De Volta a Londres




No vagão
dos monitores, Ron e Hermione reencontram Draco Malfoy. Enquanto aguardam os representantes de Lufa-lufa chegar para dar início à reunião, Draco provoca os dois. “Quer dizer que Harry só não morreu como o padrinho porque Dumbledore o defendeu? Mas não vai demorar muito para ele ser derrotado”, desdenhou.


-Você está enganado, Malfoy. Os bruxos da sua laia é que serão derrubados e nunca mais vão conseguir se reerguer. Ser sangue-puro não é sinal de força nem garante a vitória – disse Ron.


- Você tem razão. Veja a sua família. Apesar do sangue puro é miserável e não tem valor algum diante da comunidade bruxa. Isso é bem merecido. Quem manda se misturarem com os sangues-ruins como a Granger – alfinetou.


- Hermione tem muito mais valor que você – Ron respondeu com firmeza.


- Weasley, é impressão minha ou você e a sangue-ruim estão namorando? – perguntou com um risinho sarcástico.


Com o rosto muito vermelho, Ron falou em voz elevada: “Seria uma grande honra namorar Hermione. Ela, apesar de trouxa, tem muito mais poder que vários mestiços e sangues-puros. Aliás, é a melhor aluna do nosso ano e contra isso você não tem o que argumentar”.


Draco o olhou com desdém e, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a monitora-chefe deu início à reunião. Hermione só conseguiu prestar atenção na primeira parte do discurso, um agradecimento à dedicação dos monitores. Depois disso seu pensamento voou, lembrando das palavras de Ron: “Seria uma grande honra namorar Hermione”.


Assim que ficaram novamente sozinhos, a menina tomou coragem para perguntar. “Ron, aquilo que você falou é verdade?”. O rapaz, olhando-a um pouco intrigado, respondeu. “Claro que sim. Mas por que a surpresa? Acho o Malfoy um ridículo e você sabe disso”.


- Mas não estou me referindo ao Malfoy. Queria saber sobre o que falou de mim...


- Mione, não é novidade alguma que eu acho você brilhante. Aliás, as suas notas estão aí para comprovar que você é a melhor aluna da nossa turma – enfatizou.


Hermione pensou em encerrar o assunto por ali. Mas depois se revestiu novamente de coragem. Agora, que tinha tocado naquele assunto, não ia desistir enquanto não obtivesse uma resposta. Decidiu ser mais direta.


- Não, Ron. Não é isso. Eu quero saber se é verdade que você consideraria uma honra ser meu namorado – falou, sem conseguir evitar que seu rosto ficasse muito vermelho.


- É lógico que jamais pensaria na gente como namorados. Não tem nada a ver. Somos amigos desde sempre. Falei aquilo só para deixar claro para Malfoy o seu valor, Hermione – disse com decisão, tentando convencer a si mesmo com esse argumento.


- Claro, também acho o mesmo. Nada a ver. Somos amigos – disse Hermione sem muita convicção para em seguida falar que deveriam voltar logo e fazer companhia a Harry, que estava precisando deles.


Para a surpresa da menina, Ron a segurou pelo braço. “Espera, preciso falar uma coisa muito importante com você”, disse ele. Depois do banho de água fria que recebeu com a resposta do amigo, Hermione não tinha mais qualquer expectativa.


- Sabe – começou um pouco sem jeito – eu queria dizer que tenho grande admiração por você. Este ano você me surpreendeu muito positivamente, provou que a amizade tem muito mais valor que qualquer regra, mostrou liderança, coragem...


Hermione ficou apavorada quando se deu conta da profundidade do olhar de Ron. O rapaz estava encarando-a de um jeito decidido e – ela ousou pensar – apaixonado, como jamais fizera antes. Pelo menos é assim que ela interpreta aquele olhar intenso, que parece durar uma eternidade, enquanto o seu coração bate acelerado.


 “Não, tenho que tirar esse pensamento da minha cabeça. Ele acabou de dizer que jamais pensaria em nós dois como namorados”.


Um pouco sem jeito, Mione tentou ser gentil dizendo que Ron também tinha sido brilhante naquele ano e cumprira um papel decisivo, inclusive encontrando a profecia no Ministério. O rapaz, porém, continuava a olhando fixamente, sem prestar atenção nas palavras dela.


- Por Merlin! Estou gostando de Hermione e não é como amigo. Estou apaixonado por ela. Completamente apaixonado. Que loucura. Ela jamais vai namorar um cara como eu – pensava enquanto a olhava nos olhos.


xxx


Quando chegam à estação, os três amigos ficam surpresos com a comitiva que esperava por eles. O casal Weasley e os gêmeos estavam lá para buscar Ron e Gina. Olho-Tonto, Tonks e Lupin, porém, queriam manifestar apoio e solidariedade a Harry.


Depois dos calorosos cumprimentos, enquanto Hermione acompanha a conversa de Olho-Tonto e Harry, Ron chama a mãe à parte para fazer um pedido.


