No Caminho Certo



Seis meses, seis ciclos lunares... Os que pareciam ter sido os mais longos e torturantes desde sempre. Remus tentava a cada vez controlar a si próprio, tentava fortificar o poder da poção, porém aquela sensação de que cada transformação era mais dolorosa e duradoura não ia embora.


No espelho o reflexo do menino era doente e pálido, sua altura não batia com a dos meninos de sua idade, com onze anos Remus aparentava treze ou quatorze. As roupas surradas eram como um manto de retalhos, de tantas que foram as vezes que a mãe tentava conserta-las e fazê-las mais compridas.


–Não se preocupe com isso, na escola você vai usar o uniforme que é novo, e amanhã podemos comprar algumas peças novas se você sentir muito incomodado.


A mãe afagou os cabelos recém-cortados do filho. Os meses pareciam ter feito alguma mudança na ideia de perigo constante que a mãe gostava de impor.


O diretor mandara uma carta uma semana antes do 1º de Setembro:


Prezada família,


Não poderíamos estar mais ansiosos com a chegada de Remus. A casa qual eu havia comentado com a Sr. ª Lupin- nos limites do povoado de Hogsmead. –foi construída e os boatos já são constantes. Nosso deposito da poção de Acônito não poderia estar mais cheio. Nosso segredo está tão seguro quanto os tesouros mais profundos do Gringotes


A. P. W. B. Dumbledore


 


–Prazer! Meu nome é James Potter, e esse é Sirius, Sirius Black.


Os dois se juntaram na cabine onde um Remus muito nervoso tentava não parecer tão engomadinho nas roupas novas.


–Remus Lupin, Jonh Lupin. – “Lobisomem por excelência e queridinho da mamãe.” O menino completou mentalmente,


A conversa era tão fútil e maçante que os nervosos de Lupin já estavam fora dos eixos. Os dois garotos falavam mal de alguém a quem chamavam de Ranhoso. O menino pediu licença e saiu encostando a porta com cuidado para não parecer nervoso.


Com certeza educados e amigáveis, Potter e Black, mas nada os fazia parecer melhor depois de comentários como “Parecia um doente qualquer.” Ou “Como eram horríveis as olheiras.” Pareciam duas velhas fofoqueiras. No banheiro apertadinho Remus precisou focar-se na própria aparência.


–Que olheiras horríveis! Parece um doente!- Ele jogou a água gelada que saia da torneira prateada.


“Ninguém sabe, ninguém vai saber, ninguém vai descobrir. Ninguém sabe, ninguém vai saber, ninguém vai descobrir. Ninguém sabe, ninguém vai saber, ninguém vai descobrir.” O mantra saia entre suspiros enquanto o menino andava de volta para a cabine com os olhos praticamente fechados e a passos rápidos quando o menino esbarrou em alguém que caiu.


Uma menina pequena com bochechas rosadas e olhos muito verdes; os cabelos acaju balançavam na altura da cintura.


–Me desculpe! Me desculpe...


A menina cambaleante soltou um sorriso e disse:


–Meu Deus! Ou como vocês dizem pelas barbas de Merlin! Foi só um esbarrão. Estou viva! Inteira ao que parece. Prazer, Lilian Evans.


Os dois balançavam as mãos ainda rindo da situação.


–Remus Lupin. -“Lobisomem e desastrado”.


 


Dumbledore estava parado atrás do apoio onde a coruja de bronze piou deixando o Grande Salão em silêncio. Com os avisos Lupin fez uma lista mental.


–Floresta, extremamente proibida.


–Café da manhã, as 7:30 sem atrasos.


–Sala de poções, calabouços com Slughorn- NOME ENGRAÇADO.


–SALGUEIRO LUTADOR, PERIGO EXTRAORDINÁRIO.


–Hogsmead, somente alunos a partir do 3° anos e devidamente autorizados.




Ao ser escolhido para Grifinória pelo chapéu seletor Lupin finalmente deixou a ficha cair, ele era um estudante de Hogwarts.


Na manhã seguinte Remus acordara com risos de Potter que estava lendo uma revista em quadrinhos que lhe pertencia.


–AH! Foi mal, é que estava ali no chão jogado e não pude me conter... Muito engraçados esses trouxas.


Remus estremeceu ao perceber que além de mais alguns meninos ele dividiria o dormitório com Potter e Black que dormiam em camas que rodeavam a sua.


–Estamos atrasados para o café. –Potter passou a mão nos cabelos.


Quando Remus já estava apresentável foi empurrado para fora por Potter.


 


–E o seu amigo, Black não é?- Perguntou Lupin de boca cheia, já duvidando dos dotes culinários da própria mãe.


Potter riu deixando o mingau escorrer pelos cantos da boca.


–Nosso amigo você quer dizer, porquê é o que somos, não é?

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