ficar calmos! Toda competição vai ser assim? – Moreau suspirou, tentando acalmar a nós e a ele mesmo. – Vocês vão ser melhores, eu acredito nisso.


Haha, professor. Não acredite. Vamos perder; e perder feio, tudo CULPA DESSE MALDITO ÁLCOOL.


Quero me matar.


Maria finalmente saiu do banheiro, mas não mudou sua cara cansada. Dorcas logo foi a empurrando e correu pra vomitar também. Moreau não percebia é claro. Ele não percebia nada em dia de competição, nem se Sprout dançasse pelada na frente dele. Nem isso. O que não foi uma cena muito boa de imaginar.


Ficamos, então, num silêncio constrangedor. Eu fechei os olhos pra não olhar pra James, por que eu tinha certeza que eu ainda estava vermelha depois daquela língua afiada de Alice Brown, que ainda ia me pagar. Ah, se ia.


E então estava na hora. Ninguém estava muito disposto quando fez o grito "GRIFINÓRIA!" que sempre fazíamos, somente os marotos. E Beth. Mas não conta. Eu tinha sarado da dor de cabeça, o que não adiantou tanta coisa quando comecei a tremer descontroladamente. Desejei boa sorte a Lina, que tinha uma cara nada agradável também.


Ninguém estava com uma cara agradável. Ninguém normal – já que os marotos não contam.


Eu só não queria olhar pra James, e pronto.


Respira.


Inspira.


Respira de novo.


Inspira de novo.


Põe um sorriso nessa sua cara.


Foi com esse pensamento que caminhei junto com os outros em direção ao palco.




David POV:


Sentei-me ao lado de Stanley novamente.


- Pronta para perder? – sorri pra ela, que bufou.


- Essa sua falsa confiança está me dando pena. Vocês vão perder vergonhosamente, e sabe por quê? – ela virou-se pra mim. – Porque, não sei se ficou sabendo, mais da metade de seus alunos foram a uma festa ontem. A festa anual dos marotos, uma coisa patética que ouvi falar. E agora? Será que eles beberam...?


Senti um gelo no estômago, me lembrando de Lily acariciando as têmporas, e de Sophie, Dorcas e Maria viverem no banheiro. Lembrei de Emelina que havia sumido. Mas eram as garotas, então era impossível...


- Eles não fizeram isso – afirmei para Stanley, que apenas riu, enquanto as cortinas não se abriam e uma conversa baixa se estendia.


- Então por que demorou pra responder?


- Os marotos, ou seja, Sirius, Remo e James estão em perfeitas condições. Como você me explica isso? – desafiei.


- E como você me explica o fato de que eu vi Vance e Meadowes perambulando tontas por aí hoje de manhã? – ela piscou, ao mesmo tempo que as cortinas se abriam, e as palmas continuavam.


Eu simplesmente não tive o que responder.


Nem o que fazer.


Só esperava que Merlim protegessem essas crianças.


Eu estava praticamente tranquilo quando ouvi a voz de Emelina, depois a de Remo, tão bem controladas e perfeitas, começar a cantar assim que as luzes foram atendidas:


"Wake up in the morning feeling like P Diddy


(Hey, what up girl?)


Grab my glasses, I'm out the door


I'm gonna hit this city (Lets go)


Before I leave, brush my teeth with a bottle of Jack


Cause when I leave for the night, I ain't coming back!"


Olhei desafiador para Stanley, que cochichou comigo:


- Ke$ha? Isso é sério? – ela riu com desdém.


- Eles que escolheram – falei. – Pelo menos eu tento dar liberdade de expressão ao meu coral.


- E eu não? As duas músicas dessas duas competições foram escolhidos por eles. Agora não tenho culpa se o seu clubinho tem esse péssimo gosto – Stanley rebateu.


"I'm talking - pedicure on our toes, toes


Trying on all our clothes, clothes


Boys blowing up our phones, phones


Drop-topping, playing our favorite cd's


Pulling up to the parties


Trying to get a little bit tipsy"


Emelina, sem dúvidas, era a melhor dançarina no grupo, portanto foi bom ter escolhido ela; as garotas dançavam perfeitamente bem no fundo – não se igualando a Lina, é claro -, mas deixando toda aquela energia que Emelina precisava. Olhei desafiador para Stanley novamente.


Então havia chegado o refrão, fazendo com que a plateia delirasse a ponto de ficar em pé e pular ao ritmo da música.


