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Gina e o time de futebol da Grifinória já estavam em campo, se aquecendo, quando chegamos. Nós nos sentamos próximos ao vestiário, num bom lugar. Harry ficou com a gente, mas era visível a vontade que ele tinha de sair dali.


 


O primeiro tempo foi doloroso para o nosso time. A Corvinal fez dois gols, nos deixando bem pra baixo. No intervalo do segundo tempo, Harry desceu para falar com as meninas (ele era um bom jogador, e ajudava sempre que podia), elas logo voltaram com mais ânimo  para continuar o jogo.


 


O segundo tempo foi bem mais motivador. Nós empatamos, e a decisão foi para os pênaltis. E, nessa decisão, nós conseguimos a virada! Quatro bolas entraram, contra duas do outro time! E a taça de futebol feminino vai para a Grifinória!


 


Aí foi só alegria. Os torcedores invadiram o campo, e a festa foi geral. O pessoal combinou de sair a noite, ir na pizzaria. É claro que Rony e eu também vamos, não poderíamos perder esta, não é?


 


Depois de toda a algazarra, nós conseguimos sair dali. Gina estava radiante e muito suada. Decidimos ir todos para casa. Bom, Gina, Ron e para a Toca, Harry e eu iríamos nos arrumar em casa antes de sair.


 


 


--Oi mãe! Cheguei!


 


Eu gritei quando entrei em casa.


 


--Oi querida. Harry, que bom te ver!


 


--Oi tia. –Ele cumprimentou a minha mãe.


 


--Como vai a Lily? E o meu irmão?


 


Mamãe á irmã do Thiago. Irmã adotiva, mas ainda assim irmã. É uma longa história.


 


--Estão todos bem. Inclusive o bebê.


 


Mamãe sorriu satisfeita.


 


--Vou me arrumar no banheiro de cima. O pessoal vai sair mais tarde pra comemorar a vitória do time. Posso ir, né?


 


--Claro. Quem vai?


 


Ela sempre fazia essa pergunta, e eu sempre respondia a mesma coisa.


 


--O pessoal todo.


 


--Rony vai também?


 


--Vai.


 


--Ótimo.


 


Eu revirei os olhos.


 


--É, tia, agora a senhora não devia falar isso. Devia tomar cuidado com esses dois.


 


--Harry!


 


Ele me mostrou a língua e minha mãe fingiu uma cara de brava.


 


--Potter, mais uma piada e você vai sair fedido. Não vou te dar nem toalha pra você tomar banho! –Ameacei.


 


Ele ficou quieto e eu subi.


 


No meu quarto, eu arrumei uma roupa bem linda e simples. Tomei um banho quente e relaxante. Depois eu me troquei, passei perfume, e uma maquiagem bem básica. Não gosto muito disso, me incomoda, mas é necessário.


 


Eu desci e Harry me esperava na sala, sentado no sofá, com uma calça jeans dele e uma camisa pólo do Ron.


 


--O que você tá fazendo com a camisa dele?


 


Eu estranhei.


 


--Sua mãe me deu. Parece que ele esqueceu aqui aquele dia que fomos no clube.


 


Me lembrei.


 


--Vamos? –Chamei.


 


Nos despedimos da mamãe e fomos até a Toca. Harry tocou a campainha e a Senhora Weasley nos atendeu.


 


--Harry, querido, que bom te ver! Bonita camisa. Se não me engano, Ron tem uma parecida.


 


Nós rimos.


 


--Rony está se embelezando láem cima. Fazum tempão, até a Gina se aprontou antes dele. –Ela disse.


 


--Ah, isso tem um nome. –Harry respondeu malicioso, e me indicou com a cabeça.


 


Molly não entendeu de imediato, então ele não continuou. Aposto que o Ronald não contou pra ela.


 


--Hermione, querida. Entre, entre. –ela me deu aquele verdadeiro abraço de urso.


 


Nós entramos e fomos para o quarto dele. Na escada, ouvimos Gina dar um chilique para ele se apressar. Eu sorri sozinha.


 


--Ei, já terminou, cinderela? –Harry disse entrando no quarto.


 


Rony atirou um  travesseiro nele, e me mandou um beijo no ar, que eu retribui da mesma forma.


 


--O que tá faltando? –Gina perguntou impaciente.


 


--Não to achando a minha camisa pólo verde...


 


--Essa aqui?


 


Harry tirou o travesseiro da frente do corpo e mostrou a roupa.


 


--É! O que você tá fazendo com ela?


 


--Tava na Mione. A única roupa minha que tinha lá era uma camisetinha regata de quando eu tinha onze anos. Aí a minha tia me emprestou essa aqui...


 


--Você esqueceu lá em casa da ultima vez que fomos no clube, e eu esqueci de trazer. –Completei.


 


Ele aceitou a explicação e colocou uma camiseta  preta desenhada em branco, que eu achava que caia muito bem nele. Melhor do que a que estava com o Harry.


 


--Vamos? –Ron chamou.


 


Harry e Gina desceram na frente. No alto da escada, Rony me abraçou, e descemos juntos.


 


--Estamos indo. –Gina anunciou aos pais.


 


--Tudo be.... esperem um momento!


 


Molly se interrompeu. Seu olhar caiu em mim e no ruivo. Ainda estávamos abraçados, e as nossas mãos entrelaçadas.


 


A matriarca da família nos olhou desconfiada.


 


--Vocês estão me escondendo alguma coisa?


 


Nessa hora todos que estavam na sala nos olharam. Fred e Jorge, que também iriam sair, faziam micagem nas costas da mãe, encenando dois namorados se pegando. Foi nojento.