- Mãe, você pode falar com os pais de Hermione e pedir que a autorizem a passar alguns dias das férias lá em casa? – pergunta Ron, imaginando que o casal Granger chegaria em poucos instantes.


Molly, que há muito tempo sabia que o seu filho gostava de modo particular da amiga, dá um sorriso terno e concorda. Logo depois, de fato, chegam os pais de Hermione e a menina corre para abraçá-los. A senhora Weasley, atendendo ao pedido do filho, se aproxima do casal e faz o convite. Ron fica observando-os de longe.


Depois de receber muitos abraços e beijos dos pais, Hermione volta a se juntar ao grupo. Enquanto os Dursley conversam com o senhor Weasley e Olho-Tonto, Ron aproveita para falar com a amiga.


- Hermione, você vai passar alguns dias das férias na Toca, não vai?  - pergunta e, para evitar qualquer mal-entendido, completa – Harry também vai, é claro.


Apesar da resposta educada dos pais a Molly – agradecendo ao convite e dizendo que analisariam com carinho o assunto -, Hermione sabe qual é o pensamento dos dois. Eles achavam que a filha ficava tempo demais na escola e, como não passara as festas de fim de ano com eles, agora não queriam dividi-la com mais ninguém. Especialmente com aquele rapazinho de cabelo ruivo que olhava de forma tão interessada para a menina.


- Ron, meus pais acham que já fiquei tempo demais longe deles... – explica.


- Mas você não quer passar alguns dias na Toca? Harry também vai e...


- Você já falou isso, Ron. Eu quero ir sim. Mas vamos ver se meus pais vão deixar – argumenta.


Ron percebe que não adiantaria insistir. Os dois se olham um pouco constrangidos. Hermione diz que precisa ir. 


- Boas férias, então – deseja o rapaz, dando um beijo rápido no rosto da amiga.


- Para você também, Ron – diz a bruxinha sorridente, deixando o rapaz com o rosto levemente rosado.


Quando Ron se afasta um pouco de Hermione é que percebe que os gêmeos estão observando ele e a amiga. Os dois caminham até o irmão mais novo com as fisionomias sorridentes.


- Pensa que não vimos, Roniquinho? – pergunta Jorge.


- Nada escapa dos nossos olhos de lince! – completa Fred


- Mas podia dar um beijo mais carinhoso e demorado – diz Jorge.


Ron começa a reclamar com os irmãos, pedindo que o deixem em paz e nem nota que a amiga olhava para ele, esperando um último aceno e uma palavra carinhosa de despedida.


- Ron? Você vai me escrever, não vai? – pergunta a menina.


- Sim, Hermione. Pode deixar que dessa vez eu vou escrever um pouco mais – responde com um sorriso tímido.


- Eu também vou escrever para você, Mionizinha! – diz Fred.


- Espere as minhas cartas também! – fala Jorge.


A menina balança a cabeça e dá um meio sorriso, consciente de que é inevitável ter que suportar as brincadeiras daqueles dois. Quando seus olhos se encontram com os de Ron, que a contemplavam daquele jeito assustado tão familiar desde o Baile de Inverno, ela abre um sorriso iluminado.


Não recebe um sorriso de volta, sem imaginar como o coração do amigo bate acelerado. “Tchau, então...”, diz ele um pouco tímido. “Tchau, Ron. Vou esperar pelas cartas... de vocês três”, completa bem-humorada, recebendo piscadelas dos gêmeos em troca. Antes que qualquer gesto ou palavra a mais revele a confusão de sentimentos que o invade, Ron se vira e começa a caminhar para o outro lado da estação, onde seus pais e Gina lhe esperam.


Hermione acompanha Ron com o olhar, achando divertido o jeito como os irmãos implicam com ele, dando tapas na nuca e nas costas. O melhor, porém, era ver como ele reage com palavras mal-humoradas.


Contemplando aquela cena percebe que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas na escola naquele ano e de Voldemort estar cada vez mais forte, sente-se feliz. Não sabe dizer o porquê, mas intuí que aquele par de olhos azuis que a contemplaram há pouco com um jeito assustado são responsáveis por isso. Não entende ainda, porém, que aquele olhar traz o susto de quem descobre o primeiro e verdadeiro amor.


 


F  I  M

xxx


Para  ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:



Can't Fight This Feeling


http://irpra.la/m/1028037
 


I can't fight this feeling any longer
And yet I'm still afraid to let it flow
What started out as friendship has grown stronger
I only wish I had the strength to let it show
And even as I wonder I'm keeping you in sight
You're a candle in the window on a cold dark winter's night
And I'm getting closer than I ever thought I might
And I can't fight this feeling anymore
I've forgotten what I've started fighting for
It's time to bring this ship into the shore
And throw away the oars 
Baby I can't fight this feeling anymore
My life has been such a whirlwind since I saw you
I've been runnin' round in circles in my mind
And it always seems that I'm following you girl
'Cause you take me to the places that alone I'd never find
And even as I wonder I'm keeping you in sight
You're a candle in the window on a cold dark winter's night
(..)


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Ron s2 Hermione

    perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!! chorei

    2012-07-29
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.