"Don't stop, make it pop


DJ, blow my speakers up


Tonight, Imma fight


Till we see the sunlight


TiK-ToK, on the clock


But the party don't stop, no


Woah-oh oh oh


Woah-oh oh oh"


Era uma dança completamente animada, e a plateia até chegava a cantar junto. Eles tinham escolhido bem; era uma música que todo jovem gostava, e desde o começo da música já havia os que vibravam.


"Don't stop, make it pop


DJ, blow my speakers up


Tonight, Imma fight


Till we see the sunlight


TiK-ToK, on the clock


But the party don't stop, no


Woah-oh oh oh


Woah-oh oh oh!"


Gritos, palmas, assobios, era o que acompanhavam a música, enquanto os garotos e as garotas no palco vibravam e dançavam a música tão animada. A coreografia estava perfeita, e Emelina simplesmente brilhava, e dançava... Fora um momento que ela pareceu errar o passo, mas ninguém tinha percebido, a não ser eu e Stanley, que pigarreou ao meu lado.


Enquanto cantavam, eu percebia Maria e Sophie vacilarem no fundo, e depois Dorcas cochichar alguma coisa com Beth. Algo estava errado...


"Don't stop, make it pop


DJ, blow my speakers up


Tonight, Imma fight


Till we see the sunlight


TiK-ToK, on the clock


But the party don't stop,no


Woah-oh oh oh


Woah-oh oh oh"


Novamente Emelina cambaleou, mas a plateia pulava demais para perceber. Os jurados também pareciam ter percebido, quando Dorcas deu um passo em falso e quase tropeçou. Stanley abafou uma risada.


"DJ, you build me up


You break me down


My heart, it pounds


Yeah, you got me


With my hands up


You got me now


You got that sound


Yeah, you got me"


Foi piorando. Ninguém da plateia percebia, ninguém a não ser eu, Stanley e os jurados. Comecei a suar frio, talvez prevendo o que eu não queria que viesse...


"Now, the party don't start until I walk in!


Don't stop, make it pop


DJ, blow my speakers up


Tonight, Imma fight


Till we see the sunlight


TiK-ToK, on the clock


But the party don't stop,no


Woah-oh oh oh


Woah-oh oh oh"


Emelina, mesmo meio vacilante, conseguia dançar e contagiar o público, fazendo seu espacate. Ela era simplesmente fantástica, tão boa quanto John... Maria também tinha sua voz destacada no meio das outras, como sempre. A música era envolvida pelo balançar dos cabelos e a cabeça, muitos movimentos com os pés, e todos pareciam vibrar com aquilo. Para facilitar a dança, as garotas usavam tênis ao invés de sandália, algo que combinou com o estilo da cantora. Os meninos também se saiam bem: James parecia mais animado que o normal, e Sirius e Remo faziam sucesso com o público feminino. Mas eu repito, algo estava errado.


Então, em um único minuto, Emelina levou uma mão a barriga e a outra a mão, e num só jato, vomitou.


Ouviu-se gritos, pois o vomito tinha ido direto na cabeça dos presentes da frente da plateia, a maioria garotas, que gritaram escandalizadas. Emelina acabou por sujar suas vestes e seu cabelo, enquanto atrás dela, Sophie tossia e também vomitava, a mão não impedindo que isso acontecesse.


Foi um silêncio completo e terrível, enquanto Stanley gargalhava ao meu lado. E quando achei que não podia piorar, Dorcas vomitou em Maria, que deu um passo pra trás, chocada. Ninguém dizia mais nada, nem mesmo as garotas que tinham vômito na cabeça. Maria, para revidar, vomitou aos pés de Dorcas. Segundos depois, Emelina tornou a vomitar, dessa vez em Lily que estava perto demais, fazendo com que sujasse parte do vestido; depois disso saiu correndo, mas o silêncio continuou.


Por um momento achei que tinha ficado surdo, pois o silêncio reinou completamente no auditório. Stanley tinha voltado a segurar o riso, até finalmente as garotas saírem correndo com vômito na cabeça.


No palco, ninguém tinha o que dizer. Estavam vermelhos, boquiabertos, chocados.


Petrificados.


Como eu.




Sophie POV:


Estava um silêncio desconfortável nos bastidores. Ninguém dizia nada, apenas olhando para o teto, enquanto eu já melhorava por ter tomado uma poção que Sirius e Remo foram "pegar" com Slughorn. Lily já tinha se limpado, mas mesmo assim continuava com o nariz torcido, como se ainda sentisse o vômito de Lina. E Lina parecia a mais culpada dali; mesmo não falando nada dava pra perceber.