 


Rony e eu trocamos um olhar culpado. Acho que por não saber o que responder, ele me deu um beijo rápido na bochecha. Muito rápido. Algo que eu nem posso realmente classificar como beijo.


 


Ela deu um grito e uniu as mãos, como se rezasse.


 


--Não acredito, finalmente! Minhas crianças estão crescendo... eu sabia que aquelas brigas bobas tinham significados mais profundos! Você viu isso, Arthur?


 


O patriarca ficou ao lado dela, e entendeu rapidamente. Desconfio que ele já sabia disso.


 


Bom, depois da festa de comemoração promovida pela minha sogra, nós fomos para a pizzaria encontrar o pessoal. Tivemos que agüentar o mau-humor da Gina até chegarmos lá, pois ela estava muito irada por causa do atraso.


 


--Vocês demoraram, Weasleys!


 


Essa foi a nossa recepção, feita por Simas. Mas eu gostei: realmente, agora somos todos Weasleys.


 


Junto com ele, estavam também: Dino, Neville, Lavander, uma das gêmeas Patil, ou seja, a turma do segundo ano, algumas colegas da Gina, do primeiro, e mais alguns do terceiro, com os gêmeos liderando a bagunça. Ainda não sei como eles conseguiram chegar antes da gente!


 


Sentamos em uma grande mesa nos fundos da pizzaria. É um lugar bem legal e aconchegante. Na mesa haviam poucos lugares vazios. Eu me sentei ao lado de Neville, Rony do meu e Lilá no do ultimo. Não gostei.


 


A noite passou super rápida. Comemos muito, e acho que demos lucro o suficiente para a pizzaria. Depois, como de costume quando saíamos em grupo, fomos comprar sorvete para tomar no caminho. Eu não peguei sorvete, e sim um suco leve, ou explodiria.


 


Rony e eu andávamos na frente do grupo inteiro, que seguia na mesma direção. Estávamos abraçados, namorando.


 


--Gostou do nosso passeio, Mione? –ele me perguntou.


 


--Muito. E você?


 


--Também. Mas amanhã será melhor, porque vai ser a vitória em cima da Sonserina.


 


--É mesmo, eu tinha até me esquecido do jogo de amanhã. Como você está se sentindo?


 


Rony tinha problemas nos nervos, e sempre passava mal antes dos jogos.


 


--Estou bem, por incrível que pareça. Você me faz bem.


 


Me derreti.


 


--Você também me faz muito bem, Ron. Mas... é meio estranho estarmos juntos, você não acha?


 


Ele ponderou a pergunta. Eu comecei a andar no meio-fio.


 


--Depende do que você define como estranho, Mione. –ele parecia calmo. –Eu estou feliz, muito feliz, então não acho nada de errado. Mas se você ainda me encara como seu melhor amigo de infância, eu imagino que não deve ser legal...


 


Eu engoliem seco. Nãoera uma coisa nem outra, mas a palavra amizade sempre vinha na minha mente quando estávamos prestes a nos beijar.


 


--Não te vejo assim, Ron. Te vejo como o meu namorado, e ainda meu amigo. Mas a primeira opção me agrada mais.


 


Ele parou, e eu o segui. O ruivo virou-se de frente para mim e segurou minhas mãos, me encarando. Ao longe, mas não muito distante, pude ouvir as piadas do pessoal, porém, nem liguei.


 


--Eu te amo.


 


Ronald me disse isso olhando nos meus olhos, me passando firmeza. Prontamente eu respondi:


 


--Eu te amo. Muito.


 


Apesar de essas simples palavras terem saído tão rapidamente da minha boca, elas vieram do fundo do meu coração. Ele percebeu isso, porque novamente começou a se aproximar de mim. Eu, mesmo estando em cima do meio fio, ainda ficava baixa perto dele.


 


Estávamos muito próximos, o mundo rodava, meus olhos se fecharam e as minhas pernas bambearam. Meu coração deu mais um pulo quando seus lábios tocaram os meus, pela terceira vez naquele dia. Agora eu tinha certeza, nada poderia me impedir de beijá-lo como eu sempre quis.


 


Estávamos ali, apenas sentindo a maciez dos nossos lábios juntos, quando ele resolveu aprofundar o beijo. Eu senti seu rosto virando bem devagar, sincronizado com o meu, e a boca dele se entreabrindo. Assim que eu senti a língua dele pedindo passagem, eu me desequilibrei.


 


Literalmente, eu me desequilibrei e caí para o lado! Tive que me agarrar ao braço dele para não dar de cara com o asfalto. Soltei um grito e chamei a atenção do grupo, que estava muito próximo de nós.


 


Ronald, como um bom cavalheiro me ajudou a ficar em pé novamente. Eu respirei fundo e fechei a boca com força, para não xingar a maldita guia da calçada. Não o encarei, não tive coragem.


 


--Ei, Hermione, deixa um pedaço do Rony inteiro!


 


Simas gritou para mim, e o pessoal fez coro de risadas. Ah, as vezes eu odeio o Simas!


 


--Você está bem? –Ron perguntou.


 


Eu assenti com a cabeça e arrumei a blusa dele, que estava meio torta, mas não o olhei nos olhos. Ele percebeu que eu estava envergonhada e pegou na minha mão, protetoramente. Ronald me abraçou como antes e nós alcançamos o grupo, sem trocarmos nenhuma palavra além de “Tchau, nos vemos amanhã”, que proferimos na hora da despedida.

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