A causa



-Emma, querida, acorde! – Emma foi acordada pelo doce som da voz de sua tia.

 

-Bom dia, tia Elizabeth!

 

-Venha querida, vamos comer.

 

Levantou-se da cama, lavou seu rosto e sentou-se à mesa.

 

Emma Aragon, uma garota de apenas 10 anos, cabelo loiro acobreado e sorriso simpático, morava com sua tia, Elizabeth, desde que tinha cinco anos. Seus pais, Desdemona e Caleb, morreram assassinados por Bellatrix Lestrange, uma fiel comensal da morte. Desde então Emma vive com sua tia.

 

Uma coruja entrou pela janela, assustando a garota que pegava os pães que havia feito há pouco.

 

-Tia? Chegou o jornal.

 

A senhora caminha até a janela e deposita uma moeda na bolsinha de couro que estava aos pés da coruja, que imediatamente, lhe deu permissão para pegar um dos jornais.

 

-Quais as notícias, tia?- pergunta a garota ansiosa, observando a pequena coruja marrom indo embora.

 

-As mesmas de sempre, querida, ele voltou e nada mais está seguro. – a tia diz em um suspiro.

 

-Voldemort voltou, tia? Mesmo?

 

-Shh -tia Elizabeth levou um dos dedos aos lábios em sinal de silêncio- você sabe que não dizemos o nome dele.

 

-Sim, eu sei, mas eu não tenho medo! É só um nome - a tia sorriu diante da coragem da garota.

 

-Sabe Emma, às vezes fico em dúvida sobre qual será sua casa.

 

-Minha casa?

 

-É querida, sua casa em Hogwarts!

 

-Ah! Hogwarts! – o olhar da pequena ficou distante e sonhador – Qual você acha que será minha casa?

 

-Não sei, querida. Grifinória ou Corvinal, a sabedoria de sua mãe permanece em você, tal como a coragem de seu pai.

 

A tia dobrando o jornal e o deixando de lado, serve-se um pouco de suco de abóbora para a garota.

 

-Obrigada, tia. -ela lhe sorri.

 

Enquanto comiam discutiam sobre Hogwarts, falaram sobre as casas, as aulas, os livros e quadribol. Emma era boa goleira, tinha uma Nimbus 2000, não era uma das melhores, mas já havia sido.

 

-Tia?

 

-Sim, querida?

 

-A senhora acha que Harry Potter vai vencer a guerra?

 

-Ora Emma, essa coisas não tem como saber, não?

 

-Sim tia, são coisas imprevisíveis.

 

-Infelizmente, querida. Vejo que já terminou não? – a garota balança a cabeça positivamente - Ótimo, então vá andar um pouco, leia um livro, distraia-se.

 

A pequena levantou-se da mesa e se dirigiu até o quarto abriu seu armário e escolheu um vestido azul com flores brancas, vestiu-se e foi até a estante onde ficavam os livros, ficou fitando-os por um tempo, sem saber qual escolher.

 

-Olá, Emma.

 

-Poxa que susto, Simon! – a garota exclamou ao avistar seu vizinho pular pela janela e ir entrando em seu quarto- Pode entrar. – ela disse sarcasticamente.

 

-Já se alimentou de todos os livros da prateleira, Sra. Dragon?

 

-Sim, algo contra?

 

-Não, na verdade... Eu trouxe um livro novo pra você.

 

-Sério?

 

-Sim, seu aniversário está chegando, e com a guerra, não se sabe se vamos nos encontrar até lã, não?

 

-Que pessimista, Simon! 

 

Eles riram.

 

-Vem comigo! – ele disse enquanto pulava a janela.

 

-Aonde?

 

-Até em casa, pegar o livro e nosso lanchinho.

 

-Lanchinho? Mas eu acabei de tomar café.

 

-Mas quem disse que é pra comer agora?

 

-O. K., mas deixa eu apenas avisar minha tia antes. Te encontro lá fora.

 

Enquanto a garota fechava a porta do quarto, Simon pulou a janela e foi esperá-la la fora.

 

-Tia?

 

-Sim?

 

-Eu vou caminhar um pouco com o Simon, tudo bem?

 

-Certo, mas cuidado.

 

-Pode deixar!

 

A garota voltou ao seu quarto e escovou os cabelos rapidamente, prendeu-os deixando um pouco da franja solta e colocou um laço azul na parte de trás dos cabelos, calçou uma sapatilha e foi seguindo até a casa de Simon.

 

-Olá de novo!

 

-Olá, Simon!

 

-Entre, e espere enquanto eu pego as coisas lá em cima.