Ninguém comentou nada por durante uma hora. Uma longa hora, tempo pra ouvirmos a plateia lá fora vibrar quando Dumbledore anunciou que Lufa-Lufa havia ganhado a competição, tempo pra ouvirmos as conversas acabarem aos poucos simbolizando que todo mundo ia embora. E Moreau havia sumido. Ah, esqueci de mencionar que Stanley, há cinco minutos, passou pela nossa sala com os lufanos, que mais uma vez jogaram gosma na gente, gritando "PERDEDORES!". Alguns gritos e xingamentos depois, tínhamos voltado do mesmo jeito. Nada abalava nossa cara de paisagem.


Eu me sentia tão envergonhada de vomitar em público que era capaz de nunca mais sair do meu dormitório. Eu não me sentia mal... Sinceramente eu me acostumei em fazer isso, mas em público? Era realmente vergonhoso.


E onde estava Moreau? Eu estava cansada de ficar ali sentada, esperando e esperando. Dorcas também, teve uma hora em que ela quase se levantou.


Alguns minutos depois, ele entra. Não tinha uma cara muito boa, na verdade eu nunca tinha visto tão sério como aquela vez. Ficamos calados, esperando o sermão.


- Pessoal... – ele começou, andando de um lado pro outro. – Bom, eu estava com Dumbledore, e... Consegui convencê-lo para não cancelar nosso coral.


- Ele queria cancelar? – Lily perguntou chocada, seguida de meus comentários indignados e os dos outros, finalmente cortando o silêncio.


- Queriam, mas não vão – Moreau nos cortou. – Dumbledore era contra, mas os jurados acharam completamente vergonhoso o que vocês fizeram. Assim como eu também achei, e só não deixei que fechassem o clube por causa de vocês, ao contrário eu teria sido a favor.


Mais silêncio constrangedor. Nem tive coragem de erguer a cabeça.


- Se vocês tivessem ideia do que fizeram, simplesmente pensassem um pouco mais... – Moreau falou, aborrecido. – Vocês entenderiam o quanto isso nunca teria acontecido.


Silêncio. Ninguém tinha coragem de dizer nada, tão envergonhados que estávamos. Eu por vomitar em frente de toda Hogwarts. Era o que faltava pra todo mundo me odiar.


- Acho que vocês já estão maduros o bastante pra entender que beber não é algo tão prazeroso que parece. Pode ser a melhor coisa do mundo na hora, mas as consequências são inimagináveis. Experiência própria – acrescentou.


Ninguém falou nada, até Lily murmurar.


- Desculpa, professor.


Moreau suspirou, enquanto todos mantinham seu olhar no chão.


- Por favor, não repitam isso. Vocês sabem que não vale a pena – ele disse com veemência. – E quanto ao coral, bom... Estamos perdendo, e precisamos ensaiar mais dessa vez. A próxima competição vai ser daqui algumas semanas, tempo suficiente pra vocês pensarem no que fizeram, e tentar se esforçar mais nos números, que, aliás, vocês estão me devendo um.


- Estamos? – Sirius perguntou.


- Sobre alcoolismo – Moreau falou. – Eu disse que ia pedir alternadamente. Então, será agora.


Murmuramos mais algumas coisas, e logo depois assentimos. Já estava cansada de ficar ali, portanto qualquer coisa pra ir embora eu já estava aceitando.


- Estão dispensados e... Até quarta – ele sorriu.


Até quarta... Até quarta muita coisa vai ter acontecido, como, por exemplo, eu ter me trancafiado no meu dormitório até o final do ano. Era uma boa ideia, levando em conta que vomitei pra todo mundo ver.


Ai Sophie McKinnon, você é muito idiota.




Emelina POV:


- Emma! – ouvi chamarem longe, enquanto eu caminhava junto com o pessoal do coral em direção ao retrato da Mulher Gorda. Era Benn, é claro. – E você também Lupin... Espere aí!


O que ele queria com Remo? Ai, lá vem bomba.


Remo me olhou intrigado, mas por fim se afastou a fim de ficar só nós três para trás no corredor deserto.


- Oi, Benn – falei temerosa. Eu ainda estava muito tonta quando conversei com ele mais cedo, por isso queria apenas meu dormitório e minha cama. Nada mais.


- Belo número, o de hoje – ele falou sarcástico. – Pra vocês dois.


- Obrigado, Chapman – Remo falou, educadamente. – E meus parabéns pela vitória.


Benn assentiu, meio que fuzilando Remo com o olhar. Oh-oh.


- Agora podemos conversar normalmente ou você ainda não está sóbria? – Benn perguntou secamente, olhando ameaçador de mim a Remo.


- Não precisa falar comigo desse jeito – o repreendi.


- E eu não preciso fazer parte dessa conversa – Remo instou.


- Ah, precisa – Benn respondeu, seco. – Porque você é amigo de Emma, não é? Então deve saber o que aconteceu nessa festa.


- Não aconteceu nada. Eu só bebi e pronto – revirei os olhos.


- Quem me garante que você não se agarrou com qualquer um por aí? – Benn perguntou.


- Eu não fiz isso! – protestei.


- Então me conte você o que houve.


Suspirei, derrotada. Além de vomitar na plateia e perder outra competição, ainda tenho que aguentar Benn? Francamente... Sem falar que eu me sentia completamente culpada, quero dizer... Eu vomitei na plateia! Quando eu tenho um solo numa competição eu simplesmente vomito pra todo mundo ver! Como é que minha vida vai seguir com esse fato no meu histórico?


- Me diga, por que é que você não está comemorando na sua sala comunal, hein?


- Me responde, Emma – ele pediu impaciente.


- Eu não sei, okay? – soltei, irritada. – Eu não me lembro! Dorcas apenas me forçou a tomar um uísque de fogo e eu não lembro de mais nada!


Benn balançou a cabeça em reprovação.


- Então é aí que entra Lupin – ele olhou para Remo. – O que me você conta sobre essa festa?


Remo olhou pra mim, hesitante, antes de responder. Hesitante por quê?


- Não me lembro muito bem também. Mas eu lembro do que Lina estava fazendo – ele disse sem se alterar.


- O quê? – Benn, perguntou, interessado.


- Ela ficou cantando por aí, abraçada a uma garota da Lufa-Lufa – Remo falou meio receoso. Corei fervorosamente.


- Da minha casa? Qual garota?


- Obviamente eu não sei – Remo suspirou, também parecendo que queria seu dormitório. – Mas ela era morena.


- Caramba, encontrar uma morena na minha casa é tão fácil! – Benn exclamou com sarcasmo.


- Escute aqui, eu nem deveria estar aqui, só estou fazendo isso pra poupar aborrecimento. Mas se você for continuar a tratar isso como se fosse uma audiência ou não sei mais o quê, fique sabendo que não estou aqui pra tolerar isso – Remo falou, pela primeira vez ríspido, o que fez Benn estreitar os olhos pra ele.


- Vou averiguar quem é essa garota, pra ver se a história é realmente verdadeira ou vocês estão inventando – ele disse sem piscar. – E enquanto isso Emma, espero que saiba que não quero que minha garota fique se embebedando por aí.


"Minha garota". Isso soou tão possessivo! Se ao menos fosse fofo... Droga, Benn!


- Agora tenho que ir. Tenho uma vitória para comemorar – ele falou, então se aproximou de mim e me beijou. Mas não um beijinho mixuruca, ele praticamente me agarrou! Fiquei sem ar por uns segundos até ele falar. – Tchau, Emma.


E sem se despedir de Remo e sem nem olhar em sua cara, apenas tomou seu caminho pra sala comunal da Lufa-Lufa. Olhei para Remo, feito um pedido de desculpas, mas ele apenas balançou a cabeça e tomou uma direção oposta da Torre da Grifinória, me deixando pra trás com um baita peso na consciência.




Alice POV:


MacMcMea


As principais fofocas de Hogwarts!


Quarta Edição.


Cantinho da Veronica


(por Veronica Gravelle)


"Já que minha querida amiga Dorcas Meadowes não está disponível para contar os babados da semana – que, aliás, são muitos – fui a escolhida pra substituí-la nessa edição. Se preparem, porque as bombas são fortíssimas!


Como fora dito antes, a festa anual dos marotos virou uma fonte de fofocas para nosso jornal, que agora vai enumerar pra vocês os acontecimentos mais marcantes da noite.