 

Emma sentou-se em uma das poltronas da sala e ficou esperando-o enquanto observava os retratos se movendo. Simon também era bruxo, mestiço, mas Emma não tinha preconceitos, sua mãe havia falecido no parto, mas ele tinha uma madrasta muito gentil, que o amava como se fosse filho.

 

-Bom dia, Emma! – uma loira lhe cumprimentou.

 

-Bom dia, D. Annabeth.

 

-Está esperando, Simon?

 

-Sim, ele foi buscar algo lá em cima.

 

-Oh sim, seu presente imagino, eu o ajudei a escolher, espero que goste!

 

-Obrigada.

 

D. Annabeth foi para a cozinha a deixando sozinha novamente, mas não demorou a ouvir passos na escada. Era Simon, ele carregava um embrulho e uma cesta nas mãos.

 

-O que é isso?

 

-Nosso lanche, e seu presente, mas eu só vou lhe entregar quando chegarmos ao lago.

 

-Tudo bem!

 

O lago, um lugar calmo e bonito, aonde eles iam desde que se conheceram aos sete anos. Não era muito longe do vilarejo onde moravam, bastava uma pequena caminhada entre um bosque e chegava lá.

 

-Você recebeu o jornal hoje? – Simon perguntou com o olhar preocupado.

 

-Sim eu recebi, mas não o li por inteiro.

 

-Viu que os mestiços estão sendo caçados?

 

-Não! Seu nome está na lista? – os olhos azuis da garota escureceram e perderam o brilho por um instante.

 

-Não, apenas o do meu pai, por traição de sangue, mas não irá tardar para o meu aparecer lá. –ele disse num suspiro.

 

-Não se preocupe! Não vão nos achar aqui!

 

-Tomara, meu pai conta com isso. Sabe, com toda essa guerra, nem tenho tanta vontade de ir para Hogwarts.

 

-Bom, isso é verdade, com Voldemort no comando a escola deve estar um caos.

 

-Sim, torço para que a guerra acabe antes de irmos para lá!

 

-Tomara. – ela sorriu, fitando os olhos verdes do garoto, que já não estavam mais tão preocupados.

 

Ele estendeu uma toalha no chão gramado e sentou-se batendo com a mão ao seu lado indicando para que ela senta-se também.

 

-Abra! –ele lhe entregou o embrulho.

 

-Obrigada! – ela disse enquanto o pegava.

 

Retirou a fita com cuidado para não amassar. E foi desembrulhando o papel lentamente para não rasgar.

 

-Como você é lerda! Emma, não precisa ter tanto cuidado, é só um papel! – ele disse soando impaciente, mas brincando.

 

-Ah, mas como você é chato! –ela disse rindo enquanto o livro se revelava nas mãos dela.

 

-Puxa! Até que enfim!

 

-Meu Merlin! “Hogwarts, uma historia”? Eu queria muito ler esse livro! – seus olhos se arregalaram de felicidade.

 

-Que bom que gostou!

 

Ela lhe deu um beijo no rosto.

 

-Obrigada! –ela praticamente gritou.

 

O tempo foi passando, eles subiram nas arvores, brincaram com a água e a fome bateu. Simon abriu a cesta e tirou um pão, suco de abóbora e geléia de amora.

 

-Hum... Estou morrendo de fome!

 

-Você é um esfomeado, não está tão tarde assim, aposto que não são nem meio dia ainda.

 

-Sim, não deve ser meio dia ainda, mas eu já estou com fome!

 

Eles começaram a comer, e tudo corria bem.

 

De repente o céu começou a escurecer e uma marca surgiu ao céu. Um crânio, para ser mais específico.

 

-Emma, veja! – Simon disse apavorado apontando para o céu.

 

-Não pode ser! É a marca negra!

 

Eles correram o máximo que puderam, deixando suas coisas por lá mesmo, quando chegaram ao local da marca, perceberam que ela ficava entre a casa dos dois.

 

-Ah meu Merlin! Pai! 

 

Simon correu até sua casa, Emma foi atrás, desesperada sem saber o que fazer. Assim que entraram se depararam com o corpo de sua madrasta estatelado no chão, Simon subiu as escadas depressa e de repente soltou um grito.

 

-Simon! – Emma subiu as escadas correndo e encontrou o garoto ajoelhado perto do corpo de um homem, com os olhos marejados de lágrimas.

 

-Pai, não pode ser, você esta brincando comigo! Não pode ser, não pode ser.

 

Emma ajoelhou-se ao seu lado e o abraçou.

 

-Calma, venha, vamos até minha casa e...

 

-Sua casa! – o garoto exclamou.

 

-Sim, vamos até lá, tia Elizabeth vai lhe preparar um chá.

 

-Não, eles foram para lá, temos que correr!