1- O caso Clack: todo mundo presente na festa viu o tanto que esse casal estava completamente indo a loucura com seu entusiasmo desenfreado, pulando e fazendo encenações de animais. Os sóbrios da festa confirmaram que ambos estavam gritando e fazendo imitações de leão, galinha, tigre, crocodilo, cobra, pavão, cavalo, entre outros. Isso não é muito estranho para duas pessoas bêbadas, mas o caso é: será que rolou, finalmente, alguma coisa entre eles? Se rolou ou não nunca se sabe, pois os poucos que foram entrevistados contaram que não viu nada de romântico em suas imitações animalescas. Se você viu – de verdade -, não hesite em nos mandar corujas contando tudo!


2- Strip-Tease: uma festa em que consequentemente as pessoas acabariam bêbadas é claro que não faltaria isso! O principal destaque dessa vez vai para nossa colunista ausente Dorcas Meadowes, que acabou por contar dois galeões adquiridos com sua calcinha e sutiã. Por favor, não peçam mais detalhes.


3- A mentira tem pernas curtas: Vance, atual namorada de Chapman – que brilhou em sua equipe na última competição -, não contou ao namorado sobre sua ida à festa anual dos marotos. Quando descobriu, porém, simplesmente houve aquela briga. Ele a encontrou andando por aí, tonta, falando bobagens com aquele hálito de álcool. Não foi algo muito agradável, não é mesmo Vance? O pior foi quando Chapman pediu detalhes a ninguém mais ninguém menos que Remo Lupin, que não soube o que fazer. Boatos dizem que ele ajudou a amiga, mas que agora eles não estão se falando. Muito estranha a situação, não é? Só temos certeza de uma coisa: Chapman não vai sossegar até descobrir o que a namorada andou aprontando na festa, que, aliás, nem eu sei.


4- E, pra deixar muita garota boquiaberta, anuncio que finalmente aconteceu o Pevans! Os dois foram vistos aos beijos - isso mesmo, beijos! – quase no fim da festa! Será que os dois vão se acertar agora? Se estavam aos beijos isso significa alguma coisa, não? Mas deixando claro minha opinião, não acho que os dois se merecem. Eles não são "compatíveis", simplesmente não se combinam! Mas e você, leitor? O que achou dessa notícia bombástica da festa anual dos marotos? Mande sua carta, e caso tenha mais detalhes da festa, mande para nós!


Agora pra implementar o assunto da festa, falaremos sobre o coral. Depois de parte dos participantes do coral da Grifinória ficarem bêbados por causa da festa e no dia seguinte competir pela sua casa na competição de corais, aconteceu o pior. Vômito, simplesmente isso. Vance, a solista do número dessa competição, simplesmente encharcou parte da plateia e as roupas de Evans com seu regurgito, Sophie McKinnon também banhou o palco, e depois MacDonald e Meadowes simplesmente "trocaram vômitos", algo que causou evidente repulsa a todos os presentes. Nada bom para Grifinória, agora que está perdendo de dois a um para o coral imbatível da Lufa-Lufa.


E começaremos agora com o Cantinho do Leitor, dizendo a respeito da apresentação desastrosa da Grifinória.


Cantinho do Leitor:


Simplesmente nojento. Se eu fosse um deles eu já tinha me enforcado no banheiro de tanta vergonha. Como pessoas bêbadas vão cantar para um multidão com o risco de isso acontecer? Nunca vi algo tão horrível na minha vida, pior ainda do que dar banho numa mandrágora – J. L.


Minha cabeça está com cheiro de vômito até agora, mesmo com o fato de eu estar tomando seis banhos por dia – K. P.


Eles deveriam fechar o coral da Grifinória! Ouvi dizer que os jurados bem que queriam isso, mas Dumbledore interferiu, é claro! Ele simplesmente idolatra a casa da qual ele pertenceu um dia. É de se esperar – P. W.


Bomba! Quer dizer que os jurados – formados por alguns membros de Hogwarts, celebridades musicais, funcionários do Ministério e moradores de Hogsmeade – queriam que Grifinória não participasse mais das competições? Bom, era de se esperar, levando em conta que foi total irresponsabilidade do professor e coordenador deste coral, David Moreau. Dumbledore como sempre interferiu... Nada mais justo!


Eu simplesmente amo a Lufa-Lufa, e ela merece muito mais a vitória da competição. Stanley se esforça muito mais que Moreau, além das roupas serem super bonitas, além da dança e dos próprios participantes. Já o coral da Grifinória... Pffff. – H. F.


Eu gostei da apresentação – tirando o vômito. Se as pessoas parassem de pensar nesse incidente conseguiriam ver que a Grifinória tem muito mais energia que a Lufa-Lufa, tanto é que todo mundo estava pulando e vibrando antes dos participantes começarem a passar mal. Por isso eu acho que Grifinória vai vencer. Sem falar que aquela Stanley é muito antipática – F. P.


Grifinória já perdeu. Apenas isso – P. S.


É, abra seus olhos Grifinória! Depois da última competição, de acordo com os números, mais da maioria do castelo passou a detestar o coral da casa!


A competição está cada vez mais acirrada, e, pra nós, mais empolgante!


Pergunte para Veronica


(por Veronica Gravelle)


Exclusivamente nessa edição, as perguntas agora foram destinadas a mim, que estou no lugar de Dorcas. Perguntem!


- Por que Dorcas não está disponível para fazer essa coluna? – E. V.


Muitos problemas emocionais e de saúde. Sabe como é, ela estava fazendo strip-tease na festa anual dos marotos... Já deu pra entender.


- O que você acha do casal Pevans é realmente instigante, já que eu sempre vi você e Evans brigando. Está relacionado a isso? - P. M.


Completamente relacionado. Nunca fui com a cara daquela Evans, que agora deu de se vestir e se arrumar bem. Graças a mim, que joguei na sua cara o tanto que estava deplorável sua aparência... Sabe, eu ainda acho que ela não tem muita solução... E quanto a Pevans, eu simplesmente acho os marotos incríveis demais para sequer se comunicarem com ela!


- Não podemos negar que Evans ficou realmente linda com o novo visual. Não tem um garoto que eu conversei que não parava de comentar isso – U. Y.


Cegos. Precisam necessariamente de óculos, e Potter de aumentar seu grau.


- O que você estava fazendo na festa anual dos marotos? – P. L.


Boa pergunta. Eu não me lembro, mas disseram que eu fiquei quietinha no meu canto, apenas tomando meus drinques. Nada demais.


- Quando fiquei sabendo que você faria a coluna dessa semana quase morri de felicidade. Eu daria tudo pra ao menos chamar sua atenção – G. P.


Adorável sua declaração, mas pra chamar minha atenção é necessário muito esforço. Mais esforço do que uma carta anônima para uma coluna que nem é minha.


- Já que você é a conhecida Garota do Engano, é por isso que ninguém nunca te vê torcendo pra sua casa nessas competições? – M. B.


Sempre fui fiel à minha casa, mas sou uma pessoa justa. Por isso sempre torço para casa que merece minha torcida, o que é difícil conseguir.


- Você e suas amiguinhas da Sonserina se acham a Barbie do pedaço. Só peço pra você parar de falar com essa voz puxada e parar de pintar seu cabelo com o feitiço da página 157 do livro Beleza bruxa, a mágica em suas mãos – L. I.


Realmente uma pena que você não saiba que meu cabelo é natural, e é realmente uma pena que você nasceu com a inveja em suas veias. Por isso, manterei minha distância.


Encerramos por hoje o exclusivo Pergunte para Veronica! Não se esqueçam de continuar a mandar corujas mesmo com minha ausência nas próximas edições. Quem sabe assim eu não possa até voltar!


Xoxo.


Veronica Gravelle – a loira natural."


Alice Entrevista


(por Alice Brown)


Primeiro de tudo quero que saibam que eu não estou a concordar com minha participação nesse jornal que eu faço questão de não ler. Fiz isso apenas por minha amiga, Maria MacDonald, também incapacitada de planejar sua coluna. Mas saibam que nunca mais vou escrever nesse jornal, tenho coisas melhores pra fazer.


Vamos, então, para a pergunta de hoje, que é completamente relacionada com os acontecimentos da semana:


- O que você acha do alcoolismo?


Forma de vida. Sem álcool, como esqueceríamos nossas mágoas apenas em um gole? – Sirius Black.


Eu nunca fui muito fã de álcool, mas agora eu aprendi que é algo indispensável na vida de qualquer um. Quando você quer se divertir sem parar e não consegue, o que você faz? Bebe. Quando está triste e deprimido e precisando de algo para motivar sua vida, o que você faz? Bebe. Quando você sai com os amigos, o que você acaba por fazer? Bebe. Então, eu simplesmente sou dependente disso, e vou continuar até dizer "chega". – Beth Cox.