 

Simon levantou-se e saiu correndo, tropeçando nas escadas e indo em direção a casa de Emma, que o seguiu assustada.

 

A porta estava aberta e ela ainda pode ouvir um grito e depois o silêncio cortante. Risadas, ela ouviu risadas. Simon havia parado a frente da porta, ela observando de trás dele, pode ver a silhueta de uma mulher, com um vestido longo e preto, cabelos ondulados e rebeldes, havia uma varinha empunhada e estava cercada de outras pessoas.

 

-Essa velhota não queria entregar as crianças! – ela soltou uma gargalhada aguda – Que pena essa tinha o sangue puro!

 

Emma bateu os olhos no canto da casa, perto ao fogão e encontrou sua avó, caída e imóvel.

 

-Não! –ela gritou, Todos imediatamente a olharam.

 

-Os garotos chegaram! – a moça os olhou, e voltou seus olhos para a senhora caída morta – Viu querida? Sua morte foi em vão! Eu encontrei sua preciosa neta e seu amiguinho mestiço!

 

As pessoas encapuzadas riram, e Emma os olhou furiosa, Simon os fuzilava com os olhos verdes agora em chamas.

 

-Ei eu conheço você! – a moça disse a Emma- Qual seu nome garota?

 

-Emma, e você quem é?

 

-Emma? – ela riu – Emma Aragon?

 

-Sim, - a garota entrou na frente de Simon para encarar a mulher-  e você quem é?

 

-Bom, querida, acredito que já tenha ouvido falar de mim, alias fui eu quem causei a morte de seus pais, e pelo que vejo, da sua querida tia também.

 

-Você é Belatrix? Belatrix Lestrange?

 

-Ah sim, ela me conhece, que gracinha! – risos.

 

-Quem são eles? – Simon se pronunciou apontando para as pessoas encapuzadas.

 

-Eles, meu bem? São os Comensais da morte.

 

Simon olhou para Emma em sinal de “vamos correr no três, O.K.?”, ela fez que sim e eles se puseram a correr, mas um dos comensais foi mais rápido, bloqueando a saída.

 

-Ah, mas vocês não vão a lugar algum! Não, não! Vocês vão ficar bem aqui, e vão se juntar a sua titia Elizabeth!

 

-Sua monstra! – Emma cuspiu as palavras.

 

-Garota atrevidinha, você não tem medo do perigo não?

 

-Sim, mas você não é perigo!

 

-Eu matei sua família! Sua grifinoriazinha.

 

-Na verdade não se sabe ainda a casa que eu irei pertencer.

 

-Você é tonta como seu pai, óbvio que será grifinoria! Nem precisamos de um chapéu velho pra decidir isso! 

 

Emma cuspiu no chão, perto de onde Bellatrix estava. Sua cara imediatamente se tornou feroz, arrancou a varinha que ate então estava presa no vestido e gritou. – Segure a garota! O amiguinho vai primeiro.

 

Emma olhou para Simon com tristeza nos olhos, aqueles olhos verdes se encontraram com o azul, e ele sussurrou “Feche os olhos na sua vez”.

 

-Não! –ela gritou, mas Belatrix já estava com a varinha pronta na direção dele.

 

Simon fechou os olhos e ajoelhou no chão, fazendo sinal com as mãos como se rendesse.

 

-Ui, que dó! Mas não me comoveu o bastante! – Belatrix apontou sua varinha para o garoto – AVADA KEDAVRA! 

 

-NÃO! 

 

Mas já era tarde, Emma viu o corpo morto de Simon tombar para trás  começou a chorar. Os Comensais a soltaram, e ela caiu sentada, pois estava enfraquecida pelas perdas. Sem animo para se levantar, fitou Belatrix, e guardou os traços daquela mulher que acabou com toda a sua família, e que estava prestes a acabar com sua própria vida.

 

-Eu te odeio. – Emma novamente cuspiu as palavras.

 

-Claro que sim, querida, eu matei seus pais, sua titia, seu pequeno e inútil amigo e os pais dele. Só faltava você ser minha fã, não é?

 

Mais risos dos Comensais da morte.

 

-Vamos, me mate logo! O que está esperando? Quer ver se tem mais alguém para matar além de mim?

 

-Hum... Sua coragem me enoja querida! – dessa vez foi Belatrix quem cuspiu as palavras – Se você quer que seja rápido então lá vai.

 

“Feche os olhos na sua vez” A palavras de Simon rodavam rapidamente em sua mente, ela lembrou-se da sua voz, da sua tia, do seus pais, do seus vizinhos. 

 

-AVADA KEDAVRA!

 

Ela fechou os olhos.


n/a :Bom, primeiro capitulo da minha primeira fic longa (com beta *-*) espero que alguem (leia) goste.
Kissus 

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