Foi a pior experiência da minha vida. Eu nunca mais vou colocar uma gota de álcool na minha boca novamente. Aconselho a todos nunca fazer isso, vão se arrepender, mais cedo ou mais tarde – Sophie McKinnon.


Os efeitos são ótimos na hora, mas depois você vai pagar por ter feito isso. Esse ciclo resume o álcool – Remo Lupin.


Eu bebo, mas depois tenho meus segredos para melhorar instantes depois. Por isso não sou tão complexado com isso – James Potter.


Não tenho certeza se vou beber de novo. Tenho receio de que coisas indesejáveis aconteçam. Bom, só vou me certificar de que eu não vou beber perto de alguma competição, e certificar que Meadowes esteja perto para eu vomitar nela novamente – Maria MacDonald.


Beber resultou em que eu tivesse uma briga feia com meu namorado, e que eu ficasse culpada pelo resto da minha vida por vomitar na minha própria amiga. Se estiver lendo isso, me desculpe de novo, Lily – Emelina Vance.


Nunca achei que beber é algo legal, por isso acho que as pessoas deveriam pensar melhor antes de fazê-lo. – Sean McBouth.


Nunca bebi na minha vida. Nem na minha morte – Nick Quase Sem Cabeça.


Bom, uns drinques ocasionais não faz mal a ninguém, não é mesmo? – Horácio Slughorn.


Não preciso de bebida alcoólica para ficar tonto – John Khan.


Acho que as pessoas bebem por serem influenciadas por outras. Não conheço uma pessoa que começou a beber por vontade própria. Por exemplo, se você chegar em uma festa e ninguém estiver bebendo, você não vai beber... Você sempre segue o exemplo dos outros – Jessie St. James.


Trauma que vou levar pra toda vida. Não bebam, escutem o que eu digo – Lily Evans.


Não bebo porque minha namorada não deixa. Se deixasse... Brincadeira de novo, amor – Franco Longbottom.


Encerramos por hoje a única e nunca mais Alice Entrevista. Obrigada a todos que leram a coluna que não é minha; a real colunista estará de volta na próxima, e mandem corujas para ela.


Um abraço.


Alice Brown – Nunca mais aparecerá nesse jornal."


Quadribol com Jason


(por Jason McKinnon)


Vamos começar mais uma coluna sobre Quadribol – deixando de lado todos os acontecimentos indesejáveis envolvidos com o coral.


Nessa semana temos com exclusividade o batedor mais conhecido de Hogwarts, atualmente na equipe da Grifinória, Sirius Black.


Jason McKinnon: Olá Sirius. Obrigado por ceder à coluna uma entrevista exclusiva sobre seu desempenho no quadribol. Saiba que mesmo que eu ainda guarde algum ressentimento por você ter feito tudo aquilo à minha irmã, ainda sim decidi entrevista-lo.


Sirius Black: Águas passadas, meu caro. É um grande prazer está aqui para responder a qualquer pergunta.


Jason McKinnon: Primeiramente vamos às perguntas elaboradas por mim, e depois perguntas mandadas pelos leitores. Muito bem, você é bem conhecido por rebater os balaços perfeitamente, mas sua entrada no time tem alguma influência por ser melhor amigo do atual capitão da equipe?


Sirius Black: Nunca. Se bem me recordo, eu entrei na equipe em meu quarto ano, dois anos depois de Pontas, além de que ele nem sequer era capitão ainda.


JM: Pra você, qual é a importância de vencer os jogos e ficar na primeira colocação no campeonato das casas?


SB: Pra mim é realmente importante ganhar e honrar o nome da Grifinória, que atualmente não está tão bom assim! Quadribol sempre foi um assunto de meu interesse, e por isso acho totalmente importante minha participação no time.


JM: Há dois anos atrás, quando você estava em seu quinto ano e seu irmão, Régulo, no sétimo, houve algumas desavenças de família por ele estar no time adversário?


SB: Sempre houve desavenças de família, com Régulo meu oponente ou não. Começou desde meu primeiro ano, quando eu acabei entrando na Grifinória. Quadribol foi apenas mais um fator.


JM: Você acha que a Grifinória vence o campeonato nesse ano?


SB: Sem sombras de dúvidas. Eu como batedor, Pontas como artilheiro e com o apanhador que conseguimos, não restam dúvidas que conseguiremos.


JM: Última pergunta formulada por mim. Você tem planos de inserir o quadribol em sua carreira após terminar a escola?


SB: Ainda não decidi sobre meu futuro, mas acredito que eu não vou levar tanto a sério assim. Claro que já cogitei a possibilidade de jogar no Cannons, mas isso era apenas sonho de criança.


JM: Agora vamos sortear três perguntas de leitores para você responder. Primeira, de Kate Preveel, Corvinal. "Qual sua cor preferida?"


SB: Pergunta interessante (risos). A resposta é azul.


JM: Vamos ver se na segunda carta teremos sorte. De Geórgia Fighy, Lufa-Lufa. "O que uma garota tem que ter para te impressionar? Eu sempre fui obcecada em você, mas não tenho como me aproximar o bastante para você me notar".


SB: Uma garota, acima de tudo, tem que ser bonita e ter um caráter digno para sair com Sirius Black. Acho que se aproximar de mim não é pra qualquer um.


JM: Última pergunta, com a graça de Merlim. Melissa Bornew, Sonserina. "O que Sophie McKinnon fez com você foi simplesmente inadmissível, eu ainda vou quebrar o pescoço daquela vadia".


SB: Bom... Eu...


Encerramos por hoje a coluna Quadribol com Jason. Fiquem de olho na nossa coluna pra maiores informações de quadribol! Um abraço!


Jason McKinnon.




Maria POV:


"Blame it on the goose


Got you feeling loose


Blame it on Patron


Got you in the zone


Blame it on the a a a a a alcohol


Blame it on the a a a a a a alcohol


Ay she say she usually don't


But I know that she front


Cause shawty know what she want


But she don't wanna seem like she easy" – Remo cantou.


Moreau parecia aprovar nos assistindo da plateia, enquanto dançávamos pelo palco.


"I ain't saying what you won't do


But you know we probably gonna do


What you been feeninn deep inside


Don't lie now" – Sirius parecia satisfeito em ter ganhado uma voz na música. Claro, ele que planejou a droga daquela festa.


Depois foi minha vez de cantar. Quando planejamos essa música foi uma briga para NÃO cantar as partes; nem Dorcas queria.


"Girl what you drinking?


Gonna let sink in


Here for the weekend


Thinking


We can


See what we can be if we press fast forward


Just one more round and you're down I know it"


Então Remo cantou de novo. O auditório estava muito escuro, apenas luzes vermelhas iluminavam o palco. Ideia de Alice.


"Fill another cup up


Feeling on yo butt what? You don't even care now


I was unaware how fine you were before my buzz set in


Before my buzz set in..."


Enfim, todos cantaram:


"Blame it on the goose


Got you feeling loose


Blame it on Patron


Got you in the zone


Blame it on the a a a a a alcohol


Blame it on the a a a a a alcohol


Blame it on the vodka


Blame it on the henny


Blame it on the blue top


Got you feeling dizzy


Blame it on the a a a a a alcohol


Blame it on the a a a a a a alcohol"


Me juntei à Remo pra cantar, considerando que todos dançavam uma moderna dança atrás de nós.


"Now to tha ballas popin bottles


With their Henny in their cups


Screaming money ain't a thang


If it ain't throw it up in the skyyy (sky)


And hold your dranks up highhhh (high)"


Dorcas, contrariada, cantou com Sirius. A voz dela estragou a música, na minha opinião.


"And to my independent mamas


Who can buy their own bottles


If you looking like a model


When them broke fellas holla


Tell them byeee (bye)


Hold your drinks up highhhh (high)"


Cantamos o refrão novamente, com a mesma dança moderna. Estávamos até meio culpados por cantar aquela música, mas foi tudo escolha de Alice e Franco, os únicos sóbrios daquela festa derradeira.


"You can blame it on the Goose


Got you feelin? loose


Blame it on the Tron


Got you in the zone


Blame it on the al al al al al alcohol


(blame it on the al al al al al alcohol)


Blame it on the Vodka


Blame it on the Henney


Blame it on the Blue Top


Gotcha feelin? dizzy


Blame it on the al al al al al alcohol


Blame it on the alcohol"


Quando a música finalizou, Moreau se pôs de pé para nos aplaudir. Culpados novamente, apenas fizemos reverência, agradecendo que estávamos no sétimo ano e não precisaríamos comparecer à festa anual dos marotos nunca mais.


Nada mais de festas.


Nada mais de álcool.


Nunca mais.




Músicas:


1- Don't You Want Me


2- Misery


3- Tik Tok


4- Blame It (On the Alcohol)

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